31 de jul. de 2016

GOVERNO SARTORI CONTINUA COM O CONFISCO (PARCELAMENTO) DOS SALÁRIOS DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO.

Há exatamente um ano que o governo Sartori (PMDB e aliados) congelou e parcelou os salários dos servidores públicos; um confisco descarado com a conivência de toda a institucionalidade burguesa (judiciário, parlamento, executivo). Em nome da tal crise financeira do Estado, que só atinge os de baixo, está destruindo os serviços públicos e impondo aos trabalhadores a penúria, a sobrecarga de trabalho e a retirada de direitos. O plano liberal em curso no Estado segue a tendência nacional e internacional do capitalismo decadente, de transferir o ônus de suas crises para os trabalhadores, a ordem do Banco Mundial e seus parceiros é privatizar tudo. O congelamento e parcelamento (confisco) dos salários é parte destes ataques. A intenção é matar a míngua os serviços públicos, fazendo com que os trabalhadores entrem em crise com o seu emprego, forçando-os a pedir demissão para buscar sua sobrevivência em outras áreas.
Os PLs 44, 257 e outros são a legalização da privatização, o fim dos serviços públicos. O governo, em aliança com a grande mídia burguesa, tenta convencer a opinião pública da sua visão mentirosa da crise financeira do Estado. Mesmo com o aumento do ICMS, com inúmeros projetos aprovados na ALERGS que retiram direitos, bem como a renegociação das dívidas com o governo federal, o governo continua congelando e parcelando os salários. E provavelmente seguirá desta forma até 2018. É bom ressaltar que durante a greve o governo Sartori pagou 80% da categoria na primeira parcela, bem como o 13º salário, mas foi só terminar o movimento grevista para que o governo diminuísse o teto da primeira parcela.
O governo Sartori, bem como o seu séquito de partidos burgueses, não estão preocupados com o desgaste político. Sua missão é destruir os serviços públicos para garantir o dinheiro para os agiotas internacionais, aos bancos, aos empresários e aos monopólios multinacionais. Nesse intento, estão assegurados, pois o seu fiador contra o desgaste eleitoral e político é o grande capital e a mídia burguesa. Sendo assim, os ataques seguirão até o final do governo e só serão derrotados com a radicalização dos métodos de luta.
A burocracia sindical de todos os sindicatos do funcionalismo público é incapaz de evitar os ataques do governo e de impedir a destruição dos serviços públicos, pois suas organizações partidárias ou estão governando ou já foram governos, mantendo a “santa aliança com a burguesia” em nome da governabilidade que só serve às elites. Necessitamos construir direções revolucionárias para disputar os sindicatos com a burocracia sindical – casta inimiga dos trabalhadores –, que consiga mobilizar a classe trabalhadora e a população em geral em defesa dos serviços públicos.

Por um calendário de luta contra os ataques do governo Sartori:
- Encontro estadual de servidores, pela base, que discuta um plano de lutas unificado;
- Aulas públicas nas escolas, nos hospitais, nas ruas sobre a farsa da crise financeira do estado e o PL 44, 257;
- Mobilizações unitárias de todos os servidores públicos;

- Construir possibilidades de novas ocupações no Estado para barrar os ataques do governo Sartori/Temer.

20 de jul. de 2016

GOVERNO SARTORI ROMPE ACORDO DE FIM DE GREVE E IMPÕE CALENDÁRIO DE RECUPERAÇÃO

    A greve dos educadores acabou, dentre outros fatores, em razão da inatividade da direção do CPERS no comando estadual de greve. Muitos ativistas a alertaram em distintas oportunidades sobre a perseguição política, a remoção de colegas e o assédio moral que estava ocorrendo no chão das escolas. Não tardou muito para que as perseguições e o assédio moral por parte da SEDUC, das coordenadorias regionais e das direções de escolas serviçais, recomeçassem e se aprofundassem.
       Cotidianamente os grevistas têm sofrido perseguições absurdas, sem que a direção do CPERS e seus núcleos nada façam. A SEDUC, através de suas Coordenadorias de Educação, está descumprindo o acordo de final de greve estabelecido com o CPERS, de que as comunidades escolares decidiriam sobre seus calendários, garantindo sua autonomia conforme a Lei de Gestão democrática. As “orientações” de calendário de recuperação da greve imposto goela abaixo pela SEDUC determinam quais dias podem ser usados para recuperação, cerceando o direito das comunidades decidirem livremente sobre como e quando irão recuperar, patrolando as decisões acordadas nos coletivos escolares, com objetivo de punir e tencionar as comunidades contra os trabalhadores que lutam.
      A falta de professores e funcionários é gritante nas escolas estaduais. No entanto, no pós-greve as coordenadorias que deveriam ter a preocupação de suprir a necessidade de recursos humanos nas escolas, estranhamente enviam nomeados que  surgem “do nada” para substituir contratados e nomeados grevistas, sem que houvesse nenhuma nomeação no período, ao invés de suprir as escolas onde realmente faltam professores e funcionários, caracterizando que o objetivo da SEDUC é eliminar os focos de resistência contra os desmandos do governo Sartori (PMDB e aliados).

