Durante a semana pedagógica os educadores
foram submetidos a uma teleconferência do secretário de Educação, José Clóvis
(DS-PT), que tratava da “gestão democrática” das escolas públicas. Na verdade o
que se viu foi uma propaganda política do governo, se aproveitando do tema para
se auto intitular “democrático”. Durante a teleconferência o próprio governo
reconheceu a existência de inúmeras direções de escolas autoritárias que inibem
a criatividade dos educadores. Porém, este reconhecimento por parte da SEC é
hipócrita, pois quem dá exemplo e suporte político ao autoritarismo é o próprio
governo, que fecha os olhos ao assédio moral das direções, que também é
cúmplice daquelas que negam o direito de organização dos estudantes nos grêmios
estudantis, que negam o direito de organização sindical dos trabalhadores
contratados, que persegue quem participa de mobilizações contra as políticas de
governo.
No início da transmissão, Antônio Branco
– ex-dirigente do CPERS da última gestão e sócio do sindicato –, disse que mais
escolas estão recebendo recursos, mas esqueceu de nos dizer onde eles estão,
pois desde o governo Rigotto que as verbas são as mesmas. Divulga na mídia que
cerca de 100 escolas receberiam reformas com um empréstimo do Banco Mundial.
Num universo de mais de 2000 escolas estaduais, reformar apenas 100 é o mesmo
que dizer que mais de 2000 escolas não receberam reparos urgentes e necessários
durante o governo Tarso. Pra piorar, esse suposto dinheiro que deveria chegar
no meio de 2012 foi empurrado inexplicavelmente para 2013! O falso discurso da
SEC sobre “mais recursos” serve para esconder o novo pacote do governo Tarso
que prevê mais isenções fiscais para os empresários e as multinacionais,
chamado, falaciosamente, de “Pacote para travar a queda do PIB”. Enquanto deixa
as escolas caindo aos pedaços, o governo Tarso dá o calote do piso e das RPV’s,
isenta de impostos à grande burguesia, aplica a Reforma do Ensino Médio que
aprofunda esse sucateamento e transfere recursos públicos para o SESI, SENAC,
SENAI, etc.
José Clóvis – outro sócio “ilustre” do
nosso sindicato – falou do “ensino médio inovador”. Reforçou a demagogia de
Antonio Branco sobre os tais “recursos”. Associou a Reforma do Ensino Médio a
estes mesmos “recursos”. Mas a verdade é exatamente o oposto. A Reforma do
Ensino Médio vem para oficializar o desvio de recursos públicos do MEC para o
ensino técnico privado; em 2011 foram 450 milhões para o PRONATEC.
As políticas neoliberais aplicadas pelos
sucessivos governos na educação têm levado a uma situação caótica: sem recursos
as escolas não funcionam como deveriam, a qualidade do ensino cai, a evasão
estudantil aumenta e a desvalorização profissional se aprofunda. A partir daí,
o governo e a mídia atacam a escola pública dizendo que ela “não cumpre a sua
finalidade” e por isso precisa ser “reformada” (leia-se: privatizada). Porém
são os próprios governos que criam as condições precárias na educação para
justificar sua privatização, assim como já fizeram nos setores de telefonia,
energia elétrica, abastecimento de água e outros tantos serviços públicos já
privatizados.
Esta teleconferência do governo serviu
apenas para a SEC fazer demagogia se passando por “democrática”, tentando
reverter o seu desgaste político em nossa categoria, visto que tem governado
para o Banco Mundial através de decretos que, em sua maioria, impõem goela
abaixo pacotes que retiram direitos dos trabalhadores. Como falar em “democracia”
e melhoria na escola pública se metade do orçamento público vai para o
pagamento das dívidas com especuladores e banqueiros? Se quem define as
políticas públicas e orçamentárias é o Banco Mundial junto com seus governos?
Se a reforma do ensino médio foi imposta pelo governo, onde as conferências só
serviram para disfarçar o caráter autoritário do governo? Se a precarização do
trabalho através dos contratos emergenciais continua? Se os trabalhadores
contratados têm os mesmos deveres, mas não têm os mesmos direitos (como poder
se candidatar para a direção de uma escola, por exemplo)? Ou seja, se o governo
age de forma inquestionavelmente “vertical”, desmontando definitivamente os
planos de carreiras, impondo a meritocracia no serviço público, dando o calote
do piso, aumentando a alíquota previdenciária. Este é o “diálogo democrático”
do governo com a nossa categoria! O discurso democrático da SEC e do governo
Tarso não passa de demagogia! O autoritarismo é a prática dos governos
capitalistas, quer seja Yeda, Tarso ou os próximos que virão.
E como sempre a direção do CPERS e seus
aliados silenciam diante de seu governo; não combatem Tarso como combatiam
Yeda. Mas isso tem uma explicação: toda a combatividade do “Fora Yeda” era para
eleger o governo do PT. A atuação da
direção do nosso sindicato em relação ao governo Tarso tem sido no sentido de
protegê-lo e de conivência com ele. Desmobiliza a categoria e se utiliza de um
discurso pseudo combativo. Na prática, não denuncia o governo efetivamente. Nem
sequer denuncia o engodo dessa teleconferência. Só organiza pequenos atos para
aparentar para a base da categoria que está fazendo alguma coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário