No Conselho Geral do CPERS, realizado no dia
10 de agosto de 2012, a direção da entidade e as correntes sindicais
governistas fizeram um discurso demagógico atacando o governo Tarso; mas são as
mesmas correntes que participam das campanhas eleitorais do PT e continuam
filiadas a este partido. A hipocrisia e o oportunismo saltam aos nossos olhos e
a dita “esquerda” (PSTU, PSOL, PCB, CS e CEDS) segue com sua política
conciliadora de unidade com o governismo a qualquer custo, quer no movimento
sindical ou nas eleições municipais pelo Brasil afora.
Esses farsantes prometem “mundos e fundos”
durante suas campanhas eleitorais, iludindo a categoria. Nenhum dos candidatos
ditos de “esquerda” denunciam o regime e a farsa das eleições burguesas como sendo
um jogo de cartas marcadas, onde ocorre o revezamento de cargos no parlamento e
executivo sem alterar em nada os privilégios das elites, que permanecem
intactos, em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
O papel de uma direção sindical de luta
e anti-governista deveria ser o de realizar um trabalho de formação política da
categoria, denunciando esse processo que perpetua as elites no poder,
debatendo, organizando e construindo a possibilidade de enfrentamento real aos
desmandos dos governos capachos do imperialismo – como é o caso do governo
Dilma, Tarso, Fortunatti e outros tantos. Mas a direção do CPERS faz o
contrário: utiliza a estrutura do CPERS à serviço dos seus interesses políticos
eleitoreiros de apoio à democracia burguesa.
Nesse mesmo dia foi votada a
participação do CPERS Sindicato na VIII Conferência Nacional de Educação da
CNTE-CUT, que acontecerá nos dias 19 a 21 de setembro, em Recife, Pernambuco,
que contará com apenas 300 inscritos e que tem como pauta principal do debate –
conforme site da CNTE – o novo PNE - Plano Nacional de Educação. Será uma
conferência burocrática apenas para as cúpulas sindicais para dar apoio
incondicional ao PNE do governo Dilma e do Banco Mundial, que está privatizando
a educação pública a partir da destinação das verbas do Ministério da Educação
para o setor privado via o PRONATEC (IFES e Sistema S – Senai, Senac, Sesi...),
além das parcerias público-privadas, que significa a interferência direta do
setor privado na educação pública (Unibanco, Itaú, Bradesco...). No mesmo
sentido, este encontro burocrático apoiará as demais políticas do governo
Lula/Dilma, tais como o PROUNI – que desvia dinheiro da universidade pública
para encher os bolsos do empresariado das universidades e faculdades privadas
–, as avaliações externas e a meritocracia na educação. Nós, da Construção pela
Base, votamos contra a participação nessa conferência e o PSTU (Democracia e
Luta) mais uma vez foi o defensor da participação nos fóruns sindicais de
cúpula da CNTE-CUT. Novamente vemos seu discurso contradizer sua prática, que é
o critério da verdade!
No debate sobre a Conferência Estadual
que o CPERS deverá organizar em outubro tivemos polêmicas com a direção. A
realização dessa conferência foi aprovada na assembleia do dia 02 de dezembro
de 2011 e deveria ter acontecido no 1º semestre de 2012, tendo como principal
pauta a “A Educação que queremos”, como forma de nos contrapor à Reforma do
Ensino Médio do governo Tarso-PT. Nossa oposição propôs que a Conferência deveria
contar com ampla participação da categoria, isto quer dizer: sócios e não
sócios, que a etapa escolar acontecesse em setembro, a municipal e dos núcleos
em outubro, e a estadual em novembro; com elaboração do caderno de teses e
utilizando o critério a cada 10 (dez) participantes eleger 1 (um) delegado para
a Conferência Estadual, possibilitando o maior número possível de
participantes. O local que indicamos foi a Praça da Matriz para dar
visibilidade ao nosso movimento e agregar à nossa luta a comunidade escolar.
Sendo rejeitada a nossa proposta e aprovada a da direção do CPERS, qual seja:
Conferência Estadual à frio, sem discussão real na base, prevista para o dia 19
e 20 de outubro, com a possibilidade de participação apenas dos sócios, no
Hotel Embaixador, excluindo, na prática, milhares de trabalhadores que ainda
não são sócios e a possibilidade de agregar na nossa luta a comunidade escolar.
Foi aprovado também o “mais do mesmo”
para continuar viciando as discussões, isto é, continuar a campanha de denúncia
pelo não cumprimento da lei do piso, os ataques aos direitos dos educadores e o
desmonte da educação pública, como a reforma do ensino médio, contratos
emergenciais, privatizações e transferência de gestão, sendo que até agora a
campanha de denúncia do governo Tarso e seu acordo com o Banco Mundial está
aquém da deflagrada contra Yeda; isso pra não dizer: quase inexistente! O
governo tem atacado permanentemente a categoria e o sindicato se pronuncia
depois de alguns meses de uma forma camuflada e tímida, o que denota a sua
conivência total. A direção além de capitalizar o “FORA YEDA” para eleger o
governo Tarso, também foi responsável por semear ilusões no governo. Agora que
não restam dúvidas de que o governo Tarso é a continuidade do governo Yeda –
fato que nossa oposição denunciava desde 2010 – faz para categoria um discurso
pseudo-antigovernista.
No dia 14 de agosto, com o velho e
batido argumento de pressionar os deputados, mais uma vez convoca a categoria
para assistir o “circo viciado do parlamento”, onde será votado o Projeto de
Lei que inclui todos os funcionários de escola no Plano de Carreira. Ajudará os
partidos da burguesia a aprofundar a demagogia e a propaganda eleitoral em
véspera de eleição. O Conselho Geral também aprovou a realização de um ato
público estadual no dia 24 agosto, em Porto Alegre, onde será divulgado o
resultado de uma pesquisa sobre a saúde do trabalhador na educação, mas que
também servirá de palanque eleitoral para os candidatos a vereador e prefeito. A
burocracia sindical não dá ponto sem nó, por isso inventou esse ato público
para faturar o voto dos desavisados e iludidos. É hora dos educadores darem um
passo adiante e não depositarem nenhuma confiança na demagogia eleitoral da
democracia dos ricos! Nenhum candidato da burocracia sindical eleito poderá
conquistar nada por nós em instituições corrompidas como estas, onde impera o
poder do dinheiro, da chantagem e do suborno. Só a nossa luta e organização
independentes do Estado burguês e das burocracias sindicais poderão garantir
nossos direitos e preparar vitórias futuras.