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Após
um breve período de pagamentos parcelado dos salários, o governo Sartori (PMDB
e aliados) retomou sua ofensiva contra os serviços públicos, reduzindo ainda
mais a linha de corte. O objetivo de Sartori é somar esforços com o governo
Temer (PMDB/PSDB e aliados) visando piorar as condições de vida dos servidores
e tencioná-los à aderir a um “programa de demissão voluntária”. A categoria do
magistério estadual, contudo, manifestou grande indignação e parcialmente
atendeu o rápido chamado da direção central do CPERS para uma assembleia geral
no dia 1º de agosto, em frente ao Palácio Piratini. Uma grande parcela de
educadores que não compareceu na Praça da Matriz olhou o movimento “grevista”
com simpatia.
O
principal encaminhamento debatido nesta assembleia geral foi a deflagração de
uma “greve” que tinha prazo de validade: até sexta feira, quando ocorreria uma
nova assembleia geral, originalmente convocada para o mesmo local; apesar de que
o correto seria ter chamado esta “greve” de paralisação de 3 dias. A
participação no ato do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA) e
outra manifestação em frente à SEDUC no dia 4 de agosto também foram atividades
votadas nesta assembleia geral.
Em
razão de mais este ataque ardiloso por parte do governo Sartori e da relativa
rapidez do CPERS na convocação da assembleia, o movimento grevista chegou a
contar com a adesão de aproximadamente 70% da categoria, embora esta indignação
espontânea não tenha se convertido em participação efetiva nas atividades da
“greve”. Outra vez acabou se convertendo em uma “mobilização” passiva,
correspondendo mais à penúria financeira e à indignação efêmera do que se
traduzindo numa adesão concreta e consciente contra o governo. Para isso,
contribuiu o papel desempenhado pela direção burocrática do CPERS que rapidamente
se colocou à frente da mobilização para melhor contê-la.
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A
direção central do CPERS sabotou a formação de um comando de “greve”, nem as
correntes que se dizem de “oposição” (MLS, PSTU, PSOL), que defendiam a
deflagração de uma greve, o exigiram na assembleia geral. De quarta para quinta
a direção central mudou o local da assembleia geral da Praça da Matriz (onde
participavam os não-sócios) para a Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia, onde
cabem, no máximo, 2 mil pessoas e excluía a possibilidade da participação de
não-sócios. Esta movimentação da burocracia demonstrou a real intenção de
desmobilização da categoria.
No
Conselho Geral de 3 de agosto foi dado o relato da maioria dos 42 núcleos do
CPERS. Cerca de 25 núcleos defenderam a suspensão da “greve” na assembleia de
sexta feira, 4 de agosto; 3 afirmaram que seguiriam a decisão da assembleia
geral; 7 defenderam seguir em “greve” até a integralização do pagamento dos
salários; e 7 não tiraram posição. Até onde podemos confiar em alguns relatos,
que refletem mais a vontade política da corrente da burocracia ou da “vanguarda”
que o dirige do que da própria base da categoria, quase todos falaram em encerrar
a “greve” para “períodos reduzidos” ou “seguir mobilizados”.
A
despeito da mobilização inicial, baseada numa fagulha de indignação espontânea,
ela esbarrou (e esbarraria) nos mesmos problemas de sempre: falta de preparação
prévia, desorganização da base, falta de clareza sobre as reivindicações,
direções autoritárias nas escolas e sabotagem por parte da burocracia sindical
dirigente caso a “greve” realmente se expandisse. Soma-se a isso os problemas
de alienação de grandes contingentes da nossa categoria e a ausência de
política da direção central para a recuperação dos dias parados (o que deixa a
categoria à mercê da chantagem da SEDUC e das direções de escola autoritárias),
sem falar na aplicação do fundo de greve aprovado em assembleia, que deveria
servir para auxiliar financeiramente a categoria e até hoje não foi colocado em
prática. Pra piorar, a direção central do CPERS envia um ofício para os núcleos
afirmando que os dias parados devem ser marcados como “greve” e não mais como
PAS (participação em atividade sindical). É a sabotagem da luta futura vindo da
própria direção do sindicato.