A omissão da direção do CPERS frente ao assédio moral e a perseguição política no pós-greve

    Professores e funcionários, nomeados e contratados, são perseguidos descaradamente por direções autoritárias de escola, enquanto que a direção estadual do CPERS e as dos seus núcleos nada fazem efetivamente para coibir tais práticas cotidianas nas escolas, o que tem levado ao adoecimento da nossa categoria. Não preparam uma única visita em uma escola para coagir o assédio moral; não realizam um único escracho; sequer são capazes de escrever uma nota de repúdio! No site do sindicato continuam uma auto promoção eleitoreira e inconsequente, completamente desconectados do sofrimento e da resistência no chão das escolas. Sua luta contra o assédio moral é uma farsa: um canal para denúncias, que fica escondido no site. A categoria que se vire e ache um jeito de contatar a direção do CPERS!
       Esse é o sindicalismo burocrático que precisamos urgentemente derrotar: sabotam a luta concreta, a greve; a usam apenas para se promover eleitoralmente; deixam a greve num beco sem saída; e depois largam a categoria à própria sorte. É preciso resistir às tentativas de intimidação por parte do governo e das direções de escola. A omissão da burocracia sindical do CPERS não deixa dúvidas sobre o seu caráter de classe e os seus reais compromissos.
- Sindicato é pra lutar! Contra a burocracia cúmplice dos governos!
- Contra o assédio moral e a perseguição política!
- Pela autonomia das comunidades escolares sobre a decisão do calendário de recuperação da greve!
- Escracho contra as CREs e as direções autoritárias cúmplices do governo!
- As direções de escola são cargos de confiança da comunidade; e não do governo!
- Em defesa dos que lutam e do direito de participação sindical!

11 de jul. de 2016

BALANÇO DO IX CONGRESSO DO CPERS: A UNIDADE DA BUROCRACIA ASFIXIOU AS CORRENTES MINORITÁRIAS E APROVOU UMA POLÍTICA PATRONAL


O IX Congresso do CPERS se caracterizou pelo autoritarismo burocrático, ausência de democracia e por aprovar uma política de conciliação de classes, com cumplicidade da dita “oposição” majoritária (MLS, PSTU, PSOL - MES/CS/US, CEDS), contra o seu setor mais consciente, as forças minoritárias. Podendo ser um espaço de discussão e de organização da luta, o congresso asfixiou o debate e a possibilidade de avançarmos na luta contra privatização da educação pública.

         As correntes da direção, e muitas da dita “oposição”, foram com suas políticas fechadas, tendo o controle do aparato como o norte das suas propostas políticas. Os vícios da burocratização sindical impediram o livre debate de ideias e rebaixaram a discussão teórica e política. A greve, ainda em vigor, foi tratada como algo secundário e apenas superficialmente lembrada. Tudo feito sob medida, na mais perfeita teatralidade, para bajular a base com vistas às próximas eleições sindicais e para sabotar a luta contra os nossos inimigos. Ficou perceptível o empenho da Articulação Sindical (ArtSind – PT) neste congresso, levando a maioria dos participantes para abafar debates e bandeiras de luta importantes, fazendo aprovar suas resoluções políticas claramente patronais e reacionárias, como a defesa do Plano Nacional de Educação (PNE) privatista.


“Eu oriento a minha base a votar contra!”

