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30 de dez. de 2015

PARA QUE SERVE O SINETA – JORNAL DO CPERS SINDICATO?


        Enquanto a nossa categoria perde direito atrás de direito em função dos ataques do governo Sartori (PMDB, PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV), a direção central do CPERS (PT e PCdoB) utiliza o jornal oficial do CPERS, o Sineta, para se autopromover e fazer uma propaganda enganosa visando a sua hegemonia sobre o sindicato. Estão de olho nas eleições sindicais de 2017 e, desde já, reforçam uma imagem de “aproximação” com a base para esconder os seus golpes e manobras de bastidores contra ela.
        A intenção principal da diretoria central enviando o Sineta pelo correio é influenciar aquela base que não participa ativamente do sindicato e, portanto, tem mais possibilidade de acreditar nessa propaganda enganosa. Os dois últimos Sinetas afirmam que o CPERS está mais próximo dos educadores e “no caminho da participação”. Mas quem participou da assembleia geral de 11 de setembro sabe que isso é uma falácia! Há uma profunda vacuidade de conteúdo, se mostrando alheio a toda a luta viva da base da nossa categoria e dos trabalhadores em geral.
        Nos últimos meses acompanhamos o aprofundamento da luta e dos ataques dos governos em todo o Brasil – com destaque aos estudantes e educadores de São Paulo – e a direção do CPERS ignorou todos estes ataques reais, bem como os processos de mobilização que mereceriam não apenas solidariedade ativa, mas uma análise profunda.
        Os últimos Sinetas não falam nenhuma palavra de apoio e solidariedade à luta dos estudantes de São Paulo. Nenhuma palavra sobre a luta dos educadores e estudantes de Goiás contra as privatizações da educação pública daquele estado. Nenhuma linha sobre os 30 mil educadores contratados demitidos no Paraná de Beto Richa (PSDB). Nenhuma palavra sobre os golpes impostos pela SEDUC contra as eleições e as direções eleitas democraticamente nas escolas, em que as antigas direções atuam em cumplicidade com o governo em troca da desmobilização da categoria contra seus ataques. Depois do golpe da assembleia do dia 11 de setembro, em que a direção abortou o movimento de resistência contra os ataques do governo Sartori, a direção não chamou mais nenhuma assembleia para organizar a luta e muito menos fez alguma referência no Sineta no sentido de mobilizar efetivamente a categoria.
        Pelo que lemos no Sineta, para a direção do CPERS as coisas parecem estar as mil maravilhas!

Para quê o Sineta poderia servir?
        O Sineta deveria ser aberto, democrático, servindo para organizar a luta da categoria, sugerindo temas para os debates entre colegas na sala dos professores durante o recreio, visando elevar o nível dos debates políticos nas escolas. Poderia servir para orientar a atuação dos representantes de escola e organizar a discussão nos núcleos, além de divulgar as posições presentes na categoria, abrindo espaço para artigos de membros da base do CPERS, etc.
O atual Sineta é uma vergonha e um verdadeiro desrespeito com a luta, a organização e a inteligência dos trabalhadores de base.

19 de dez. de 2015

Manifesto dos educadores contratados à sociedade gaúcha! Em defesa dos professores e funcionários contratados! Pelo direito ao trabalho!


        No dia 1º de dezembro reuniu-se no CPERS o grupo de trabalho (GT) dos trabalhadores contratados do 39º núcleo. O debate efetuado redundou neste manifesto:
         A contratação “emergencial” no magistério estadual vem de muitas décadas, portanto, nada tem de emergencial. É uma política permanente e massiva de admissão funcional. Muitos estão se aposentando como contratados. O contingente de contratados no magistério público gaúcho representa uma massa de dezenas de milhares de profissionais. É a mesma política liberal de precarização do trabalho de que se vale a classe dominante para rebaixar salários e dividir as categorias, a exemplo dos terceirizados, cooperativados e subempregados sem direitos sociais.
        A política que vem sendo aplicada pelo governo Sartori e apoiada pela grande mídia (sobretudo por RBS e Band) ameaça o emprego de mais de 20 mil professores contratados. Disse que os servidores públicos deveriam dar “graças a deus por ter estabilidade”. Para o governo, ter estabilidade para trabalhar é “um privilégio”, enquanto que conceder reajustes ao próprio salário e ao dos correligionários, nomear CCs, participar direta e indiretamente de inúmeros esquemas de corrupção com o setor privado, conchavar com a grande mídia e o empresariado para explorar ainda mais os trabalhadores, não! Em São Paulo, o governo do Estado conseguiu precarizar as condições de trabalho do funcionalismo público a tal ponto que toda uma categoria de educadores contratados é demitida no final do ano e readmitida em março.
Ora, isso é um absurdo! É praticamente o fim do direito às férias e do direito ao trabalho. Não podemos retroceder a tal ponto!
Se o governo aplicar esta medida política será com o absurdo pretexto de cortar gastos com o funcionalismo público e disseminar a discórdia e o medo nos trabalhadores que ficam. Neste momento é fundamental a solidariedade de classe entre educadores nomeados e trabalhadores contratados. Sem isso não é possível ter movimento sindical e, muito menos, enfrentamento aos governos neoliberais, que são os verdadeiros responsáveis por esta situação. A divisão da categoria em dois regimes de trabalho também é usada para deslegitimar e destruir o plano de carreira do funcionalismo público. A luta em defesa do plano de carreira também pressupõe a sua extensão à toda a categoria.
Alertamos à sociedade gaúcha que se demissões totais ou parciais ocorrerem entre os trabalhadores contratados isto será consequência da política do governo Sartori, que destinará o salário de centena de milhares de educadores contratados para a dívida pública, cobrir as isenções de impostos das grandes empresas e as sonegações fiscais. A demissão precarizará ainda mais os serviços públicos porque poderá significar enturmação, dificultando o trabalho pedagógico, interferindo na qualidade da educação e aumentando a sobrecarga dos servidores nomeados.
A direção estadual do CPERS tem uma política patronal para os trabalhadores contratados: ignora estes ataques, bem como as suas reivindicações, e não tem bandeira para defendê-los, ao mesmo tempo em que os aceitam como sócios e descontam a mensalidade sindical no final do mês.
Por tudo isso, os educadores contratados presentes no referido encontro, reivindicam: 
- Pelo direito ao trabalho!
- Abertura e divulgação dos contratos que a SEDUC guarda à sete chaves! Pelo direito de conhecermos o nosso vínculo empregatício!
- Contra o terrorismo estatal e midiático que visa destruir o emprego público!
- Pela consciência de classe! Colegas nomeados: precisamos do apoio de vocês; nós somos vocês amanhã!

- Repúdio à inexistência de política para os trabalhadores mais precarizados da nossa categoria por parte da direção do CPERS, que ignora 40% da categoria!

27 de nov. de 2015

GOVERNO SARTORI = GOVERNO ALCKMIN: AMBOS DESTROEM OS SERVIÇOS PÚBLICOS E CUMPREM AS METAS DO PNE PRIVATISTA DO BANCO MUNDIAL

        O governo Sartori continua sua ofensiva terrorista contra os trabalhadores do serviço público do Estado; não dá trégua! Quem dá o ritmo são as necessidades do grande capital. Na educação pública isto se traduz no fechamento da Educação infantil e de turmas da EJA em várias escolas, com objetivo muito claro de reduzir o quadro de recursos humanos e preparar o terreno para demissões em massa de trabalhadores contratados já no final de 2015, para “talvez” readmiti-los em março de 2016.

