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23 de nov. de 2017

O ÚLTIMO ESFORÇO DA GREVE DEVE SER CONTRA O AJUSTE FISCAL E AS PRIVATIZAÇÕES

Ainda há motivos para a greve!
Assembleia geral do CPERS de 24 de novembro de 2017


         A nossa greve chega próximo ao terceiro mês com grandes dificuldades: isolamento das demais categorias do funcionalismo público, campanha midiática para jogar opinião pública contra nós, refluxo da categoria e sabotagem da direção central do CPERS. Para se deflagrar uma greve é sempre necessário estudar o melhor momento (natureza dos ataques, mudança na conjuntura, correlação de forças, etc.). O nosso movimento grevista, contudo, já existe há mais de 2 meses e se tornou vanguarda da luta contra o ajuste fiscal. Apesar de suas limitações, não se constrói um movimento como este da noite para o dia. Para encerrá-lo também é necessário estudar o melhor momento. Não pode ser feito como quer a direção central do CPERS (PT, PCdoB e PDT; CUT e CTB) e a maioria do comando estadual de greve, fazendo discurso terrorista de medo na categoria, repassando dados de “esvaziamento” da greve para a mídia burguesa usar contra o movimento grevista.
            Na última assembleia geral afirmamos que “quando a continuidade da greve é aprovada, a direção central e a maioria do comando de greve deixam o movimento morrer de inanição, sem defesa e sem ataque”. Foi exatamente o que aconteceu. Os panfletos para agitação de rua chegaram com uma semana de atraso; nenhuma atividade para distribuí-los massivamente foi marcada ou orientada pelo comando estadual; e poucas das que foram marcadas pelos núcleos se concretizaram. A unidade com os demais servidores públicos foi sabotada; as centrais sindicais (com especial destaque para a CUT, que dirige a maioria dos sindicatos do serviço público) ficaram completamente inertes, propondo “greves gerais” fictícias e deixando a luta real se apagar aos poucos. As ocupações não foram pensadas pra se sustentar. O trancaço da ALERGS, que teve o importante papel de evitar que fosse protocolado e votado o PLC 249 do ajuste fiscal em regime de urgência, durou menos de um dia, sendo mais uma ação para “consumo das vanguardas” do que uma luta consequente, tendo em vista que nenhuma outra categoria além da educação participou da atividade. Muitos dirigentes de núcleo sabotaram a luta no interior e sequer seguiram em greve. A campanha de mídia deliberado em assembleia geral ficou muito aquém da necessidade exigida e os ataques dos jornalistas mercenários (como Rosane de Oliveira e Diego Casagrande) ficaram, em sua maioria, sem resposta. Sendo assim, o resultado não poderia ser outro: perdemos terreno na opinião pública, contribuindo para o enfraquecimento do movimento grevista.
            A principal lição da greve é que precisamos superar este sindicalismo cutista e esta direção central conciliadora, pois sem isso qualquer luta ou greve será inconsequente e limitada, passível de sabotagens e traições. Esta direção central do CPERS demonstrou na prática que desmonta a luta (trazendo aposentados para votar pelo fim da greve) e não é capaz de realizar um trabalho de base no sentido de superar o individualismo, o medo, o assédio moral e a alienação da categoria. De uma forma ou outra, esta e outras direções centrais acabaram por alimentar um sentimento imediatista e passivo na base, que se traduz agora neste refluxo.
            Por anos esta direção central e setores da “oposição” passaram derrotas por vitórias. Tratam a base como crianças que precisam ser ludibriadas. Lutar e fazer greve, tal como uma guerra, é um processo que não tem garantia de vitórias; embora saibamos que só pode vencer quem lutou. Embalados por este sentimento, setores da vanguarda, mesmo reconhecendo o refluxo, se perguntam: como voltar da greve sem nada? É preciso dizer aos colegas que, nesta perspectiva, seremos derrotados pelo governo Sartori (PMDB e aliados). Este se utilizou da mídia, do senso comum, da repressão, da chantagem do desconto e do desemprego, não atendendo a nossa pauta de reivindicações; e ainda que desgastado e parcialmente desmascarado, segue aplicando o seu projeto político de ajuste fiscal e destruição dos serviços públicos. Não há vergonha em lutar e ser derrotado. Há vergonha em ser derrotado sem luta ou passar derrotas por vitórias.
