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20 de jun. de 2014

ELEIÇÕES DO CPERS MARCADAS PELA VITÓRIA DO GOVERNISMO DECLARADO: A ATUAL DIREÇÃO FACILITOU A VITÓRIA DO GOVERNO


        A direção do CPERS, formada por CUT pode Mais (PT), Articulação de Esquerda (PT), PSTU, PSOL, PSB e CS, é responsável pelo fortalecimento do governo dentro do sindicato. A partir de 2008 se constituiu uma “unidade” entre parte das correntes governistas (CUT pode Mais e Articulação de Esquerda) e a dita “oposição” daquele período (PSTU, CS e PSOL). Estabeleceram um acordão espúrio, em que esta “oposição”, durante o período em que se mantivesse a “unidade”, não poderia favorecer a desfiliação do CPERS da CUT. Foi o preço da sua participação no aparato sindical. Essa foi uma política nacional de unidade permanente e de fortalecimento do governismo no movimento sindical, percebido igualmente por parte da CSP-Conlutas e da Intersindical, centrais sindicais que oportunamente mantiveram seus militantes em silêncio, enquanto a "unidade" permanecia. 
        No final da gestão atual, a dirigente da chapa 3 e da CS, Neida de Oliveira, deixou a direção sem nenhuma ruptura política, conforme diz na sua carta de afastamento: “Mostramos que, com unidade e disposição, o CPERS retomou o caminho da combatividade. Isto nos orgulhou e nos faz continuar apostando neste bloco político que dirige o sindicato.” E diz também: “Enquanto isso, as camaradas (...), que pretendemos indicar ao Conselho Geral para o cargo até o momento ocupado por mim, continuarão com a tarefa de nos representar nesta diretoria”. Apesar disso, nas atuais eleições a CS se apresentou como “oposição” de ocasião, com o objetivo demagógico de ganhar os votos descontentes com a atual direção.
        As organizações ditas de “esquerda” (PSTU, PSOL, CS, PSB, PCB, CEDS) criaram as condições para a vitória da CUT e do governo Tarso (Articulação Sindical-PT – chapa 2) uma vez que, de forma oportunista, conciliaram com o governo e deixaram de combater a CUT em distintas oportunidades. Dessa forma, entregaram o CPERS de bandeja para o governismo explícito. A presidente Rejane de Oliveira, da corrente CUT Pode Mais, nos seus seis anos de mandato, preservou também a CUT, de quem é vice-presidente, e o governo Tarso, conciliando disfarçadamente com o mesmo, afastando a base do sindicato, atrasando a sua consciência e deixando apenas no papel as supostas bandeiras de luta contra o governo. Ela, como vice-presidente da CUT, e a sua corrente, CUT Pode Mais – que a partir de agora se declararão na falsa condição de opositores –, continuarão como sempre defendendo disfarçadamente os governos do PT. Enquanto seu discurso demagógico declara independência em relação aos partidos e governos, na prática os defende. Enganam-se quem os leva a sério.

O APARATO DA CUT E DO GOVERNO DEFINIU A VITÓRIA DA CHAPA 2
         Nas atuais eleições do CPERS, as chapas 1, 2 e 3 contaram com o poder político e econômico dos seus partidos, centrais e liberados sindicais. Foi uma cópia em miniatura do que acontece nas eleições da democracia burguesa, onde o poder econômico é decisivo. A chapa 2 colocou toda a máquina do PT e do governo ao seu serviço, além dos seus CCs e funcionários, para garantir que o CPERS continuasse vinculado à CUT e passasse a ser controlado diretamente pelo governo. Suas figuras políticas votaram em massa nessas eleições (secretários de governo, CCs, coordenadores, ex-senadora); ou seja, os inimigos na trincheira, aqueles que, nós, da Chapa 4-Construção pela Base, sempre denunciamos e pretendemos excluir do sindicato.
        A comissão eleitoral central foi totalmente controlada pelas correntes majoritárias da burocracia sindical e não foi respaldada por uma assembleia geral. Houve inúmeros casos de urnas com mais votos do que assinaturas e cédulas sem rubricas. Algumas não foram devidamente lacradas. Nada justifica que as eleições de um sindicato com tantos recursos materiais seja tão mal organizada. A única explicação plausível é o interesse da burocracia sindical em aproveitar-se destas “falhas”.
        A chapa 2 (PT, PCdoB, PDT e PTB), que venceu as eleições, representa o governismo declarado dentro do sindicato. São os defensores de todas as políticas do governo Dilma, Tarso e do Banco Mundial para a educação, tais como o Plano Nacional de Educação (PNE) – aprovado recentemente no Congresso Nacional com o ativo apoio de CNTE-CUT e do CPERS –, que drena recursos da educação pública e os transfere para o setor privado através de projetos do MEC, como o PRONATEC, PROUNI, FIES, EAD, além das isenções fiscais às instituições financeiras e ONGs, que interferem diretamente na gestão das escolas públicas. No Estado, o governo aplica de cima para baixo o PNE através das reformas educacionais, a exemplo da reforma do ensino médio “politécnico” e do “Pacto” do Ensino Fundamental e Médio. Essas “reformas” têm o único objetivo de reduzir custos e de alterar os índices educacionais à custa do rebaixamento da qualidade de ensino. A CNTE-CUT defende a destruição do nosso Plano de Carreira e a sua suposta luta pelo piso não passa de um jogo de cena para isso. Nossos direitos foram atacados com a conivência da direção do CPERS. A direção eleita continuará sendo conivente.