        Além da ameaça permanente de parcelar os salários dos trabalhadores do serviço público e ainda condenar o recebimento do 13º salário, o governo Sartori (PMDB) não se constrange em tripudiar ainda mais contra os trabalhadores, utilizando a grande mídia para assediar moralmente os trabalhadores, declarando que os mesmos “devem dar graças a deus que têm estabilidade”, dando o recado para mais um ataque, que é acabar com a estabilidade no emprego dos servidores públicos do Estado e demitir os trabalhadores contratados.

Não esqueçamos que recentemente foi encaminhado à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 206 para criar a “Lei de Responsabilidades Fiscal”, que prevê o descompromisso do governo com os gastos sociais que exceda a arrecadação do Estado, inclusive possibilitando a demissão no serviço público para os servidores públicos efetivos (concursados). A estratégia do governo com esta declaração é jogar a opinião pública (em particular os trabalhadores do setor privado) contra os servidores públicos preparando o terreno político para demitir milhares de trabalhadores contratados e efetivos quando lhe convier. Para o governo, ter estabilidade para trabalhar é “um privilégio”, enquanto que conceder reajustes ao próprio salário e ao dos correligionários, nomear CCs, participar direta e indiretamente de inúmeros esquemas de corrupção com o setor privado, conchavar com a grande mídia e o empresariado para explorar ainda mais os trabalhadores, não! Trabalhar é um direito negado pelo capitalismo. Não podemos entrar no jogo sujo da elite brasileira que pretende jogar trabalhador privado contra servidor público! Somos uma única classe trabalhadora! Precisamos agir enquanto tal e lutar pela estabilidade no emprego para todos os trabalhadores: que a burguesia nacional e internacional pague pela sua própria crise!

         A intensificação dos ataques faz parte do cumprimento das metas acordadas com o Banco Mundial, FMI, Wall Street. Fechar escolas, arrochar e parcelar salários e demitir para economizar às custas dos trabalhadores, garantindo o pagamento dos juros da dívida pública contraída com o imperialismo, a despeito do rebaixamento da qualidade e mesmo da inviabilização dos serviços públicos oferecidos para a população, é a única solução apresentada pela burguesia brasileira. Não! Existe outra saída! Os trabalhadores precisam se organizar para derrubá-la em uma luta a longo prazo.

       
A política patronal do CPERS
Na contramão da luta está a direção burocrática do CPERS, que puxa pra trás a organização dos trabalhadores, trai nossas greves, golpeia a categoria, não esclarece, atua como empecilho para organização da nossa classe, além de camuflar o caráter dos ataques; isto por que reivindica o Plano Nacional e Estadual de Educação do Banco Mundial, pois tem compromisso com os governos federal e estadual. Em nenhum momento nos materiais e propaganda do CPERS veiculada na mídia, por exemplo, esclarece que a PL 206, se aprovada, significará o fim da estabilidade no emprego. Ao contrário, deixa os trabalhadores a sua própria sorte, mesmo com a ameaça real de demissão em massa de trabalhadores contratados ao final do ano letivo de 2015, o que significa um ataque frontal aos direitos trabalhistas e a dignidade dos trabalhadores. O CPERS não trabalha para criar um sindicalismo classista, que defenda toda a categoria (efetivos e contratados), mas age com um sindicalismo patronal, divisionista e de faz de conta.
         Apesar das derrotas da nossa classe precisamos resistir aos ataques, organizar a luta, debater em nossas escolas novos métodos de enfrentamento ao avanço do conservadorismo e dos seus planos de ajustes. A experiência em São Paulo em que os estudantes ocupam as suas escolas em defesa da educação pública contra os ataques do governo Alckmin é um exemplo a ser seguido pelos trabalhadores e estudantes do Rio Grande do Sul. Tendo em vista que o caráter privatista dos ataques é oriundo da mesma matriz.

- NOSSA LUTA É UNIFICAR TRABALHADORES CONTRATADOS E EFETIVOS CONTRA AS DEMISSÕES DE FINAL DE ANO!

- CONTRA OS PLANOS DE AJUSTES DO GOVERNO SARTORI E DO IMPERIALISMO!

- PELO DIREITO AO TRABALHO! 

- CONTRA O TERRORISMO ESTATAL E MIDIÁTICO QUE VISA DESTRUIR O EMPREGO PÚBLICO!


- CONTRA A BUROCRACIA DIRIGENTE DO CPERS QUE NA SUA POLÍTICA PATRONAL IGNORA 40% DA CATEGORIA!

19 de nov. de 2015

GOVERNO ALCKMIN (PSDB) DESTRUINDO A EDUCAÇÃO PÚBLICA PARA GARANTIR DINHEIRO PARA O BANCO MUNDIAL

        A ordem dos organismos financeiros do imperialismo (Banco Mundial) é privatizar os serviços públicos. Os governos de todos os partidos em nível Federal, Estadual e Municipal aplicam planos de ajustes. A redução de investimentos e a destruição dos direitos trabalhistas estão na ordem do dia. O objetivo é economizar a custa de mais exploração e extorsão sobre os trabalhadores, para manter os lucros do capital. O capitalismo decadente demonstra mais uma vez a sua incompatibilidade com as necessidades mínimas dos trabalhadores e dos seus filhos.
        Há décadas que os governos neoliberais estão destruindo a educação pública. Com a aprovação do Plano Nacional de Educação em 2014 este processo se intensificou. O Banco Mundial pede pressa aos governos, que não tardam em cumprir suas metas, aprovam leis para legitimar esses ataques. Na saúde pública, a precarização do trabalho está em andamento; a terceirização se dá através de laboratórios e clínicas privadas atuando em hospitais públicos. Na educação, o processo em curso é semelhante: terceiriza-se os setores da limpeza, alimentação e segurança; precariza-se o trabalho através dos contratos temporários e dos diversos “projetos do MEC” que se utilizam de mão de obra “semi-escrava”, uma vez que os trabalhadores que atuam como oficineiros são desprovidos de direitos trabalhistas e seu trabalho não é regulamentado.
        Durante todo o ano de 2015 vivenciamos uma ofensiva dos governos de todos os partidos, através de seus planos de ajustes que não tem hora para acabar. É o aceleramento da barbárie que se traduz na desobrigação do Estado com as funções essenciais como educação, saúde, moradia, transporte, saneamento, segurança, etc.

