Os métodos empregados pela direção do CPERS nas greves dos trabalhadores em educação se esgotaram. Este sentimento é visível na base da categoria, que está cansada de greves inócuas, cujo único sentido é pressionar deputados na praça da matriz. É por isso que vemos o aumento da desconfiança em relação à luta, bem como o número de desfiliações do sindicato. O sindicalismo reformista da direção do CPERS, além de não conquistar nada nos últimos anos e ter desgastado a ideia de greve, sequer tem evitado à retirada de direitos pelos governos do grande capital, como vimos com a aplicação do “Pacotarso”, que passou sem resistência alguma.
Este sindicalismo reformista, típico da CUT – e seguido pelas demais centrais –, restringe-se unicamente a pressão sobre as instituições da democracia capitalista: Palácio Piratini, Assembleia Legislativa, etc. Quais são os resultados práticos? Nenhum. A experiência com a democracia capitalista e os seus políticos já passa de 20 anos e esta “pressão” permanente sobre os deputados tem sido cada vez mais infrutífera, servindo apenas para recriar ilusões nos políticos burgueses, seus partidos e suas instituições.
Por um novo sindicalismo!
Por novos métodos de greve!
O que foi dito acima não significa que nossa categoria deva abandonar as greves, mas criar as condições para que sejam vitoriosas. E este papel cabe a base da categoria, que deve se apropriar das instâncias de nosso sindicato, participar ativamente do núcleo, organizando-se por local de trabalho, por zonal, criando alternativas de luta e participação direta dos trabalhadores na condução de nosso sindicato, já que deixar essa tarefa exclusivamente à direção do CPERS resulta em greves mal organizadas e em derrotas. Quem se beneficia com as derrotas são as correntes da burocracia sindical, que afastam a base da condução cotidiana do Sindicato. Greves organizadas coletiva e conscientemente devem originar vitórias e o consequente fortalecimento da união da categoria – objetivos que desagradam à burocracia sindical.
Precisamos de novos métodos, mais de acordo com as características do capitalismo atual: o domínio dos monopólios privados e públicos. Estes concentram em suas mãos um poder econômico e político enorme, sem precedentes. Existe uma estreita vinculação entre os monopólios e o Estado. Sendo assim, as greves precisam ter também um caráter político. Uma direção sindical deve conscientizar os trabalhadores das dificuldades a serem enfrentadas e não bajulá-los. Nessas condições, somente podem adquirir real confiança em si mesmos se confiarem nos métodos empregados, de que são adequados ao tamanho do inimigo, ao enfrentamento do capital unificado. Por essa razão, não resta aos trabalhadores senão também transformar a sua greve numa greve política, como faz a burguesia diante das nossas lutas. Mesmo que o objetivo imediato seja uma reivindicação salarial, a greve deve afrontar, desgastar, denunciar, desmoralizar o poder burguês constituído. É preciso ir além da organização formal dos sindicatos e organizar os contratados, funcionários, aposentados e os desempregados – levantando suas bandeiras específicas. Os trabalhadores devem estar imbuídos da consciência de que a sua luta salarial é apenas um episódio da luta maior pelo seu poder na sociedade. Somente nessas condições a burguesia e o governo podem conceder as reivindicações, ou seja, quando se veem na perspectiva de perder tudo. Somente com novos métodos é possível oferecer uma perspectiva de vitória ao movimento dos trabalhadores, tirá-lo do atual marasmo e desmoralização.
Os métodos antigos faliram, é preciso pensar e criar novos métodos: ocupar as escolas e dar “aulas especiais” para toda a comunidade escolar que trate do descaso e dos ataques do governo Tarso e do capitalismo; fazer piquetes nas escolas que não paralisarem; escrever panfletos especiais para dialogar com a comunidade escolar; organizar assembleias permanentes por escolas, por zonais, que se tornem órgãos de decisão da base em cada unidade e região, ocupar as ruas nos bairros em horários de maior circulação, envolvendo a comunidade escolar, etc. Esta é uma forma muito mais eficaz de pressionar a Assembleia e o governo. Contudo, é preciso que se diga que a direção do CPERS e a Articulação Sindical não se interessam por isso e farão todo o esforço por boicotar todos estes passos elementares. É preciso dizer que a tal “caravana” pelo interior do Estado não tem estas preocupações, mas apenas o intuito de criar um palanque para que todas as correntes da burocracia se auto promovam. Estamos construindo a Oposição Construção pela Base para cumprir este papel e para retomar o nosso Sindicato para as lutas e para o controle da base: única forma de colocar em prática este novo sindicalismo.
