Governo Tarso e RBS/ZH dizem que o resultado
do concurso do magistério foi um fracasso porque os professores têm pouco
hábito de estudo e por que era necessário fazer um "nivelamento por
cima" sendo mais rígido na seleção; segundo ZH: isso "vai
disponibilizar aos alunos profissionais mais bem preparados" (ZH,
18/05/2012). Em todos os jornais culpam os próprios professores pela reprovação
em massa, desconsiderando propositalmente todas as outras circunstâncias. Fazem
uma alusão irônica ao suposto índice de reprovação do Ensino Médio gaúcho.
Esse discurso da rigidez das provas é
extremamente contraditório com o discurso do governo Tarso, amplamente apoiado
pela grande mídia. Não vivemos a época da "avaliação emancipatória",
de "priorizar outras formas de avaliação além da prova"? Este é o
linguajar do governo Tarso na Reforma do Ensino Médio e de cobrança nas escolas
para reverter os citados “índices de reprovação”, visando pressionar os
professores pra aprovar os alunos; mas quando se trata do resultado do concurso
essas belas palavras floreadas não valem!
Ocorreram inúmeras irregularidades neste
concurso: alternativas que foram alteradas sem anular a questão, realização de
novas provas em Uruguaiana, pontuação igual entre candidatos reprovados e
aprovados, dentre outras. O que não podemos esquecer é que a reposição do
quadro do magistério é feita preferencialmente via contrato emergencial e, como
todos sabem, são relações de trabalho extremamente precarizadas, sem plano de
carreira e, por conseguinte, sem estabilidade. Até hoje ninguém sabe ao certo
qual é o código de leis que os rege (reza a lenda que é a CLT, mas pela prática
e pelo que acontece nas escolas podemos ver seguramente que não é).
E o ocultamento do real número de contratados
prossegue para que a categoria não se conheça a si mesma. Zero Hora fala em 18
mil; governo Tarso (via site da FDRH) fala em 21 mil; o jornal Alto Uruguai, do
interior, fala em 30 mil; a sensação para quem vive nas escolas é que são mais
da metade. Dos 10 mil previstos para nomeação neste concurso, foram aprovados
apenas 5 mil. Não há dúvida que o governo Tarso optou por não nomear os 5 mil
restantes para continuar o regime de contrato emergencial, com o discurso
mentiroso de "rigidez na seleção". O que ele não diz é que o caixa do
concurso foi "muito bem, obrigado": arrecadou 8 milhões; e agora o
governo fala em um novo concurso. Perguntamos: com os mesmos métodos? Com os
mesmos critérios? Com a mesma finalidade? Com o mesmo preço? Seguramente: sim!
Enquanto o governo e a mídia massacram nossos
ouvidos sem nos dar direito de resposta, o CPERS mantém-se num silêncio
cemiterial e vergonhoso. Até o momento não falou uma única palavra! Pros
dirigentes do nosso sindicato esse concurso extremamente limitado, cheio de
problemas e que sequer reconhece o Piso como remuneração básica no edital, foi
uma "conquista da nossa luta". Frases cheias de floreios pra, mais
uma vez, ludibriar os educadores e fazer auto propaganda enganosa.
E não foi por falta de aviso. Em 4 de
fevereiro de 2012 nossa oposição já alertava: “O concurso público do magistério
que está sendo promovido pelo governo Tarso, previsto para abril de 2012, é
mais um presente de grego do que o atendimento a uma reivindicação da
categoria” (vide:
http://construcaopelabase.blogspot.com.br/2012/02/relacao-dodecretarso-com-reforma-do.html).
Se o CPERS realmente defende o plano de
carreira é hora de levantar a bandeira de sua extensão aos contratados, de
defender a sua estabilidade. Chega de enrolação! A prova do concurso não prova
nada. Os contratados cumprem a mesma jornada, as mesmas metas, as mesmas
exigências. O assédio moral pesa assombrosamente nos seus ombros! A mobilização
sindical para eles é muito mais difícil! Continuar fingindo que concursos como
esse vão levar a novas nomeações é iludir a categoria, é continuar aprofundando
a divisão da categoria e, por consequência, aprofundando a desmobilização,
enquanto o governo Tarso, à mando do Banco Mundial, perpetua a contratação
emergencial.
- Defesa dos Planos de Carreira e contra o Calote do Piso! Em defesa
da Educação Pública!
- Contra a privatização que está em curso através da reforma do
Ensino Médio e do novo PNE!
- Defesa da estabilidade e pela efetivação dos contratados!
- Mais verbas para educação pública!
- Contra os cortes de verbas de 1,9 bilhão do governo Dilma!