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10 de dez. de 2011

BALANÇO DO ANO DE 2011 E DA GREVE

BALANÇO DO ANO DE 2011 E DA GREVE: 
CHEGA DE GOVERNISMO, CHEGA DE PELEGUISMO!
POR UM NOVO SINDICALISMO COMBATIVO E DE BASE! 
        
        A direção do CPERS, que é composta por PT (DS), PSTU, Construção Socialista (CS), PSOL (Enlace e MES) e PSB, durante todo o ano de 2011 serviu ao governo Tarso, alimentando ilusões na categoria em relação a ele, no sentido de que o mesmo iria pagar o Piso Salarial Nacional. Levantou inicialmente somente esse eixo, isso até um dia antes da Assembleia quando incorporou o eixo “contra as reformas do governo à educação, que atacam os direitos dos educadores e a educação pública”. Isso aconteceu a muito custo, pressionada pela nossa oposição – Construção pela Base – e pela base da categoria.
        Todos os trabalhadores conscientes, e mais ainda a direção do CPERS, sabiam de antemão do caráter neoliberal do governo Tarso. Portanto, essa direção não tinha o direito de iludir a categoria avalizando as suas promessas demagógicas. Todos deviam saber que seria dado o calote. Desde o início do seu governo, Tarso não deixou de atacar, por um mês se quer, os servidores da educação. Logo depois que se elegeu, mesmo antes de assumir, já anunciava que iria dar continuidade aos projetos e programas do governo Yeda e os acordos com o Banco Mundial, e nós, da oposição, já denunciávamos isso em nossos materiais.
        A direção do Sindicato “fez de conta o ano inteiro”. De fato, não encaminhou nenhuma luta para enfrentar o governo, com a desculpa de que a “categoria tem ilusões no PT”. Ao não fazer nada serviu como braço do governo no movimento. Não fez nenhuma campanha para desmascarar Tarso. Ao contrário, alimentou ilusões. Utilizou a estrutura sindical para fazer caravanas pelo interior para promover seus quadros políticos para as eleições municipais em 2012 e distrair a categoria. O papel de uma direção combativa deveria ser conscientizar a categoria e prepará-la para resistir ao ataques.
        O “pior cego é aquele que não quer ver”. Toda a categoria viu a direção do CPERS descumprir as decisões da Assembleia Geral do dia 22 de junho, que aprovou uma paralisação para o dia que o “Pacotarso” fosse para Assembleia Legislativa. Mesmo sabendo que projeto seria votado no dia da eleição do sindicato, a direção decidiu não cancelar as eleições sindicais, demonstrando o seu descaso com as decisões da categoria e as instâncias do CPERS.
        Mas os ataques continuaram o ano todo. Para o 2º semestre, Tarso impôs o DECRETARSO – que altera o nosso Plano de Carreira, com a avaliação dos educadores utilizando como critério o desempenho e frequência dos alunos, a redução das faltas justificadas de 10 para 3. A Reforma do Ensino Médio tem como objetivo a preparação dos estudantes para serem mão de obra semi-escrava para os empresários, tendo em vista que muitos dos estágios não serão remunerados, e também domesticar os filhos dos trabalhadores para serem multitarefeiros e para suportarem a exploração crescente do “mundo do trabalho”, adestrando-os para aceitarem passivamente o aumento da exploração, não realizando mobilizações e greves. E o Ministério da Educação do governo Dilma propaga aos quatro ventos que aumentará os dias letivos.
        Mesmo com todos esses ataques no final do segundo semestre, a direção do CPERS continuou priorizando o Piso, alimentando ilusões no governo e perdendo as melhores oportunidades para esclarecer a comunidade escolar sobre o caráter neoliberal destas reformas. Com muita pressão da nossa oposição e da base, a direção começou a denunciar as ofensivas do governo muito timidamente.
A DIREÇÃO BOICOTOU A GREVE!
        A greve era necessária, porém, bastante difícil diante da conjuntura: falta de confiança na direção do sindicato – já que diversas greves foram desmontadas à revelia da categoria –, não preparação da categoria para a greve, não fez trabalho de base nas escolas, não faz formação política, não fez nenhuma campanha de denúncia do governo na categoria para desmascará-lo. Ao contrário, reforçou as ilusões durante todo o ano. Além disso, a categoria estava com receio de possíveis represálias, tais como: desconto de salários, contratados com medo de demissão, assédio moral das direções e governos aos educadores.
