A única política de mobilização tirada na
reunião do Conselho Geral do dia 15 de junho foi o ato dos “indignados”, que
segue os moldes do movimento europeu. A direção do CPERS diz que o protesto
será contra a “farsa do concurso público, o não cumprimento da lei do piso, o
aumento da contribuição previdenciária e a falta de investimento na educação
pública”; só que a direção protesta contra o concurso com mais de seis meses de
atraso.
Desde
fevereiro que a Construção pela Base vem denunciando a farsa deste concurso, as
altas taxas cobradas, o baixo número de vagas para continuar priorizando os
contratos emergenciais, os critérios de avaliação com objetivo claro de
reprovação em massa para desmoralizar a categoria, a tentativa do governo em
fingir que está atendendo uma reivindicação da categoria, quando, na realidade,
está aplicando mais um golpe contra os educadores. Quase um mês depois da
divulgação dos resultados, do atraso do gabarito, das irregularidades que já
eram bem conhecidas de todos, o CPERS continuou calado.
Os sucessivos ataques do governo
Tarso e as suas calúnias contra os educadores através da grande mídia realmente
deixaram a categoria indignada. Mas, mesmo sendo uma das maiores do Estado, a
energia da sua indignação está paralisada porque sua força não está sendo
mobilizada contra o governo em razão das práticas desmobilizadoras da
burocracia sindical.
Na questão do aumento da alíquota
da previdência, por exemplo, sofremos com a política de “faz de conta” da
direção do CPERS que, inevitavelmente, leva a ausência de mobilização e de
organização de base. Mesmo sabendo do aumento da alíquota antecipadamente, não
mobilizou a categoria e nem denunciou o governo amplamente. Somente na véspera
da votação convocou a categoria para se fazer presente apenas nas galerias da
Assembleia Legislativa. Frente às manobras do governo Tarso para manipular os dados
educacionais gaúchos e aumentar o índice de reprovados, somando-os com o índice
de abandono do Ensino Médio, para mais uma vez atacar os educadores, a direção
do CPERS também nada faz. No Conselho Geral se opôs a denunciar este golpe.
Não
existem razões para não denunciar o governo Tarso através de uma agitação de
massas na base da categoria, na mídia, para a população em geral. O fato é que
a burocracia sindical dirigente aposta na divisão da categoria e na baixa
mobilização. Está plenamente satisfeita com a mobilização apenas de uma pequena
parte da vanguarda do CPERS que é, em sua maioria, base de sustentação da
direção, enquanto que a categoria real segue desmobilizada, dentre outras
coisas, em razão da descrença no sindicato. Ao não levantar as bandeiras dos
contratados – como a sua inclusão nos Planos de Carreira e lutar por
estabilidade – continua aprofundando a divisão da categoria e a desmobilização.
A definição de ato dos “indignados”
serve apenas de catalisador para a insatisfação generalizada da base. Nenhuma
luta real, coerente, cotidiana, está sendo travada. Por isso, a nossa
indignação deve ser, também, contra a direção burocrática do CPERS, que é
conivente com os ataques do governo, que paralisa e sabota a nossa luta, ao mesmo
tempo que faz uma propaganda enganosa de “vitórias”. Nestes atos só falam as
correntes da burocracia sindical. O direito à fala é praticamente inexistente
às correntes minoritárias e à base.
O ELEITORALISMO DO CPERS
Se o CPERS já estava paralisado,
quando se inicia a campanha eleitoral ele praticamente entra em recesso. Isso
se passa porque a maioria das suas correntes lança candidatos e porque tem nas
eleições burguesas a sua real intenção. Não usam as eleições para fortalecer a
luta direta, mas, ao contrário, utilizam os atos do sindicato para promover os
seus candidatos e fortalecer as ilusões nas eleições. Demagogicamente divulgam
aos quatros ventos que elegendo determinados candidatos representantes das
correntes da burocracia poderemos mudar a realidade da classe. São as mesmas
correntes que nos períodos “não eleitorais”, com sua política, servem de apoio
ao governo.
Certamente veremos um palco montado
neste ato para a divulgação dos diversos candidatos que, em si, não tem nenhuma
proposta concreta de denúncia da farsa da democracia burguesa e das suas
instituições. Nem podem fazê-lo, uma vez que almejam se eleger aos cargos
destas mesmas instituições e prometem resolver os problemas do povo seguido a
lógica eleitoreira de todos os partidos que se unificam em diferentes frentes
para garantir seus interesses eleitoreiros, opostos aos nossos.
O recesso que o CPERS dará ao
governo para se dedicar a campanha eleitoral, facilitará mais ainda a
implementação dos ataques contra a categoria: a Reforma do Ensino Médio, o
Plano Nacional de Educação (PNE), o aumento da alíquota da previdência, a
destruição dos planos de carreiras, o calote do Piso e das RPVs, a consolidação
do golpe do concurso público, a precarização através dos contratos emergências,
as horas não pagas de trabalho realizado, a desmoralização dos educadores via
grande mídia e outros que virão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário