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28 de jun. de 2018

BALANÇO DA ASSEMBLEIA GERAL DE 22 DE JUNHO: A FALTA DO REAL TRABALHO DE BASE COBRA O SEU PREÇO!



A última assembleia geral demonstrou a real situação do CPERS: menos de 500 pessoas presentes no Gigantinho! Não se trata apenas desta assembleia geral. Desde o final da greve do ano passado (e, se formos criteriosos, desde antes da atual direção central) que a mobilização vem decaindo dentro do nosso sindicato. A base se sente cada vez menos representada pelo CPERS. As traições das últimas direções, o seu sindicalismo de cúpula e descolado dos interesses do chão da escola, a politicagem burguesa, dentre outros fatores, explicam em parte o esvaziamento do sindicato e a descrença da base em relação à sua direção. A principal mídia burguesa do Estado – RBS-ZH – não deixou de tirar partido deste vexame, puxando o número de participantes pra baixo, afirmando se tratar apenas de 200 presentes; enquanto que o Correio do Povo – jornal que é amplamente financiado pela publicidade do CPERS – puxou falaciosamente os números para cima, afirmando que 1000 educadores participaram desta assembleia. Para nós, entre 400 e 500 pessoas estiveram presentes no Gigantinho, o que denota uma das menores assembleias do CPERS nos últimos 20 anos. Isto é sintomático!
            A crise da mobilização do sindicato nos força a buscar suas raízes: quais foram as últimas mobilizações reais da categoria? Tiveram as direções sindicais importância para estas mobilizações?
As únicas mobilizações autênticas vindas do chão da escola no último período estão relacionadas ao ataque às condições de vida imediatas da categoria (parcelamento e ameaça de demissão). Estes ataques garantiram assembleias com mais de 5 ou 10 mil pessoas. Isso, naturalmente, nada tem a ver com a política da direção central do CPERS (por mais que esta se utilize dos métodos podres do marketing político e eleitoral, e atribua os méritos a si própria). Ao contrário, a política da direção central fez de tudo para arrefecer e enfraquecer a mobilização da base, não dando uma continuidade coerente e classista para elas. Levou todas elas para o leito morto da democracia burguesa e do seu legalismo anti-trabalhador. Mobilizações espontâneas de resposta imediata aos ataques do governo – como o parcelamento salarial, por exemplo – trazem consigo todo o peso do trabalho de base não realizado: a consciência atrasada, pequeno burguesa; o imediatismo; as ilusões “democrático-burguesas”, legalistas e eleitoreiras, dentre outras. Um “movimento grevista” com todos estes problemas, por exemplo, é presa fácil da manipulação midiática, do terrorismo do governo e um terreno fértil para a política ilusória das burocracias sindicais.
            Nesta última assembleia, percebendo seu esvaziamento, muitos dirigentes sindicais falaram em “ir para base” e “retomar o trabalho de base”. Existe uma profunda diferença na expressão “ir para base” vinda dos lábios de um burocrata e na fala de um lutador independente, ou mesmo de um colega do chão da escola sem participação ativa no sindicato. Para a burocracia sindical “ir para a base” significa reforçar sua dominação; isto é, fazer demagogia, alimentar ilusões, o senso comum; pois toda esta estrutura beneficia o poder dos burocratas e das correntes sindicais que dependem dela. A atual proposta de “caravanas” pelo interior não passa de uma auto promoção inconsequente da direção central, com a clara finalidade eleitoreira (seja em âmbito dos partidos reformistas nas eleições de outubro; seja no âmbito das eleições sindicais do presente e do futuro). Se estas “caravanas” representassem um real trabalho de base não teríamos assembleias gerais como a atual, nem o profundo desgaste político do sindicato.
            Nesse sentido, o discurso repetido à exaustão pelos dirigentes do CPERS sobre se ter “responsabilidade nas propostas” é o grande escudo com que se evita qualquer mobilização ou movimento independentes que saiam um pouco do controle da burocracia dirigente. “Ter responsabilidade” segundo os burocratas sindicais é não colocar os interesses do movimento acima da estrutura sindical e da rotina burocrática que mantém os sindicatos como verdadeiras empresas privadas. O autêntico trabalho de base que a categoria necessita sem dúvida coloca em risco tudo isso: combate o senso comum, o imediatismo, as informações privilegiadas e guardadas a sete chaves entre as correntes sindicais majoritárias; o incentivo à autonomia nos locais de