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30 de jan. de 2018

JUSTIFICANDO O INJUSTIFICÁVEL: CRÍTICA AO ARTIGO DO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO NA ZH

O texto abaixo foi enviado ao jornal Zero Hora (ZH) entre os dias 25 e 26 de janeiro no intuito de polemizar com o artigo publicado pelo secretário de educação Ronald Krummenauer no dia 23 de janeiro. Neste artigo, o secretário defende o fechamento de diversas escolas públicas, sustentando que se trata de uma “reorganização da rede escolar para otimizar investimentos”, dando a entender que é uma medida justa e necessária. Porém, nas suas argumentações o secretário de educação não apresenta (nem a ZH o exigiu) um estudo do impacto do fechamento de tais escolas, muito menos a viabilidade da absorção das novas matrículas na rede pública municipal, já bastante saturada. Tudo isso deixa claro que a preocupação não é pedagógica ou de “otimização de investimentos”, mas econômica, no único sentido de contenção de gastos, enturmando alunos nas redes municipais e estaduais e deixando a comunidade escolar que dependia daquelas escolas a ver navios.
Com as piores desculpas (afirmando que “aquele espaço não era para polêmicas”), até o presente momento ZH não publicou o texto que segue, demonstrando mais uma vez que vivemos uma espécie de “censura democrática” da grande mídia. Para confirmar todas as incoerências e contradições dos argumentos do governo Sartori e do seu “empresário-secretário”, publicamos o artigo nas redes sociais para instigar entre nós a reflexão e o debate que a burguesia e a grande mídia querem censurar.
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         Com o pretexto da “reorganização da rede escolar”, o empresário Ronald Krummenauer, que também ocupa o cargo de Secretário de Educação, pretende justificar o fechamento de escolas públicas. Seguindo diretrizes econômicas e não pedagógicas, o secretário publicou um editorial em ZH, no dia 23/01/2018, querendo nos fazer crer que está sendo “responsável” ao “gerir melhor o investimento na educação pública” e que o governo Sartori age de “forma transparente”.
         Ora, nem o governo age de forma transparente (segundo o MPC-RS e as dúvidas sobre a utilização do FUNDEB), nem fechar escola significa necessariamente gerir melhor os investimentos. Tampouco o governo está querendo debater “questões pedagógicas relevantes”. Trata-se, antes de tudo, de decisões que seguem diretrizes econômicas do sistema financeiro internacional e do governo federal, em detrimento de preocupações pedagógicas. É precisamente por isso que um empresário sem a menor experiência em uma sala de aula de escola pública foi colocado no cargo.
         Turmas menores poderiam propiciar condições de melhor aprendizado aos alunos, uma vez que empoleirá-los visa, novamente, atender questões econômicas e não pedagógicas. Uma relação mais próxima entre aluno e professor poderia facilitar o processo ensino-aprendizagem, possibilitando um acompanhamento não apenas emocional e cognitivo, mas também uma maior aproximação com as famílias. Os educadores da escola pública, acostumados a atender centenas de alunos, sendo obrigados a priorizar mais a quantidade do que a qualidade, nunca tiveram tal oportunidade. Sem falar no fato de que fechar escolas tira os estudantes dos seus bairros, obrigando-os a procurar escolas mais distantes de sua casa, da família e dos amigos.
         O que deve nortear o fechamento de escolas, portanto, não é a queda das matrículas (estas caem hoje, podendo aumentar amanhã), mas sim a substituição de escolas velhas e precárias por outras com melhores condições estruturais e financeiras. Realizar uma auditoria da dívida pública estadual ajudaria muito mais na solução da “crise” do que tapar o sol com a peneira fechando escolas.

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