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18 de out. de 2012

CRÍTICA AO DOCUMENTO DA DIREÇÃO À CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

A DIREÇÃO DO CPERS E A SUA FALSA OPOSIÇÃO À CNTE-CUT
         Na assembleia da greve de dezembro/11, a Construção pela Base propôs, e foi aprovada, uma Conferência Estadual de Educação. Tinha como objetivo contestar a Reforma do Ensino Médio do Governo Tarso e do Banco Mundial e contrapô-la com a proposta de educação pública que queremos. A direção do CPERS tem feito corpo mole em relação a esses ataques, deixando a categoria à mercê dessa reforma, que tem sido enfiada goela abaixo na categoria. Essa omissão é uma forma de conivência com o governo.
O documento da direção do CPERS para a conferência tem um discurso que contradiz a sua prática. Como camaleão, critica a sua própria condução do sindicato. Na Assembléia de 02 de março, nós, da Construção pela Base, denunciávamos o caráter privatista e neoliberal do “novo” PNE do Banco Mundial/Dilma/CNTE/CUT e o caráter governista da greve chamada pela CNTE. Nessa falsa greve, a CNTE lançou um manifesto que exigia a “aprovação do novo Plano Nacional da Educação”. Nessa ocasião, a direção do CPERS calou-se quanto ao caráter do “novo” PNE e defendeu a participação nessa anti-greve de 14, 15 e 16 de março. Dessa forma, a direção do CPERS manipula a categoria. De um lado, é conivente com o peleguismo da CNTE, paralisa a vontade da categoria de lutar contra os ataques à educação. De outro, manipula a base ao fingir combatividade por participar de uma falsa luta. Todas as correntes do sindicato, governistas e semi-governistas, estiveram unidas nessa farsa, levando a categoria a participar de uma falsa luta. Agora a direção vem manifestar-se tardiamente contra o PNE. O discurso combativo mascara a prática pelega, que tem servido ao governo Tarso.
Nesse documento, a direção procura passar a ideia de que a CNTE e a CUT estão em disputa, uma vez que o problema residiria apenas na “principal corrente política” que é “majoritária na CUT e na CNTE”. Ou seja, o problema não seria a burocratização irreversível da CUT e da CNTE, mas a Articulação Sindical. Seria apenas essa corrente que teria passado a “defender o PNE” e não a CNTE-CUT como um todo. Não há nada mais falso!
A Articulação Sindical e todas as correntes do PT são agências do governo nos sindicatos. Mas as outras correntes, tais como PSTU, CS, PSOL, PSB  etc., também são coniventes com o governismo. Por isso, as consideramos semi-governistas. A suposta divisão entre Articulação Sindical e a direção do CPERS (PT- AE, DS-CUT pode mais, PSTU, PSOL, CS e PSB) é apenas de fachada. Na prática, todos estão de mãos dadas para defender os governos Dilma e Tarso, inimigos dos trabalhadores, mas cada um do seu jeito: uns abertamente; outros dissimuladamente.
         É impensável uma luta coerente contra o PNE sem romper com CUT e CNTE, que a sabotam, esterilizam as bandeiras consequentes de luta, fazem corpo mole, não mobilizam a base. Dessa forma dissimulada, defendem o governo. O PSOL (Intersindical), PSTU e CS (CSP-Conlutas) são cúmplices da DS (CUT pode mais-PT )  nessa política de enganação.
Há tempos que a Construção pela base denuncia o caráter governista da CNTE-CUT. Ao contrário disso, a direção do CPERS participa de seus encontros e conferências e da suas “lutas” governistas. A sua atual falsa oposição à CNTE serve para disfarçar seu governismo, imobilismo, sua falta de ações práticas contra o governo Tarso, sua falta de política para os trabalhadores contratados e funcionários. Serve também para fingir combatividade diante da base da categoria, que está descontente com a condução do sindicato. Os trabalhadores não se sentem representados por essa burocracia, pois não veem nela coerência e real vontade de enfrentar o governo e os seus ataques.
A desmobilização e desânimo atual da categoria são de responsabilidade da direção do CPERS. Nas atuais eleições, a mesma priorizou a participação no processo eleitoral burguês, outra forma de desarmá-la no enfrentamento ao governo. E agora, de forma totalmente irresponsável e contraditória, chama uma assembléia para discutir greve, quando durante todo o ano nada foi feito para prepará-la: formação, esclarecimento, organização de base, ampla campanha de denúncia do governo Tarso.

