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20 de jun. de 2014

O DEPUTADO PETISTA BORDIGNON ACOMPANHANDO A APURAÇÃO DOS VOTOS NA ELEIÇÃO DO CPERS


 O deputado petista Bordignon acompanhando a apuração dos votos na eleição do CPERS. Um absurdo! Já não basta o governo Tarso interferir diretamente nesta eleição, ainda temos que aturar sua presença. O CPERS Sindicato continua servindo a conciliação de classes.

ELEIÇÕES DO CPERS MARCADAS PELA VITÓRIA DO GOVERNISMO DECLARADO: A ATUAL DIREÇÃO FACILITOU A VITÓRIA DO GOVERNO


        A direção do CPERS, formada por CUT pode Mais (PT), Articulação de Esquerda (PT), PSTU, PSOL, PSB e CS, é responsável pelo fortalecimento do governo dentro do sindicato. A partir de 2008 se constituiu uma “unidade” entre parte das correntes governistas (CUT pode Mais e Articulação de Esquerda) e a dita “oposição” daquele período (PSTU, CS e PSOL). Estabeleceram um acordão espúrio, em que esta “oposição”, durante o período em que se mantivesse a “unidade”, não poderia favorecer a desfiliação do CPERS da CUT. Foi o preço da sua participação no aparato sindical. Essa foi uma política nacional de unidade permanente e de fortalecimento do governismo no movimento sindical, percebido igualmente por parte da CSP-Conlutas e da Intersindical, centrais sindicais que oportunamente mantiveram seus militantes em silêncio, enquanto a "unidade" permanecia. 
        No final da gestão atual, a dirigente da chapa 3 e da CS, Neida de Oliveira, deixou a direção sem nenhuma ruptura política, conforme diz na sua carta de afastamento: “Mostramos que, com unidade e disposição, o CPERS retomou o caminho da combatividade. Isto nos orgulhou e nos faz continuar apostando neste bloco político que dirige o sindicato.” E diz também: “Enquanto isso, as camaradas (...), que pretendemos indicar ao Conselho Geral para o cargo até o momento ocupado por mim, continuarão com a tarefa de nos representar nesta diretoria”. Apesar disso, nas atuais eleições a CS se apresentou como “oposição” de ocasião, com o objetivo demagógico de ganhar os votos descontentes com a atual direção.
        As organizações ditas de “esquerda” (PSTU, PSOL, CS, PSB, PCB, CEDS) criaram as condições para a vitória da CUT e do governo Tarso (Articulação Sindical-PT – chapa 2) uma vez que, de forma oportunista, conciliaram com o governo e deixaram de combater a CUT em distintas oportunidades. Dessa forma, entregaram o CPERS de bandeja para o governismo explícito. A presidente Rejane de Oliveira, da corrente CUT Pode Mais, nos seus seis anos de mandato, preservou também a CUT, de quem é vice-presidente, e o governo Tarso, conciliando disfarçadamente com o mesmo, afastando a base do sindicato, atrasando a sua consciência e deixando apenas no papel as supostas bandeiras de luta contra o governo. Ela, como vice-presidente da CUT, e a sua corrente, CUT Pode Mais – que a partir de agora se declararão na falsa condição de opositores –, continuarão como sempre defendendo disfarçadamente os governos do PT. Enquanto seu discurso demagógico declara independência em relação aos partidos e governos, na prática os defende. Enganam-se quem os leva a sério.

