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20 de set. de 2015

A APROVAÇÃO DOS PLs DO GOVERNO SARTORI PRENUNCIA TEMPOS REACIONÁRIOS

        Está sendo orquestrado contra a classe trabalhadora um plano de retirada de direitos sem precedentes, visando lhe passar os custos da crise capitalista e criar as condições para uma reestruturação produtiva nos moldes da China capitalista, isto é, a volta gradativa para as condições de exploração do século 19. Neste intento, nenhum meio será poupado: chantagem, hipocrisia, repressão policial, ideológica, perseguição, intimidação e  demissão. O capitalismo decadente tenciona a roda da História para trás.
            O sinal verde para este operativo começa a nível internacional com o falacioso rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco, que nada mais são do que os parasitas financeiros clamando por mais sangria no orçamento público para seguir com a especulação e a agiotagem. Estas "agências de classificação de risco" são as mesmas que maquiaram os números da Grécia - para que ela entrasse na zona do euro -, de Portugal, Espanha, Irlanda. A especulação financeira quebrou  os principais bancos do mundo e os seus prejuízos, perfazendo dezenas de trilhões de dólares, foram transferidos para os povos através da doação de dinheiro público para os bancos, que foram colocados novamente na especulação. Os ecos desse “rebaixamento” servem para que os setores da oposição de direita (PSDB, Dem, Solidariedade, PMDB, etc.) e da grande mídia intensifiquem sua pressão para mais cortes orçamentários, privatizações e o aprofundamento do “ajuste fiscal”. O subserviente governo Dilma se submete a essa pressão. Este alarde da grande mídia esconde que o Brasil é justamente o melhor pagador dos bancos internacionais, remunerando os títulos com taxas de juros estratosféricas, enquanto o FED norte-americano estabelece menos de 1% ao ano de rendimento destes papéis virtuais.
        O governo Dilma (PT-PMDB) não perdeu tempo: atendeu, através do seu ministro da fazenda, Joaquim Levy, os amos do norte e cedeu a chantagem da oposição de direita em nome da “governabilidade”. Já cortou R$ 70 bilhões, fez um novo corte de R$ 14 bilhões e outro de R$-28 bilhões; não combateu o projeto sobre as terceirizações; aplicou o ACE, as MPs 664 e 665; trabalha para destruir a previdência pública; não combateu sonegadores fiscais entre os grandes empresários, deu novas e maiores isenções de impostos para bancos e grandes empresas; e continuou refém dos mecanismos da dívida pública. Além disso, nem sequer responde à hipocrisia dos organismos financeiros internacionais porque é totalmente refém deles.

O PROJETO DE SARTORI DE DESTRUIÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
        Em nível estadual, o ataque se dá da mesma forma atroz e sem piedade. O governo Sartori (PMDB, PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV) está desmanchando o Estado em nome dos interesses do capital financeiro. Sua estratégia de não assumir nenhum compromisso nas eleições serviu para esconder o seu real programa neoliberal; e a farsa da democracia burguesa lhe deu todas as condições para isso.
        O parcelamento dos salários – sobretudo do magistério – faz parte da sua política de terrorismo psicológico. Os seus Projetos de Lei (PLs) seguem uma lógica e possuem um vínculo entre si e o programa político omitido nas eleições: a previdência complementar (que a mídia “doura a pílula” afirmando ser apenas para os futuros servidores) pode ser estendida a todos se o PL 206 for aprovado no dia 22 de setembro. Este PL cria a “lei de responsabilidade fiscal” estadual, que, prevê o descompromisso do governo com qualquer gasto social que exceda a arrecadação. Sendo assim, a previdência complementar pode ser estendida a todos os servidores através desta brecha, bem como a demissão de servidores (nomeados e contratados) e a privatização de diversos setores do Estado. A bem da verdade, a “lei de responsabilidade fiscal” deveria ser chamada de “irresponsabilidade social”.
        Para aprovar a primeira parte dos PLs – que privatizam ou extinguem inúmeras fundações estatais fundamentais – no dia 16 de setembro, o governo usou o aparato repressivo (polícia e BOE) e o aparato ideológico (grande mídia). Não poupou esforços e nem mentiras para se contrapor aos piquetes dos servidores, que haviam impedido a votação no dia 15. Além da polícia e da grande mídia, o governo ainda contou com o apoio das burocracias sindicais do fórum dos servidores – e a do CPERS, em particular – que frearam e sabotaram a luta, “parcelando” e desmontando a greve.
                                                                                                               