OS ATAQUES DO GOVERNO ALCKMIN EM São Paulo
        Neste cenário de derrotas da classe trabalhadora, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se sentiu forte para impor um plano de destruição da educação pública de São Paulo. O chamado plano de “reorganização” do ensino público prevê organizar as escolas por ciclos de ensino e faixa etária. No primeiro ciclo do ensino fundamental ficariam os alunos entre seis e onze anos, no do segundo, os alunos entre 12 e 14 anos, e no do terceiro, os alunos do Ensino Médio. Com isto o governo paulista pretende reduzir as escolas, que hoje funcionam com os três ciclos de ensino, e aumentar as do terceiro ciclo. Está previsto também reduzir a oferta do ensino noturno e da educação de jovens e adultos. Por trás de uma desculpa “racional”, de contenção de gastos perante a crise capitalista mundial, está o enxugamento do Estado e da educação pública exigido pelos organismos financeiros internacionais (Banco Mundial, FMI). Estas são estratégias utilizadas pelo governo tucano para iniciar a municipalização do ensino fundamental, e entregar a gestão escolar para as parcerias público privada, ou seja, privatizar a educação pública. Pretende ainda remanejar um milhão de estudantes em 2016, tirando-os de seu zoneamento de moradia, dificultando o acesso à educação.
        A intenção do governo Alckmin é economizar para garantir o pagamento da dívida pública com os agiotas internacionais, seguindo a risca a cartilha do Banco Mundial. Impõe goela abaixo aos professores e estudantes a enturmação, a superlotação de turmas e escolas. Existe a possibilidade de demissões de mais de 20 mil professores temporários e trabalhadores terceirizados da merenda e da limpeza, que são os mais precarizados. Em função da “reorganização” serão fechadas aproximadamente 400 escolas em todo o Estado de São Paulo, provocando uma redução nos repasses destinados às escolas (setores da mídia burguesa falam apenas em 94 escolas). A justificativa falaciosa da Secretaria de Educação é que a rede perdeu dois milhões de estudantes entre 1998 e 2015, justificativa absurda para desmontar a educação pública. A redução nas matrículas deveria servir para qualificar os espaços escolares, adaptá-lo à tecnologia atual, reformulá-los; e não para destruí-los como está fazendo o governo de São Paulo.

ESTUDANTES CONSTROEM A RESISTÊNCIA AOS ATAQUES DO GOVERNO ALCKMIN
        Em meio a um cenário de derrotas da classe trabalhadora e de avanço do conservadorismo no Brasil e no mundo, os estudantes apontam o caminho, resistindo bravamente às investidas do governo Alckmin. Ocupam suas escolas, assumindo a luta em defesa da educação pública, contra o truculento governo tucano, servindo de exemplo para toda a classe trabalhadora de como podemos construir a resistência para barrar os ataques neoliberais.
        Os estudantes de São Paulo estão hoje na vanguarda da luta contra o desmonte da educação pública. Precisamos cobrir de solidariedade a sua luta e aprender com os seus erros e acertos para quando os mesmos ataques neoliberais chegarem ao Rio Grande do Sul. Até o presente momento as burocracias sindicais cutistas da APEOESP e do CPERS mantem-se alheias à realidade concreta das ocupações. A direção do CPERS nem sequer se propõe a discutir esta luta nos seus meios de comunicação (Sineta, site, redes sociais; núcleos, formação sindical, etc.).
Saudamos a luta dos estudantes e educadores de São Paulo! Porém, alertamos-lhes sobre o papel nefasto das burocracias sindicais cutistas, que freiam e sabotam a luta que surge diretamente do chão da escola! Somente através da organização da nossa classe e na luta contra as burocracias sindicais e o capital é que poderemos construir uma alternativa dos trabalhadores, unidos com os estudantes, para enfrentar o avanço da barbárie capitalista. Esse exemplo deveria ser seguido por todos os trabalhadores do país, em defesa da educação pública e de serviços públicos de qualidade.

        

29 de out. de 2015

BALANÇO DA "GREVE PARCELADA" DO CPERS


        Dissemos em diversas análises antigas que a burocracia sindical era o grande empecilho para uma luta independente e uma greve vitoriosa. Não é possível pensar em greve vitoriosa ou qualquer outra política sindical consequente enquanto a burocracia sindical estiver dirigindo e controlando o CPERS.
        A burocracia cutista sabotou a nossa luta, manobrou e conchavou nos bastidores, terminando por levar o movimento grevista à derrota. Desde a cúpula do fórum dos servidores públicos foi preparado a destruição do movimento de base. A burocracia unida dos sindicatos de servidores deixou a luta transcorrer até certo ponto para, logo a seguir, ter melhores condições de sabotar e frear a organização e a luta de base. Ou seja, a grande mobilização dos servidores públicos foi uma resposta aos ataques do governo Sartori (PMDB, PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV) e não mérito da política sindical do CPERS. Muito antes pelo contrário: o CPERS e a CUT se colocaram a frente do movimento para melhor domesticá-lo e freá-lo.
Como a burocracia sindical dispõe de muito tempo livre, tudo foi minuciosamente montado: desde a propaganda e o discurso ambíguo; até os passos políticos concretos para o desmonte. Muito se falou em “greve de novo tipo”, mas, como tudo se comprovou, isso era apenas uma forma de arrefecer e acalmar os ânimos da base. Foi com essa ajuda das burocracias sindicais que o governo Sartori conseguiu derrotar o movimento de indignação que as suas políticas de ajuste despertaram e aprová-las, uma a uma, na Assembleia Legislativa. Para vender a ideia de alguma “vitória”, a direção do CPERS afirmou que “garantiu o não corte do ponto” durante os dias de greve e que a pressão do fórum dos servidores “adiou votação de projetos na ALERGS” (Sineta, setembro/outubro de 2015).

Na assembleia geral do Pepsi On Stage a burocracia sindical mostrou sua verdadeira face
Temos visto a democracia sindical ser asfixiada pouco a pouco dentro do CPERS. Os golpes, manobras, imposições, desmontes, distorções, foram práticas comuns deste “movimento grevista” e está se tornando a regra. Este foi o principal motivo para a CUT ter investido pesado nas eleições do CPERS: queria ganhá-lo para poder frear a luta contra os seus governos!
A culminância dos golpes burocráticos se deu na assembleia geral do Pepsi On Stage. Para esconder essa vergonhosa manobra, a burocracia sindical distorceu os fatos: “Um grupo, a favor da greve por tempo indeterminado, começou a confusão após a categoria decidir pela manutenção do Estado de greve [...] atitude que impediu a contagem nominal dos votos” (Sineta, setembro/outubro de 2015). Isso demonstra o grau de compromisso com os governos federal e estadual. Não houve a menor intenção por parte da direção em contar os votos nominalmente. Claramente ela estava tencionando o plenário para empurrar a manobra adiante ou usar o pretexto de “desordem” para encerrar a assembleia. Como a quase metade dos presentes – e não um “pequeno grupo” – impediu que a manobra fosse consumada, a direção do CPERS optou pelo segundo caminho.

O papel conciliador das correntes e núcleos de “oposição”
        Mesmo controlando a metade dos núcleos do CPERS, as correntes ditas de “oposição” (MLS, PSOL, PSTU, CEDS), apesar de criticarem as políticas da direção central e, eventualmente, falar contra a burocracia sindical, foram meras correias de transmissão da burocracia cutista. Em nenhum momento desfizeram as mentiras da direção central, seus discursos falaciosos e as circulares que visavam preparar o desmonte. Aceitaram passivamente a destruição da greve após a manobra da assembleia geral, propondo o mesmo caminho que a direção do CPERS e a não insistência de mantermo-nos em greve, pois dali não havia saído decisão alguma! Alguns núcleos de Porto Alegre não se responsabilizaram pela manutenção dos períodos reduzidos e sequer formaram comandos de greve regionais. No auge das mobilizações, quando cada assembleia regional tinha em média cerca de 100 presentes, foram limitadas as falas, numa reprodução da falta de democracia e de organização das assembleias gerais do CPERS.
        Todas estas correntes e núcleos de “oposição” falam pontualmente contra a burocratização sindical, mas os seus programas e o sindicalismo são os mesmos que o da atual direção; isto é, totalmente burocratizado. Repetem no CPERS à disputa entre PT e PSDB: na oposição se permitem todo o tipo de crítica; na direção mantém a mesma estrutura sindical burocratizada, da qual todas se beneficiam. A sua crítica é feita sob medida para consumo das bases; seus núcleos, na prática, são correias de transmissão da direção central; o seu programa e a sua atuação não permitem superar a burocratização sindical.

