3 de jan. de 2020

LEITE ATACA O DIREITO DE GREVE!

O governo Eduardo Leite (PSDB e comparsas) trabalha para sustentar o corte do ponto dos grevistas. Com esta ação intransigente, pretende jogar uma pá de cal na greve da nossa categoria. Leite se aproveita da conjuntura favorável e do apoio dos grandes empresários ao seu projeto, usando claramente as bandeiras de direita que instigam o ódio contra os servidores públicos, tal como afirmações reacionárias de que não pagar os dias de greve "seria um respeito ao dinheiro do contribuinte"*, além de que ele "não pode e não vai pagar o que não foi cumprido de trabalho". Orgulhosamente diz que fez isso com os servidores de Pelotas.

O cinismo dos tucanos não tem limites e não reconhece nenhuma legalidade! Trata-se de um ataque frontal ao direito de greve, pois Leite sabe que existem acordos de fim de greve para reposição dos dias parados. Portanto, é mais uma afronta à Constituição brasileira que, repetimos, é respeitada pelos governos apenas quando convém. Esta ação truculenta e inconstitucional do governo Leite mereceria uma punição exemplar da justiça, uma vez que o CPERS e o comando de greve deram claras demonstrações de querer negociar os dias paralisados. Porém,  o PSDB, utilizando-se dos seus quadros infiltrados na justiça, não apenas não o farão, como continuarão sustentando a decisão de corte do ponto, assim como tantas outras ações flagrantemente inconstitucionais e injustas. É neste contexto que precisamos interpretar a afirmação pela negativa de Eduardo Leite: "Não tem nenhum desrespeito à greve".


Executivo e justiça burguesa se entendem sempre quando é pra se posicionar contra os trabalhadores!

O governo Leite e o PSDB não querem destruir apenas o funcionalismo público e as suas carreiras, mas, também, o direito de greve, que por mais limitado que seja, instiga outras categorias, inclusive do setor privado. Isso pode ser visto claramente na parte de sua entrevista à Rádio Guaíba, que diz o seguinte: "o grande ponto para nós é que o governo não pode estimular paralisações e greves". Este cinismo retórico é característico de quem está amparado por marqueteiros e que sabe dialogar com o sentimento que está em voga na conjuntura que vivemos. Toda a sua política econômica de atraso e parcelamento salarial, de demissão de educadores contratados doentes, de retirada impiedosa de direitos, de atraso dos repasses escolares é o principal estimulante de greves. Portanto, o que ele quer com esta retórica barata, é coagir qualquer paralisação ou greve contra suas medidas em nome do sistema financeiro e do agronegócio, para quem nunca impõe nenhuma restrição, desconto ou prejuízo. Na mesma entrevista, Leite afirma que "os resultados do pacote no RS vão ser colhidos só lá na frente"; ou seja, continuaremos com os salários parcelados e atrasados esperando "tais resultados", que sem dúvida alguma se tornarão uma pior e mais profunda crise financeira cujos fiadores serão sempre os ombros dos trabalhadores.


Leite e o PSDB trabalham em sintonia com o neofascismo, com quem almejam construir uma nova ordem social de exploração, onde não haja espaço para greves e tampouco para a organização dos trabalhadores. A bem da verdade, todas essas ações de manobras no parlamento burguês e de corte do ponto não são uma novidade. Elas já foram executadas previamente — e com êxito  —  pelos prefeitos do PSDB de Porto Alegre e Viamão. Ambos conseguiram aplicar seus respectivos pacotes contra o funcionalismo público. A direção central do CPERS, por sua vez, refém de um programa e de uma estratégia que não vão além das eleições e da democracia burguesa, caiu em armadilhas muito previsíveis.

Sobre o fundo de greve

Tentando se eximir da responsabilidade do pagamento dos dias parados, Leite mente dizendo que tem foco no aluno e que se preocupa com "o serviço à sociedade". A sua preocupação é uma só: destruir os serviços públicos e garantir os seus recursos para o sistema financeiro e o agronegócio. Não bastasse tudo isso, joga com o debate sobre o fundo de greve, que diz respeito exclusivamente a nossa categoria! Quem decide sobre este fundo somos nós, e não o governo, que deveria pagar os nossos salários e respeitar o direito de greve. Leite faz referência ao sindicalismo francês, afirmando que "Na França, por exemplo, os sindicatos têm os chamados fundos de greve. Eles se financiam. O sindicato que organize-se, com a contribuição sindical que recebe, para sustentar a greve, oferecendo uma compensação aos trabalhadores. É assim que acontece".

Novamente Leite se utiliza do cinismo, afirmando que "os sindicatos devem se financiar", como se isso justificasse o seu corte de ponto ilegal que, como foi dito, está esperando uma negociação por parte do governo para recuperar as aulas, pois ninguém trabalha de graça! O fato da inexistência de um fundo de greve não desobriga o governo de pagar os salários e, tampouco, o exime de estar infringindo a Constituição e o direito de greve. Cortar o ponto, portanto, é uma opção política do governo no sentido de atacar o direito de greve. Além do mais, o governo mente descaradamente mais uma vez porque sabe que é ele próprio que repassa o dinheiro da "contribuição sindical"; e que esta mesma contribuição sindical está atrasada há mais de 2 meses. Assim, governo e mídia burguesa jogam com a desinformação para estrangular a luta da nossa categoria e incitam a população contra a greve. Interessante destacar que mais uma vez o jornalista Juremir Machado, com suas perguntas "imparciais", deixou a mentira e a demagogia correrem soltas. A quem interessa um jornalismo assim? 

A própria RBS em sua entrevista com o secretário Faisal Karam, na Rádio Gaúcha, foi mais ofensiva, o que serviu para demonstrar claramente que o governo está irredutível na sua posição de corte do ponto, portanto, decidido a atacar o direito de greve. Para a RBS, no entanto, a inconstitucional opção política do governo Leite é tratada como mera "birra".  

Há que se ponderar, contudo, que como estamos lidando com mentirosos profissionais (governo e grande mídia), devemos nos preparar para a "guerra" não em palavras, mas nos fatos concretos. O fundo de greve era uma necessidade inadiável, postergada desde 2016 e nunca prestado contas satisfatoriamente, demonstrando que ele nunca existiu na prática. Pra piorar, a direção central, que condenava a chamada extra, passou a defendê-la no início dessa greve, abrindo margem para um duplo desconto no pior momento financeiro de nossa categoria.

O sindicalismo reformista e de conciliação eleitoral nos derrotou duplamente: não é capaz de deter a aprovação do pacote contra o funcionalismo público e é inofensivo frente ao corte do ponto, apostando tudo na justiça controlada pela burguesia e pelo PSDB. Urge mudar o sindicalismo praticado até aqui, caso contrário, viveremos sempre a "crônica de uma derrota anunciada".

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*Todas as citações da entrevista de Eduardo Leite à Rádio Guaíba foram extraídas do site: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADtica/resultados-no-rs-v%C3%A3o-ser-colhidos-s%C3%B3-l%C3%A1-na-frente-avalia-eduardo-leite-1.390330

2 comentários:

  1. Onde o juremir não defendeu o magistério. Quero o link e não ataques gratuitos ao único jornalista que sempre nos defendeu. Vocês lambendo o saco da RBS? Me poupem!

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    1. Concordo o Juremir é o único jornalista que nos apoia incondicionalmente. Já a RBS com seu jornalismo corrupto se tornou o braço deste Desgoverno Leite. O texto que começou bem termina de forma triste e desfocada da realidade ameniza as críticas a RBS mas crítica o Juremir me poupem e tomem vergonha na cara.

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