         Esta foi uma das frases da presidente do CPERS frente a possibilidade de votações inconvenientes ao seu projeto sindical. Fez sua base votar contra as seguintes resoluções: lutar contra o PL 44, escola “sem partido” e outras pautas. E é assim que as direções do CPERS e as correntes sindicais majoritárias têm tratado as correntes minoritárias e a militância de base nos congressos e nas assembleias: através do asfixiamento do voto a cabresto. Com uma maioria de educadores aposentados, a ArtiSind e suas correntes satélites (PCdoB-CTB; AE, CSD, MCS, PDT) inflamavam sua base para aprovar ou rechaçar qualquer resolução ou debate que questionasse a sua hegemonia autoritária sobre o aparato sindical. Quem participou do congresso pôde observar um seguidismo cego muitíssimo perigoso por parte das correntes majoritárias da direção e, inclusive, da “oposição”. É com este voto a cabresto que a direção central e a burocracia sindical conclamam o “respeito à democracia”.


Sob o olhar atônito de muitos ativistas independentes e das correntes minoritárias, foi assim que a patrola da direção central passou sobre o debate congressual e o esmagou. Frente a uma crítica bem armada, as respostas eram inconsequentes e de baixo nível teórico, político e moral. Não houve nenhuma busca fraterna em esclarecer as divergências, mas apenas a defesa das posições do aparato e das aparências. Todo o esforço da ArtSind e das demais correntes da burocracia sindical se deu em torno da sua necessidade de vender uma pseudo-unidade que visa lhe garantir a imunidade à críticas. Quem criticar a política da direção do CPERS é “divisionista” e “faz o jogo do governo”. Tal fórmula política, além de pobre e vazia, não pode garantir uma boa discussão capaz de armar teórica e politicamente os delegados que participaram do congresso.
Temos que enterrar, de uma vez por todas, este tipo de sindicalismo e esta forma de organização dos nossos congressos. Em um espaço sindical, como o congresso, deve-se primar pela discussão franca e leal. Ao contrário da direção central (ArtSind, PCdoB, AE, MCS, CSD, PDT) e das demais correntes da burocracia (MLS, PSTU, PSOL – CS/MES/US, CEDS), foi este o papel que procuramos cumprir.


A censura no IX Congresso


         Como sempre, a burocracia sindical organizou o congresso com a finalidade de censurar as posições minoritárias e evitar o debate de ideias e concepções. A manobra é sempre a mesma: dividir o congresso em pequenos grupos e obrigar as posições a obterem 20% de votos favoráveis em cada um deles.


Uma vez que as posições minoritárias conseguiram romper o bloqueio burocrático desta censura, a direção central desorganizadamente selecionou algumas e não publicou a maioria no caderno de resoluções, obrigando os pequenos grupos a lutar outra vez pelo direito de defendê-las no plenário geral. Chegou até mesmo a falsificar uma resolução, atribuindo a nossa tese (3) uma política que não era nossa. Esta confusão premeditada faz parte da tática da burocracia sindical para asfixiar o debate e as diferenças. Se perdeu um precioso tempo do plenário geral nos grupos, jogando todas as votações principais para o domingo. À medida que o tempo ia passando, ficava cada vez mais difícil conseguir que a mesa autorizasse a defesa na tribuna. A direção central chegou ao cúmulo de “perder” os papéis das resoluções aprovadas nos grupos. Ao mesmo tempo em que patrola e sabota as correntes minoritárias, as correntes da direção central vendem o CPERS como um sindicato “muito democrático” e aprovam, com o método do voto a cabresto, toda a sua política patronal.


Direção central e correntes satélites aprovam uma política patronal para o próximo período