O APARATO DA CUT E DO GOVERNO DEFINIU A VITÓRIA DA CHAPA 2
         Nas atuais eleições do CPERS, as chapas 1, 2 e 3 contaram com o poder político e econômico dos seus partidos, centrais e liberados sindicais. Foi uma cópia em miniatura do que acontece nas eleições da democracia burguesa, onde o poder econômico é decisivo. A chapa 2 colocou toda a máquina do PT e do governo ao seu serviço, além dos seus CCs e funcionários, para garantir que o CPERS continuasse vinculado à CUT e passasse a ser controlado diretamente pelo governo. Suas figuras políticas votaram em massa nessas eleições (secretários de governo, CCs, coordenadores, ex-senadora); ou seja, os inimigos na trincheira, aqueles que, nós, da Chapa 4-Construção pela Base, sempre denunciamos e pretendemos excluir do sindicato.
        A comissão eleitoral central foi totalmente controlada pelas correntes majoritárias da burocracia sindical e não foi respaldada por uma assembleia geral. Houve inúmeros casos de urnas com mais votos do que assinaturas e cédulas sem rubricas. Algumas não foram devidamente lacradas. Nada justifica que as eleições de um sindicato com tantos recursos materiais seja tão mal organizada. A única explicação plausível é o interesse da burocracia sindical em aproveitar-se destas “falhas”.
        A chapa 2 (PT, PCdoB, PDT e PTB), que venceu as eleições, representa o governismo declarado dentro do sindicato. São os defensores de todas as políticas do governo Dilma, Tarso e do Banco Mundial para a educação, tais como o Plano Nacional de Educação (PNE) – aprovado recentemente no Congresso Nacional com o ativo apoio de CNTE-CUT e do CPERS –, que drena recursos da educação pública e os transfere para o setor privado através de projetos do MEC, como o PRONATEC, PROUNI, FIES, EAD, além das isenções fiscais às instituições financeiras e ONGs, que interferem diretamente na gestão das escolas públicas. No Estado, o governo aplica de cima para baixo o PNE através das reformas educacionais, a exemplo da reforma do ensino médio “politécnico” e do “Pacto” do Ensino Fundamental e Médio. Essas “reformas” têm o único objetivo de reduzir custos e de alterar os índices educacionais à custa do rebaixamento da qualidade de ensino. A CNTE-CUT defende a destruição do nosso Plano de Carreira e a sua suposta luta pelo piso não passa de um jogo de cena para isso. Nossos direitos foram atacados com a conivência da direção do CPERS. A direção eleita continuará sendo conivente.

