Na assembleia geral do CPERS de 11/09
presenciamos uma aula sobre os métodos de traição utilizados pela burocracia
sindical contra a classe trabalhadora; quais sejam: total falta de democracia,
bloqueio nas portas para sócios, muitos seguranças, grades iguais as usadas
pelos governos para evitar que os trabalhadores se aproximem dos palácios,
restrição nas falas; também havia um pelotão de seguranças para salvaguardar a
direção da indignação da categoria e uma pauta governista de entrega da greve.
Como se tudo isso não bastasse, a direção
ainda quis patrolar a votação da continuidade da greve, mas a maior parte dos
presentes se sublevou contra esta manobra, não conseguindo conter o ódio contra
os golpes da burocracia sindical. A direção do CPERS (PT/CUT e PCdoB/CTB)
cumpriu mais uma vez o papel de frear as lutas, blindando o governo Sartori (PMDB),
seu aliado em nível federal. Quer claramente impedir as lutas, pois tem
compromisso em garantir o terreno para os governos do PT aqui no Estado nas
próximas eleições. O governo Sartori está na ofensiva contra os
trabalhadores e não recuou em nenhum ataque. Mesmo assim, a direção do CPERS dirige
o movimento para a derrota, com sua tática de “greve parcelada” de “faz de
conta”. Para justificar seu peleguismo, a direção usa um argumento mentiroso de
que não quer romper a unidade com o Movimento Unificado dos servidores
públicos. Mas, como se viu, bastou o CPERS prolongar os dias de greve do
Conselho Geral ampliado até 11/09 para que mais categorias aderissem também.
A direção já havia montado o circo, pois
divulgou para a grande mídia, sua aliada, um dia antes da assembleia, o FIM DA
GREVE. Fez tudo isto à revelia da categoria. Manteve firme seu intento, numa
disputa acirrada, na votação pela continuidade ou fim da greve, a direção decreta a SUSPENSÃO DA GREVE,
“avaliando” por contraste o que era impossível de ver; negando-se a fazer a
contagem da votação, mesmo depois da assembleia clamar por isso. A direção
decide arbitrariamente suspender a assembleia e abandoná-la, facilitando a vida
do governo Sartori e da grande mídia, que não perdeu um único minuto na
divulgação do “fim da greve”.
A violência praticada pela direção do
CPERS (PT e PC do B) contra a categoria, que está sendo atacada brutalmente
pelo governo Sartori com seus planos de ajustes, provocou uma rebelião de base
legítima diante de tanta exploração e descaso de um governo e da direção do sindicato. Como a assembleia geral foi suspensa arbitrariamente pela direção do
CPERS, não sendo concluída, suas deliberações não podem ter validade. Teremos
que lutar por uma nova assembleia geral para definirmos os rumos do movimento.
Até lá a GREVE DEVE CONTINUAR!
O papel cumprido pelas correntes da “oposição de
ocasião”
Infelizmente nem todos, como nós, pensam
que a greve deveria continuar. As correntes da antiga direção do CPERS (MLS,
PSTU e PSOL) defenderam, na prática, exatamente o mesmo calendário da
burocracia dirigente; isto é, o fim da greve e apenas paralisação na terça
feira. Escondem-se atrás da desculpa da “responsabilidade” para continuar
levando adiante o mesmo papel que a direção central cumpriu. A única
“irresponsabilidade” nessa história é a da direção central, que patrola a base
da categoria. A principal preocupação destas correntes não é tirar todas as
lições do autoritarismo vergonhoso da direção central, da necessidade de expulsar
a burocracia sindical do CPERS, mas apenas capitalizar para si o desgaste da
direção central visando as próximas eleições. A luta está condenada tanto com a
direção atual, quanto pelas antigas correntes dirigentes, que visam voltar ao
seu posto de comando.
Se é certo que as antigas correntes da
direção mantinham o mínimo de democracia sindical para os setores minoritários
do CPERS, também é certo que a sua política e interesses gerais não diferem em
nada dos interesses da burocracia cutista da direção central.
