A
direção, no VIII Congresso Estadual do CPERS, ocorrido em junho de 2013, em
Bento Gonçalves – assim como outras correntes do sindicato –, apresentou a
proposta de abrir o debate na categoria sobre a desfiliação ou não da CUT, sendo aprovada como resolução. Isso foi uma
contradição já que a mesma está representada na direção da CUT. Este circo
montado não é por acaso; tem como objetivo a disputa eleitoral do CPERS em 2014. A intenção é enganar
a categoria, vendendo gato por lebre. Trata-se de uma direção que promove a
conciliação de classe, mas se intitula combativa e independente do governo. A
sua defesa dessa posição no congresso serviu para responder às reivindicações
da categoria que tenciona pela desfiliação do CPERS da CUT. Dessa forma, a
direção pretende manter e ampliar a sua base eleitoral.
A CUT e a CNTE são agências do governo Dilma e Tarso no movimento
sindical. Utilizam toda a estrutura e recursos financeiros dos sindicatos para
realizar propaganda exaltando a política governista. Com a campanha “Educação Pública eu Apoio”, a CNTE/CUT
defende a aprovação do “novo PNE",
tal como fez com a realização das anti-greves (março de 2012 e abril de
2013) de apoio incondicional a esse plano de Dilma e do Banco Mundial.
Nós da Construção pela Base nos posicionamos radicalmente contra o
novo PNE por se tratar de um plano privatista que destrói a educação pública:
aprofunda as parcerias público-privadas através da destinação bilhões de verbas
do MEC para o ensino privado, para o ProUni, FIES e PRONATEC (Sistema S -
SENAI, SESI, SENAC, SESC). Somente em 2013, o MEC destinou R$ 405 milhões para
o Sistema S (e R$1 bilhão nos anos anteriores). Este Plano estabelece também a
interferência da gestão das escolas públicas pelo setor financeiro com os
“projetos” Unibanco, Itaú, Santander, etc. Impõe a meritocracia no serviço
público, promove o ensino à distância (EAD). Prevê ainda avaliação do
rendimento escolar pela ótica empresarial através do ENADE, ENEM, SAEB,
Provinha Brasil, e outros. E através da proliferação de projetos “Mais
Educação, Escola Aberta”, entre outros, que visam o “voluntariado”, promove a
precarização do trabalho, onde monitores não têm vínculo empregatício e recebem
apenas uma ajuda de custo para desempenhar a função de professor, sem nenhuma
garantia trabalhista (sem carteira de trabalho assinada, sem salário, 13º
salário, férias, segurança em caso de acidente de trabalho). Está claro que o
novo PNE já está em curso, mesmo que ainda não tenha sido aprovado pelo Senado.
Já estamos a cinco meses do Congresso de
Bento e nenhum debate foi iniciado. Tivemos uma greve onde saímos derrotados,
servindo apenas para a burocracia propagandear que é combativa, e para
fortalecer o governo Tarso, possibilitando seu avanço nos ataques contra a
nossa categoria.
PARA
QUEM SERVE O CONGRESSO DA CNTE/CUT?
O Congresso da CNTE serve para fortalecer a
burocracia sindical do CPERS/CNTE/CUT. Ao participar do Congresso da CNTE, a
direção do CPERS demonstra que pretende manter relações com esta entidade
governista, mesmo com uma resolução do VIII Congresso Estadual apontando para o
debate de ruptura com a CUT. No discurso a combate, mas, na prática, participa
de suas anti-greves e congressos burocráticos que servem para
fortalecer o governismo.
A direção do sindicato não dá ponto sem nó.