A NOSSA CAMPANHA E A MANIPULAÇÃO DA MÍDIA BURGUESA
        A chapa 4 (Construção pela Base e independentes de esquerda) sofreu a censura burocrática dos núcleos do CPERS, não permitindo o compartilhamento dos nossos materiais nos seus perfis do facebook.  O jornal oficial do sindicato, Sineta, que deveria divulgar as 4 chapas, foi confeccionado somente no final das eleições e chegou atrasado em diversas escolas, enquanto que em outras nem sequer chegou.
Sofremos o bloqueio por parte da grande mídia também. A Zero Hora divulgou a existência de apenas 3 chapas antes da homologação das mesmas. Fomos ignorados na solicitação de retificação da reportagem. No dia 6 de junho, nas vésperas das eleições (sendo que a sua publicação só ocorreu no dia das eleições: 10 de junho), ZH fez uma matéria com as quatro chapas, porém, mais uma vez, personalizando as campanhas em torno das “presidentes”, manipulando as informações e não divulgando trechos essenciais das nossas respostas. Distorceu ou omitiu muitas questões programáticas que defendemos para confundir e “queimar” a Chapa 4.
        Os dois principais jornais do Estado, ZH e Correio do Povo, tentam “dourar a pílula” e ajudar a consolidar as ilusões da vitória da chapa 2. O Correio do Povo de 14 de junho afirma que o “CPERS renova e elege nova direção sindical – vence a chapa de oposição a Rejane de Oliveira”. A Articulação Sindical (PT) não representa nenhuma renovação. Já foi direção deste sindicato por mais de uma gestão e é tão responsável pelo afastamento da base e pela burocratização sindical quanto a chapa 1. A sua oposição também era de ocasião, apenas visando o aparato sindical. Em todas as políticas oficiais do CPERS as chapas 1, 2 e 3 estiveram de mãos dadas (vide a antigreves da CNTE-CUT pela aprovação do PNE). Em 2008, antes da primeira eleição das correntes da chapa 1, Rejane (DS-CUT Pode Mais) e Helenir (Articulação Sindical) estavam juntas na direção estadual. A ZH (também de 14/06/2014), por sua vez, optou por um discurso mais brando e subliminar: “Nova dirigente do CPERS tem discurso moderado. A expressão “moderado” é um eufemismo para esconder o seu governismo, a sua adaptação ao PT, ao governo e ao Estado. Em entrevista, Helenir defende as mesmas demagogias de Rejane, tipicamente petista: “Nós vamos fazer a luta sindical independentemente do governo e de partidos políticos”. Basta olhar as bandeiras da Articulação Sindical e a sua atuação dentro do CPERS para que todo este discurso caia por terra. ZH ainda insinua que a eleição da chapa 2 demonstraria um desgaste do “radicalismo” e uma “opção pela ordem”. Omitem o peso do aparato governista, das centrais sindicais, dos CCs, da SEDUC.
Entendemos que o mesmo papel cumprido pela imprensa burguesa na desinformação dos professores foi cumprido pelos partidos políticos e correntes sindicais quando se abstiveram de, publicamente, manifestarem-se contra a mentira de que haviam apenas 3 chapas disputando as eleições para direção central do CPERS. Como ocorreu a campanha das chapas 1, 2 e 3 nas escolas, quando seus colegas lhes indagavam sobre a existência da chapa 4? O não posicionamento dos integrantes das chapas 1, 2 e 3 sobre isso será lembrada como mais uma afirmação da semelhança das táticas utilizadas por eles nas eleições burguesas, com as eleições sindicais, cujo ápice é a disputa de votos e não o avanço da consciência política da categoria. Contudo, apenas podemos concluir que a negação (existente por parte de alguns integrantes de outras chapas até a véspera da eleição) da existência da chapa 4-Construção pela Base, tenha se dado por conseguirmos sustentar um programa político capaz de disputar a consciência dos nossos colegas para muito além de seu "voto amigo".
        Apesar das nossas poucas forças (fizemos campanha sem liberados sindicais) e da censura que sofremos, apresentamos um programa revolucionário e disputamos em desigualdade de condições com a burocracia sindical. Utilizamos as redes sociais, os e-mails, a colaboração voluntária dos colegas, que levaram nossos materiais para suas escolas e debateram com outros educadores. Cumprimos o nosso papel nestas eleições, que é de lutar contra o governismo e a burocracia sindical dentro do CPERS, por um sindicalismo classista e revolucionário, em que se fortaleçam as instâncias de base do nosso sindicato. Este trabalho é permanente, para além das eleições sindicais. Fazemos um chamado a todos os ativistas independentes para que venham fortalecer esta luta contra a burocracia sindical e as suas correntes.

- Nenhuma ilusão na nova direção do CPERS! A luta independente de oposição precisa continuar a se intensificar!

- Lutar pela desfiliação do CPERS da CUT-CNTE!