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Muitos
setores da “oposição” à direção central do CPERS estão criticando a denunciando
o “encerramento precipitado” da greve. Pouco ou nada falam sobre a ausência de política
para conduzir a greve por parte da direção central, e muito menos do seu
oportunismo em propor uma greve só para dar vazão ao sentimento de indignação
da categoria e depois destruí-la em 3 dias.
Acreditamos
que o principal erro da burocracia dirigente foi não aproveitar este ânimo da
categoria e transformá-lo em ponto de partida para mobilizar os educadores.
Outra sabotagem grave foi a ausência de um calendário de lutas real que unificasse
o CPERS com os demais servidores e categorias, procurando formar uma frente
única com outros setores sociais para enfrentar os duros ataques do ajuste
fiscal feito pelos três governos: federal, estadual e municipal. Uma greve
isolada da nossa categoria, por mais importante que seja, não poderia se
sustentar por muito tempo enquanto permanecesse sozinha. Foi nesse sentido que
propusemos a necessidade da construção da luta unificada com os demais
servidores e trabalhadores. A burocracia sindical resiste a esta unificação desde
2015, quando criou uma unidade burocrática e de cúpula com os demais sindicatos
do funcionalismo, que agora precisa ser superada.
Sabemos
que o CPERS “só faz algo” quando está em greve. Porém, não podemos corroborar
com tal prática burocrática, que nunca será capaz de criar uma greve ou
qualquer luta de forma consequente. Também sabemos que a direção central sabota
todos os encaminhamentos aprovados em assembleia geral quando contrariam sua
política. Contudo, é justamente demonstrando a sua inconsistência política e
autoritarismo para a base da categoria no
momento em que acontecem é que poderemos criar as condições para derrotar a
burocracia cutista dentro do CPERS. Uma greve sem maiores perspectivas e
isolada, certamente aplaina o caminho para novas derrotas e seria incapaz de
derrotar o projeto do governo Sartori, que é geral, global e conta com o apoio
de Temer (PMDB) e Marchezan Jr (PSDB).
O ato com o
SIMPA e a proposta de participação no ato do dia do estudante foram
importantes, mas insuficientes.
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Na
assembleia geral de 7 de março de 2017
foi aprovada a seguinte resolução: “unificar
a luta com os demais sindicatos de trabalhadores/as e demais movimentos,
criando comitês municipais e nos bairros contra as reformas neoliberais e
demais ataques do governo federal e estadual”. De lá para cá, absolutamente nada foi feito neste sentido. A
direção central e suas correntes estiveram freneticamente envolvidas nas
eleições sindicais. Novamente a luta foi sabotada e nenhum setor da dita “oposição”
levantou esta bandeira durante todo este período e, sobretudo, na última
assembleia geral. Caso as folhas de pagamento “se encontrem” será mais
fundamental ainda a luta unificada com os demais servidores, com os estudantes,
os rodoviários, etc. Os ataques são muitos e constantes, em todas as esferas.
Precisam ser respondidos na mesma moeda.
Pressentindo
a ausência de lutas que se seguiria ao fim da “greve de 3 dias”, propusemos a
resolução que foi aprovada com adendos e com a seguinte redação: “10) realizar plenárias e organizar uma
plenária estadual, em conjunto com os servidores públicos municipais, estaduais
e federais e os movimentos sociais, aberta para a base, para discutir
calendário de lutas unificadas”. Precisamos construir as condições para
tornar essa resolução em ação concreta e não apenas deixa-la ser uma nova
declaração ao vento.
O tempo está
correndo contra nós. Tenhamos a ousadia necessária para enfrentar o grande
capital propondo e lutando pela real unificação dos sindicatos e movimentos
sociais contra o ajuste fiscal.
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