A
“greve nacional” da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE-CUT), decretada autoritariamente sem debate na base
para os dias 23, 24 e 25 de abril, tem como eixo “Piso, Carreira, Jornada e
profissionalização dos funcionários de educação”. Os eixos anunciados
servem como disfarce para enganar os educadores, omitindo o verdadeiro objetivo
dos três dias da paralisação pelega da CNTE/CUT/CPERS. O seu objetivo principal
é defender e pressionar os senadores para aprovação do “Novo PNE – Plano
Nacional de Educação do governo” e que prevê a aplicação em até dez anos de 10%
do PIB na educação. A paralisação governista defende também a aprovação da
Medida Provisória (MP) 592 do governo Dilma, em tramitação na câmara dos
deputados, que destina 100% dos royalties do petróleo e 50% do fundo social do
pré-sal para a educação.
O “novo PNE” do governo Dilma/Tarso/Banco Mundial é um
plano que organiza todos os ataques neoliberais que destrói e privatiza a
educação pública. Suas metas privatistas de desmonte da educação pública já vêm
sendo executada há três décadas por sucessivos governos
(Itamar/FHC/Lula/Dilma), aprofundando a crise educacional brasileira. O PNE
legaliza a prática do governo em destinar verbas do MEC para o setor privado
através das parcerias público-privadas (PPPs) – com ONGs, instituições
financeiras (Itaú, Santander, Unibanco...), empresas como RBS, Instituto Airton
Senna, PRONATEC – Sistema S (SENAI, SESI, SESC, SENAC...). O plano do governo
Dilma é captar recursos públicos para distribuir mais para os empresários da
educação, drenando os cofres públicos para engordar o bolso do setor privado,
desobrigando o Estado com a educação, oferecendo apenas como um serviço de
baixa qualidade para os filhos dos trabalhadores.
O pretenso aumento das verbas para educação
pública não passa de uma enganação. E este “novo PNE” serve para
continuar os cortes orçamentários na educação, destinando esse dinheiro para o
setor privado e o pagamento dos juros das dívidas externa e interna, que em
2013 corresponde a 42% do orçamento público – o equivalente a 900 bilhões de
reais –, enquanto o que está previsto para educação é 71,7 bilhões de reais, o que
significa 12 vezes menos do que o valor destinado à dívida, correspondendo a
apenas 1,44% do PIB. (fonte:http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/513556-orcamento-federal-de-2013-42-vai-para-a-divida-publica-entrevista-especial-com-maria-lucia-fattorelli). E o governismo
canta aos quatro ventos “10% do PIB”, o que não passa de demagogia pura, para enganar
os trabalhadores desinformados.
Vamos dizer NÃO À “GREVE PELEGA” da CNTE/CUT/CPERS!
- VERBAS
PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA! - NENHUM FINANCIAMENTO PÚBLICO PARA O SETOR PRIVADO!
- CONTRA OS CORTES DO ORÇAMENTO PÚBLICO DO GOVERNO DILMA/
TARSO!
- CONTRA O PNE PRIVATISTA E NEOLIBERAL DE DILMA/TARSO/BANCO MUNDIAL!
- REAFIRMAR A DECISÃO DA CATEGORIA TIRADA
LUTAR CONTRA O AUTORITARISMO DO GOVERNO TARSO!
A ofensiva neoliberal do governo
Tarso/Dilma/ Banco Mundial à educação pública se dá através de “reformas” que
retiram os poucos direitos que restam aos trabalhadores. Continuará o desmonte
no nosso Plano de Carreira. Está a caminho a reforma para piorar o ensino
fundamental e avançar a reforma do Ensino Médio. Essas mudanças que estão sendo
impostas de forma fatiada rebaixam o nível educacional existente. Portanto,
significam um enorme retrocesso.
A ingerência da SEDUC e suas
Coordenadorias são permanentes na pouca “autonomia pedagógica” que a lei de gestão
democrática e a LDB destina às escolas. O artigo 12 da LDB, diz que: as atribuições das unidades escolares: a de
elaborar e executar a proposta pedagógica (inciso I) e a de cuidar para que
seja cumprido o plano de trabalho de cada docente (inciso IV). Entende-se, com
o primeiro, que as escolas encarregam-se da elaboração do seu projeto político
pedagógico, imprimindo a este suas peculiaridades locais. É claro que essa
“autonomia” é limitada e relativa, fica no limite imposto pelas legislações do
regime burguês. Mas as ordens governamentais não podem ignorar essa brecha na
legislação, que de certa forma permite essa construção na escola, e com isso
impor alterações que contrariem o elaborado pela mesma.
A ordem
de serviço da SEDUC nº06 – 07/12/2012 - contraria o que está na LDB, impõem
mudanças na avaliação, obrigando as escolas modificar seus regimentos e aprovar
automaticamente os alunos, com o objetivo de melhorar os índices educacionais a
qualquer custo. Na concepção da SEDUC o aluno reprovado passa para o ano
seguinte, porém a sua progressão será realizada pelo professor do ano corrente,
ou seja, aumentando a sobrecarga de trabalho do professor. Os alunos não terão
suas dificuldades de aprendizagem atendidas com qualidade. É evidente a falta
de compromisso do governo com a educação dos filhos dos trabalhadores.