O trabalho nefasto da burocracia sindical!
As correntes da direção e a Articulação Sindical (setor majoritário da CUT) tentam se cobrir de glórias dizendo que cada qual foi responsável pela “conquista” do Piso. Mas que “conquista” é esta que não vemos a cor, que ainda temos que arrancar do governo? A direção do CPERS, por exemplo, hoje fala em greve pelo Piso, mas está se lixando para todas as outras bandeiras de luta e mobilização do restante da categoria – em especial as reivindicações dos contratados, por considerarem-nos como trabalhadores de segunda categoria, não querem encampar a sua luta pela nomeação dos que já tem 3 anos de exercício no cargo. Não fala sobre os métodos da greve, não nos esclarece como procurará mobilizar os contratados e os funcionários, que estão assediados moralmente, e os aposentados e desempregados, que estão marginalizados da vida sindical.
A direção do CPERS fala sempre em greve, mas não diz nada a respeito para a categoria: quais os métodos? Com eleição de um comando de Base ou comando nomeado pelas correntes majoritárias? Leva em consideração o nível de disposição da base? Como pretende mobilizar os contratados que estão submetidos a um terrível assédio moral por parte das direções governistas? Lembra-se, por acaso, das bandeiras específicas dos funcionários, como o vale escolar? E a meritocracia? E ao não responder nada disso seria demais esperar que essa direção lembrasse a existência dos desempregados. Hoje, somente a bandeira do Piso não é capaz de mobilizar a categoria para uma verdadeira greve porque ela está dividida e descrente. Por isso as greves devem ser construídas com ampla participação da base da categoria, senão será mais uma oportunidade para desgastar a ideia de greve, jogando trabalhador contra trabalhador, nomeado contra contratado, professor contra funcionário.
Compreendemos que existem ilusões no governo Tarso, como afirma a direção do CPERS, porém, esta não as combate, mas as reforça com exigências do tipo: “Tarso pague o Piso”. Quem ainda acredita que ele pagará o Piso se publicamente o próprio governador já disse que não o pagará e inclusive entrou com uma ação na justiça para barrar a aplicação da lei? O que mais é preciso para denunciá-lo como um enrolador, como um neoliberal, um demagogo, um continuador dos projetos de Yeda? Ao invés disso a direção do nosso sindicato fica choramingando os velhos lugares comuns que todos já sabem: “Tarso não cumpriu suas promessas de campanha”. Grande novidade! Frente às declarações de que o governo pagará o Piso até o final do mandato – mesmo sem definir datas – a direção do CPERS nada faz a não ser esperar sentada e ver todos os nossos direitos se escorrerem pelo ralo. Pagar o Piso no final do mandato é um outro golpe que precisava ser desmascarado, pois o atual valor – R$1187 –, que já está abaixo da inflação, se desvalorizará ainda mais pela continuidade da inflação e pelo aumento do custo de vida. Para arrancar verdadeiramente o Piso do governo era necessário levantar toda a categoria e lutar por ganhar a opinião pública de forma decidida.
Sendo assim, voltamos ao início: é preciso criar as condições para uma greve vitoriosa! Para nós isso deve ser resolvido com uma política para os contratados e funcionários, que hoje não existem para a direção do CPERS e nem para a Articulação Sindical. Além disso, é preciso vontade política de denunciar e lutar contra Tarso e o PT, que hoje são os agentes neoliberais.
Temos que criar as condições de fazer uma greve vitoriosa, com real adesão, devemos preparar a consciência e a organização dos educadores indo até as escolas para discutir o caráter do governo Tarso e a serviço de quem ele está; é preciso discutir os métodos junto a comunidade escolar e procurar organizá-la pela base, é preciso dar firmeza aos contratados contra as direções autoritárias, dentre outras coisas, contra pressionando-as e levantando suas consignas, bem como a dos funcionários e aposentados; é preciso ouvir a base e a comunidade escolar e não decretar a greve e desmontá-la quando a direção bem entende – como é costume das correntes dirigentes do CPERS.
O CPERS vem perdendo força ano a ano e isso não acontece por acaso: é fruto da política das correntes da burocracia sindical que estão encasteladas na direção do nosso Sindicato. É preciso derrotar este sindicalismo e os seus mantenedores. Precisamos somar forças para colocar este programa em prática! Contamos com você que acabou de ler este texto!
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