30 de jul. de 2017

PROJETO DE GOVERNO DO PMDB E DOS DEMAIS PARTIDOS DA DIREITA: “ESCOLA SEM PARTIDO E COM EXÉRCITO”.

Nota de repúdio da Construção pela Base contra a absurda intenção do governo Sartori (PMDB) de abrir as escolas públicas estaduais do RS para palestras de propaganda e doutrinação militar.

Apesar de todo pessimismo realista diante do que acontece no Brasil, apesar de observarmos a direita se deleitar no controle do Estado e usar essa arma de forma covarde contra a classe trabalhadora e a juventude, notamos que ainda há possibilidades de resistência e que os governos do grande capital ainda temem alguns espaços onde a autonomia e o pensamento livre podem surgir e se fortalecerem pela interação coletiva, mesmo no meio de todas as dificuldades e empecilhos impostos por governos e pelo mercado. Um exemplo disso são as escolas públicas, onde ainda há resquícios de liberdade e a possibilidade de pensamento crítico, algo que vem sofrendo ameaças constantes.
Podemos sim reconhecer que muitas vezes as escolas servem como braços “disciplinadores do Estado”, moldando o comportamento de jovens e preparando-os para serem encaixados no padrão exigido pela sociedade, mas, sempre houve e ainda há exceções, resistências e experiências relevantes de autonomia nesses espaços da educação pública, que ainda são lugares de intensa interação entre pessoas.
Como quem controla o Estado não pode monitorar o interior de salas de aula, o governo Sartori e Temer pensaram formas mais ardilosas de facilitar o controle e repressão. Um exemplo disso são as escandalosas propostas defendidas por políticos e partidos de Direita (entre os quais parlamentares como o fascista neoliberal Marcel Van Hattem, do PP, antiga ARENA, no RS), dentre as quais, destacam-se o lamentável movimento “Escola sem partido” que tenta, através da apelativa propaganda ideológica, convencer e colocar estudantes contra professores, com discursos ultra-conservadores que lembram a ditadura militar.
No RS, além de todos os ataques de um governo formado por uma coalizão de partidos de direita (PMDB, PSDB, PP, PSB, PPS, Solidariedade, PV… com apoio da RBS) que vem parcelando salários do funcionalismo público, congelando-os, descumprindo o que a legislação exige (como o piso do magistério, que mesmo sendo lei, jamais foi pago) ao mesmo tempo em que libera isenções para grandes empresas, benefícios para ruralistas e empresas, nada fazendo para cobrar os grandes sonegadores (dentre as quais a própria RBS-ZH, que deve milhões em impostos). O projeto político da Direita no poder ainda pretende ressuscitar iniciativas retrógradas da época da ditadura militar para aplicá-las nas escolas públicas do RS: o governo Sartori deseja colocar o exército dentro das escolas públicas para ministrar palestras sobre “moral e civismo” e certamente, também, tentar doutrinar estudantes e amedrontar educadores. Achamos que essa iniciativa absurda deve ser repudiada com energia!
Exército” tem a ver com obediência cega, belicismo, repressão, e jamais com educação, pelo menos quando se pensa em uma educação para a autonomia racional, liberdade, igualdade e não submissão (nessa perspectiva não há espaço para militarismo ou patriotismo forçado).
Quando alguns conservadores, de superficiais opiniões, defendem a necessidade de ensinar “valores morais” aos jovens e tomam como referência de “moralidade” o militarismo ou ainda “a religião” (a religião que cultuam, obviamente), demonstram apenas que jamais pensaram seriamente sobre o assunto, e que nada sabem sobre Ética (Filosofia Moral), pois, na prática, os valores que cultivam são aqueles que sustentam a desigualdade e a exploração em nossa sociedade.
Se há dificuldades nas escolas, isso é consequência de um modelo ruim de organização da sociedade e do descaso de fantoches políticos que controlam o Estado apenas para o interesse da classe dominante. Não é levando um modelo de repressão e manutenção de hierarquia para o interior das escolas que vamos resolver as mazelas da sociedade. A solução tampouco é transformar as escolas em “fábricas de padronização de mentes obedientes”. Isto apenas pode piorar a situação de uma população castigada pela ganância dos poucos que vivem no luxo gerado pela exploração do trabalho da maioria.
Da mesma forma, olhamos com preocupação a iniciativa do governo do RJ em colocar o exército nas ruas com a desculpa de conter a violência gerada pelas mazelas do próprio capitalismo. Toda esta política demonstra apenas uma tentativa de gerar medo na população pobre das periferias, além de tentar coibir manifestações contra todos os governos corruptos, desde o estado do RJ até o governo federal. A intenção destes governos é bastante óbvia: familiarizar as escolas e as periferias com a presença do exército nas ruas, para naturalizar um possível regime militar (caso isso seja necessário).
Ao mesmo tempo que contempla uma parcela conservadora da sociedade (grande parte da classe média), os governos da Direita vão fazendo uma repressão seletiva nas periferias e nas manifestações dos movimentos sociais, reprimindo violentamente atos de rua e greves. Serão uma tropa de choque especial utilizada para intimidar e garantir a aprovação das reformas neoliberais contra o povo.
Os 20 anos de ditadura militar não apenas deixaram intactas as velhas mazelas da sociedade brasileira, como as aprofundaram: corrupção, miséria, desigualdade social, o analfabetismo, a estrondosa dívida pública, o país como periferia do mercado mundial, isto é, um reles produtor de matérias-primas. Esta foi sua herança justamente porque sua função central foi preservar as bases do sistema. Caso triunfe o programa da classe média fascista e uma “intervenção militar” ocorra, nenhuma dessas mazelas será resolvida.

Direção do CPERS exige explicações para o inexplicável
Diante da “iniciativa” antipedagógica e absurda dos governos do PMDB, a atual direção do CPERS se restringe a largar uma nota para exigir explicações da secretaria da educação. Não queremos “explicações”, pois, não há justificativa aceitável para mais esse ataque da gestão PMDB. A postura do sindicato deveria ser a de repudiar completamente essa intenção perigosa do governo Sartori e organizar a resistência para impedir que isso seja colocado em prática nas escolas. Escola é lugar de construção dialógica de conhecimento, busca de autonomia; não é lugar para propaganda e doutrinação militar! O CPERS deve reagir e lutar para defender a categoria e a educação pública no RS: laica, com autonomia pedagógica, voltada para os interesses da classe trabalhadora.
É preciso resistir em todas as escolas, insistindo em criar espaços para o pensamento livre e crítico (não apenas nas escolas, mas, em todo campo possível de ação), lutando contra qualquer passo em direção ao retrocesso e controle repressor do Estado e do grande capital.




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