Sobre a realização do IX Congresso do CPERS
        Algumas destas correntes, através dos núcleos “de oposição” que dirigem, estão propondo tencionar a direção central para a realização do Congresso ordinário do CPERS. Até o presente momento, a diretoria não tocou no assunto e, no que depender dela, não tocará. Estatutariamente o CPERS deveria realizar congressos de dois em dois anos. O último foi em 2013, na cidade de Bento Gonçalves.
        O congresso, para ser produtivo, deveria ser precedido por uma longa discussão pré-congressual de teses; sobretudo na base. Nada disso foi feito. Pela atuação da direção central nesta “greve parcelada”, a realização do congresso em tão pouco tempo – menos de três meses para acabar 2015 – seria apenas uma formalidade burocrática que em nada contribuiria para a formação e a luta da categoria. Novos golpes seriam dados e o desânimo da categoria aumentaria. A burocracia sindical, utilizando-se do seu controle onipotente sobre o aparato, certamente asfixiaria o debate, reduzindo-o a uma farsa, uma trivialidade, cansando-o com inúmeros painéis e atividades culturais descolados da realidade direta da categoria. A pressão para a sua realização é importante, mas não pode estar desvinculada desta compreensão. É preciso propor um congresso para o ano que vem, com, no mínimo, 4 meses de debate de teses e programa, bem como um calendário e um método para fazer este debate chegar ao chão das escolas; caso contrário, ele se tornará apenas outra correia de transmissão da burocracia sindical para sabotar a nossa luta e desmoralizar a categoria.

A transferência do conselho geral para Santa Maria
        Após a destruição da greve e do retorno do sindicato a sua rotina burocrática, a direção do CPERS transferiu a reunião do conselho geral para Santa Maria. A desculpa oficial é acompanhar e “pressionar” o governo Sartori em uma audiência pública. Porém, trata-se de mais uma manobra visando fugir dos questionamentos e da pressão da base de Porto Alegre. O conselho geral foi bastante visado durante o período da “greve parcelada” e sofreu grandes pressões da base, sobretudo de Porto Alegre. Para ter maior liberdade de manobra, a direção central mudou o local da reunião para dificultar o acesso.

As lições da derrota
        A direção do CPERS foi vitoriosa na sua política de derrotar a força e disposição de luta da categoria contra o governo Sartori.  Esta se viu encurralada entre os ataques do governo e os golpes da direção do CPERS, que impediu que a luta contra o governo fosse radicalizada. A burocracia dirigente, na assembleia geral do dia 11/09, destruiu a possibilidade de uma greve consequente por tempo indeterminado para barrar os ataques.
        Estamos sofrendo o peso desta derrota no dia-a-dia das escolas, com uma carga de trabalhado excessiva, corte de repasses das verbas escolares, a ameaça permanente de parcelamento de salários, salários congelados, sucateamento da educação pública e todos os demais ataques encaminhados à Assembleia Legislativa pelo governo Sartori.
As correntes e muitos ativistas de “oposição” até podem falar contra a burocracia sindical, mas na sua prática não se encontra a denúncia persistente e a disputa para desmascará-la e propor uma política consequente no lugar da sua. Seu pensamento e programa são marcados pelo formalismo. Buscam alianças eleitorais com ela, como também não questionam seus métodos autoritários. Não estão dispostas a questionar os alicerces reais de toda a burocratização sindical, pois de uma forma ou outra fazem parte dela e procuram dissimular este fato com críticas vazias. Em suma: a derrota do nosso movimento grevista atual é o reflexo do controle da burocracia sindical sobre o CPERS, seja através da direção cutista ou das correntes de “oposição” que lhe orbitam.
Como sempre, a cada nova manobra burocrática que destrói a nossa luta, uma onda de apatia e descrença se espalha na categoria, mas precisamos resistir! Já apontamos que o principal entrave para a nossa luta é a burocracia sindical. Enquanto ela estiver presente no CPERS, amargaremos mais derrotas como a que vivemos nesta “greve parcelada”.
Apesar das traições da burocracia sindical, não podemos desanimar. A luta continua em defesa dos nossos direitos e contra os ataques do governo. Precisamos continuar nos organizando. É preciso que a base da categoria participe das plenárias, reuniões, assembleias do sindicato, fazendo propostas e impedindo as manobras da burocracia sindical. A partir de nossa organização por local de trabalho, poderemos construir a nossa independência de classe em relação aos governos e à burocracia sindical.
É preciso continuar construindo uma oposição consequente dentro do CPERS, que se enfrente politicamente com essa burocracia. Todos aqueles que entendem a necessidade desta organização que se somem nesta luta!





20 de set. de 2015

O QUE É BUROCRACIA SINDICAL?


        A questão fundamental do movimento sindical hoje gira em torno do problema da burocratização. Nenhuma luta poderá ser consequente enquanto os sindicatos estiverem sob a influência e o controle das burocracias sindicais. Para entender este fenômeno que degenera os sindicatos e emperra as suas lutas, é preciso remontar as origens do movimento operário.
        A história do proletariado começa na Inglaterra, na segunda metade do século 18, com o surgimento da máquina a vapor e o advento da Revolução Industrial. Durante quase todo o século 19 – época em que a Revolução Industrial se consolidou –, imperou sobre os trabalhadores uma ditadura aberta, que lhes negava o direito de sindicalização e organização para lutar por melhores salários e condições de trabalho. A exploração capitalista não tinha limites. Os seus teóricos – como Adam Smith – sustentavam que a associação de classe era nefasta, pois era considerada como contrária à liberdade individual, e criava obstáculos para a iniciativa privada, impedindo a “livre concorrência”. Entidades de classe ou qualquer tipo de mobilização para conquistar melhorias nas condições de trabalho eram violentamente reprimidas. Quando as Trade Unions (os primeiros sindicatos) surgiram na Inglaterra, foram imediatamente consideradas uma ameaça à ordem.
        Apesar disso, os trabalhadores aumentaram suas reivindicações e organizaram diversas lutas não apenas na Inglaterra, mas em toda a Europa. Estas lutas transformaram-se em rebeliões, sendo que muitas delas ultrapassaram as reivindicações puramente econômicas, politizando-se. Os sindicatos surgiram e se impuseram ao longo deste processo revolucionário europeu, com muitos avanços e retrocessos, mas arrancando da burguesia o direito de organização. Os sindicatos formaram-se com o objetivo de defender os interesses da classe trabalhadora e a melhoria do seu nível de vida. Foi este primeiro sindicalismo que conquistou a redução da jornada de trabalho para 8 horas, o direito ao voto, a licença maternidade, as férias, a proibição do trabalho infantil e a regulamentação do trabalho feminino. Para isso, infelizmente e a despeito de todo o discurso de que o “capitalismo é democrático”, muito sangue foi derramado.