trabalho, inclusive lutando contra o pensamento retrógrado de muitos colegas que acham mais cômodo esperar as orientações prontas “vindas de cima” ou “o que o sindicato vai fazer por nós”. É preciso debater a conjuntura para muito além das eleições burguesas de outubro (se estamos nessa situação aparentemente sem saída, é justamente porque as sucessivas direções do CPERS não foram além da “responsabilidade para com o aparato sindical” e não debateram saídas revolucionárias). Este trabalho de base – o único real e do qual dependemos mais do que nunca – a burocracia sindical jamais fará; e é por isso que soa cínica a sua fala de “ir para a base”. A tendência, portanto, é de aprofundamento de assembleias esvaziadas e do afastamento da categoria do seu sindicato (para alegria e conforto deste e dos próximos governos) ou de mobilizações espontâneas que são o resultado de ataques frontais dos governos, mas que não encontram futuro dentro desta estrutura sindical.
            O principal meio de romper com esta tendência é a luta por um novo sindicalismo, classista, organizado pela base e de orientação revolucionária e socialista. Este sindicalismo, por suposto, não surgirá da noite para o dia, mas precisa ser debatido, organizado e preparado por uma luta de longo prazo, que combata, dentre outros atrasos, o imediatismo da nossa categoria. Outros apontamentos são importantes para o desenvolvimento desse novo sindicalismo, tal como a crítica da atual política da direção central do CPERS e do Conselho Geral. A pauta de reivindicações apresentadas pelo Conselho é extremamente longa e um emaranhado de contradições e incoerências (principalmente entre o discurso e a prática). Exige 23% de reposição salarial em uma conjuntura de derrota de uma greve de 90 dias, em que a categoria foi largada à sua própria sorte durante o período de recuperação dos dias parados.
Como conquistar, então, estes 23%? No atual estágio de refluxo e derrota da categoria, este reajuste só poderia surgir de um conchavo de bastidores entre sindicato e governo, às custas da renúncia de algo muito maior, como fazer vistas grossas à demissão de inúmeros colegas contratados, que hoje estão no olho do furacão, ameaçados de perder o emprego, sendo que alguns já foram demitidos. A direção central e a maioria das correntes do CPERS demonstraram estar se lixando para estes trabalhadores, que são o setor mais precarizado da nossa categoria. Nada foi apresentado nesta pauta de reivindicação e muito menos falado para a grande mídia nas declarações públicas da presidente da entidade. As propostas aprovadas ou assimiladas na assembleia geral, como sempre, se tornam letra morta. O método da burocracia sindical é incorporá-las para acalmar os proponentes e deixá-la morrer nas gavetas.
            Pra piorar, o Conselho Fiscal (órgão votado pelo Conselho Geral para fiscalizar as finanças do CPERS) continua fechado à categoria, controlado pelas correntes da direção central. Como elaborar uma política independente, capaz de fazer com que a base se sinta representada neste sindicato, se sua política financeira é totalmente hegemonizada e controlada pelos membros da direção central. Seria muito importante a categoria sentir que pode opinar sobre tudo, inclusive sobre as finanças, preparando e organizando a luta por local de trabalho, propondo pautas, escrevendo nas suas mídias, etc. Mas não! As mesmas correntes sindicais de sempre continuarão controlando o aparato com mãos de ferro. A maioria esmagadora das correntes sindicais acha tudo isso normal ou prefere o silêncio. Enquanto as coisas permanecerem assim, o quadro de esvaziamento sindical não será superado.
            Com o golpe do impeachment, o alijamento do poder, a prisão de Lula e o novo gueto eleitoral que a direita tradicional pretende jogar o PT e a CUT, a tendência é que estes se voltem totalmente para os sindicatos no sentido de controlá-los com mãos de ferro, exercendo uma verdadeira ditadura sindical sobre as minorias. Como já sabemos, o movimento sindical é a principal moeda de troca do petismo contra essa direita. E a utilização do aparato e do movimento sindical com finalidades eleitoreiras não pode resultar em nada além de novos e piores golpes contra os trabalhadores. Aqui já está condensado e apontado um prognóstico e um caminho para superar o atual estado de coisas. Basta saber agora em que tipo de trabalho de base as forças minoritárias e militantes independentes apostarão.
A palavra está com eles...

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