15 de jun. de 2014


Agradecemos todos os colegas que apoiaram, divulgaram, debateram e votaram no programa da CHAPA 4 - CONSTRUÇÃO PELA BASE! PARA MUDAR O CPERS DE VERDADE!
Entendemos que as eleições são um dos momentos privilegiados para disputar o programa com a burocracia sindical. Mas as nossas tarefas estão para além delas: precisamos disputá-lo permanentemente, continuar enfrentando o governismo dentro do CPERS a partir da construção de uma oposição sindical classista. É este papel que procuramos cumprir.
Necessitamos aprofundar o debate de um programa revolucionário e classista com os colegas a partir da construção e fortalecimento das instâncias de base do nosso sindicato, isto é, organizar núcleos sindicais por escolas com formação teórica, política e pedagógica; assembleias por local de trabalho, eleição e fortalecimento dos representantes das escolas; elevação da nossa participação organizada nas assembleias do núcleo e geral, do conselho do núcleo, levando nossas propostas, bem como da base de nossas escolas. Incentivar campanhas de novos sócios para frear as desfiliações que apenas beneficiam a burocracia sindical. A indignação que leva a estas “saídas” individuais precisa ser superada pelas saídas coletivas. É preciso conscientizar os novos filiados da necessidade de se incorporarem na luta contra a burocracia sindical, que é a agente dos governos e do Estado na nossa trincheira. As instâncias do nosso sindicato só serão democratizadas quando a base estiver organizada, consciente e com disposição ao enfrentamento.
Teremos pela frente as eleições do Conselho Geral do CPERS. Nelas, precisamos continuar fortalecendo a oposição para defender as demandas da base por políticas que enfrentem o desmonte da educação pública, contra a precarização do trabalho, bem como lutar contra a burocratização do nosso sindicato, pela desfiliação da CUT e CNTE; em suma, que lute por um novo sindicalismo. Para ser realmente contra o aparelhamento partidário é fundamental denunciar todos os acordos de bastidores das correntes da burocracia sindical contra a base da categoria. Novos colegas precisam se somar a todas estas tarefas!
Sai o governismo disfarçado (chapa 1) da direção do CPERS e entra o governismo declarado (chapa 2). A necessidade de fortalecer uma oposição classista se aprofunda. Nossa oposição não é de ocasião, como serão as correntes da chapa 1 e 3. Continuaremos coerentes, classistas e construindo pela base até que o governismo seja totalmente expulso de nosso sindicato. Chamamos todos e todas  que votaram na nossa chapa a se somarem nesta luta. Para além do voto, ela é a única possibilidade de reaproximar o CPERS da base e de torná-lo realmente independente dos partidos burgueses e do governo.




1)  Como está a campanha? Os professores estão recebendo bem as pautas da chapa 4?
   
Esta é uma campanha extremamente desigual. Nós estamos tendo grandes dificuldades em visitar os municípios do interior, já que todos os integrantes da nossa chapa estão trabalhando nas escolas, sem nenhum liberado sindical para fazer campanha o dia todo. Cumprimos horários, diferentemente da maioria dos integrantes das chapas 1, 2 e 3, que contam com os militantes das centrais sindicais, dos seus partidos e dos liberados sindicais que percorrerem todo o Estado.
Apesar disso, os educadores das escolas que visitamos estão recebendo bem nossas propostas, principalmente porque elas fogem da lógica do sindicalismo oficial, que a categoria já está farta de ouvir. São algumas de nossas pautas o combate à precarização do trabalho imposto pelos governos, como a defesa dos trabalhadores contratados e dos Planos de Carreiras. Outra pauta que discutimos com os educadores trata do combate à burocratização sindical e o subsequente afastamento do CPERS da sua base. Queremos o fim dos privilégios dos dirigentes sindicais (a verba de representação) e a transparência nas finanças do CPERS, que hoje é controlada pela cúpula sem nenhum controle da sua base. Estamos propondo uma nova forma de organização sindical, por local de trabalho, com nova metodologia das assembleias gerais, inclusive com prestação de contas publicamente, para toda a categoria. A gente ouve muitas queixas dos colegas dizendo que o CPERS é um trampolim político, que muitos ex-dirigentes assumem cargos nos governos, como o José Clóvis. Por isso estamos defendendo a expulsão do Secretário de Educação, da Adjunta e dos coordenadores das CREs do quadro de sócios do CPERS. Não podemos tolerar mais o carreirismo sindical para fabricar quadros para o governo. A nossa chapa é a única que se pronuncia contra o Plano Nacional de Educação (PNE) – base da Reforma do Ensino Médio Politécnico – e o Pacto pelo Ensino Médio. Na nossa avaliação, estas são propostas neoliberais impostas pelos governos Dilma e Tarso, a mando do Banco Mundial, para legalizar o desvio de dinheiro público para o ensino privado, sobretudo através do PRONATEC. Com estas pautas defendemos um CPERS independente dos governos e dos partidos burgueses na prática, e não apenas nos discursos, como fazem as outras chapas. Ao final das nossas falas, vemos manifestações de apoio dos colegas. Isso nos dá a impressão de que houve simpatia da parte deles.

