15 de out. de 2016

A APROVAÇÃO DA PEC 241 E A CONIVÊNCIA DO MOVIMENTO SINDICAL GOVERNISTA

         No dia 11 de outubro o governo Temer (PMDB, PSDB, DEM, PSD, PR, PRB, SD, PTB, PDT e PSC) fez aprovar no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que tem a finalidade de congelar os gastos públicos em áreas como saúde e educação por 20 anos. Trata-se de uma exigência da burguesia imperialista, feita por intermédio do Banco Mundial e do FMI, para conter a crise capitalista internacional às custas do aumento da exploração dos países semi coloniais. Temer não encontra resistência para colocar em prática o programa político do golpe, que é o aprofundamento do ajuste fiscal contra os trabalhadores. Foi para isso que a direita e o imperialismo lhe concederam este “mandato”.
        A visão que está se impondo é a que a crise econômica do país é fruto exclusivo da corrupção dos governos petistas. Isto é uma falácia. É certo que vimos grandes escândalos de corrupção nos governos do PT, mas houveram outros tantos, iguais ou piores, nos governos do PSDB e do PMDB. Esta distorção tem o patrocínio da grande mídia e do senso comum da classe média. As organizações de “esquerda” não estão conseguindo desfazer estas confusões. Sequer tem a preocupação de disputar as versões. O PT e o PCdoB, por exemplo, não podem falar os reais motivos da crise, porque foram gestores do capitalismo por dois mandatos. A crise econômica é o resultado da crise estrutural do capitalismo, que se expressa no aumento da miséria, do desemprego, da inflação, do custo de vida, na retirada de direitos. 
        Ainda faz parte da ofensiva da direita a tentativa de criar uma ideia de que o ajuste fiscal irá solucionar os problemas do país e acabar com “privilégios” do funcionalismo público. Para isso, escondem que este ajuste atroz contra os trabalhadores em geral serve para garantir os privilégios da elite: a proposta de reforma da previdência foi feita por um político que se aposentou aos 51 anos; enquanto retiram direitos e destroem os serviços públicos, os privilégios dos políticos, ex-políticos, juízes, militares, empresários e banqueiros continuarão intactos. Para garantir a aprovação da PEC 241 o governo Temer promoveu um banquete para os deputados patrocinado pelo dinheiro público. A aprovação da PEC 241 recebeu o apoio de FHC, conhecido dilapidador do patrimônio público. Na esteira da “Reforma” da Previdência, o governo Temer pretende destruir o Ensino Médio das escolas públicas para garantir o dinheiro público para o serviço de pagamento dos juros da dívida pública. A CLT será destruída em nome dos “acordos coletivos especiais” com os patrões. Nenhum verdadeiro privilégio é questionado. Pelo contrário: iludem o povo de que combatem privilégios para salvar os privilégios reais da burguesia. 
        Todas as medidas do ajuste fiscal não resolverão nenhum problema da economia e do povo brasileiro. Apenas prepararão novas e piores crises, que exigirão ainda maiores sacrifícios do povo. É o beco sem saída que o capitalismo nos jogou. O que poderia quebrar este círculo vicioso é uma revolução, que colocaria realmente em xeque todos os privilégios da elite. Nenhuma organização de “esquerda” com alguma influência sobre as massas se propõe a isso. A conciliação de classes promovida pelo PT nos trouxe a esta situação caótica que estamos vivendo. 


A PARALISIA DO MOVIMENTO SINDICAL DIRIGIDO PELO PT.
 
        Poderíamos resistir ao golpe se os movimentos sindical e popular estivessem trabalhando no sentido de preparar a classe trabalhadora para enfrentar os ataques,  a partir da organização e conscientização por local de trabalho, mobilizando contra  o governo, mas não chamando os trabalhadores para defender o governo Dilma, como estão fazendo. Porém, estamos acompanhando o oposto: uma tentativa de paralisar totalmente os trabalhadores e deixá-los como meros expectadores da retirada dos seus direitos. Se esperaria que os movimentos ligados à CUT estivessem trabalhando para derrotar os “golpistas”, mas estamos vendo apenas novos e piores conchavos de bastidores: a aliança do PT e PCdoB com os partidos “golpitas” em várias cidades do país para disputar as eleições; a orientação reformista, de espera passiva por uma mudança de conduta dos parlamentares. Em suma: a disseminação das ilusões de que os trabalhadores podem barrar os ataques da direita – como a PEC 241 - com conchavos de bastidores, como se fosse possível tencionar por dentro das instituições burguesas alguma medida em benefício dos trabalhadores e implorando de joelhos para que os parlamentares burgueses votem contra a PEC 241. Tudo isso foi ignorado pelos políticos burgueses, que governam para a elite. 

        Desta estratégia política, bem como das eleições burguesas, nada podemos esperar. Apenas piores e maiores ataques contra nós; além de novos golpes parlamentares, tal como o impeachment. A paralisia do movimento sindical é um absurdo que cobrará um preço enorme dos trabalhadores no futuro. No Estado, o CPERS está totalmente inerte. Nem sequer períodos reduzidos é capaz de propor. Ocupações de escolas acontecem em outras regiões do país e aqui no RS não há um único movimento por parte do CPERS, UMESPA, UBES ou Juntos. Obriga os trabalhadores em educação a assistir, passivos, a retirada de todos os seus direitos. É este o papel cumprido pelo sindicalismo patronal do PT  que ganhou as últimas eleições sindicais exatamente para este fim: garantir que o empresariado retire direitos do povo sem resistência. Estamos acompanhando a prova viva.

        É preciso que a vanguarda combativa e consciente do movimento sindical supere de uma vez por todas o sindicalismo reformista e crie as condições para a expulsão destes burocratas vendidos das fileiras do nosso sindicato. Para isso, dentre outras ações, temos que transformar a luta contra as medidas do governo Temer numa conscientização de largas camadas de trabalhadores no sentido de transformar a nossa luta sindical em uma luta contra o sistema capitalista, que é o real patrocinador e sustentáculo do golpe, do ajuste fiscal e da destruição do nosso futuro.

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