A CONSCIÊNCIA DA REAÇÃO DISFARÇADA COM GRITOS DE DEMOCRACIA
        A grande mídia tem se superado dia a dia nas distorções e intrigas. Primeiro foi o vigarista Wianey Carlet, comentarista esportivo da Rádio Gaúcha, que falou sem papas na língua o que ZH e outros jornais falam subliminarmente. Outro intriguista, David Coimbra, escrevendo diretamente dos EUA, de onde prega suas ideias e tendências políticas e econômicas, quis criminalizar os piquetes na Assembleia Legislativa e os professores, afirmando ser isso um atentado contra a “casa do povo”. Como bom cínico, David Coimbra esquece propositalmente toda a estrutura autoritária do Estado, dos aparelhos de repressão, da falta de democracia, do rechaço aos políticos, que representam a si mesmos e aos empresários e bancos que lhes financiam a campanha eleitoral, e de uma votação já decidida de antemão, para criminalizar perante a opinião pública a luta dos servidores que se organizaram para impedir a retirada dos seus direitos da única maneira possível no momento: fazendo piquetes na entrada da ALERGS. Como mercenário pago com altíssimo salário para mentir e ludibriar, David Coimbra vende a ALERGS como a “casa do povo”, quando é somente a casa do empresariado contra o povo, como a experiência de anos nos comprova.
Quem é este homem que defende conscientemente as posições da grande burguesia brasileira e fala diretamente de Boston? É este o comentarista que queremos para escrever todos os dias nos jornais e falar na TV para influenciar centenas de milhares de pessoas? É esta a liberdade de imprensa que desejamos, com tribuna livre para os vigaristas e a polícia para os lutadores sociais? A noção de democracia do David Coimbra resume-se ao que segue: “Feche tudo, Sartori, corte tudo, mas não tire um único policial da rua, não racione a gasolina das viaturas, não diminua o horário das delegacias” (ZH, 19.05.2015).
Outro expoente da reação está dentro do parlamento e atende pelo nome de Marcel Van Hatten (PP). Por toda a sua atuação política, ele encarna os 500 anos de espoliação colonial do país, a farra da elite sobre os ombros dos trabalhadores, os interesses vorazes da burguesia, sem nenhuma máscara, inclusive com posições abertamente fascistas. É um anticomunista fanático (uma espécie de McCarthy tupiniquim), combatendo abertamente a luta dos trabalhadores e defendendo o que os outros deputados apenas sussurram timidamente, com medo de perder votos. Associa o PT à esquerda e todos os militantes da esquerda ao PT. É um amálgama que beneficia o seu projeto político, confunde os trabalhadores e é amplamente divulgado pelos meios de comunicação e pelas redes sociais, justamente para tencionar o senso comum pela direita. A sua defesa da “democracia” é uma falácia, pois só serve para dissimular o seu fascismo expresso nas suas posições políticas.

É PRECISO UNIFICAR O FUNCIONALISMO PÚBLICO NUMA
FRENTE ÚNICA DE RESISTÊNCIA
        No movimento sindical, a reação se dá principalmente através da burocracia sindical (PT/CUT, PCdoB/ CTB, etc.) que desmonta as greves, a resistência organizada, não faz nenhuma denúncia coerente do governo, da “direita”, da grande mídia e dos golpes do capital financeiro. Apenas prepara o caminho para a volta eleitoral do PT para que ele continue fazendo o mesmo, com outro discurso e com outra prática, ao mesmo tempo em que preserva e sustenta o nefasto regime democrático burguês. No dia 16 de setembro, a direção do CPERS armou um palanque eleitoral para os deputados de oposição na ALERGS, do PT e do PSOL. Sua denúncia dos ataques e a sua “luta” não foram além do desgaste eleitoral, incitando os trabalhadores a esperar passivamente pelas eleições do ano que vem e de 2018. Este método é o enterro do movimento sindical e o sinal verde para o aprofundamento da reação política e econômica contra os trabalhadores. A burocracia sindical de esquerda (PSTU, PSOL, MLS etc.), também não se opõe de forma coerente ao governo e à burocracia governista.
        Só poderemos resistir e superar este “tempo reacionário” que se aprofunda com a intensificação da nossa luta. É preciso mobilizar todo o funcionalismo numa frente única contra os pacotes de Sartori, desmascarando as direções traidoras e forçando algumas a apoiar as mobilizações, sem ilusões em nenhuma delas.  A nossa luta não se resume aos pacotes de Sartori, mas deve denunciar e combater as suas causas, a política geral da burguesia contra os trabalhadores. Por isso, a Construção pela Base defende:
Ø Campanha de denúncia da fraude da dívida pública, que já está paga;
Ø Pelo fim das isenções fiscais às grandes empresas;
Ø Contra o ajuste fiscal de Sartori e Dilma: denúncia, agitação e luta de resistência implacável contra todas as suas medidas;
Ø Denúncia da transformação da luta sindical num palanque eleitoral para os partidos burgueses e reformistas: a luta sindical deve se tornar uma luta política de todos os trabalhadores contra os governos, não uma luta de desgaste eleitoral;
Ø Contra o autoritarismo das direções de escola e das repartições públicas que, através do assédio moral, querem arrefecer a nossa luta, realizando denúncias públicas;
Ø Contra as demissões no funcionalismo público: pelo direito ao trabalho!
Ø Contra as burocracias sindicais, seja de situação ou de oposição: denúncia do seu papel e das suas manobras; resistência aos seus projetos de conciliação e de desmonte das greves e incoerências na luta.
        A reação política, ideológica e social que vivemos, no mundo, no Brasil e no RS, impõe a necessidade de uma frente única de resistência com todos os setores que se disponham a promover a mobilização contra os ataques do governo Sartori e Dilma.


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