No dia
14 de março aconteceu no Gigantinho a Assembleia Geral do CPERS. Nela, o
principal objetivo da direção do sindicato foi ratificar a aprovação da “Greve
Patronal” da CNTE. A assembleia foi manobrada todo o tempo pela burocracia
sindical neste intuito, fato sentido pelo próprio plenário, que manifestou um
princípio de descontentamento com o atual funcionamento das assembleias,
exigindo o fim das várias falas repetitivas. Foi uma assembleia com pouca
participação, contando com cerca de 1100 trabalhadores.
É histórico, nas
assembleias gerais do CPERS, utilizar o método burocrático que impede um debate
construtivo de preparação da categoria para luta, que asfixia a oxigenação do
movimento com novas propostas e mantém os trabalhadores sob controle das burocracias
e das pautas da direção, isto é, para que nenhuma proposta diferente das
acertadas no Conselho Geral seja discutida. A tática é utilizar muitas falas
enfadonhas na avaliação, que fazem coro ao continuísmo, para cansar a
categoria, que nada acrescentam na luta e na conscientização de nossa classe,
assim, ficando pouco tempo para debatermos e decidirmos o que realmente
importa, como propostas de organização e mobilização para continuar enfrentando
o governo Tarso, para formar teoricamente a categoria e para encaminhar as atividades
sindicais para o período.
Contraditoriamente,
mesmo que tenhamos aprovado em Assembleia e em Conferência Estadual rechaço ao
PNE, por representar um plano que desmonta a educação pública no país,
destinando milhões para o empresariado através de isenções fiscais através das
parcerias públicas privadas, e da destinação de verbas do MEC para o PRONATEC,
engordando o bolso do empresariado do Sistema S (SESI, SENAI, SESC...), a
direção do CPERS unida com a CNTE, conseguiu passar a “greve patronal” justamente pela falta de debate e de
conscientização junto à base da categoria, que em sua maioria não sabe do que
se trata. Para se disfarçar como “defensora
dos trabalhadores”, a direção do CPERS propôs uma pauta estadual pra tentar justificar
a participação na greve patronal da CNTE, se declarando da boca para fora
“contra o PNE”. No Jornal do Almoço de 18 de março, a Secretária Adjunta, Maria
Eulália, falou abertamente que a defesa do PNE era uma pauta com a qual o
governo tinha acordo e a presidente do sindicato não a “desmentiu”, confirmando
sua cumplicidade com o governo Tarso.
Não existiu uma
paralisação estadual contra o governo Tarso. A paralisação patronal da CNTE –
que teve como verdadeiro objetivo a aprovação do PNE – não atende aos
interesses da categoria, como querem nos fazer crer a direção e seus aliados.
Essa greve mistura bandeiras legítimas de nossa categoria com aquelas que
servem aos interesses do governo, facilitando, a partir desta confusão, a
aprovação dos projetos governamentais que retiram nossos direitos. Mas não é
possível agradar gregos e troianos. Como o governo do PT controla as direções
do movimento sindical CUT/CNTE/CPERS e a burocracia sindical atua como cúmplice
do governo, confundindo e deseducando politicamente a categoria, os únicos
eixos que realmente valem são os governistas. Não podemos ser ingênuos!
Além disso, esta
assembleia aprovou atropeladamente uma mudança estatutária que aumenta o peso
dos aposentados no Conselho Geral, sem nenhum tipo de discussão nos núcleos e
na Assembleia Geral.
As correntes da
burocracia sindical tiveram total unidade e votaram pela greve da CNTE-CUT.
Apesar dos discursos demagógicos de contrariedade à estas entidades, na
prática, estão todos juntos. Na concepção da Articulação Sindical (PT), esta
greve não precisava sequer ser votada pela assembleia, uma vez que já havia
sido decidida na cúpula da CNTE, em seu “congresso pelego” de janeiro. A
Construção Socialista (CS) se absteve de se posicionar para não complicar os planos
gerais da direção, que no essencial são os mesmos que os seus.
A GREVE PATRONAL
E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS
A
greve da CNTE-CUT aprofundou a confusão, a desorientação, o afastamento da base
do sindicato. Serviu para reforçar a corda em volta do nosso pescoço e a
influência da CNTE-CUT no nosso sindicato, com total apoio da direção do CPERS
e das centrais (CSP-Conlutas, Intersindical e CTB). Este quadro aprofunda a
desorganização da categoria, aumenta sua alienação e deixa-nos sem nenhuma
perspectiva de luta pelo resto do ano. Isto é de interesse da burocracia
sindical e suas correntes porque as libera para as eleições sindicais de junho
e para fazer campanha eleitoral em outubro. Infelizmente esta greve representou
um novo triunfo do sindicalismo burocrático sobre o sindicalismo revolucionário
e classista.
Uma
das manobras pensadas inicialmente pela direção do CPERS foi propor greve por
tempo indeterminado, iniciando, evidentemente, com os 3 dias da paralisação
patronal da CNTE-CUT. Considerando o ânimo da categoria, ninguém defendeu esta
proposta na assembleia.
Nós, da
Construção pela Base, não participamos da GREVE PATRONAL em defesa do novo PNE
porque, como falamos à exaustão, os objetivos são contra os trabalhadores.
Aprovar o “novo PNE” significa aprofundar a retirada de direitos e a privatização da educação pública.
Entendemos que os trabalhadores foram enganados e manipulados pelas direções do
CPERS e da CNTE-CUT mais uma vez, como foram em 2012 e 2013, conforme
denunciamos nas assembleias. A burocracia sindical apoiou-se no justo
descontentamento da categoria e numa pauta estadual que supostamente defendia o
interesse dos trabalhadores, para disfarçar seu apoio a esta greve, que nada
mais é do que apoiar a pauta do governo.
Nesse
sentido, defendemos um sindicato independente do governo (e, portanto, da
CNTE-CUT e da burocracia do CPERS) para avançarmos na consciência de classe e
na defesa dos nossos direitos. Queremos a construção de um calendário de
mobilização contra os planos do governo Tarso, formação da categoria e o início
do debate de desfiliação da CUT, que foi aprovado no Congresso de Bento. A base
da categoria precisa ocupar os espaços do CPERS e tomá-los em suas mãos para
colocá-lo no caminho das lutas contra os governos a serviço do grande capital, que
estão destruindo a educação pública. É urgente iniciar uma ampla formação
teórica e política de nossa categoria para ajudá-la a identificar e construir
os seus eixos de mobilização e de greve, o sentido de sua caminhada, a análise
das suas reais condições e a busca pelo enraizamento junto à base. É somente
por meio deste processo que nós recolocaremos o CPERS na trilha da realização
de greves vitoriosas.