         Com todos os fios do aparato na mão, uma maioria assegurada através do voto a cabresto, a direção central, sem maiores dificuldades, fez aprovar toda a sua política patronal. Qual seja: defesa da política do governo Dilma frente ao golpe, isto é, a política de ajuste fiscal segundo a versão petista; o PNE privatista, a defesa da estratégia reformista e de frente popular; e aprovação de um “balanço positivo” para a atual direção do CPERS. Segundo os delegados da ArtSind e correntes satélites, o CPERS está no rumo certo.
         Em contrapartida, a direção central orientou sua base a votar contra a criação estatutária de um fundo de greve, já aprovado em assembleia geral (cabendo destacar o fato de que a CS orientou sua base a se abster desta votação); a formação teórica, sindical e política para categoria (a burocracia sindical inacreditavelmente se colocou contra uma resolução que defendia formação política e debates sobre educação pública através de seminários semestrais a serem realizados nos núcleos); contra uma política independente em defesa dos funcionários de escola e dos trabalhadores contratados. A ArtSind e correntes satélites continuam cantando o seu “samba de uma nota só”, sustentando uma dicotomia absurda entre defender concurso público ou defender os atuais contratados, como se não pudéssemos fazer as duas coisas. Na prática, ArtSind, PCdoB-CTB e demais agrupamentos da CUT defendem e sustentam a continuidade da precarização do trabalho e a demissão dos educadores contratados. Sequer permitem discutir políticas em defesa destes setores. Usam e abusam do discurso de unidade das correntes sindicais, mas defendem a divisão da categoria no chão da escola. Uma vergonha!
         Ficou fora do debate a discussão de um plano de lutas – jogado para definhar entre as quatro paredes do Conselho Geral –, que era constituído por temas como: luta contra o ajuste fiscal, o assédio moral, em defesa do socialismo, dentre outras bandeiras extremamente progressivas e determinantes para o nosso sindicato. Em um conchavo entre as centrais sindicais se aprovou uma resolução que tem a finalidade de “abrir a discussão sobre a filiação do CPERS a uma central sindical”. Conlutas, Intersindical e CTB ficaram muito contentes com tal disposição; mas quem tem maiores chances de filiar o CPERS a alguma central é a CUT, que através da ArtSind já apresentou resolução nesse sentido. A refiliação do CPERS à CUT seria um grande retrocesso que os trabalhadores conscientes não podem permitir.
         O palco está armado. Toda a política sustentada e defendida pela ArtSind, AE, PCdoB-CTB e PDT (as correntes da direção central, mas por correntes da “oposição” também) coloca o CPERS como um sindicato defensor do status quo das políticas tradicionais e do senso comum legalista; enfim, faz do CPERS um propagador e defensor de uma política patronal para o próximo período. Os educadores estão desarmados e a sua ferramenta de luta está “sem fio”. Com uma política patronal é impossível a unidade real da categoria. Os educadores com consciência de classe precisam continuar se opondo aos desdobramentos nefastos que se darão na prática com a aprovação destas políticas para o próximo período.
         A “unidade” contra o governo Sartori (PMDB e aliados), que surgiu durante as discussões sobre a conjuntura estadual, não exclui o restante da política de conciliação de classe. O CPERS continuará participando dos fóruns governistas (Conselho do IPE, Conselho Estadual de Educação e outros), que servem para legitimar as políticas dos governos. O “Fora Sartori”, que foi aprovado, se constituiu em um mero radicalismo abstrato. Acontece que os trabalhadores estão na defensiva. A queda do seu governo não está colocada na ordem do dia. Esta política serve para alimentar ilusões na “democracia” burguesa, preparando o terreno para um futuro governo petista no Estado, escondendo a política patronal e o desmonte da greve contra o PL 44 no concreto.

        
Nossas diferenças com a direção central sobre a questão da proporcionalidade

         No ponto de reforma estatutária a polêmica girou em torno da questão da proporcionalidade. Nossa oposição e a direção central se posicionaram contra a proporcionalidade, mas com defesas bastante diferentes. A nossa posição sustentava a necessidade da clareza dos programas, pois uma diretoria executiva não pode defender dois programas antagônicos, ou seja, um que defenda o programa burguês e outro que defenda os interesses dos trabalhadores (revolucionário).
         Nas diretorias proporcionais, existe uma posição da maioria. Essa é a que vigora. A burocracia sindical não permitirá à minoria se expressar na imprensa sindical. A minoria não teria mais vantagem com a proporcionalidade do que já não desfruta como simples oposição. A proporcionalidade de nada serve à democracia sindical e, muito menos, ao combate da burocratização sindical. Ou seja, a aplicação da proporcionalidade do sindicato não serviria para ajudar a base a controlar a direção; apenas contemplaria as demais correntes da burocracia sindical que, por hora, estão fora do aparato, e ainda ajudaria a confundir os programas para a base da categoria. Burocracia sindical se combate com política específica e com um programa baseado na soberania das bases, na independência de classe e na perspectiva do socialismo revolucionário.
         A defesa da proporcionalidade por parte da direção central visava unicamente a sua hegemonia sobre o aparato. Associou esta defesa à unidade do sindicato – a velha cantilena burocrática. Disse que a proporcionalidade acabaria com esta unidade e, a partir daí, apelou para o lado emocional dos delegados da base da direção com gritos histriônicos. Os delegados da ArtSind e das suas correntes satélites, logo após vencer a votação, gritaram por vários minutos “CPERS unido e forte” (o nome da chapa da CUT, vencedora das últimas eleições). Rechaçamos este tipo despolitizado de disputa, que apenas serve para acirrar os ânimos e abafar o debate, que se faz de extrema necessidade para esclarecer a categoria.
         Lamentamos que os defensores da proporcionalidade a tenham apresentado casada com a direção colegiada. Compreendemos que é necessário e fundamental acabarmos com o presidencialismo e o personalismo da atual estrutura de cargos da direção. O colegiado e a horizontalidade das coordenações é uma reforma estatutária importante a ser feita.


