12 de out. de 2014

DOIS PROJETOS NEOLIBERAIS PARA O ESTADO E O PAÍS: VOTO NULO CONSCIENTE

         A direção governista do CPERS, no jornal Sineta (setembro/outubro de 2014), escancara o seu apoio às candidaturas de Dilma e Tarso Genro, do PT, no texto: “Dois projetos em disputa: avanço ou retrocesso?”. A direção mente para a categoria. Não existem dois projetos em disputa. Os projetos do PT e do PSDB são equivalentes. Representam, cada um a seu modo, as políticas dos organismos internacionais (FMI, Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio) em curso no país de longa data.
        O neoliberalismo no Brasil, principalmente a partir da década de 90, se caracteriza por uma política de privatização das empresas estatais, redução drástica dos custos do Estado com os serviços públicos, como educação, saúde, moradia e infraestrutura, priorização dos recursos públicos para os pagamentos dos juros e amortizações das dívidas externa e interna, planos de retirada de direitos através de alterações nas legislações previdenciária, trabalhista, sindical, educacional. A redução da participação do Estado na economia serve para salvaguardar os interesses do grande capital. É a política do capitalismo monopolista em sua fase de decadência. O lucro da burguesia se dá à custa do dinheiro público. Esta privatiza o lucro e socializa os prejuízos.
        Os governos dos partidos burgueses (PT, PSDB, PMDB, PP, PDT, PSB, DEM, etc.) são os agentes da aplicação desses planos, mas na propaganda eleitoral se vendem com bandeiras mais “populares”. O PT, tanto em nível federal quanto estadual, continuou as políticas de privatizações, sucateamento dos serviços públicos, sangria do dinheiro público para engordar os agiotas internacionais com o pagamento das dívidas interna e externa, com a política de isenções fiscais às grandes empresas, com a alteração das legislações para permitir a drenagem dos recursos para o setor privado, com a flexibilização da legislação trabalhista, para aumentar a exploração e a retirada de direitos dos trabalhadores.
        Os governos do PT (Lula/Dilma e seus aliados burgueses) não desfizeram nenhuma privatização executada nos governos anteriores (PSDB, PMDB e seus aliados). Ao contrário, continuaram e honraram todos os acordos firmados com os organismos do imperialismo. Em 2003, o governo Lula impôs a reforma neoliberal da previdência dos servidores públicos, tendo como objetivo a redução de gastos e a privatização parcial; regulamentou os fundos de pensão para beneficiar o capital privado, privatizou vários bancos públicos, rodovias e aeroportos. Com o mesmo objetivo privatista e antipopular, realizou as reformas sindical e trabalhista; criou o Acordo Coletivo Especial (ACE); o Plano Nacional de Educação (PRONATEC, Reforma do Ensino Médio Politécnico, etc.); realizou o Leilão do Campo de Libras, que entregou as reservas do pré-sal para as petroleiras multinacionais. Intensificou a política de privatização da Petrobrás, através de capitais mistos.
Durante o debate na FIESP, perante a burguesia paulista, Dilma apresentou o seu real programa de governo: “em sete ações voltadas ao empresariado: desoneração de tributos, crédito subsidiado, direcionamento das compras governamentais, foco na educação técnica e científica, investimento na infraestrutura, diminuição da burocracia e fortalecimento das parcerias privadas, incluindo as concessões – que promete ampliar” (Folha de S. Paulo, 31/07/2014). É o mesmo programa do PSDB, de Aécio Neves, e do PMDB, de Sartori.

O 2º turno não será diferente do 1º. Atualmente, não existe alternativa para os trabalhadores. Então, plantamos a semente para germinar no futuro, através da defesa do VOTO NULO. Encarar a realidade tal como se apresenta abre a perspectiva de construirmos uma alternativa ao sistema capitalista a partir de uma ampla organização de base dos trabalhadores (organização de núcleos por local de trabalho), da luta por sindicatos independentes dos patrões e burocratas. Esse caminho pode ser longo, mas os atalhos levam ao oportunismo. Não existem soluções mágicas. Cremos na luta do proletariado, na sua organização e conscientização.

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