O documento lançado
pelo governo Sartori (PMDB, PSD, PP, PPS, PSDB, PSB, PDT, PTB, PRB, PV) com o sedutor título de “Um novo futuro, um novo estado”, deveria ser chamado de “O fim do futuro com um Estado mínimo”. Ele
fala em “enfrentar a calamidade
financeira do RS”, mas não diz nada sobre o porquê dela. Sem nenhum
escrúpulo, afirma que está apostando na “sustentabilidade
e na justiça social”, além de ter realizado “avanços na transparência e na redução de CCs, gastos com diárias,
passagens e consultorias”. Sabemos que o governo Sartori torrou dinheiro
público em CCs, viagens e consultorias (algumas cobriam metade do pagamento da
folha do funcionalismo). O pacote não passa de uma farsa e não resolverá a
crise financeira do Estado. Tem a única intenção de confundir e dividir a
opinião pública colocando-a contra os trabalhadores dos serviços públicos para,
desta forma, conseguir o triunfo dos planos de austeridade e o fim dos serviços
públicos no Estado.
Este papo de
“transparência” do governo não passa de enganação: o mesmo não divulga quais grandes empresas que são beneficiadas com
isenções fiscais, suas contas secretas e os seus gastos internos. Em
entrevista recente, Giovani Feltes defendeu as isenções fiscais às grandes
empresas, dizendo: “ainda que haja déficit estimado em R$ 3 bilhões para 2017,
os ‘incentivos’ ficais devem chegar a R$ 9 bilhões”; e concluiu que, sobre os
números, “não há transparência” (http://www.radioguaiba.com.br/noticia/apos-deputado-afirmar-que-nao-ha-deficit-para-2017-governo-do-rs-defende-manutencao-de-incentivos-fiscais/).
Só acabando com as isenções fiscais já resolveríamos a crise financeira, mas o
governo quer aplicar o pacote e passar goela abaixo o ajuste fiscal justamente
para continuar beneficiando estes setores do grande capital.
A
PEC 241-55, o pacote do governo Sartori/Temer (PMDB e aliados), bem como todas
as demais medidas do ajuste fiscal impostas por ambos, visam beneficiar a
especulação financeira e os grandes bancos; isto é, atendem os interesses do
pagamento da dívida pública, que leva metade do orçamento público anual. As
primeiras medidas do governo Sartori não deixaram dúvidas: aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal Estadual, cuja principal função é garantir o serviço de
pagamento da dívida com a união em detrimento dos serviços públicos. A ordem do
capital é privatizar a toque de caixa os serviços públicos, deixando a
população que depende deles totalmente desassistida e a mercê do lucro do setor
empresarial, a exemplo do setor educacional do Chile ou da saúde pública dos
EUA.
Nenhuma
das propostas do atual pacote do governo Sartori serve para resolver os
problemas da “calamidade financeira” do RS. A economia de gastos com CORAG,
FDRH e outros terão que ser compensadas por serviços terceirizados a um custo
bem maior. O pacote do governo não afirma abertamente que irá privatizar a
educação e a saúde. Estas privatizações não estão sendo anunciadas, pois o
processo de destruição da educação e da saúde pública já está em curso através
do parcelamento salarial, corte de verbas, do fechamento de turnos e de
escolas, preparando, com isto, a futura demissão dos servidores públicos e restrições
de vagas nas escolas públicas. Além disso, a MP 746 “Contrarreforma do Ensino
Médio”, reduzirá drasticamente o número de matrículas no ensino médio, pois
parte dos estudantes será jogado para o Sistema “S”, que lucrará em cima da
diminuição ou mesmo ausência de serviços públicos. Estas medidas já estão sendo
executadas e beneficiam apenas o capital.
O
governador, em suas incursões diárias nos telejornais da grande mídia,
continuou sua campanha afirmando que “todos
os setores da sociedade estão fazendo sacrifícios: empresários, o legislativo,
o judiciário”. Setores da grande mídia (em especial ZH )
defenderam o mesmo. Isso é um deboche! Trata-se de uma mentira institucionalizada!
Nenhum dos setores citados está fazendo sacrifícios. Os setores citados não apenas não estão fazendo nenhum
sacrifício, como todas as “reformas” propostas por este pacote e as demais
medidas do ajuste fiscal pretendem continuar atendendo exclusivamente os
interesses e as exigências da especulação financeira e dos seus rendimentos.
Trata-se da consolidação do Estado como beneficiário dos sanguessugas do grande
capital, socializando prejuízos e privatizando lucros. Não é casual que o
pacote do Sartori e a PEC 241/55 não falam em teto de gastos com a dívida
pública.
O QUE OS SINDICATOS
DE TRABALHADORES DEVEM FAZER FRENTE A ISSO?
É
preciso fazer uma grande campanha de mídia de esclarecimento da opinião
pública, de que o verdadeiro responsável pela inviabilidade financeira do
Estado não são os serviços públicos ou a previdência social, mas o parasitismo
da especulação financeira e da dívida pública; isto é, os mecanismos de
sustentação do grande capital. Estão tentando viabilizar a continuidade do
saque do orçamento público para o pagamento das dívidas públicas em detrimento
dos serviços públicos e da vida do povo.
DE
VOLTA AO PASSADO
Toda a argumentação
do governo e da mídia é que isso garantirá um “Estado mais moderno” e melhores
condições financeiras. Já vivemos um período de grandes privatizações na década
de 1990. Da mesma forma que hoje, naquela época a grande mídia e os políticos
burgueses venderam a ideia de que a privatização era o futuro, a modernização.
Qualquer medida em contrário era o atraso. Devemos nos perguntar agora: o que
de bom trouxe a privatização da Vale do Rio Doce, da CRT e da Telebrás para o
povo? Para onde estão indo os rendimentos destas grandes empresas? Que
desfalque deixaram para o caixa dos Estados? Seriam os serviços públicos
inviáveis ou eles foram inviabilizados pelas antigas privatizações, que secaram
o caixa do financiamento estatal capaz de garanti-los? Seria a privatização a
garantia de futuro ou apenas a preparação para uma futura e pior crise
econômica?
Todas as respostas a
estas perguntas foram dadas da pior maneira possível. Os trabalhadores pagaram
a conta e a destruição dos serviços públicos foi o resultado inevitável desta
política econômica. Agora precisamos tirar a lição e não deixar que a população
caia no conto do vigário novamente.
Estão nos passando a
conta da sua crise econômica! Nos organizemos política e sindicalmente para não
deixar isso acontecer! O problema, contudo, é que hoje os sindicatos estão
burocratizados. Precisamos de um programa classista e revolucionário para
destravarmos esta ferramenta de luta afim de podermos combater o pacote do
Sartori e a PEC 241/55. As novas gerações de militante precisam ser formadas
dentro desta consciência e perspectiva sindical. Precisamos retomar, pela base,
nossas ferramentas de lutas, os sindicatos, e reformulá-los e torná-los
independente do Estado, dos governos e dos patrões! À luta trabalhadores!