O IX Congresso do CPERS esteve alheio à greve da categoria

         O IX congresso ocorreu durante a segunda greve contra o governo Sartori. A direção central julgou que ela já estaria encerrada na assembleia geral de 24 de junho, mas, apesar de todos os seus esforços para desmontá-la, a greve seguiu, obrigando a burocracia a tolerá-la durante o período do congresso. Porém, mesmo derrotada parcialmente, a direção do CPERS praticamente a ignorou durante todo o congresso, como se não estivesse acontecendo nada para além dos muros do Fundaparque em Bento Gonçalves. O cronograma e o local do congresso seguiram imutáveis.
A nossa categoria é a mais numerosa do Rio Grande do Sul e o CPERS, o segundo maior sindicato da América Latina. Vendo a organização e os gastos com o IX Congresso, podemos concluir que se os mesmos fossem utilizados na luta e na mobilização para o enfrentamento ao governo Sartori, certamente teríamos uma greve com outros impactos e resultados.
         Desde a eleição dos delegados nos núcleos se pôde ver que as correntes da burocracia sindical priorizavam o congresso ao invés da greve. Nas assembleias dos núcleos de Porto Alegre que deflagraram a greve não havia a metade dos presentes que foram nas assembleias de eleição de delegados. O resultado disso é que muitos delegados não eram grevistas. Esta inversão de valores deixa claro como a burocracia sindical funciona. As defesas de teses – tanto nos núcleos, quanto no congresso – foram uma mera formalidade, feitas de forma superficial e sem questionamentos. Como é possível armar ideológica e politicamente a nossa categoria assim? A luta concreta, que era a greve contra Sartori, sendo ignorada como foi durante o congresso, denota que a burocracia sindical divorcia definitivamente a teoria da prática.


A tarefa dos trabalhadores conscientes para o próximo período

Apenas quando somos
instruídos pela realidade
é que podemos mudá-la
(Bertolt Brecht)

         O lema do IX Congresso era “educação, democracia e direitos”, mas observando o seu resultado, podemos assegurar que com tais orientações políticas não será possível defender a educação pública, nem a “democracia” e, muito menos, assegurar nossos direitos. A aprovação desta política patronal, a crise do sindicalismo de cúpula sustentado pela CUT e o impasse da nossa greve contra o governo Sartori, denotam o esgotamento do projeto petista à frente da classe trabalhadora e, em particular, dos seus sindicatos. Tal projeto nos trouxe o fortalecimento da direita e a destruição dos nossos direitos.
Nós, enquanto oposição classista, procuramos fazer o balanço desta estratégia e nos empenhamos em propor políticas para superarmos este impasse. O método congressual burocrático e autoritário nos derrotou (bem como derrotou também as demais correntes minoritárias e a própria base independente), mas as lições sempre ficam. Procuramos ser incansáveis nesta batalha, disputando nossas resoluções e advertindo, a cada passo, para onde nos levava tal ou qual política e, sobretudo, os custos da manutenção da atual estrutura sindical burocratizada e corrompida.
Apesar da utilização do IX Congresso do CPERS para a aprovação desta política patronal, os educadores com consciência de classe não devem desanimar. Olhar a realidade de frente, sem ilusões e falsos otimismos, é que poderá nos dar a chave e a perspectiva de modificá-la. As tarefas são gigantes e os inimigos inumeráveis. Mas a nossa força deve provir exatamente da compreensão da realidade tal como ela é, sem rodeios ou mistificações. Continuaremos com a nossa bandeira hasteada, denunciando as traições da burocracia sindical, as consequências nefastas da sua política e dos seus métodos. Conscientes da nossa tarefa, desde o fim deste congresso até o próximo, seguiremos cumprindo o nosso papel de oposição classista à burocracia sindical e de levantar no interior do CPERS um programa revolucionário na perspectiva do socialismo.