A DIREÇÃO DO CPERS E A ELEIÇÃO DO GOVERNO TARSO
       Nesse documento da direção do CPERS lemos: “Essa luta política contra os representantes diretos do capital gerou, entre os educadores e o proletariado, uma grande expectativa de mudança a partir da eleição do governo Tarso Genro”. É preciso dizer que as correntes da direção do CPERS tiveram profunda responsabilidade na criação dessa “grande expectativa”, não só porque não combateram estas ilusões, mas as alimentaram através do “movimento Fora Yeda”. Toda a política deste movimento levava água ao moinho do PT e de Tarso. Ao invés de denunciar a prática política do PT, baseando-se na experiência dos 8 anos de governo Lula, a direção do CPERS centrou toda a sua crítica no governo do PSDB de Yeda, como se houvessem diferenças essenciais entre ambos.
Mais além, a direção do CPERS ainda nos diz: “Antes de assumir, Tarso firmou inúmeros compromissos com a classe trabalhadora”. Justamente nesse momento era imprescindível dizer: “olhem para o governo Lula, é o mesmo que Tarso fará no Rio Grande do Sul”. Mas, ao contrário disso, o que vimos foi uma grande festa para Tarso no congresso estadual do CPERS e em um debate público dos candidatos realizado pelo nosso sindicato, que serviu apenas para reforçar toda a demagogia política do PT. Pela conjuntura da época, o “fora Yeda” só podia significar o “viva Tarso” – e todas as correntes políticas do CPERS sabiam disso, mas preferiram avalizar as promessas demagógicas de Tarso. “Em poucos meses – continua a burocracia do CPERS – essa experiência levou a uma enorme decepção”. O CPERS nada fez para desmascarar a política salarial de Tarso: não apresentou contraproposta ao reajuste miserável do governo em 2011; não denunciou os seus acordos e reformas; fez corpo mole para a mobilizar a categoria e para a denúncia pública dos ataques do governo. Ainda comemora a “derrota do projeto de Yeda”, que está sendo implementado por Tarso.
“O novo governo assumiu – conclui o parágrafo –, mantendo os mesmos acordos e contratos feitos pelo governo anterior com o Banco Mundial”. E isso, na época, a direção do CPERS negava-se a denunciar publicamente. Lutou contra a tentativa de elucidar a ligação do governo Tarso com o Banco Mundial nos materiais do comando de greve. Além disso, quando saiu na primeira página de Zero Hora que o governo Tarso manteria as políticas públicas de Yeda, o CPERS manteve-se num silêncio cemiterial que atestava a sua cumplicidade (silêncio este repetido em inúmeras outras oportunidades).
         Nos trechos conclusivos do seu documento, lemos o seguinte: “Dela [a burguesia] só podemos esperar mais atrocidades! Dos governos que não rompem com a burguesia é preciso dizer o mesmo”. E, novamente, é preciso dizer o mesmo dos militantes e correntes políticas que não rompem com os partidos que servem à burguesia – como é o caso dos que não rompem com o PT. O que temos visto no CPERS nestes dois anos de governo Tarso é militante do PT discursando contra o PT, mas na prática defendendo o programa desse partido. Pode haver maior cinismo?
A burocracia sindical do CPERS tem dispensado os melhores serviços para ludibriar a nossa categoria e frear sua luta. Este também é o papel da CNTE-CUT. Os educadores precisam estar alerta contra o método do camaleão, que é típico das burocracias sindicais. Por tudo isso, é preciso urgentemente retomar a bandeira de “expulsão dos governistas de dentro do CPERS”; tarefa essa que só poderá ser realizada por uma nova direção sindical, revolucionária e classista.

- CONTRA O PNE NEOLIBERAL DO BANCO MUNDIAL/ DILMA/CNTE/CUT!
- NÃO A REFORMA DO ENSINO MÉDIO!
- MAIS VERBAS PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA!
- CONTRA OS CORTES DE VERBAS DE DILMA!
- POR UM NOVO SINDICALISMO CLASSISTA E INDEPENDENTE DOS GOVERNOS!
- PELA EXPULSÃO DOS GOVERNISTAS DO SINDICATO!
- EM DEFESA DOS PLANOS DE CARREIRA!
- CONTRA O CALOTE DO PISO!
- DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA DE QUALIDADE!
- PELA UNIDADE DOS TRABALHADORES E ESTUDANTES EM DEFESA DA  EDUCAÇÃO PÚBLICA E DE QUALIDADE!



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