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16 de nov. de 2014

BALANÇO DO CONSELHO GERAL DO CPERS DE 31 DE OUTUBRO: NOVOS GOLPES CONTRA A CATEGORIA


       O Conselho Geral do CPERS, realizado no dia 31 de outubro, não apenas selou os golpes autoritários e de cúpula que já tinham sido aprovados no penúltimo Conselho Geral – como a liquidação do calendário de desfiliação da CUT aprovado no congresso de Bento –, mas também aprofundou a adoção das pautas governistas – como a disseminação da ilusão de disputar o Plano Nacional de Educação (PNE) ao invés de combatê-lo. Além destas manobras burocráticas feitas na cúpula, as demais propostas aprovadas são lugares comuns que não servem em nada para avançar a luta da categoria; senão que fazem o oposto: retrocedem.
       Em uma votação apertada, a direção do CPERS conseguiu empurrar a assembleia geral da categoria que deveria ocorrer em dezembro, para março de 2015. As assembleias do CPERS, ainda que sejam burocráticas, são sempre eventos que reúnem a vanguarda da categoria de todo o Estado, servindo para discutir e disputar pautas alternativas. Representam, bem ou mal, um ato político. Comparada com outras categorias, são privilegiadas, pois a menor das assembleias aglomera, pelo menos, 1000 pessoas. Querendo preservar o governo Tarso até o final, a Articulação Sindical (PT) e suas correntes satélites jogaram a assembleia geral somente para o início do ano que vem, quando o governo Sartori (PMDB) já terá assumido e a futura “luta” eleitoreira (não admitida) do PT poderá ser retomada.
       Foi nesse sentido que a tônica das avaliações políticas, principalmente por parte das correntes da direção do CPERS, girou em torno da “unidade da categoria” pra lutar contra o novo governo. Que teremos que organizar a luta contra o governo do PMDB não há nada o que objetar, porém, o problema é que tipo de “unidade” e para que tipo de “luta”. As palavras de ordem da “negociação” e “diálogo” da atual direção se transformarão numa luta inconsequente por parte da burocracia sindical cutista, apenas para desgastar eleitoralmente o governo do PMDB, visando as eleições burguesas de 2018, tal como fizeram com o “Fora Yeda” em 2010. Ou seja, querem a “unidade” de todas as correntes contra o novo governo para desgastá-lo apenas eleitoralmente, dentro do campo da burguesia, ao mesmo tempo em que preservam o CPERS de qualquer tipo de crítica, sobretudo em relação a defesa das suas pautas governistas, tal como a “disputa” do PNE, que é, na verdade, a sua defesa. Portanto, tal “unidade” não será para uma luta independente que construa a mobilização dos educadores e que os organize por escola, abrindo as portas do sindicato à base, para reaproximá-la do CPERS. A burocracia sindical cutista (Articulação Sindical - PT) já esteve à frente do CPERS e também foi responsável pelo afastamento do sindicato de sua base. Os seus métodos, o seu programa e as suas “propostas aprovadas” neste último Conselho Geral intensificam o distanciamento entre discurso e prática, o que só pode aprofundar o caos e a desorganização de toda a categoria. É preciso, mais uma vez, remar contra a maré! Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o que está em jogo, buscando conscientizar a categoria para dar um norte para a nossa luta.
       De todas as supostas “propostas de mobilização” aprovadas, a mais grave é a que afirma: “Lutar contra a regulamentação da meritocracia e do uso de recursos públicos para a iniciativa privada, apontados pelo Plano Nacional de Educação – PNE”. No Sineta de setembro/outubro de 2014, a nova direção do CPERS publicou um texto que defende a “disputa” do PNE. Somado a esta nova resolução aprovada, fica claro que esta será a nova máscara com que a burocracia cutista defenderá o PNE. Já alertamos em outros textos que é impossível disputar o PNE, uma vez que se trata de um plano neoliberal que tem a principal função de garantir o dinheiro público para o setor privado, bem como a aplicação da meritocracia e a precarização do trabalho. Em abril de 2013, escrevemos: “o PNE é uma grande armadilha. Ele é composto por duas partes auto excludentes: uma neoliberal (sua verdadeira intenção não declarada), que fala em readequar o Plano de Carreira dos Educadores (leia-se: destruí-los), aplicar reformas privatistas no Ensino Médio chamadas de ‘politécnicas’, defende e propaga a famigerada ‘avaliação emancipatória’ que só serve para a ‘aprovação automática’, além de financiar a escola técnica privada com dinheiro público (como o Sistema S: SESI, SENAC, SENAI, etc.); e a outra parte (que é só perfumaria) fala em erradicar o analfabetismo, informatizar as escolas, remunerar melhor os professores etc. A sua ‘parte neoliberal’ exclui totalmente as boas intenções da outra parte e as torna irrealizável. Como erradicar o analfabetismo, informatizar as escolas e remunerar decentemente os professores se o objetivo central do PNE é desviar dinheiro público para o setor privado e, sobretudo, para o pagamento dos juros das dívidas ao Banco Mundial? Outra duplicidade do Plano é o investimento em educação como proporção do PIB, servindo apenas como demagogia para enganar o povo e justificar os demais ataques previstos no PNE. É tudo uma armadilha neoliberal ardilosa muito bem montada. A única bandeira de luta coerente dos trabalhadores é ser contra o PNE e impor um Plano que tenha como ponto de partida o financiamento real em infraestrutura de toda a rede pública. Mas isso é impossível dentro do capitalismo falido. É por isso que qualquer plano de educação só pode servir aos trabalhadores se apontar no sentido do socialismo, o que, definitivamente, não é o caso do PNE” (http://construcaopelabase.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html).
Além de defender a proposta ilusória de disputa do PNE – o que é, na verdade, a forma que a direção cutista encontrou para defendê-lo, passando-se por “combativa” e “crítica” –, o Conselho Geral de 31 de outubro não encaminhou nada e sequer debateu sobre o Plano Estadual de Educação (PEE), que é a adaptação do PNE ao Estado (logo se vê como a atual direção do CPERS quer “disputar” o PNE-PEE). Por tudo isso, este Conselho Geral reafirmou e aprofundou o governismo do CPERS no sentido de afastá-lo das lutas independentes e, consequentemente, da própria base da categoria.

Cabe acrescentar que foi neste Conselho Geral que entregamos os livros comprados com o dinheiro que sobrou da nossa campanha eleitoral para a direção central. Reafirmamos que estão disponíveis para a formação teórica e política da categoria no segundo andar da sede central do CPERS. Veja a lista de livros que foram doados em: http://construcaopelabase.blogspot.com.br/2014/11/prestacao-de-contas-do-valor-recebido.html

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