            É certo, também, que o nosso movimento grevista, após quase 80 dias de luta, teve grandes méritos, como chamar a atenção da sociedade ao projeto do governo Sartori, demonstrar que ele tem dinheiro, que tem contas irregulares e que desvia dinheiro do FUNDEB. Se a greve não tivesse enfrentado o governo na sua política de arrocho e parcelamento, certamente nada disso teria aparecido. Da mesma forma, a extensão da greve para além do dia 10 de novembro possibilitou o trancaço na ALERGS, deixando claro o papel cúmplice do ajuste fiscal de PT e PCdoB, supostos partidos de “oposição” ao governo Sartori. Esta mudança de tática política destes partidos, que visa “perdoar os golpistas”, tem suas respectivas representações na direção central do CPERS. Caso estes e outros partidos votem a favor do regime de urgência do ajuste fiscal ou em qualquer proposta que ajude o governo a aprová-lo, o CPERS deve realizar uma campanha de massas para denunciá-los, bem como denunciar o papel inaceitável do deputado Edegar Pretto (PT), cúmplice e facilitador do protocolo do projeto de ajuste fiscal na ALERGS.
            Para seguirmos em greve e tentarmos esgotar as últimas possibilidades, precisamos direcionar toda a nossa artilharia contra o ajuste fiscal e as privatizações. Somos contra seguir em greve sem estratégia, muito menos ter como prioridade principal a simples busca por mesa de negociação. Esta somente pode surgir como consequência da pressão real de todo o movimento. É preciso um último esforço, se estendendo com muitas dificuldades, até o dia 1º de dezembro, quando novamente o governo atrasará os salários com o seu escalonamento. Muitos núcleos do interior, contrariando a orientação de suas direções, votaram pela continuidade. É preciso valorizar este esforço e tentar transformar a disposição de luta desta vanguarda para atacar o coração do projeto político do governo Sartori, que é o ajuste fiscal, a Renegociação da Dívida e o desmantelamento do IPE. Somente neste sentido a continuidade da greve se justifica, sendo complementada pelas seguintes políticas:
            I) Busca de unidade com os demais servidores, propondo um encontro de base e um calendário de luta unificado. Pelo seu peso, a CUT tem um papel importante. Caso não faça nada novamente, precisa ser denunciada na sua inércia cúmplice do governo Sartori.
            II) Campanha de massas, com inserções na grande mídia, redes sociais, agitações de rua, panfletagens e cerco à ALERGS, alertando a população sobre o que está em curso com o projeto do governo.
            III) Promover aulas públicas nas comunidades escolares (principalmente naquelas que voltaram a dar aula) sobre os ataques à classe trabalhadora e o ajuste fiscal. Também é fundamental organizar plenárias interescolas e intercategorias, inclusive no interior, em núcleos estratégicos, realizando assembleias de mobilização para mexer com o eleitorado do PMDB e aliados. Ou seja, precisamos colocar em prática efetivamente o que foi votado nas assembleias gerais.

ü    Combate ao ajuste fiscal do governo Sartori: acompanhar as votações na ALERGS.
ü    Convocar as centrais sindicais, sociedade civil organizada e demais categorias de servidores públicos estaduais, de trabalhadores e estudantes para lutar contra o ajuste fiscal.
ü    Fortalecer a campanha em defesa do IPE.
ü    Se a greve prosseguir: abrir o comando de greve estadual para base. Abaixo o burocratismo! Que a base tenha direito a voz e voto no seu próprio sindicato!
ü    Pela autonomia das comunidades escolares definirem seus calendários de recuperação parcial sem interferência e assédio moral das CREs, da SEDUC e da mídia.

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