2)  O que está pautando o debate? Que temas têm sido abordados na campanha e no diálogo com os professores?

Uma das pautas principais desta campanha é sobre a desfiliação da CUT. Estamos defendendo isso desde que a nossa corrente sindical foi constituída em 2008, defendemos no congresso do CPERS em  2010 até hoje, ao contrário de todas as outras chapas, que ou não querem a desfiliação por serem correia de transmissão do PT (chapa 2) ou não demonstram a menor coerência sobre o tema (chapas 1 e 3). A nossa proposta de um novo sindicalismo, desatrelado do Estado e controlado pelos trabalhadores de base, também está tendo bastante aceitação. Estamos pautando a perspectiva de construir o CPERS a partir de núcleos por escolas, com formação (teórica, política e pedagógica), assembleias por local de trabalho, utilizando todas as mídias disponíveis e fortalecendo os representantes de escolas. Pautamos a necessidade de que as instâncias do nosso sindicato sejam democratizadas, como as assembleias gerais, o Conselho Geral e os Congressos.
Outra pauta bastante importante é a questão da precarização do trabalho, como já foi dito. Nós estamos propondo que todos os contratados que já cumpriram 3 anos de serviço no Estado sejam efetivados, como forma de combater a política permanente de precarização do trabalho praticada por todos os governos. Esta foi a política preferencial do governo Tarso, que certamente será mantida pelos governos que virão. Mesmo tendo na Constituição Federal que o ingresso no serviço público seja somente por concurso, todos os governos descumpriram a lei, e contrataram em caráter “temporário emergencial” os trabalhadores, porém, depois de 2 anos, o vínculo temporário fica descaracterizado, e passa ser permanente. Hoje temos colegas se aposentando como contratados, isto é, cumpriram seus deveres como trabalhadores, mas na hora da aposentadoria recebem o fator previdenciário, reduzindo ainda mais seus salários, o que consideramos extremamente injusto. Nossa proposta não é de caráter permanente e nem contrária aos concursos públicos. Propomos que uma vez efetivados os atuais contratados, que o ingresso aconteça somente através de concurso e nunca mais por contratos “emergenciais”. Além disso, defendemos a imediata nomeação de todos os aprovados em concurso público e o atual Plano de Carreira.

3) Quais são as principais propostas e posições que diferenciam a chapa 4 das demais? 

Podemos destacar os seguintes pontos de diferença com as outras chapas: a luta e o combate permanente contra a burocratização sindical, a desfiliação da CUT-CNTE, a expulsão do dos membros oficiais do governo (Secretário de Educação e coordenadores) do CPERS, a transparência nas finanças do sindicato, o fim dos privilégios dos dirigentes sindicais (a verba de representação), a defesa dos trabalhadores contratados, a luta contra o PNE, o “Pacto” e todos os governos que aplicam os projetos do do Banco Mundial. Além disso, todos os integrantes de nossa chapa estão diretamente no chão da escola, dando aula e cumprindo horário. As 3 chapas já dirigiram o CPERS e alguns integrantes das outras chapas chegam a estar há mais de vinte anos na direção. Nenhuma delas representa renovação. Fazem um discurso de “oposição de ocasião”.

  4) Qual é a sua posição e proposta sobre a vinculação do CPERS à CUT?