As características dos primeiros sindicatos
        Os primeiros sindicatos se formaram na luta contra a exploração mais desumana da burguesia. As direções sindicais precisavam buscar sua legitimidade perante sua base constantemente, seja através dos caixas de solidariedade, dos fundos de greve, ouvindo seus anseios e necessidades para se eleger etc. A sua representatividade era um reflexo direto do seu trabalho de base e as suas bandeiras eram aquelas mais sentidas pelos trabalhadores explorados no local de trabalho. Não havia a estreita vinculação do sindicato à legislação burguesa e à estrutura estatal, tal como acontece hoje, bem como a liberação sindical, que distancia os dirigentes dos locais de trabalho. Os mandatos, em sua maioria, eram revogáveis; seja por determinação estatutária ou pelas difíceis condições das fábricas. Resumidamente, os sindicatos eram a expressão direta desta necessidade de organização dos trabalhadores frente à exploração brutal dos patrões. Não havia carreirismo. Eram os próprios trabalhadores que mantinham os sindicatos através de contribuições voluntárias, fundos de greve, de solidariedade. A existência desta representatividade sindical era o reconhecimento direto e real dos locais de trabalho, não uma imposição formal e compulsória.
        A primeira reação da burguesia foi tentar destruir os sindicatos, através da repressão ou da cooptação, institucionalizando a sua organização. Com essa assimilação dos sindicatos por parte do Estado, a burguesia criou a chamada “burocracia operária”, com base numa aristocracia melhor remunerada dos trabalhadores. A representatividade sindical deixou de ser direta e passou a ser através de funcionários carreiristas que dirigem os sindicatos. A independência material , que é um dos aspectos fundamentais da independência sindical, deixou de existir. Os sindicatos atuais são financiados através do imposto sindical e outras contribuições compulsórias. Essa é a base material da sua subordinação, burocratização e carreirismo. Sindicatos independentes devem romper com esse financiamento estatal e devem ser financiados diretamente pelos trabalhadores, retomando a prática das origens.

O fenômeno da burocratização sindical
        A burocratização sindical é um fenômeno que corresponde à época de decadência do capitalismo; isto é, à época imperialista, que se inicia com a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e se estende até hoje. Surge o que chamamos de “capital financeiro”, que funde o capital industrial com o bancário. As grandes empresas destroem as menores, formando os monopólios, cartéis e trustes, que controlam as fontes de matérias-primas, liquidam com o chamado “livre mercado” e a lei de oferta e procura é secundarizada, uma vez que determinam entre si os preços. Os países onde este processo se deu, (primeiro, EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Japão; e, atualmente, ainda que não na mesma intensidade, China e Rússia) são chamados de “imperialistas”, pois dominam os países neocoloniais, que lhes fornecem as matérias-primas a preço de banana, enquanto que lhes “emprestam” dinheiro para que comprem seus produtos de alta tecnologia. Os países imperialistas dominam econômica, política e militarmente (se necessário) os países neocoloniais.
        Assim, para sustentar-se, o capitalismo monopolista precisa apoiar-se nessa parte mais privilegiada da classe trabalhadora, que domina os sindicatos burocratizados, para que contenham as lutas proletárias. Entre os altos estratos dos assalariados, surge uma camada de dirigentes que negociam diretamente com os monopólios capitalistas, ao mesmo tempo em que dominam e freiam as suas bases sindicais. Essa “aristocracia operária” defende a ordem burguesa, sua “democracia” e legislação, pois disso depende os seus privilégios. Ela é beneficiária diretamente da dominação burguesa e da existência dos monopólios. Disso dependem suas condições diferenciadas de vida.
        O super lucro dos grandes monopólios permite subornar os dirigentes operários e a camada superior da “aristocracia operária”, diretamente ou através do Estado, subordinando-os de mil maneiras, diretas ou indiretas, abertas ou ocultas[1]. A principal maneira é a assimilação dos sindicatos por parte do Estado burguês, ao que damos o nome de “burocratização sindical”. A cooptação dos dirigentes sindicais, bem como das suas correntes ou partidos, não se dá somente pelo convencimento político ou ideológico reformista, mas também e fundamentalmente através de um sistema de corrupção desses dirigentes e correntes políticas, que passam a ter privilégios frente ao restante da categoria. Esses privilégios vão desde uma simples dispensa do trabalho, da utilização da máquina do sindicato em proveito próprio (carros, computadores, celulares, verba salarial de representação sindical, diárias e outros), até o recebimento de vultosas somas pela assinatura de acordos rebaixados, concessões de viagens nacionais e internacionais, patrocínio para atividades dos sindicatos, liberação do ponto, financiamento de campanhas eleitorais, contratação de parentes, amigos e correligionários para a estrutura sindical ou nas empresas que “representam”.
        Existe uma característica comum na degeneração das organizações sindicais de todo o mundo: a sua aproximação e a sua vinculação cada vez mais estreita com o poder estatal. Este processo é característico de todos os sindicatos, sejam dirigidos por qualquer partido da atualidade, ou que se reivindique “neutro” e “apolítico”. Este fato, por si só, demonstra que a tendência a estreitos vínculos não é própria de tal ou qual partido ou indivíduo, senão que provém de condições materiais da economia monopolizada, comum a todos os sindicatos. Por tudo isso, não há espaço para sindicatos reformistas, independentes ou autônomos: ou são revolucionários socialistas ou são correias de transmissão do capital imperialista. Na era da decadência imperialista, os sindicatos somente podem ser independentes na medida em que tenham consciência de serem, na prática, os organismos da revolução proletária[2].

A burocratização sindical no Brasil
        Os sindicatos atuais no Brasil são submetidos a uma legislação autoritária que remonta ao governo de Getúlio Vargas, inspirada no fascismo, que condiciona toda vida sindical e a submete ao controle do Estado. Nós defendemos um sindicato absolutamente independente do Estado burguês. Não reconhecemos o “direito” da burguesia interferir na nossa organização sindical. Não pode existir sindicalismo independente que se submeta a essa “estrutura sindical”.
        Depois do golpe militar de 1964, o controle sobre os sindicatos se aprofundou, dificultando qualquer forma de oposição e os vinculando ainda mais estreitamente ao Estado. O movimento sindical era dominado pelos “pelegos” através da estrutura sindical oficial. Realizavam atividades e levantavam “reivindicações” permitidas pela ditadura. Foram raros os movimentos que fugiram a esse esquema. O movimento sindical real acontecia na ilegalidade, nas chamadas oposições sindicais que depois vieram a dar origem à CUT. As centrais sindicais eram proibidas. Perto do fim da ditadura militar, os trabalhadores radicalizaram-se a tal ponto de fazer a estrutura oficial rachar e ter que tolerar a ascensão e o surgimento da CUT, que foi uma conquista sindical arrancada da ditadura e da burguesia pelos trabalhadores brasileiros.
        A orientação programática dada à CUT não foi além dos limites do reformismo, o que gerou uma séria contradição política. A sua função principal passou a ser conquistar o apoio da maioria da classe operária para dar suporte eleitoral ao PT, ainda que pese o fato de ter dirigido greves que conquistaram algumas reivindicações salariais, melhorias nas condições de trabalho e tenha ajudado a acelerar o fim da ditadura militar. Mas desde cedo a CUT traiu as principais greves de trabalhadores. O fenômeno de burocratização da CUT se confunde com o processo que levou o PT a ter o seu controle hegemônico. A CUT, quando surgiu, empunhava a bandeira da independência do Estado, mas, pouco a pouco, foi abandonando-a, até que, em meados da década de 1990, tornou-se partidária aberta do “sindicalismo cidadão”, que se intitulava como “sindicalismo de resultado”, mas que não se propunha a transpor os limites do capitalismo “democrático”. O lema “sindicato dirigido pela base” da época do nascimento da CUT nunca se transformou em realidade, pois as condições para tanto foram sendo abandonadas pela orientação reformista da direção.
        A adaptação política da CUT refletia a estratégia reformista do PT, que foi se adaptando cada vez mais ao capitalismo e recebendo as primeiras doações financeiras eleitorais da burguesia. Estas doações significavam apoio político ao projeto do PT. Em seguida, o partido elegeu os primeiros vereadores, deputados e prefeitos. Quando Lula assumiu a presidência em 2003, a CUT passou a ser o sustentáculo do governo no seio dos trabalhadores: sabotou a luta contra a reforma da previdência; ajudou a preparar as reformas sindical e trabalhista; defende o ACE, as MPs 664, 665 e toda a política oficial dos governos petistas que retiram direitos dos trabalhadores. A CNTE – sua sucursal na educação – defende a destruição dos planos de carreiras, o PNE e as “reformas” que privatizam a educação pública. Assim como a CUT só pôde surgir numa luta contra o regime militar, um novo sindicalismo e uma nova central só poderão nascer numa luta que transcenda o economicismo e volte-se contra a farsa do regime democrático-burguês, que não passa de uma ditadura disfarçada.
        As centrais sindicais que se formaram a partir de rupturas com a CUT (CTB e CSP-Conlutas) não romperam com a sua política e programa. Pelo contrário, possuem as mesmas práticas sindicais e políticas que sustentam a burocratização sindical; tanto é assim que fecham chapas unitárias para vários sindicatos do país e não veem nisso nenhuma contradição. O discurso da CSP-Conlutas é diferente de CUT e CTB, pois critica o governo Dilma e eventualmente fala em “socialismo” e “revolução”, mas tudo isso faz parte do jogo das aparências. Um olhar mais atento sobre a sua prática não deixa pedra sobre pedra.