A NOSSA CAMPANHA E A MANIPULAÇÃO DA MÍDIA BURGUESA
        A chapa 4 (Construção pela Base e independentes de esquerda) sofreu a censura burocrática dos núcleos do CPERS, não permitindo o compartilhamento dos nossos materiais nos seus perfis do facebook.  O jornal oficial do sindicato, Sineta, que deveria divulgar as 4 chapas, foi confeccionado somente no final das eleições e chegou atrasado em diversas escolas, enquanto que em outras nem sequer chegou.
Sofremos o bloqueio por parte da grande mídia também. A Zero Hora divulgou a existência de apenas 3 chapas antes da homologação das mesmas. Fomos ignorados na solicitação de retificação da reportagem. No dia 6 de junho, nas vésperas das eleições (sendo que a sua publicação só ocorreu no dia das eleições: 10 de junho), ZH fez uma matéria com as quatro chapas, porém, mais uma vez, personalizando as campanhas em torno das “presidentes”, manipulando as informações e não divulgando trechos essenciais das nossas respostas. Distorceu ou omitiu muitas questões programáticas que defendemos para confundir e “queimar” a Chapa 4.
        Os dois principais jornais do Estado, ZH e Correio do Povo, tentam “dourar a pílula” e ajudar a consolidar as ilusões da vitória da chapa 2. O Correio do Povo de 14 de junho afirma que o “CPERS renova e elege nova direção sindical – vence a chapa de oposição a Rejane de Oliveira”. A Articulação Sindical (PT) não representa nenhuma renovação. Já foi direção deste sindicato por mais de uma gestão e é tão responsável pelo afastamento da base e pela burocratização sindical quanto a chapa 1. A sua oposição também era de ocasião, apenas visando o aparato sindical. Em todas as políticas oficiais do CPERS as chapas 1, 2 e 3 estiveram de mãos dadas (vide a antigreves da CNTE-CUT pela aprovação do PNE). Em 2008, antes da primeira eleição das correntes da chapa 1, Rejane (DS-CUT Pode Mais) e Helenir (Articulação Sindical) estavam juntas na direção estadual. A ZH (também de 14/06/2014), por sua vez, optou por um discurso mais brando e subliminar: “Nova dirigente do CPERS tem discurso moderado. A expressão “moderado” é um eufemismo para esconder o seu governismo, a sua adaptação ao PT, ao governo e ao Estado. Em entrevista, Helenir defende as mesmas demagogias de Rejane, tipicamente petista: “Nós vamos fazer a luta sindical independentemente do governo e de partidos políticos”. Basta olhar as bandeiras da Articulação Sindical e a sua atuação dentro do CPERS para que todo este discurso caia por terra. ZH ainda insinua que a eleição da chapa 2 demonstraria um desgaste do “radicalismo” e uma “opção pela ordem”. Omitem o peso do aparato governista, das centrais sindicais, dos CCs, da SEDUC.
Entendemos que o mesmo papel cumprido pela imprensa burguesa na desinformação dos professores foi cumprido pelos partidos políticos e correntes sindicais quando se abstiveram de, publicamente, manifestarem-se contra a mentira de que haviam apenas 3 chapas disputando as eleições para direção central do CPERS. Como ocorreu a campanha das chapas 1, 2 e 3 nas escolas, quando seus colegas lhes indagavam sobre a existência da chapa 4? O não posicionamento dos integrantes das chapas 1, 2 e 3 sobre isso será lembrada como mais uma afirmação da semelhança das táticas utilizadas por eles nas eleições burguesas, com as eleições sindicais, cujo ápice é a disputa de votos e não o avanço da consciência política da categoria. Contudo, apenas podemos concluir que a negação (existente por parte de alguns integrantes de outras chapas até a véspera da eleição) da existência da chapa 4-Construção pela Base, tenha se dado por conseguirmos sustentar um programa político capaz de disputar a consciência dos nossos colegas para muito além de seu "voto amigo".
        Apesar das nossas poucas forças (fizemos campanha sem liberados sindicais) e da censura que sofremos, apresentamos um programa revolucionário e disputamos em desigualdade de condições com a burocracia sindical. Utilizamos as redes sociais, os e-mails, a colaboração voluntária dos colegas, que levaram nossos materiais para suas escolas e debateram com outros educadores. Cumprimos o nosso papel nestas eleições, que é de lutar contra o governismo e a burocracia sindical dentro do CPERS, por um sindicalismo classista e revolucionário, em que se fortaleçam as instâncias de base do nosso sindicato. Este trabalho é permanente, para além das eleições sindicais. Fazemos um chamado a todos os ativistas independentes para que venham fortalecer esta luta contra a burocracia sindical e as suas correntes.

- Nenhuma ilusão na nova direção do CPERS! A luta independente de oposição precisa continuar a se intensificar!

- Lutar pela desfiliação do CPERS da CUT-CNTE!

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