Nós,  da chapa 4, defendemos a desfiliação do CPERS da CUT e da CNTE, por serem entidades que estão a serviço dos governos Dilma e Tarso. Estas centrais defendem explicitamente o PNE, a Reforma do Ensino Médio Politécnico, o “Pacto”, o fim do nosso Plano de Carreira, a divisão da nossa categoria entre dois regimes de trabalho, a Reforma da Previdência, Trabalhista, Sindical e todos os demais ataques aos direitos dos trabalhadores feitos pelos governos do PT. Por tudo isso, compreendemos que elas sabotam nossas lutas e greves, fortalecendo o governo na retirada de direitos de nossa categoria. São entidades antidemocráticas, aparelhadas, onde a base não tem vez. No passado foram representativas, mas hoje, quem participa de suas instâncias são apenas as cúpulas sindicais que decidem tudo contra os reais interesses da base dos trabalhadores. Defendemos que nenhum tostão deve ser dado à CUT e à CNTE, que recebem milhões para sabotar as nossas lutas e defender os governos Dilma e Tarso. Queremos que este dinheiro seja destinado para a criação de um fundo de greve permanente, para a formação política, teórica e pedagógica da categoria. Enfim, que este dinheiro, que hoje é dado de presente ao governo, seja revertido em benefício da categoria.

 5) Em caso de ruptura com a CUT, a chapa pretende vincular o CPERS a outra central sindical?

Não defendemos filiação a nenhuma outra central por entendermos que, assim como a CUT, todas elas estão burocratizadas, afastadas da sua base e sustentadas por verbas governamentais. A CUT, Força Sindical e CTB sustentam diretamente os ataques dos governos contra os trabalhadores. A Intersindical e a CSP-Conlutas sustentam o governo indiretamente através de sua política de unidade sindical com a CUT, cujo exemplo mais nefasto ocorre na atual diretoria do CPERS, que quer se reeleger pela chapa 1.
Não somos contra a ideia de uma central sindical. Ela é necessária porque a nossa luta não pode ser isolada. Porém, as centrais atuais não nos representam! Queremos conscientizar os trabalhadores sobre a necessidade de combater a burocratização sindical também nas centrais sindicais.

6) Tu tens filiação partidária? De que  grupos ou correntes fazes parte?
Nós, da chapa 4, não temos vinculação a nenhum partido, mas isso não significa que sejamos apartidários e apolíticos. Compreendemos que nenhum dos partidos atuais representa os interesses da classe trabalhadora. Os partidos atuais estão plenamente adaptados ao capitalismo, se beneficiando das verbas do fundo partidário, defendendo somente os interesses das elites e fazendo apenas discursos para o povo. Nossa chapa é composta por educadores independentes, com uma orientação de esquerda, e por integrantes do coletivo Luta Marxista, do qual faço parte. No CPERS, nos organizamos na corrente sindical de oposição à burocracia sindical, chamada Construção pela Base. Ela existe desde 2008 e faz um trabalho permanente de oposição à burocratização sindical do CPERS. Nós, integrantes da Luta Marxista e alguns independentes, defendemos a construção de um partido revolucionário, completamente diferente do que são os partidos atuais, pois compreendemos que a inexistência desse partido é a principal causa das derrotas dos trabalhadores. Outros colegas independentes que compõem a nossa chapa pensam diferente. Acham que é necessário a organização política dos trabalhadores através dos movimentos sociais e dos sindicatos, mas que os partidos são dispensáveis. Temos o acordo fundamental de ser contra os partidos institucionalizados, burgueses ou reformistas, tais como PT, DEM, PSDB, PMDB, PTB, PCdoB, PSB, PSOL, PSTU e outros.

7) Que estratégias a chapa 4 está usando para superar a estrutura menor que a de outras chapas?

