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26 de mar. de 2014

PRA QUEM SERVIU A ASSEMBLEIA GERAL DO CPERS E A PARALISAÇÃO PATRONAL DA CNTE?


        No dia 14 de março aconteceu no Gigantinho a Assembleia Geral do CPERS. Nela, o principal objetivo da direção do sindicato foi ratificar a aprovação da “Greve Patronal” da CNTE. A assembleia foi manobrada todo o tempo pela burocracia sindical neste intuito, fato sentido pelo próprio plenário, que manifestou um princípio de descontentamento com o atual funcionamento das assembleias, exigindo o fim das várias falas repetitivas. Foi uma assembleia com pouca participação, contando com cerca de 1100 trabalhadores.
É histórico, nas assembleias gerais do CPERS, utilizar o método burocrático que impede um debate construtivo de preparação da categoria para luta, que asfixia a oxigenação do movimento com novas propostas e mantém os trabalhadores sob controle das burocracias e das pautas da direção, isto é, para que nenhuma proposta diferente das acertadas no Conselho Geral seja discutida. A tática é utilizar muitas falas enfadonhas na avaliação, que fazem coro ao continuísmo, para cansar a categoria, que nada acrescentam na luta e na conscientização de nossa classe, assim, ficando pouco tempo para debatermos e decidirmos o que realmente importa, como propostas de organização e mobilização para continuar enfrentando o governo Tarso, para formar teoricamente a categoria e para encaminhar as atividades sindicais para o período.
Contraditoriamente, mesmo que tenhamos aprovado em Assembleia e em Conferência Estadual rechaço ao PNE, por representar um plano que desmonta a educação pública no país, destinando milhões para o empresariado através de isenções fiscais através das parcerias públicas privadas, e da destinação de verbas do MEC para o PRONATEC, engordando o bolso do empresariado do Sistema S (SESI, SENAI, SESC...), a direção do CPERS unida com a CNTE, conseguiu passar a “greve patronal” justamente pela falta de debate e de conscientização junto à base da categoria, que em sua maioria não sabe do que se trata. Para se disfarçar como “defensora dos trabalhadores”, a direção do CPERS propôs uma pauta estadual pra tentar justificar a participação na greve patronal da CNTE, se declarando da boca para fora “contra o PNE”. No Jornal do Almoço de 18 de março, a Secretária Adjunta, Maria Eulália, falou abertamente que a defesa do PNE era uma pauta com a qual o governo tinha acordo e a presidente do sindicato não a “desmentiu”, confirmando sua cumplicidade com o governo Tarso.
Não existiu uma paralisação estadual contra o governo Tarso. A paralisação patronal da CNTE – que teve como verdadeiro objetivo a aprovação do PNE – não atende aos interesses da categoria, como querem nos fazer crer a direção e seus aliados. Essa greve mistura bandeiras legítimas de nossa categoria com aquelas que servem aos interesses do governo, facilitando, a partir desta confusão, a aprovação dos projetos governamentais que retiram nossos direitos. Mas não é possível agradar gregos e troianos. Como o governo do PT controla as direções do movimento sindical CUT/CNTE/CPERS e a burocracia sindical atua como cúmplice do governo, confundindo e deseducando politicamente a categoria, os únicos eixos que realmente valem são os governistas. Não podemos ser ingênuos!
Além disso, esta assembleia aprovou atropeladamente uma mudança estatutária que aumenta o peso dos aposentados no Conselho Geral, sem nenhum tipo de discussão nos núcleos e na Assembleia Geral.
As correntes da burocracia sindical tiveram total unidade e votaram pela greve da CNTE-CUT. Apesar dos discursos demagógicos de contrariedade à estas entidades, na prática, estão todos juntos. Na concepção da Articulação Sindical (PT), esta greve não precisava sequer ser votada pela assembleia, uma vez que já havia sido decidida na cúpula da CNTE, em seu “congresso pelego” de janeiro. A Construção Socialista (CS) se absteve de se posicionar para não complicar os planos gerais da direção, que no essencial são os mesmos que os seus.
       
A GREVE PATRONAL E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS
        A greve da CNTE-CUT aprofundou a confusão, a desorientação, o afastamento da base do sindicato. Serviu para reforçar a corda em volta do nosso pescoço e a influência da CNTE-CUT no nosso sindicato, com total apoio da direção do CPERS e das centrais (CSP-Conlutas, Intersindical e CTB). Este quadro aprofunda a desorganização da categoria, aumenta sua alienação e deixa-nos sem nenhuma perspectiva de luta pelo resto do ano. Isto é de interesse da burocracia sindical e suas correntes porque as libera para as eleições sindicais de junho e para fazer campanha eleitoral em outubro. Infelizmente esta greve representou um novo triunfo do sindicalismo burocrático sobre o sindicalismo revolucionário e classista.
        Uma das manobras pensadas inicialmente pela direção do CPERS foi propor greve por tempo indeterminado, iniciando, evidentemente, com os 3 dias da paralisação patronal da CNTE-CUT. Considerando o ânimo da categoria, ninguém defendeu esta proposta na assembleia.
Nós, da Construção pela Base, não participamos da GREVE PATRONAL em defesa do novo PNE porque, como falamos à exaustão, os objetivos são contra os trabalhadores. Aprovar o “novo PNE” significa aprofundar a retirada de direitos e  a privatização da educação pública. Entendemos que os trabalhadores foram enganados e manipulados pelas direções do CPERS e da CNTE-CUT mais uma vez, como foram em 2012 e 2013, conforme denunciamos nas assembleias. A burocracia sindical apoiou-se no justo descontentamento da categoria e numa pauta estadual que supostamente defendia o interesse dos trabalhadores, para disfarçar seu apoio a esta greve, que nada mais é do que apoiar a pauta do governo.
Nesse sentido, defendemos um sindicato independente do governo (e, portanto, da CNTE-CUT e da burocracia do CPERS) para avançarmos na consciência de classe e na defesa dos nossos direitos. Queremos a construção de um calendário de mobilização contra os planos do governo Tarso, formação da categoria e o início do debate de desfiliação da CUT, que foi aprovado no Congresso de Bento. A base da categoria precisa ocupar os espaços do CPERS e tomá-los em suas mãos para colocá-lo no caminho das lutas contra os governos a serviço do grande capital, que estão destruindo a educação pública. É urgente iniciar uma ampla formação teórica e política de nossa categoria para ajudá-la a identificar e construir os seus eixos de mobilização e de greve, o sentido de sua caminhada, a análise das suas reais condições e a busca pelo enraizamento junto à base. É somente por meio deste processo que nós recolocaremos o CPERS na trilha da realização de greves vitoriosas.






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