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3 de dez. de 2017

QUEM É REALMENTE IRRESPONSÁVEL?

Mal a proposta que abre o comando de greve estadual para a base foi aprovada em assembleia, membros da direção central do CPERS e apoiadores já saíram a apontá-la como irresponsável. E por que exatamente seria um ato irresponsável abrir o comando para uma base que, por distintas vezes, demonstrou seu desejo por mais democracia e transparência por parte da direção do CPERS, estendendo o poder de decisão para além das correntes?
Como classificar um passo tão importante para a categoria como uma irresponsabilidade? Onde está o problema em avançar da "representação" para a participação efetiva? Existem dois argumentos centrais por parte destes setores que estão repudiando a abertura do comando de greve para a base. Um afirma que não há operacionalidade para a proposta, sustentando que todos os sócios iriam querer participar; o segundo sustenta que setores da direita ou mesmo do governo iriam se infiltrar no comando, portanto, teríamos um problema de segurança. Respondemos, serenamente, que surgiram muitas sugestões (não apenas nossas) para colocar a proposta em prática. A mais conhecida, apresentada na assembleia geral, seria através da liberação de senhas, uma vez que a reunião se daria em um ambiente determinado com o seu limite físico. Até mesmo a operacionalidade para a participação do interior foi pensada (indicação dos comandos regionais e custos para os núcleos). Sobre a segurança e o combate às infiltrações também foram pensadas possíveis soluções, como a identificação dos presentes pelos próprios presentes, além do reconhecimento a partir da atuação no sindicato, no seu núcleo de origem e no seu comando de greve regional.
Alegam ainda, os inconformados com a proposta aprovada, que o "comando aberto" seria, numa interpretação mal-intencionada, aberto para qualquer um, inclusive para o MBL ou pessoas de fora da categoria. É um método muito comum na política reduzir a posição do adversário ao absurdo, levando-a a extremos. Qualquer pessoa capaz de raciocinar entendeu que se trata de abrir o comando para a base grevista da categoria, e não para qualquer pessoa. A uma direção séria, caberia pensar em caminhos para executar tal proposta, sintetizá-la, levá-la ao laboratório da práxis, corrigir seus erros e consolidar os acertos. Mas não! Temos visto ataques que beiram o desespero. Além disso, toda essa discussão e terrorismo em torno do novo formato do comando de greve serve apenas para revelar a inexperiência democrática do nosso sindicato.
Membros da direção central estão afirmando ainda que a abertura do comando para a base seria igualmente para grevistas e não grevistas. Ora, isso é uma manobra para descaracterizar a proposta! Comando de greve é só para quem está em greve! É sabido que muitos dirigentes de núcleos ligados à direção central ou às correntes que a orbitam não acatam as decisões da assembleia e muitos vergonhosamente não fazem greve, mas querer descaracterizar um comando de greve inflando-o com não-grevistas já demonstra as reais intenções da burocracia sindical. Não compactuamos com isso.
A proposta sobre a abertura do comando para a base (ainda que sempre possa ser aperfeiçoada) dividiu as correntes em dois campos: as que apostam na democratização do sindicato, trabalhando no sentido de superar a hierarquização, pensando em novas formas de organização e avançando na construção coletiva de decisões; e as que apostam no controle restrito, autoritário, stalinista, controlando a base como crianças que não podem pensar por conta própria. Ao invés de, honestamente, procurar formas de melhorar a proposta de democratização e abertura do comando, estas correntes gastam energia para reproduzir o velho discurso do terrorismo, distorcendo grosseiramente a intenção de democratizar o CPERS e as suas greves.
Para nós, irresponsável é fretar ônibus para ter maiorias artificiais visando desmontar as lutas; é não cumprir o que é decidido nas assembleias (fundo de greve, encontro de servidores, distribuição de 1 milhão de panfletos, dentre outras); é manter um sindicalismo de cúpula, atrelado ao estado; é desviar a atenção da Assembleia Legislativa quando os seus parlamentares (do PT e PCdoB) vão votar a favor do ajuste fiscal; é marcar assembleia geral para acabar com a greve em um dia nacional de luta; é falar contra a RBS, mas deixá-la gravar de dentro todas as assembleias gerais; é fazer discurso terrorista para amedrontar a categoria e repassar número de grevistas para a mídia burguesa; é manobrar para que não-grevistas entrem num comando de greve. A crise aberta com a proposta de abertura do comando de greve é o prenúncio do esgotamento de um tipo de sindicalismo e da necessidade de um novo.
Construção pela Base
MAR - Movimento Autonomia e Revolução


Proposta para operacionalizar o Comando Estadual de Greve Aberto do CPERS Sindicato

1. Quem participa?
- Os Comandos de greve aberto dos 42 núcleos devem estar conectados ao Comando Estadual, pois nestes comandos estão representados todos que tem disposição para a luta (ou seja, todas as forças, bem como as que já estão representadas no atual comando, os representantes de escolas, a base da categoria), com direito a voz e voto. A participação da base se dará via comando do núcleo ou via presencial na sede do Comando Estadual.
2. Como organizar as reuniões?
- Utilizar tecnologias que oportunizem participação em tempo real, semelhante conferência on-line, para todas as sedes dos núcleos (onde as reuniões não serão gravadas, apenas transmitidas).
3. Critérios de segurança:
- Não poderá ser usado celulares, tablets e outros equipamentos tecnológicos de acesso a internet, bem como gravações que possam dar acesso a reunião.
- Identificar o participante da reunião.
- Participa quem é da categoria.
4. Quantidade de falas?
- A ser definida pela mesa da reunião, fazendo uma média pelos presentes e respeitando, principalmente, as propostas divergentes.
5. Como se dará encaminhamento de propostas?
- Receber e ler todas as propostas, procurar a síntese e o consenso.
- Nas propostas com divergência abre-se uma defesa a favor e outra contra colocando em votação.
6. Onde será a sede de transmissão?
- A sede de transmissão será em Porto Alegre.
- Garantir que integrantes dos Comandos de Greve dos Núcleos possam participar pessoalmente das reuniões do Comando Estadual na sede de transmissão, com direito a voz e voto, bem como o núcleo deverá custear suas despesas.
- Na sede de transmissão será permitido a entrada de participantes da categoria através de senhas conforme a capacidade do local, bem como utilizando os critérios de segurança e garantindo a participação dos integrantes dos núcleos do interior e capital.

Construção pela Base
MAR - Movimento Autonomia e Revolução

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