Direção do CPERS e RBS-ZH: juntos contra a luta dos
servidores públicos
Logo após a assembleia geral foi espantoso
o número de distorções divulgadas incessantemente pela grande mídia, ávida por
desmontar a greve do funcionalismo público e a do CPERS, em particular. A RBS
(ZH e Rádio Gaúcha) não perdeu tempo e divulgou aos quatro cantos a posição
oficial da burocracia sindical, mesmo presenciando o escândalo da manipulação
com vários repórteres. Os manipuladores se entendem, por isso a RBS aproveitou
o momento para destruir e atacar a greve do magistério. Além disso, teve a desfaçatez
de dizer que a luta por democracia na assembleia era um “tumulto” e que a
rebelião de metade dos presentes era obra de um “grupo de oposição”.
A partir desta “cobertura imparcial”
pode-se perceber como age a grande mídia. Quantos “tumultos” e “grupos de
oposição” ela não utiliza para esconder a luta dos trabalhadores nos seus
telejornais? Todo o trabalhador consciente precisa repudiar estas mentiras
institucionalizadas e alertar os demais colegas que acreditarão nelas por não
terem visto com os próprios olhos. Esta é a demonstração que a grande mídia é
absolutamente parcial, inconfiável e antidemocrática. Só existirá realmente
liberdade de imprensa quando ela deixar de ser um negócio lucrativo controlado
por monopólios.
A desfiliação não é o caminho
Muitos colegas ficaram tão indignados com
os golpes e manobras da direção central que falam em desfiliar-se do CPERS. Sua
revolta é absolutamente compreensível, mas queremos dizer-lhes que este não é o
caminho! Precisamos disputar o CPERS das burocracias sindicais e lutar para
criar formas de controle da base sobre a direção do sindicato. Este é a razão
de ser de nossa oposição.
Se desfiliar do CPERS para “mostrar
indignação” e privar a direção da contribuição sindical não resolve o problema,
mas o agrava. Os sindicatos se constituem em grandes organismos de frente única
de toda a nossa categoria, que deve lutar por valorização salarial e por
melhores condições de trabalho diante das investidas dos sucessivos governos
que servem ao grande capital. O CPERS, bem ou mal, organiza massas de
trabalhadores e é uma referência, como se viu com a greve do funcionalismo. Se
ele não funciona como deveria, isso não é uma obra do acaso, mas o resultado do
domínio da burocracia sindical sobre eles, que nada mais é do que o domínio
indireto da burguesia sobre os sindicatos.
Se desfiliar do CPERS não é uma forma de
protesto contra a direção, mas apenas de enfraquecer a si próprio. É preciso
permanecer dentro do sindicato para poder disputar os seus rumos. A melhor
forma de protesto é compreender, se opor e votar contra os planos e os projetos
da burocracia sindical. Devemos recuperar a nossa ferramenta de luta das mãos
dessa burocracia parasitária, expulsando-a. O que a burocracia sindical mais
deseja é que todos os militantes mais experientes, críticos e indignados se
afastem do sindicato para lhe deixar o “caminho livre” para associar “sangue
novo”.
As manobras da burocracia sindical só terão fim
quando ela for expulsa dos sindicatos
Que nenhum trabalhador do CPERS se esqueça
das lições desta assembleia. O golpe da direção contra a base da categoria é o
resumo do que é a burocracia sindical. Mas ela, que controla o aparato sindical
através de diversos meios, não pode ser derrotada pela espontaneidade e pelos
“militantes independentes” e dispersos. Por mais justa que tenha sido a
indignação dos presentes de ontem, uma explosão espontânea não pode evitar
outras manobras e golpes. Apenas quando criarmos as condições para a expulsão
da burocracia sindical do CPERS é que conseguiremos dar fim a esse estado de
coisas. As correntes burocráticas somente podem ser vencidas por uma corrente
revolucionária, onde uma oposição sindical classista tem um grande papel.
Corrente política não é sinônimo de burocracia, mesmo que a quase totalidade
das atuais correntes o sejam.
Esta indignação da base demonstrada na
assembleia geral precisa converter-se em força organizada: estudo da
burocracia, compreensão do seu papel, denúncia da sua política para a base,
resistência aos seus projetos e planos, criação de mecanismos que garantam o
controle da base sobre a direção, até criar as condições plenas para a sua
expulsão! A nossa oposição coloca a questão da burocratização sindical no
centro de sua intervenção e dá a sua contribuição nesta luta. Chamamos os
demais ativistas e correntes de “esquerda” do CPERS para que façam o mesmo.
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