Estamos utilizando as redes sociais, visitas nas escolas dentro da nossa hora livre, conversando com os colegas, enviando e-mails e indo até o interior quando possível. Muitos colegas têm simpatizado com a nossa chapa e espontaneamente levado nossos materiais para outras escolas. Assim, vamos chegando as escolas que não tínhamos acesso. Além de nossas limitações, estamos sofrendo uma censura burocrática dos núcleos do CPERS, que impedem o compartilhamento dos nossos materiais nos perfis do facebook. Tivemos nossa conta de email hackeada, e duas eliminadas. Entramos com solicitação na comissão eleitoral central do CPERS para que os perfis, site, boletins, jornal do CPERS e núcleos sejam equitativamente utilizados para divulgação das chapas, mas ainda a censura ainda persiste. Infelizmente não apenas por parte das correntes internas do CPERS, mas, também, por parte da grande mídia, em particular de Zero Hora. Vimos a divulgação antecipada, antes da homologação das chapas, que seria no dia 5 de maio, de uma reportagem deste jornal que afirmava a existência de apenas 3 chapas disputando as eleições. Isso confundiu a nossa categoria, pois quando fizemos panfletagem no seminário internacional, muitos colegas nos questionavam sobre o fato de serem apenas 3 chapas, fazendo referência a matéria do jornalista Carlos Rollsing, publicada em 29 de abril. Isso dificultou a divulgação do nosso programa para os colegas do interior. Mas vencemos as barreiras como é possível: panfleteando nestes seminários, conversando com os colegas nas redes sociais, nas escolas e na rede de solidariedade que surge através destas visitas.

8) És professora de que matéria e lecionas há quanto tempo?
Ingressei no Estado no ano de 1997, em Porto Alegre, como professora de Ciências do Ensino Fundamental. Atuei como professora de Biologia e Matemática do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Exerci a função de diretora no Colégio Estadual Cônego Paulo de Nadal, em Porto Alegre. Atualmente trabalho na vice-direção nesta mesma escola, e em sala de aula como professora de ciências do Ensino Fundamental, no município de Porto Alegre.

9) Na tua opinião, quais os principais problemas que prejudicam o magistério gaúcho?

Na opinião da chapa 4, os principais problemas que prejudicam a educação pública e, consequentemente, os educadores, está diretamente relacionada à política de desmonte da educação pública imposta pelos governos Dilma e Tarso, e pelo  Banco Mundial, através do PNE, que é a matriz de todas as reformas educacionais que destinam verbas da Educação Pública para o setor privado, através dos projetos (PROUNI, PRONATEC, FIES, Ensino à distância, ENADE, ENEM). Exemplos do que é o PNE podem ser vistos na reforma do ensino médio politécnico e no “Pacto” do Ensino Fundamental e Médio. Reformas que tem o único objetivo de reduzir custos e de alterar os índices educacionais a custa do rebaixamento da qualidade de ensino. O resultado é que, sem investimento, as escolas estão caindo aos pedaços, sem estrutura, sem materiais apropriados e sem tecnologia. Os professores não têm condições de trabalho dignas. Tiram leite de pedra todos os dias. A escola pública está parada no século 19. As “reformas” são impostas de cima para baixo, sem discussão, acabando, na prática, com a autonomia escolar e a gestão democrática. O assédio moral é uma triste realidade no ambiente de muitas escolas. Outros problemas da educação pública estão relacionados à precarização do trabalho, seja através dos contratos emergenciais e das terceirizações (Mais Educação, Escola Aberta e outros) ou da destruição dos planos de carreiras.
Além disso, os governos Dilma e Tarso descumprem a Constituição Federal e Estadual, que prevê o investimento de 25% e 35%, respectivamente, na educação pública. Em contrapartida, destinam 42,4% do orçamento geral da união para o pagamento dos juros e amortizações da dívida. A lei do Piso nacional salarial, que não passa de uma carta de intenção, até agora não saiu do papel. A inexistência de obras de infraestrutura e manutenção permanente das escolas estaduais, bem como a violência a que estão submetidos os educadores e as comunidades prejudicam o nosso trabalho cotidiano. Os problemas que prejudicam os educadores vão além da educação. Eles estão intimamente ligados ao capitalismo, que, na nossa opinião, necessita ser superado por uma sociedade socialista.