        Durante a greve a direção do CPERS não colocou a sua estrutura para a construção da greve, empurrou com a barriga as decisões de Assembleia e do Comando de Greve. Estas somente ficaram no papel. Nenhuma campanha de mídia foi desencadeada, nenhuma campanha contra o assédio moral. As panfletagens na esquina democrática e nas conferências que ocorreram em Porto Alegre foram por conta da Construção pela Base, que chamava a construção da greve e conscientizava a população do real significado da Reforma. De tanto insistirmos, houve apenas uma Conferência onde a direção participou com carro de som e panfletagem na escola Parobé. Mas as outras conferências que houveram durante a greve contaram apenas com os militantes da nossa corrente. As visitas nas escolas foram escassas. Enfim, a direção estadual e dos núcleos deveriam ter trabalho por construir a greve e não deixá-la agonizar.
        Nenhuma campanha de mídia contra o governo Tarso foi deflagrada para esclarecer a opinião pública sobre estes ataques à educação e para denunciar que estão a serviço do Banco Mundial. Não foram feitas colagem de cartazes pela cidade, outdoors, notas pagas nas emissoras de rádio, TVS e nos principais jornais, a exemplo da campanha realizada contra Yeda. A justificativa usada pela direção do sindicato foi a falta de dinheiro, dizendo que somente com chamada extra seria possível essa campanha; proposta esta avalizada Inclusive pelas correntes que se dizem de oposição (Articulação Sindical, PCB, CEDS). Não é verdade que precisaríamos sacrificar a categoria. Sabemos que dinheiro existe, pois este corre solto para os bolsos das centrais sindicais governistas, como a CUT, que defende a Reforma do Ensino Médio e o programa do PT. Por que, então, não suspende o pagamento da CUT? O dinheiro do sindicato deve ser usado para a luta e não pra manter as mordomias dos governistas, pelegos que servem para entregar as lutas, como bons serviçais do governo. Exigimos que se abra as contas do CPERS para que, coletivamente, decidamos as prioridades financeiras do sindicato.
        Teremos muita luta pela frente, estamos apenas no começo. Haverão muitas dificuldades em função do obstáculo para um enfrentamento consequente ao governo, representado pela direção. Enquanto o CPERS for dirigido pelas correntes da CUT (DS, Articulação, Articulação de Esquerda, O Trabalho) e seus satélites (PSTU, CS, PSB, PSOL, CEDS, PCB, PCdoB, Pó de Giz, Educação Já) será sempre um braço do governo Tarso.        
        Nós, da Construção pela Base, entendemos que com todas as dificuldades enfrentadas, a greve serviu para iniciar o debate contra as reformas neoliberais na educação com a comunidade escolar e também para desmascarar o governo Tarso e seus compromissos com o Banco Mundial.
         Nesse sentido chamamos a categoria a apropriar-se das instâncias de nosso sindicato e organizar núcleos por escolas, realizando debates, formação política e mobilizações que dêem visibilidade para nossa luta. Nossa tarefa conforme decisão da Assembleia Geral é construir a Conferência Estadual do CPERS em cada escola no nosso Estado, debatendo e construindo com a participação da comunidade escolar a nossa proposta da educação pública, desmascarando a proposta do governo e contrapondo-a com a construção dos trabalhadores.
         Devemos nos mobilizar para organizar nossos colegas pela base no sindicato, para melhor enfrentar o governo e os seus representantes dentro do CPERS. Só com a derrota dos burocratas governistas, com a sua destituição da direção, é que poderemos construir um sindicalismo revolucionário e classista. É preciso também expulsar dos quadros do sindicato os representantes diretos do governo, como o secretário da Educação José Clóvis Azevedo, Antonio Branco e tantos outros que estão nas secretarias e coordenadorias do governo.
        Nossa categoria já fez um importante debate sobre a desfiliação da CUT. É importante retomarmos esta discussão. Não podemos continuar patrocinando financeiramente uma central governista que apóia as Reformas Neoliberais do Governo Tarso, que está a serviço dos governos, desmontando greves, como foi em 2011, e é responsável por negociar os direitos dos trabalhadores em troca de seus cargos, verbas e privilégios. Esses traidores não nos representam.
        No Brasil, as lutas para existirem devem enfrentar a CUT, já que essa é uma central que sai sempre em defesa do governo, contra os trabalhadores e é sustentada por este mesmo governo, através de verbas do imposto Sindical e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A atual direção cutista do CPERS conta com a cumplicidade dos membros da CSP-Conlutas (CS e PSTU), haja vista que estas últimas defenderam na Assembleia, contra nós, a não suspensão do pagamento da CUT em nome de uma unidade esdrúxula e falsa. Precisamos sim de unidade, mas com os trabalhadores e não com os traidores. Assim, essas direções satélites demonstram estarem atreladas ao que há de mais nocivo no movimento sindical brasileiro.

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