O programa político da burocracia sindical é burguês ou reformista
        Coerente com a defesa dos seus privilégios, a burocracia sindical defende também um programa burguês ou reformista sem reformas, tanto que apoia veladamente os pacotes de arrocho do governo, sabotando a luta contra eles, favorecendo a dominação do proletariado. O seu programa burguês defende abertamente a sociedade capitalista e os projetos e políticos da burguesia, no sentido de aprofundar a exploração sobre os trabalhadores visando garantir os super lucros dos grandes monopólios estrangeiros e nacionais. O programa reformista surgiu como uma degeneração do movimento revolucionário socialista, que abdica da revolução para supostamente “reformar pacificamente” a sociedade burguesa. Para alguns, chegaríamos ao socialismo calma e pacificamente, apenas elegendo deputados e partidos “comprometidos com os trabalhadores”. As inúmeras experiências com os partidos reformistas – e com o PT, em particular – demonstram que esta estratégia não passa de uma enrolação burguesa para acalmar os trabalhadores e cooptar suas lideranças, até transformá-las em correia de transmissão direta da burguesia. O reformismo surgiu numa época em que o capitalismo podia fazer algumas tímidas concessões aos trabalhadores, pois a exploração era grande e os lucros monumentais. A burguesia atirava alguns restos da sua mesa farta. Essas condições não existem mais.
        Atualmente o programa burguês da burocracia sindical é defendido pela CUT, CTB, Força Sindical, Nova Central, UGT, CGT, CGTB; PT, PCdoB, PSB, PSDB, PMDB, PDT, PTB, PPL e os demais partidos burgueses que dirigem, direta ou indiretamente, as primeiras centrais. O programa reformista de outra parte da burocracia sindical, também burguês, é expresso pela Intersindical, CSP-Conlutas; PSOL, PSTU, PCB, PCO, dentre outras correntes minoritárias afins. Estes últimos partidos e centrais não se dizem “reformistas”, mas “revolucionários”. Contudo, basta ver a sua prática burocrática no movimento sindical para percebermos que isso não passa de um discurso vazio.
        Muitos trabalhadores vêem a causa da burocratização no domínio dos sindicatos por partidos, inclusive, algumas correntes ditas de esquerda, que propõe a sua independência dos partidos em geral. A própria burguesia incentiva esse suposto apoliticismo dos sindicatos. Na verdade, os sindicatos não podem ser independentes de partidos genericamente. Historicamente sempre foram ou dirigidos por partidos burgueses ou por partidos proletários, que não existem atualmente. É por isso que os atuais sindicatos estão inteiramente dominados por partidos burgueses, embora de forma mascarada, ou por partidos burgueses reformistas, que sustentam a burocracia sindical. Essa burocracia não pode ser derrotada espontaneamente pelos trabalhadores. Apenas um partido revolucionário pode derrotar a burocracia sindical e democratizar os sindicatos. O discurso “apartidário” coloca todos os partidos – burgueses, reformistas e o revolucionário – num mesmo saco, o que impede a criação de um movimento político consciente do proletariado.
Atualmente, dentro do CPERS temos ouvido a atual direção (totalmente atrelada ao PT e à CUT), bem como correntes satélites, dizerem-se “apartidárias”, mas isso é uma falácia. Aproveitam-se do preconceito “apartidário” e “apolítico” da população e da nossa categoria, em particular, para esconderem suas reais finalidades, que é manter sua dominação sobre os sindicatos e o movimento dos trabalhadores. Por trás desse discurso, escondem-se os partidos burgueses e reformistas. Lutam por “aparelhar” o sindicato e desrespeitam a democracia sindical e os seus organismos. O “apartidarismo” defendido pela burocracia serve para enganar os trabalhadores (já que, como vimos, ela está vinculada aos partidos burgueses ou reformistas) e ocultar a necessidade da construção do partido revolucionário. Querem que os trabalhadores fiquem desorganizados politicamente. O falso discurso apartidário da burocracia sindical remete às estratégias de marketing eleitoral: a campanha de Sartori (PMDB) dizia: “o meu partido é o Rio Grande”; a burocracia sindical diz “o meu partido é o sindicato”.

A burocracia sindical “no concreto”
        A burocracia sindical é constituída por uma casta que se encastela na direção do sindicato e se autoprotege contra a organização de base. Está ligada aos partidos burgueses ou reformistas (ainda que não necessariamente um burocrata sindical tenha que ser filiado a um partido formalmente). Sabemos que a burocracia, entendida como um “corpo de funcionários” com a função de administrar e dirigir uma entidade é, até certo ponto, inevitável. Seria impensável que todos os trabalhadores tomassem as rédeas diretas do sindicato e vivessem em assembleia geral permanente. Isso seria o ideal, mas não é possível por questões práticas. Quando falamos em “burocracia sindical” não estamos nos referindo ao funcionamento de uma grande entidade que, naturalmente, exige um “corpo de funcionários”, mas ao fenômeno de burocratização, que significa essencialmente que a burocracia autonomiza-se em relação aos seus representados, usurpa o poder que lhe foi concedido pelos trabalhadores e passa a usá-lo em defesa dos interesses da burguesia. Procura criar mecanismos para oficializar e legitimar esta “autonomia”.
Por sua própria natureza, a burocracia sindical é avessa a qualquer trabalho de base sistemático e inimiga visceral da soberania das bases. São mais importantes os procedimentos jurídicos, os estatutos, as leis, os “rituais”, a “tradição” cega; do que a luta, a organização e a conscientização dos trabalhadores. A organização das falas em reuniões e assembleias é uma “burocracia” necessária, caso contrário imperaria o caos e a desorganização. Mas reduzir inscrições, asfixiar o debate e as diferenças é sintoma de burocratização. O estatuto é importante para organizar o funcionamento dos sindicatos, mas usado para esmagar as minorias e as oposições é sinônimo de burocratização.
Os organismos de base não são respeitados pela burocracia sindical, pois as principais decisões são tomadas nos bastidores, nas cúpulas. Dirige-se o sindicato através de manobras, acordões e intrigas, à revelia da base da categoria. E quanto mais este processo torna-se consciente, mais a degeneração burocrática transforma-se em um monstro, que desmonta greves ou as incentiva no momento errado para auto promover-se, espanta a base, destrói consciências e sabota a organização sindical. Resumidamente, podemos dizer que a burocracia sindical é um dos pilares do capitalismo decadente, ajudando a burguesia e o seu Estado a explorar os trabalhadores e a sabotar a sua luta.