Agora podemos entender o porquê da chamada extra da última assembleia: os
gastos com a greve foram mínimos, mas, em contra partida, com este congresso
serão enormes. O oportunismo da direção é gritante. Gasta recursos do sindicato
para fazer coro ao governismo da CNTE/CUT. Essas entidades burocráticas e de
cúpula são entraves às lutas, impedem o avanço da consciência de classe da
categoria, promovem a conciliação entre classes antagônicas (trabalhadores e a
burguesia, representada pelo governo), deseducam e despolitizam os
trabalhadores arregimentando e seduzindo os participantes para realizar turismo
sindical – prática comum dos governistas no movimento. Utilizam a categoria
como massa de manobra, com o objetivo fazer demagogia eleitoral no sindicato,
visando às eleições de 2014.
Há muitas décadas que a base não participa
das instâncias e decisões da CNTE e da CUT. Quem decide as políticas destas
entidades é o governo e a burocracia sindical que impera nas direções dos
sindicatos. Estas entidades não representam mais os trabalhadores. Defendem o
programa do governo e do Banco Mundial para a classe trabalhadora. Por isso, a
Construção pela Base não vê nenhum sentido na participação da categoria nesses
congressos governistas e de cartas marcadas.
Salta aos olhos o oportunismo de PSOL
(Intersindical-Enlace, MES, CST), PSTU (Democracia e Luta – CSP-Conlutas) e CS
que, mesmo votando a favor da abertura do debate de desfiliação da CUT no
Congresso de Bento, agora patrocinam a participação do CPERS nesta entidade
falida. Passaram nas escolas tirando delegados e fazendo propaganda de um
congresso absolutamente laranja e já definido de antemão. Ao invés de
trabalharem no sentido de abrir o debate de desfiliação do CPERS da CUT, andam
na contramão, incentivando a participação nestas entidades governistas e
reforçando as ilusões de que “podem ser disputadas pelos trabalhadores”.
O PAPEL CUMPRIDO
PELA CUT PODE MAIS NO CPERS
A CUT pode mais (MLS) – corrente da
presidente do Sindicato – cumpre um papel decisivo nesta trama. Além de ter
conseguido manter com êxito o aparato sindical do CPERS agrilhoado à CUT até
agora, aproximou a base das correntes como PSOL, PSTU e CS, selando a aliança
eleitoral para a direção do sindicato. Estas últimas vendem à sua base a
ideologia de que a presidente do CPERS é “independente” dentro do PT e que
cumpre um papel progressivo, “lutando” contra a ala central do partido que está
no governo. Não há nada mais falso do que isso. Ela simplesmente faz um jogo de
cena, usando e abusando de um discurso pseudo-radical para que a estrutura
sindical siga intacta, ligada à CUT e aos interesses do governismo.
O seu discurso está numa contradição
absoluta com a sua prática de estar filiada ao partido do governo, além de se
manter como vice presidente da CUT estadual. Enquanto os discursos são
consumidos pela vanguarda da categoria, a prática de conciliação de classes com
o governo, de emperramento das lutas e de desorganização da base vão passando
de contrabando e aprofundando o afastamento da base do sindicato, isto é,
aumentando a burocratização. Nós afirmamos categoricamente: a “independência”
da atual presidente do CPERS é uma grande enrolação. Estar no partido do
governo e discursar contra ele é demagogia. Não se trata mais de “opção
política” dos filiados em seguir um determinado partido, como alegam alguns,
mas de optar pela ruptura com o classismo e pela manutenção da filiação em um
partido que hoje é o principal sustentáculo da ordem burguesa.
PSTU, CS e PSOL ainda dizem que a
presidente do CPERS caminha em um sentido progressivo, de ruptura com o PT. É
por trás deste sofisma que se esconde a aliança daqueles partidos
“independentes” com o governismo. Os ativistas independentes do sindicato devem
rechaçar a ideologia da “presidente em disputa”. A participação no congresso da
CNTE em detrimento da abertura do debate de desfiliação da CUT nos demonstra em
que sentido caminha a “ruptura” da presidente do CPERS com o PT. Seria ela que
caminha para a ruptura com o governo ou PSTU, CS e PSOL que caminham à passos
largos para a consolidação do seu governismo?
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