As eleições do CPERS se aproximam, embora nenhum debate profundo esteja sendo feito (apenas mais do mesmo!). Sequer sabemos das datas, mas já sabemos que serão virtuais (a expressão maior de um sindicato encastelado em si mesmo). As correntes da direção central (DC) do CPERS (PT, PCdoB, PDT e PP) racharam sem que saibamos os verdadeiros motivos, numa total ausência de transparência das reais "divergências". Esta tem sido, infelizmente, a história corriqueira do CPERS. Ninguém aprende nada com as experiências e seguimos lutando de olhos vendados. O que podemos intuir é que parte deste racha tem a ver com o inevitável desgaste de duas gestões inócuas, autoritariamente verticais, onde inúmeros direitos foram perdidos, malgrado que as suas correntes ainda sejam a encarnação dos atrasos e preconceitos políticos, sendo mais preocupante evidenciarmos isso na base da nossa categoria.
Por outro lado, vemos a velha "oposição" — que já dirigiu o sindicato por várias gestões — se ouriçar e aparecer como renovação (mas que renovação exatamente?). Pra piorar, tal "oposição" se divide mesmo mantendo, no essencial, a mesma política e programa, iniciando uma triste disputa nas redes sociais. De um lado MLS, DL, CEDS, CAT, CARA e pequenos setores do Psol; do outro, a maior parte do Psol (CS, Fortalecer o Psol/Intersindical, MES e parte das correntes do PT/CUT que racharam com a DC). Aqui cabe perguntar: o que justifica uma divisão entre essas correntes, companheiros e companheiras?
Comparem e reparem os textos, as declarações, a política e o programa: no essencial não há diferença! "Fora Leite", "Fora Bolsonaro" eleitoral e sem correlação de forças; "greves gerais" por tempo determinado, numa unidade indireta até mesmo com a DC; um vago programa "contra a retirada de direitos" e de "democracia sindical"; tampouco há diferença em relação à "legalidade" do funcionamento sindical do CPERS (isto é: um sindicalismo de imposição de maiorias sobre minorias, ainda que umas sejam mais sutis do que outras, onde impera o "diálogo de surdos").
Bom, então a diferença se dá entre as centrais sindicais e os partidos? No essencial, a política dos partidos e centrais sindicais é a mesma (tanto é que assinam centenas de manifestos nacionais conjuntos com a mesma política, o que inclui o "Fora Leite", o "Fora Bolsonaro" e a "greve geral"). Quando se trata da participação na CNTE (braço educacional da CUT) a unanimidade é plena (até mesmo com a DC). E em relação ao trabalho de base e a política de formação, há diferenças? Não! E sobre a renovação e abertura para a base administrar e conduzir junto o sindicato, desde a DC até os núcleos de base? Também não! E sobre a abertura da imprensa sindical e dos meios de comunicação (incluindo as inserções midiáticas)? Outra vez não!
Então há diferenças em relação à política para a questão da precarização do trabalho e dos contratos "emergenciais"? Também não há diferença no essencial (com algumas honrosas exceções individuais na "oposição", pois uma política não se expressa apenas por "boas intenções", mas ela deve ser levada para o combate na base, ser defendida com precisão frente a distorções e deturpações que fazem a seu respeito). Por um lado, temos uma política evidentemente patronal das correntes da DC (que demonstra algumas boas intenções de mudanças — embora seja apenas isso: intenções!) e de correntes da "oposição" (como o CEDS e o MES/Psol); por outro, temos uma política vacilante que se omite muitas vezes sobre a defesa das contratadas e dos contratados (o que dirá falar publicamente sobre a efetivação?). Muitas dessas correntes de "oposição" falam em efetivação "no varejo" e calam sobre isso "no atacado". Sendo assim, a política para as(os) trabalhadoras(es) contratadas(os) não é um empecilho para tal "unidade", tanto é assim que correntes radicalmente contra a efetivação estão juntas com as que a defendem vacilantemente.
Sem diferenças essenciais, que não são debatidas e levadas ao conhecimento da base, nada justifica que a "oposição" não esteja na mesma chapa. A não ser, que o problema seja o controle do aparato sindical e a saciedade da fome de determinados egos dirigentes. Tal tipo de condução política e sindical elege um único inimigo e se vende como 100% pura e correta. Não admite nenhum defeito, nenhuma derrota, nenhum problema, e não realiza nenhuma autocrítica ou busca uma “autocura”. Isso leva apenas a querer “mudar o mundo” ou o "sindicato" com ódio, sem amor e sem reconhecer os próprios demônios, evitando traçar seus limites. Isso não pode construir um sindicato e um mundo novo, mas apenas perpetuar o velho e aprofundar suas mazelas.
Formação política e sindical não deve tratar apenas de cursos abstratos, mas debater erros e acertos das correntes e da condução do CPERS; esclarecer a base sobre o cerne das divergências e não guardá-las a sete chaves. Parte importante da burocracia sindical vive nessa condução secreta do sindicato que jamais chega à base. Nós somos avessos a este tipo de condução política, que é comum à situação e "oposição". Nossas divergências com a atual DC e as "oposições" estão registradas em quase 10 anos de postagens deste blog que vos fala. Elas não são conjunturais ou eleitoreiras: são amplamente conhecidas de qualquer militante que tiver boa vontade. Apesar disso, estamos sempre abertos ao diálogo e ao bom debate, que pode ser duro, mas é sempre honesto e formativo.
E você, cara leitora ou caro leitor, reconhece alguma diferença essencial entre as correntes de "oposição"?
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