Precisamos desmascarar a burocracia para depois expulsá-la dos sindicatos!
        A luta contra a burocracia sindical é uma questão fundamental. Não é possível haver luta independente, manutenção dos antigos direitos e conquistas de novos sem a destruição da burocracia sindical e a devolução do poder para a base do sindicato. A vitória de uma oposição classista e revolucionária só será possível como resultado de uma compreensão política e teórica mais elevada da categoria. Essa tarefa, de longo prazo, é um desafio para a nossa oposição e, também, um dever de todos os trabalhadores conscientes.
É por isso que um dos passos fundamentais na derrota da burocracia sindical deve ser a conscientização dos demais trabalhadores sobre o problema central da burocratização, que devem responder com ações práticas no sentido de superá-la. Somente momentos de grandes lutas podem servir de base para esta superação, quando a base da categoria sai da letargia e do marasmo. É preciso que com paciência e perseverança criemos uma nova cultura sindical, conjuntamente com uma nova “opinião pública” dentro dos sindicatos. Práticas burocráticas tidas hoje como “comuns” e “naturais” devem ser abominadas pelos trabalhadores conscientes.
        O “apartidarismo” e a “neutralidade política” não são caminhos para derrotar a burocracia sindical. Os militantes independentes não libertam sozinhos os sindicatos da influência ideológica da burguesia, expressa pela burocracia sindical. A força dos trabalhadores reside na sua organização e no seu número. A massa independente precisa organizar-se. O sindicato é apenas o primeiro degrau. Existem outras formas tão ou mais importantes: as comissões por local de trabalho, os conselhos populares, os partidos proletários. O predomínio atual da burocracia é uma conseqüência das derrotas e da desorganização dos trabalhadores. A burocracia não pode ser derrotada pela espontaneidade, mas apenas por uma organização superior. As correntes burocráticas somente podem ser vencidas por uma corrente revolucionária, onde uma oposição sindical classista, como a Construção pela Base, tem um grande papel. Corrente política não é sinônimo de burocracia, mesmo que a quase totalidade das atuais correntes o sejam.
        A luta sindical está em crise em razão da burocratização dos sindicatos. Há perda de direitos sem novas conquistas. A nossa categoria não poderá conquistar novas reivindicações e sequer preservar as velhas enquanto a direção estiver sob controle da burocracia sindical, casta inimiga dos trabalhadores. O sindicalismo transformou-se numa profissão e o sindicato em cabide de emprego. Existe uma hegemonia absoluta dos partidos burocráticos no sindicato, que expressam a influência da burguesia. Isso explica o seu esvaziamento e a desconfiança da base em relação à direção. Um CPERS democrático, classista, independente dos governos só poderá surgir com a derrota da burocracia sindical e com a criação de mecanismos que garantam a soberania da base e o seu controle sobre a direção.

Programa de luta contra a burocratização sindical do CPERS
        - Fim dos privilégios sindicais: verba salarial de representação sindical, diárias, utilização indevida do aparato!
        - Rotatividade para a liberação sindical: máximo de dois mandatos seguidos por dirigente!
        - Mandatos curtos e revogáveis a qualquer momento!
        - Abertura das contas do sindicato: prestação de contas permanente nas assembleias gerais e decisão coletiva sobre onde aplicar o dinheiro!
        - Criação de um fundo de greve e formação teórica permanente.
- Comissão de controle financeiro independente da direção e eleita semestralmente em assembleia.
        - Respeito aos organismos sindicais: as decisões devem ser sempre coletivas, nas assembleias, congressos e fóruns, e, principalmente, respeitadas! Se a direção não cumpre o que é votado por maioria deve ser imediatamente destituída!
        - Desvinculação das formas de controle do Estado burguês!
        - Expulsão do quadro de sócios de filiados que assumem vaga no governo: sindicato é para trabalhador e não para o patrão!




[1] Lênin. Imperialismo, fase superior do capitalismo.
[2] Trotsky. Os sindicatos na época de decadência do imperialismo.

A APROVAÇÃO DOS PLs DO GOVERNO SARTORI PRENUNCIA TEMPOS REACIONÁRIOS

        Está sendo orquestrado contra a classe trabalhadora um plano de retirada de direitos sem precedentes, visando lhe passar os custos da crise capitalista e criar as condições para uma reestruturação produtiva nos moldes da China capitalista, isto é, a volta gradativa para as condições de exploração do século 19. Neste intento, nenhum meio será poupado: chantagem, hipocrisia, repressão policial, ideológica, perseguição, intimidação e  demissão. O capitalismo decadente tenciona a roda da História para trás.
            O sinal verde para este operativo começa a nível internacional com o falacioso rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco, que nada mais são do que os parasitas financeiros clamando por mais sangria no orçamento público para seguir com a especulação e a agiotagem. Estas "agências de classificação de risco" são as mesmas que maquiaram os números da Grécia - para que ela entrasse na zona do euro -, de Portugal, Espanha, Irlanda. A especulação financeira quebrou  os principais bancos do mundo e os seus prejuízos, perfazendo dezenas de trilhões de dólares, foram transferidos para os povos através da doação de dinheiro público para os bancos, que foram colocados novamente na especulação. Os ecos desse “rebaixamento” servem para que os setores da oposição de direita (PSDB, Dem, Solidariedade, PMDB, etc.) e da grande mídia intensifiquem sua pressão para mais cortes orçamentários, privatizações e o aprofundamento do “ajuste fiscal”. O subserviente governo Dilma se submete a essa pressão. Este alarde da grande mídia esconde que o Brasil é justamente o melhor pagador dos bancos internacionais, remunerando os títulos com taxas de juros estratosféricas, enquanto o FED norte-americano estabelece menos de 1% ao ano de rendimento destes papéis virtuais.
        O governo Dilma (PT-PMDB) não perdeu tempo: atendeu, através do seu ministro da fazenda, Joaquim Levy, os amos do norte e cedeu a chantagem da oposição de direita em nome da “governabilidade”. Já cortou R$ 70 bilhões, fez um novo corte de R$ 14 bilhões e outro de R$-28 bilhões; não combateu o projeto sobre as terceirizações; aplicou o ACE, as MPs 664 e 665; trabalha para destruir a previdência pública; não combateu sonegadores fiscais entre os grandes empresários, deu novas e maiores isenções de impostos para bancos e grandes empresas; e continuou refém dos mecanismos da dívida pública. Além disso, nem sequer responde à hipocrisia dos organismos financeiros internacionais porque é totalmente refém deles.