Esse autoritarismo do governo ao impor às
escolas a avaliação por conceito não resolve os problemas educacionais, ao
contrário, aprofunda-os. Desconsidera os projetos pedagógicos das mesmas,
somente trazendo a ilusão de que a reforma do Ensino Médio beneficia os
estudantes. Na realidade, mascara a real causa dos problemas educacionais, que
é o sistema capitalista para o qual a educação é apenas um custo a ser cortado
para beneficiar o lucro privado. Os atuais ataques à educação pública não são
mero acaso; são uma necessidade do capitalismo de transferir recursos públicos
para compensar a tendência de queda da taxa de lucro das empresas, mais ainda
em época de crise econômica. O capitalismo é incompatível com um ensino público
de qualidade e com a justiça social.
A CRISE CAPITALISTA AVANÇA
A decadência da sociedade capitalista se
manifesta no aumento da violência urbana, na drogadição, falta de trabalho,
ingerência do crime organizado nas escolas, precarização da saúde, em suma, na
miséria crescente da maioria da população. Nessa conjuntura de crise, em que se
agudizam as desigualdades, a sobrecarga de trabalho imposta aos educadores é
crescente. As tarefas dos educadores passam a ser múltiplas – professor, monitor,
cuidador, psicólogo, assistente social, psiquiatra, enfermeiro e outras.
Aprofunda-se a retirada de direitos. Exemplo disso é a alteração nos planos de
carreiras. O governo decreta a avaliação meritocrática aos educadores
responsabilizando-os pelos problemas sociais, como o abandono e reprovação escolar,
a cooptação da juventude pelo crime organizado, a violência e drogadição
crescentes. A intenção do governo é utilizar esta avaliação para culpar os
trabalhadores pelas mazelas do capitalismo, e a punição virá através da não
promoção e demissão.
Até o concurso público vira uma forma de
manipulação nas mãos do governo Tarso. Foi o que presenciamos no concurso do
ano passado, repleto de irregularidades (questões alteradas sem anulação,
conflito entre edital e anexos, demora de 1 semana para divulgar o gabarito). O
que está previsto para este ano também traz em seu edital um salário menor que
o Piso, além de oficializar a “hora aula” de 60 minutos, o que liquida de vez
com o 1/3 de hora atividade. Capciosamente, no edital o governo Tarso obriga o
candidato a concordar com ele e com toda a sua “nova legislação”. Em razão da
utilização política que o governo faz do concurso e, sobretudo, devido a
ausência de uma política da direção do CPERS em defesa dos atuais contratados,
este concurso deverá ser usado como álibi para a demissão dos que não forem
aprovados.
Existem poucos recursos humanos nas
escolas. Deveríamos ter psicólogos, psiquiatras, seguranças, professores
substitutos, professores apoiadores, bibliotecários, técnicos em laboratório,
nutricionistas, enfermeiros e outros. Diante dessas crescentes demandas sociais,
contraditoriamente, o quadro funcional está sendo reduzido. Fica clara a
intenção do governo de oferecer um serviço mínimo, economizando a custa da
qualidade de ensino, haja vista os valores destinados à educação que está
entorno 1,44% do PIB, enquanto metade do orçamento público é destinado para o
pagamento dos juros das dívidas externas e internas. No Rio Grande do Sul as
verbas para educação estão congeladas há mais de 12 anos. Enquanto isso, o
governo investe pesado na grande mídia para propagar uma mentira atrás da outra
de que está investindo em educação, com o claro objetivo de manipular a opinião
pública para que se volte contra os educadores e suas lutas.
O sucateamento físico e estrutural das
escolas é evidente. Aumenta a demanda de ocupação de espaços na escola com os
projetos: escola aberta, mais educação, turno integral e a tal “inclusão” na
rede regular, mas faltam condições para um atendimento de qualidade: falta área
esportiva decente, acessibilidade, biblioteca, laboratórios, investimento em
tecnologias, e muitas outras necessidades.
A crise econômica mundial tende a se
agudizar e piorar a situação dos trabalhadores. As elites sugarão com mais
apetite nossa força de trabalho, para manter os seus lucros elevados à custa da
nossa qualidade de vida. Enquanto a categoria amarga derrotas, a direção do
CPERS mantém sua política de conciliação de classe não enfrentando o governo
Tarso/Dilma. Engana a categoria com discurso de combatividade, mas a prática é
de unidade com o governismo (CNTE/CUT) em defesa do PNE e MP 592. Por essa
razão, cabe à classe trabalhadora organizar-se por local de trabalho, disputar seus
sindicatos com a burocracia sindical (similar ao que faz a oposição rodoviária
neste momento), romper com o governismo e expulsar a burocracia sindical para
assumir a direção das lutas e construir um partido revolucionário para
enfrentar, de forma organizada e consciente, a batalha por melhores condições
de vida para todos trabalhadores e por uma sociedade socialista.