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19 de jul. de 2013

BALANÇO DA ASSEMBLEIA GERAL DE 12 DE JULHO: A DIREÇÃO DO CPERS QUER CONSTRUIR GREVE?


        A assembleia geral do CPERS de 12 de julho foi novamente patrolada pela direção, relembrando o Congresso de Bento Gonçalves. Ainda que as correntes da direção façam uma análise correta sobre a necessidade de amadurecer as condições para a greve, pela forma como conduziram a assembleia ficou claro que não pretendem construir estas condições na prática. Não houve um real debate para a construção de uma greve e um verdadeiro desprezo pelas novas propostas.
        Ao invés de procurar manter a categoria mobilizada pelas assembleias gerais (já que é a única forma que consegue mobilizá-la atualmente), jogou a próxima para a última quinzena de agosto, sem sequer apontar uma data. Em relação às reivindicações para o movimento grevista, nos foi apresentado uma carta distracionista contendo inúmeras questões que servem para desviar o foco de um eixo central que sirva como força mobilizadora. Por isso, durante a assembleia, destacamos a necessidade de ser claro em relação aos eixos e propusemos as seguintes palavras de ordem: pagamento imediato do piso salarial nacional; defesa dos planos de carreiras; pelo fim da reforma do ensino médio politécnico! Estas propostas de mobilizações apresentadas pela nossa oposição foram acatadas atropeladamente pela mesa, sem nenhum tipo de debate, no velho método “acatar para conter”. Mesmo acatada pela direção sem contestação, foram sumariamente excluídas das resoluções que foram encaminhadas para os núcleos, e destes para a base.
        Sabendo que não haveria intenção da direção em construir realmente a greve – dado todo o seu histórico de capitulação e manobras–, propusemos que o CPERS realizasse grandes atos de rua em defesa da educação pública, conjuntamente à comunidade escolar, durante o recesso escolar (sugerimos os dias 18/07 e 25/07), continuando depois do recesso, unificando nossas lutas com os atos da juventude contra o aumento das passagens e outras categorias de trabalhadores. Novamente o encaminhamento da proposta foi feito de forma totalmente atravessada pela direção, sendo apenas lido o papel, sem direito a debate e jogado para os últimos pontos. Novamente não encontramos nenhuma menção destes atos de rua nas resoluções enviadas pelos núcleos mesmo tendo sido “acatados pela direção”. Ou seja, é um novo golpe contra a base da categoria que demonstra que a sua intenção de “incentivar a categoria a participar dos atos de massa” é uma farsa!
Também como parte da construção da greve, propusemos discutir com a comunidade escolar a possibilidade de ocupações em escolas centrais, que deveriam constituir-se como espaço de assembleias permanentes, mobilizando estudantes, pais, professores e funcionários. Sugerimos as escolas pólos de cada região; em Porto Alegre foi citado Julinho, IE e Protásio. No entanto, novamente a patrola da direção encaminhou a proposta de qualquer jeito para não criar a possibilidade real de nenhuma luta concreta e a “acatou” para não fazer nada por ela. Com este tipo de método de que forma poderemos canalizar as lutas da juventude para fortalecer a luta da nossa categoria? Todas as análises inflamadas da burocracia sindical dirigente da “nova” situação política do país, desencadeada pelos protestos da juventude, resumiram-se à “velha” política de “exigir negociação com o governo Tarso”. Esta etapa já foi vencida! O governo Tarso demonstrou que não negocia com ninguém e só é capaz de demagogia (vide a resposta do governo ao Bloco de Lutas pelo Transporte Público, em que afirma pagar o Piso aos educadores). Tarso não negociará enquanto não estiver a ponto de perder “os anéis e os dedos”; esta é a lição de 3 anos de governo. Requentar uma velha política para um novo momento só pode ser uma deboche com a nossa categoria. Agora é o momento de mobilizar a comunidade escolar, que está enraivecida com a Reforma do Ensino Médio Politécnico, para colocar o governo contra a parede e derrotar este projeto do Banco Mundial.
        Enquanto as novas propostas eram encaminhadas de qualquer jeito, havia toda a liberdade para a Articulação Sindical subir ao palco para “declarar voto” e confundir a categoria com discursos demagógicos e reacionários, ao que se seguia outra intervenção da direção estadual para defender-se, não só aprofundando a confusão, como também apresentando novos argumentos demagógicos. O debate sobre a questão dos contratados foi deprimente. A direção do CPERS propõe que os contratados sejam regidos pela CLT. Isto é, dão um presente ao governo, que pretende manter a categoria dividida e acuada para não realizar greve nenhuma. Oficializar a CLT aos contratados significa legalizar a divisão da categoria por proposta do próprio sindicato! Já a Articulação Sindical (PT) declarou-se contrária a isso, propondo que a categoria fosse proibida de discutir qualquer política para os contratados. Ou seja, pretendeu colocar uma mordaça burocrática para deixar este grande setor de nossa categoria sem nenhuma política. Nos abstivemos nesta votação porque as duas propostas são reacionárias! Defendemos que a única política coerente e classista para resolver este impasse é a efetivação dos atuais contratados após três anos de exercício efetivo na profissão, e que as novas admissões de trabalhadores sejam feitas somente por concurso público. É preciso, também, lutar pela extensão dos planos de carreira para os contratados, porque devemos ter um só regime de trabalho para uma só categoria!
        No final do ato a direção do CPERS levou os educadores presentes na assembleia para a frente do Palácio Piratini para tentar uma nova audiência com o governo. Enquanto isso, o Bloco de Lutas ocupava a câmara de vereadores. A direção do CPERS, após ter votado uma moção de apoio a esta ocupação, sequer foi capaz de levar a categoria até a câmara para prestar solidariedade real, e não apenas verbal. Até o presente momento também não fez nenhuma orientação concreta aos seus filiados para que participem destas mobilizações. Enquanto tem esta prática frente as lutas concretas, faz uma saudação à bandeira no último Sineta (Junho-Julho de 2013): “que o CPERS não poupe esforços para apoiar e fortalecer as mobilizações em curso”. Que bela maneira de “não poupar esforços”! A sua política de apoio é, na verdade e como sempre, um grande faz de conta!

        Frente a tudo isto só podemos alertar a categoria sobre a vacilação inevitável da atual direção em relação a proposta de greve. Com esta direção não podemos esperar uma greve sem percalços. Nos preocupa a posição de muitas correntes “independentes” que expressam profundas ilusões em relação à burocracia sindical dirigente. É preciso que se diga: para fazê-la ir adiante é só com a pressão candente da base; esta é a única linguagem que entende! Um novo tipo de greve, mais consequente e firme, só poderá surgir com uma nova direção revolucionária.

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