O PROJETO DE SARTORI DE DESTRUIÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
        Em nível estadual, o ataque se dá da mesma forma atroz e sem piedade. O governo Sartori (PMDB, PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV) está desmanchando o Estado em nome dos interesses do capital financeiro. Sua estratégia de não assumir nenhum compromisso nas eleições serviu para esconder o seu real programa neoliberal; e a farsa da democracia burguesa lhe deu todas as condições para isso.
        O parcelamento dos salários – sobretudo do magistério – faz parte da sua política de terrorismo psicológico. Os seus Projetos de Lei (PLs) seguem uma lógica e possuem um vínculo entre si e o programa político omitido nas eleições: a previdência complementar (que a mídia “doura a pílula” afirmando ser apenas para os futuros servidores) pode ser estendida a todos se o PL 206 for aprovado no dia 22 de setembro. Este PL cria a “lei de responsabilidade fiscal” estadual, que, prevê o descompromisso do governo com qualquer gasto social que exceda a arrecadação. Sendo assim, a previdência complementar pode ser estendida a todos os servidores através desta brecha, bem como a demissão de servidores (nomeados e contratados) e a privatização de diversos setores do Estado. A bem da verdade, a “lei de responsabilidade fiscal” deveria ser chamada de “irresponsabilidade social”.
        Para aprovar a primeira parte dos PLs – que privatizam ou extinguem inúmeras fundações estatais fundamentais – no dia 16 de setembro, o governo usou o aparato repressivo (polícia e BOE) e o aparato ideológico (grande mídia). Não poupou esforços e nem mentiras para se contrapor aos piquetes dos servidores, que haviam impedido a votação no dia 15. Além da polícia e da grande mídia, o governo ainda contou com o apoio das burocracias sindicais do fórum dos servidores – e a do CPERS, em particular – que frearam e sabotaram a luta, “parcelando” e desmontando a greve.
                                                                                                               
A CONSCIÊNCIA DA REAÇÃO DISFARÇADA COM GRITOS DE DEMOCRACIA
        A grande mídia tem se superado dia a dia nas distorções e intrigas. Primeiro foi o vigarista Wianey Carlet, comentarista esportivo da Rádio Gaúcha, que falou sem papas na língua o que ZH e outros jornais falam subliminarmente. Outro intriguista, David Coimbra, escrevendo diretamente dos EUA, de onde prega suas ideias e tendências políticas e econômicas, quis criminalizar os piquetes na Assembleia Legislativa e os professores, afirmando ser isso um atentado contra a “casa do povo”. Como bom cínico, David Coimbra esquece propositalmente toda a estrutura autoritária do Estado, dos aparelhos de repressão, da falta de democracia, do rechaço aos políticos, que representam a si mesmos e aos empresários e bancos que lhes financiam a campanha eleitoral, e de uma votação já decidida de antemão, para criminalizar perante a opinião pública a luta dos servidores que se organizaram para impedir a retirada dos seus direitos da única maneira possível no momento: fazendo piquetes na entrada da ALERGS. Como mercenário pago com altíssimo salário para mentir e ludibriar, David Coimbra vende a ALERGS como a “casa do povo”, quando é somente a casa do empresariado contra o povo, como a experiência de anos nos comprova.
Quem é este homem que defende conscientemente as posições da grande burguesia brasileira e fala diretamente de Boston? É este o comentarista que queremos para escrever todos os dias nos jornais e falar na TV para influenciar centenas de milhares de pessoas? É esta a liberdade de imprensa que desejamos, com tribuna livre para os vigaristas e a polícia para os lutadores sociais? A noção de democracia do David Coimbra resume-se ao que segue: “Feche tudo, Sartori, corte tudo, mas não tire um único policial da rua, não racione a gasolina das viaturas, não diminua o horário das delegacias” (ZH, 19.05.2015).
Outro expoente da reação está dentro do parlamento e atende pelo nome de Marcel Van Hatten (PP). Por toda a sua atuação política, ele encarna os 500 anos de espoliação colonial do país, a farra da elite sobre os ombros dos trabalhadores, os interesses vorazes da burguesia, sem nenhuma máscara, inclusive com posições abertamente fascistas. É um anticomunista fanático (uma espécie de McCarthy tupiniquim), combatendo abertamente a luta dos trabalhadores e defendendo o que os outros deputados apenas sussurram timidamente, com medo de perder votos. Associa o PT à esquerda e todos os militantes da esquerda ao PT. É um amálgama que beneficia o seu projeto político, confunde os trabalhadores e é amplamente divulgado pelos meios de comunicação e pelas redes sociais, justamente para tencionar o senso comum pela direita. A sua defesa da “democracia” é uma falácia, pois só serve para dissimular o seu fascismo expresso nas suas posições políticas.

É PRECISO UNIFICAR O FUNCIONALISMO PÚBLICO NUMA
FRENTE ÚNICA DE RESISTÊNCIA
        No movimento sindical, a reação se dá principalmente através da burocracia sindical (PT/CUT, PCdoB/ CTB, etc.) que desmonta as greves, a resistência organizada, não faz nenhuma denúncia coerente do governo, da “direita”, da grande mídia e dos golpes do capital financeiro. Apenas prepara o caminho para a volta eleitoral do PT para que ele continue fazendo o mesmo, com outro discurso e com outra prática, ao mesmo tempo em que preserva e sustenta o nefasto regime democrático burguês. No dia 16 de setembro, a direção do CPERS armou um palanque eleitoral para os deputados de oposição na ALERGS, do PT e do PSOL. Sua denúncia dos ataques e a sua “luta” não foram além do desgaste eleitoral, incitando os trabalhadores a esperar passivamente pelas eleições do ano que vem e de 2018. Este método é o enterro do movimento sindical e o sinal verde para o aprofundamento da reação política e econômica contra os trabalhadores. A burocracia sindical de esquerda (PSTU, PSOL, MLS etc.), também não se opõe de forma coerente ao governo e à burocracia governista.
        Só poderemos resistir e superar este “tempo reacionário” que se aprofunda com a intensificação da nossa luta. É preciso mobilizar todo o funcionalismo numa frente única contra os pacotes de Sartori, desmascarando as direções traidoras e forçando algumas a apoiar as mobilizações, sem ilusões em nenhuma delas.  A nossa luta não se resume aos pacotes de Sartori, mas deve denunciar e combater as suas causas, a política geral da burguesia contra os trabalhadores. Por isso, a Construção pela Base defende:
Ø Campanha de denúncia da fraude da dívida pública, que já está paga;
Ø Pelo fim das isenções fiscais às grandes empresas;
Ø Contra o ajuste fiscal de Sartori e Dilma: denúncia, agitação e luta de resistência implacável contra todas as suas medidas;
Ø Denúncia da transformação da luta sindical num palanque eleitoral para os partidos burgueses e reformistas: a luta sindical deve se tornar uma luta política de todos os trabalhadores contra os governos, não uma luta de desgaste eleitoral;
Ø Contra o autoritarismo das direções de escola e das repartições públicas que, através do assédio moral, querem arrefecer a nossa luta, realizando denúncias públicas;
Ø Contra as demissões no funcionalismo público: pelo direito ao trabalho!
Ø Contra as burocracias sindicais, seja de situação ou de oposição: denúncia do seu papel e das suas manobras; resistência aos seus projetos de conciliação e de desmonte das greves e incoerências na luta.
        A reação política, ideológica e social que vivemos, no mundo, no Brasil e no RS, impõe a necessidade de uma frente única de resistência com todos os setores que se disponham a promover a mobilização contra os ataques do governo Sartori e Dilma.