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21 de jan. de 2015

INTENSIFICA-SE A CRISE CAPITALISTA: GOVERNADOR SARTORI E DILMA UNIDOS CONTRA OS TRABALHADORES

    O governador recém-eleito, José Ivo Sartori (PMDB), sancionou o projeto que já tinha sido aprovado na Assembleia Legislativa por unanimidade no final do ano passado pelos deputados de todos os partidos (PMDB, PT, PSB, PSDB, DEM, PPS, PTB, SDD, PRB PP, PCdoB e PDT), que aumenta os salários do governador (45,97%), vice, secretários (64,22%) e dos deputados (26,34%). Também foram beneficiados os servidores públicos que estão no alto da pirâmide salarial: membros do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas do Estado e da Defensoria Pública. Orientado pelos seus marqueteiros, Sartori rapidamente foi a público junto com o vice-governador dizer que renunciava ao aumento dos seus salários. O fato de demagogicamente abrir mão do aumento não impede o efeito cascata sobre outros setores da alta cúpula da burocracia estatal, com a cumplicidade de todos os partidos representados na assembleia legislativa do Estado.
Enquanto a politicagem de bastidores para a “governabilidade” do PMDB corre solta, 1000 educadores contratados foram demitidos pelo governo Tarso no final do ano passado com a “desculpa” mentirosa da posse dos novos professores nomeados, sendo que já existia um déficit de profissionais (professores, bibliotecários, supervisores, orientadores, agente financeiros) nas escolas antes das nomeações, que as novas nomeações de concursados não supririam a necessidade existente no Estado, portanto, tem lugar para todos. As demissões arbitrárias têm como objetivo: economia para os cofres do Estado, pois são dois meses sem pagamento, disseminar o terror da demissão entre os trabalhadores contratados, dividir a categoria entre contratados, nomeados e aprovados no concurso aguardando nomeação, e a continuidade da precarização do trabalho através dos contratos emergenciais. A falta de professores para o início do ano letivo já está informalmente anunciada.
O governo Sartori manteve as demissões, mostrando cumplicidade com a política oficial do governo anterior que já aplicava os seus “cortes”. Agora, seguindo os passos de Tarso novamente, ataca o IPE impedindo que os médicos conveniados recebam por procedimento, acelerando o seu desmonte com vistas à privatização.
A crise da burguesia continua e seus custos sendo repassados aos trabalhadores. O governo Dilma através da Medida Provisória 665, de 30 de dezembro de 2014, que entra em vigor 60 dias após sua publicação, ataca o seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial e auxílio-doença, com objetivo de dificultar a concessão desses direitos, e economizar a custa da qualidade de vida dos trabalhadores. Aumentou o tempo mínimo para concessão do seguro desemprego dos atuais seis meses para um ano e meio pela primeira vez, será preciso ter 12 meses na segunda requisição e 6 meses nos pedidos seguintes. Hoje, a carência é de 6 meses em qualquer momento, isto significa, que 63% dos trabalhadores demitidos poderão ficar sem o seguro desemprego pela nova regra. Nas despesas públicas o governo Dilma reduziu R$ 1,9 bilhão por mês. Na educação isso corresponde R$ 586 milhões a menos por mês (http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/01/planalto-corta-gastos-de-ministerios-e-educacao-e-a-area-mais-atingida-4677872.html). Assim como os governos, as multinacionais continuam resolvendo suas crises com demissões, como podemos ver com a luta dos operários da Volkswagen, no ABC paulista, contra a demissão de 800 colegas em que conseguiram reverter as demissões com uma greve que durou 11 dias. Embora os Planos de demissão voluntária continuem em razão das vacilações da direção cutista, devemos salientar que os trabalhadores fizeram greve pela reintegração dos colegas  e esse exemplo deve ser divulgado e seguido.
 Apesar de todo o jogo de cena das eleições, os governos Sartori e Dilma nos seus primeiros dias já demonstram estar em perfeita sintonia: governam para a grande burguesia e trabalham no sentido de cortar cada vez mais os gastos sociais; sancionam aumento para os deputados e para os demais políticos burgueses; aplicam planos de austeridade contra o povo; destroem os serviços públicos através das terceirizações e da precarização dos vínculos empregatícios. Contrastando com as exigências de contenção nos gastos públicos e do terrorismo midiático que apresenta os cortes orçamentários à população como a “única saída”, as ações dos governos Sartori e Dilma expõem a lógica perversa do funcionamento do capitalismo: para os trabalhadores arrocho e demissão; para os políticos da burguesia, aumento salarial em um flagrante deboche da realidade do povo (a demagogia da renúncia de Sartori não apaga o fato do aumento seguir vigente para todos os parasitas restantes). Tudo em nome da manutenção dos privilégios da burguesia e dos seus políticos, à custa do suor e do sofrimento dos trabalhadores, que, como sempre, pagam as crises periódicas do capitalismo. Assim é fácil apertar os cintos; contanto que o cinto seja o dos trabalhadores!
        Certamente que o episódio do aumento salarial dos políticos burgueses, seja aqui no RS ou a nível federal, deverá inflamar o ódio no coração dos trabalhadores e no povo em geral, muito embora, sem direção sindical e política organizada, esse ódio seja como espoleta sem pólvora. É preciso saber trabalhar a indignação dos trabalhadores e, em especial, da nossa categoria, explicando todas estas contradições, elevando o nível político e teórico dentro do nosso sindicato, e, sobretudo, demonstrando a estreita vinculação entre os ataques dos governos e os seus privilégios com a manutenção da sociedade capitalista, bem como sobre o papel cumprido pela burocracia sindical dentro do CPERS e a necessidade da base retomar o controle do sindicato.
A atual direção do CPERS (PT-CUT) não está nem um pouco interessada nisso. Os últimos ataques que a nossa categoria sofreu passaram em brancas nuvens: a demissão de 1000 trabalhadores contratados. O CPERS tratou estas demissões como caso particular, procurando uma saída de gabinete, meramente jurídica (ainda que seja importante, mas nunca como a saída principal). A única coisa que fez foi chamar alguns destes educadores para conversas particulares, enquanto que outras direções de núcleo isoladamente orientaram que os demitidos escrevessem “cartas de denúncias” para enviar à grande mídia, que não as publicou em lugar algum. Contudo, o CPERS e os seus núcleos não organizaram nenhuma luta, nenhuma campanha de denúncia e agitação, nenhuma forma de organização para lutar, nenhuma bandeira de luta política. A direção do CPERS não quer denunciar amplamente as demissões do governo Tarso e Sartori e vinculá-las com a crise capitalista. Pretende esperar para “ver o quadro” do início de ano, sendo que tudo aponta para a inevitável falta de professores. E mesmo que não faltassem professores, um sindicato pode ficar indiferente a demissão dos trabalhadores que supostamente representa? Em suma, a direção cutista do CPERS não respeita e não quer fazer respeitar o direito ao trabalho. É fiel ao seu sindicalismo de cúpula e reformista que mantém os trabalhadores de base reféns atônitos dos ataques que sofrem quase diariamente dos governos federal e estadual.