7 de jul. de 2016

CONTINUAR A LUTA PARA DERROTAR O PL44 E OS PLANOS DE AJUSTES DO GOVERNO SARTORI!

Os serviços públicos do Rio grande Sul, Brasil, México, França e demais países estão sofrendo os maiores ataques do grande capital. A ordem dos organismos internacionais do imperialismo (FMI, Banco Mundial, Comissão Européia, FED, OTAN, Clube de Paris, Organização de Shangai) é privatizar tudo para tentar barrar a queda tendencial das taxas de lucros, decretando a agonia irreversível do capitalismo, que retorna à extrema exploração do trabalho do século XIX. Os governos liberais capachos do capital aplicam as contrarreformas (retirada de direitos) penalizando os trabalhadores. A nossa luta ainda é defensiva.
         No Estado, o governo Sartori/Temer (PMDB, PP, DEM e outros) aplica os planos de ajustes do imperialismo. O PL 44 impõem a privatização da educação e dos serviços públicos em geral, o que significa precarização do trabalho, fechamento de escolas e serviços de baixa qualidade para a população. A LDO 2017, aprovada recentemente na Assembleia Legislativa, mantém a mesma lógica perversa imposta desde o primeiro ano do governo Sartori: para os trabalhadores mais arrocho e congelamento dos salários; para os agiotas internacionais, sonegadores (Gerdau, RBS e outros) e grandes empresas, a farra com o dinheiro público.
    Precisávamos de uma direção sindical combativa e classista para enfrentarmos esta conjuntura, mas lamentavelmente estamos à mercê de uma burocracia sindical dirigente autoritária, pelega e conformista. Os seus interesses não transpõem as eleições burguesas e as suas instituições políticas.
        
A BUROCRACIA SINDICAL E A ESTUDANTIL, EM COLUIO COM O GOVERNO, DESMONTAM  E DERROTAM AS OCUPAÇÕES E A GREVE
         A categoria já completou 55 dias de greve, mas o governo continua em sua ofensiva contra os educadores, estudantes e a educação pública. O capitalismo em crise não lhe deixa outra alternativa a não ser nos passar seus custos.
Nenhuma proposta foi apresentada pelo governo que signifique recuo; ao contrário, houve corte de ponto, remoção de alguns colegas das suas escolas, as Coordenadorias de Educação estão ameaçando com sindicância as direções que se negam a entregar lista de grevistas, o governo continua o parcelamento de salário, não houve nenhuma proposta de reajuste e o principal, que é a retirada do PL 44, não foi conquistado. O governo poderia ter sido derrotado se não houvesse a cumplicidade da burocracia sindical e estudantil (UBES, UGES, UMESPA, Juntos-PSOL e direção do CPERS), que, em conluio com o governo, desmontaram e derrotaram as ocupações e a greve.     
     O desmonte começou com acordo rebaixado entre o governo e a burocracia estudantil fazendo com que o mesmo liberasse poucas verbas para as escolas ocupadas, para acalmar os estudantes e forçá-los a desocupar as escolas; enquanto o PL44 ficou na promessa do governo de adiar a votação para daqui a 6 meses, isto é, para o período de férias, apostando na desmobilização dos estudantes e dos educadores. O governo cede nas pouquíssimas verbas para não perder no principal, que seria a retirada do PL 44, da qual depende a estratégia política e econômica do governo de nos passar a crise do capitalismo, conforme imposição dos grandes bancos e empresas. Da mesma forma, a burocracia sindical do CPERS utilizou o acordo estabelecido entre o governo e as entidades estudantis para tencionar o desmonte da ocupação do CAFF e da greve do magistério.
          Na última assembleia geral, apostamos na continuidade da greve mesmo sabendo que não poderíamos contar com a direção do sindicato. A dita “oposição” (CS, MLS, PSTU, Avante educadores), que juntos tem a maioria dos núcleo, pouco fizeram para enfrentar a direção do sindicato, utilizando a greve só para desgastar a direção com vistas as eleições sindicais em 2017, enquanto a categoria amarga derrotas, pouco se preocupando em pautar e denunciar os graves problemas de burocratização sindical que sofre o CPERS.

