A assembleia geral do CPERS de 12 de
julho foi novamente patrolada pela direção, relembrando o Congresso de Bento
Gonçalves. Ainda que as correntes da direção façam uma análise correta sobre a
necessidade de amadurecer as condições para a greve, pela forma como conduziram
a assembleia ficou claro que não pretendem construir estas condições na
prática. Não houve um real debate para a construção de uma greve e um verdadeiro
desprezo pelas novas propostas.
Ao invés de procurar manter a categoria
mobilizada pelas assembleias gerais (já que é a única forma que consegue
mobilizá-la atualmente), jogou a próxima para a última quinzena de agosto, sem
sequer apontar uma data. Em relação às reivindicações para o movimento grevista,
nos foi apresentado uma carta distracionista contendo inúmeras questões que
servem para desviar o foco de um eixo central que sirva como força
mobilizadora. Por isso, durante a assembleia, destacamos a necessidade de ser
claro em relação aos eixos e propusemos as seguintes palavras de ordem: pagamento imediato do piso salarial
nacional; defesa dos planos de carreiras; pelo fim da reforma do ensino médio
politécnico! Estas propostas de mobilizações apresentadas pela nossa
oposição foram acatadas atropeladamente pela mesa, sem nenhum tipo de debate,
no velho método “acatar para conter”. Mesmo acatada pela direção sem
contestação, foram sumariamente excluídas das resoluções que foram encaminhadas
para os núcleos, e destes para a base.
Sabendo que não haveria intenção da
direção em construir realmente a greve – dado todo o seu histórico de
capitulação e manobras–, propusemos que o CPERS realizasse grandes atos de rua
em defesa da educação pública, conjuntamente à comunidade escolar, durante o
recesso escolar (sugerimos os dias 18/07 e 25/07), continuando depois do
recesso, unificando nossas lutas com os atos da juventude contra o aumento das
passagens e outras categorias de trabalhadores. Novamente o encaminhamento da
proposta foi feito de forma totalmente atravessada pela direção, sendo apenas lido
o papel, sem direito a debate e jogado para os últimos pontos. Novamente não
encontramos nenhuma menção destes atos de rua nas resoluções enviadas pelos
núcleos mesmo tendo sido “acatados pela direção”. Ou seja, é um novo golpe
contra a base da categoria que demonstra que a sua intenção de “incentivar a categoria a participar dos
atos de massa” é uma farsa!
Também como parte da construção da
greve, propusemos discutir com a comunidade escolar a possibilidade de
ocupações em escolas centrais, que deveriam constituir-se como espaço de
assembleias permanentes, mobilizando estudantes, pais, professores e
funcionários. Sugerimos as escolas pólos de cada região; em Porto Alegre foi
citado Julinho, IE e Protásio. No entanto, novamente a patrola da direção
encaminhou a proposta de qualquer jeito para não criar a possibilidade real de
nenhuma luta concreta e a “acatou” para não fazer nada por ela. Com este tipo
de método de que forma poderemos canalizar as lutas da juventude para
fortalecer a luta da nossa categoria? Todas as análises inflamadas da
burocracia sindical dirigente da “nova” situação política do país, desencadeada
pelos protestos da juventude, resumiram-se à “velha” política de “exigir
negociação com o governo Tarso”. Esta etapa já foi vencida! O governo Tarso
demonstrou que não negocia com ninguém e só é capaz de demagogia (vide a
resposta do governo ao Bloco de Lutas pelo Transporte Público, em que afirma
pagar o Piso aos educadores). Tarso não negociará enquanto não estiver a ponto
de perder “os anéis e os dedos”; esta é a lição de 3 anos de governo. Requentar
uma velha política para um novo momento só pode ser uma deboche com a nossa
categoria. Agora é o momento de mobilizar a comunidade escolar, que está
enraivecida com a Reforma do Ensino Médio Politécnico, para colocar o governo
contra a parede e derrotar este projeto do Banco Mundial.
Enquanto as novas propostas eram
encaminhadas de qualquer jeito, havia toda a liberdade para a Articulação
Sindical subir ao palco para “declarar voto” e confundir a categoria com
discursos demagógicos e reacionários, ao que se seguia outra intervenção da
direção estadual para defender-se, não só aprofundando a confusão, como também apresentando
novos argumentos demagógicos. O debate sobre a questão dos contratados foi
deprimente. A direção do CPERS propõe que os contratados sejam regidos pela
CLT. Isto é, dão um presente ao governo, que pretende manter a categoria
dividida e acuada para não realizar greve nenhuma. Oficializar a CLT aos
contratados significa legalizar a divisão da categoria por proposta do próprio
sindicato! Já a Articulação Sindical (PT) declarou-se contrária a isso,
propondo que a categoria fosse proibida de discutir qualquer política para os
contratados. Ou seja, pretendeu colocar uma mordaça burocrática para deixar
este grande setor de nossa categoria sem nenhuma política. Nos abstivemos nesta
votação porque as duas propostas são reacionárias! Defendemos que a única
política coerente e classista para resolver este impasse é a efetivação dos
atuais contratados após três anos de exercício efetivo na profissão, e que as
novas admissões de trabalhadores sejam feitas somente por concurso público. É
preciso, também, lutar pela extensão dos planos de carreira para os
contratados, porque devemos ter um só regime de trabalho para uma só categoria!
No final do ato a direção do CPERS levou
os educadores presentes na assembleia para a frente do Palácio Piratini para
tentar uma nova audiência com o governo. Enquanto isso, o Bloco de Lutas
ocupava a câmara de vereadores. A direção do CPERS, após ter votado uma moção
de apoio a esta ocupação, sequer foi capaz de levar a categoria até a câmara
para prestar solidariedade real, e não apenas verbal. Até o presente momento
também não fez nenhuma orientação concreta aos seus filiados para que
participem destas mobilizações. Enquanto tem esta prática frente as lutas
concretas, faz uma saudação à bandeira no último Sineta (Junho-Julho de 2013): “que o CPERS não poupe esforços para apoiar
e fortalecer as mobilizações em curso”. Que bela maneira de “não poupar
esforços”! A sua política de apoio é, na verdade e como sempre, um grande faz
de conta!
Frente a tudo isto só podemos alertar a
categoria sobre a vacilação inevitável da atual direção em relação a proposta
de greve. Com esta direção não podemos esperar uma greve sem percalços. Nos
preocupa a posição de muitas correntes “independentes” que expressam profundas
ilusões em relação à burocracia sindical dirigente. É preciso que se diga: para
fazê-la ir adiante é só com a pressão candente da base; esta é a única
linguagem que entende! Um novo tipo de greve, mais consequente e firme, só
poderá surgir com uma nova direção revolucionária.
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