O COMANDO DE GREVE FOI UMA EXTENSÃO DA DIREÇÃO CENTRAL E AS DIREÇÕES DE NÚCLEOS REPRESENTARAM A SI PRÓPRIAS
         O Comando de greve foi controlado pela direção central, que tinha maioria absoluta e usava essa maioria para esmagar qualquer tentativa de se propor um calendário de lutas independente dos seus anseios. Desde que tentou acabar com a greve, perdendo a votação na assembleia geral de 24 de junho, atuou nos bastidores desmontando a greve e impedindo qualquer tentativa de mobilização. Priorizou um congresso burocrático para bajular a sua base de sustentação, já tendo em vista as eleições sindicais de 2017.
As direções de núcleos do CPERS foram coniventes com o desmonte da greve, muitas das quais, omitindo ou mentindo que a votação dos seus núcleos foi pela continuidade da greve. Muitas, dentre estas direções, furaram vergonhosamente a greve, agindo como agentes do governo e da burocracia sindical contra a sua própria base. Um verdadeiro absurdo que denota a degeneração burocrática do nosso sindicato. Muitos núcleos deram atestados na sexta-feira, dia 01/07, para que os trabalhadores não grevistas que fossem ao congresso em Bento levassem para suas escolas. E tudo isto em meio à greve!
Não é possível tolerarmos mais estes autoritarismos burocráticos! As direções de núcleos romperam com a verdadeira unidade que surgiu da votação da assembleia geral pela greve e a sua continuidade. Com relação a esta aberração, a direção central nada fez, sendo conivente e também responsável por isso. É por isso que a vanguarda consciente do CPERS precisa se jogar com peso para destruir a burocracia sindical. Isto é determinante para termos greves vitoriosas no futuro. Convocamos tod@s a cerrar fileiras com a Construção pela Base.


PARA A CONTINUARMOS MOBILIZADOS CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO SARTORI/TEMER DEFENDEMOS:

- Continuar a organização por zonal e por escolas;
- Realizar aulas públicas para debater nas comunidades escolares acerca dos projetos que atacam a educação pública (escola sem partido, PL44, PL257, a farsa da crise financeira do governo do Estado, etc.);
- Discutir outras formas de ocupação e de denúncia do governo;
- Reorganizar no final do ano ocupações de escolas por estudantes e professores pela retirada do PL 44;
- Atos de rua de denúncia aos ataques do governo, em especial, do PL 44;
- Panfletagem nas comunidades escolares e nas grandes concentrações urbanas para desmascarar o governo Sartori e os seus ataques;
- Panfletagem nos serviços públicos chamando os colegas pra luta;
- Marcar um encontro estadual de base dos trabalhadores dos serviços públicos para discutir a luta contra o desmonte do serviços públicos impostos pelo PL 44.

- PELA RETIRADA IMEDIATA DO PL 44!

- NENHUM PARCELAMENTO E CONGELAMENTO DE SALÁRIOS! REAJUSTE SALARIAL JÁ! DINHEIRO NÃO FALTA, SOBRA PARA OS EMPRESÁRIOS E OS BANCOS. O GOVERNO SARTORI MENTE!

- REVOGAÇÃO DA PORTARIA DO DIFÍCIL ACESSO Nº 116/2016!

- GARANTIA DE 1/3 DE HORA ATIVIDADE!

- PELA RETIRADA DO PL 190 “ESCOLA SEM PARTIDO”!

- CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS SINDICALISTAS E ESTUDANTES: LUTAR E PROTESTAR NÃO SÃO CRIMES!

- CONTRA O ASSÉDIO MORAL DAS ESCOLAS A SERVIÇO DO GOVERNO: REALIZAR DENÚNCIAS E ESCRACHOS, COM REPRESENTAÇÃO DO CPERS, EM FRENTE A ESTAS ESCOLAS!

- BARRAR A ASCENSÃO DO FASCISMO E DENUNCIAR OS SEUS ATAQUES!

- PELA EXPULSÃO DAS DIREÇÕES DE NÚCLEOS QUE FURARAM A GREVE! NOVAS ELEIÇÕES SINDICAIS!