Análise da política pública de abstinência sexual da ministra-evangélica Damares
As recentes declarações da ministra do
governo Bolsonaro, Damares Alves, em defesa da abstinência sexual para a
juventude, trouxe à tona um velho método fascista de resignação e domesticação
das massas, que necessita ser amplamente debatido pela esquerda. Bolsonaro
tenta esconder sua ligação com o nazi-fascismo, alegando que este “era de
esquerda” ou dizendo-se adepto das religiões judaico-cristãs, tal como se a
doutrina de Hitler se resumisse apenas à perseguição de judeus. Não tardou para
que as consequências das forças doentias despertadas por seu governo trouxessem
à superfície cenas bizarras, como a do secretário de “cultura”, Roberto Alvim, reeditando
um discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels[i].
O “espanto” de muitos apoiadores de Bolsonaro o fez demiti-lo no dia 17 de
janeiro. Esta demissão, a contragosto, acusou o golpe.
Como é sabido, o nazi-fascismo possuía um
braço armado próprio, as “famosas” tropas de assalto hitleristas, chamadas de Sturmabteilung,
as SA’s[ii].
O neofascismo bolsonarista também tem
suas SA’s, que são as milícias do Rio de Janeiro. Segundo o próprio Bolsonaro: “Enquanto o Estado não tiver coragem de
adotar a pena de morte, esses grupos de extermínio, no meu entender, são muito
bem vindos”[iii].
Existem denúncias graves de que policiais civis de bairros importantes são
acusados de ajudar milícias que deveriam investigar; além de 22 juízes cariocas
estarem sendo ameaçados por grupos milicianos paramilitares[iv].
Mas as semelhanças com o fascismo não param
por aí. O “bolchevismo cultural” dos nazi-fascistas alemães tornou-se o
“marxismo cultural” tão combatido pelos olavistas do governo Bolsonaro, que vão
desde o Ministério da Educação até o Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos. Damares Alves, a ministra desta pasta, é uma pastora
evangélica profissional e tem semeado em outras searas. Aborda temas como a
moralidade, a família e a sexualidade – todos temas bastante trabalhados pelo
imaginário nazi-fascista que possuem a mesma finalidade de controle das massas,
bem aos moldes da psicologia de massas do
fascismo já muito bem analisada e denunciada por Wilhelm Reich.
I – Os disparates do
fundamentalismo evangélico não são desprovidos de finalidades políticas
Causa profundo espanto o fato das
declarações de todo o alto escalão do governo Bolsonaro continuarem impunes e
ainda serem levadas a sério por amplas camadas populares. Aqui, cabe um
destaque especial para a ministra Damares, que é a campeã de declarações
absurdas, beirando a irracionalidade. A sua última “pérola” foi a proposta de
abstinência sexual para a juventude, afirmando que o início precoce da vida
sexual leva à delinquência e que tal “política pública” serve para coibir
gravidez na adolescência[v]
e combater as doenças sexualmente transmissíveis[vi].
O texto ministerial diz ainda que a prática do sexo na pré-adolescência leva a “comportamentos antissociais ou
delinquentes” e ao “afastamento dos
pais, escola e fé”[vii].
Para confundir e dar força aos seus argumentos, Damares dá ênfase no seu
discurso ao “canal de vagina” de meninas de 12 anos pra chocar, o que esconde o
fato de que sua “política pública” é para todo o período da adolescência e
almeja, implicitamente, se estender à vida adulta.
Por isso, enganam-se aqueles que pensam que
tais declarações são desprovidas de finalidades práticas e racionais,
deixando-nos tentados a classificá-la como “louca” ou “demente”. Quem assim age
dá um presente para a ministra do neofascismo,
pois é tudo o que esperam! Segundo W. Reich, Hitler insistia que os nazistas
deveriam se dirigir às massas não com argumentos, provas e conhecimentos, mas
apenas com sentimentos e profissões de fé[viii].
É exatamente assim que procedem Bolsonaro e Damares.
As empresas da grande mídia pretendem
dar um ar de seriedade às propostas da ministra-evangélica, realizando uma
cobertura jornalística que passa um verniz de coerência às suas contradições
mais escabrosas. Por exemplo: a RBS afirma que tais propostas foram aplicadas
nos EUA e em Uganda[ix];
outros destacam trechos do documento ministerial que afirmam se tratar de uma
proposta embasada “cientificamente”. Obviamente que tais mídias comerciais nem
chegam perto da essência da questão, que é, justamente, a intensificação da
hipnose das massas, sobretudo as mais conservadoras e moralistas, que se
localizam entre a classe média e o eleitorado evangélico.
Damares, ao contrário do secretário Roberto
Alvim, tenta dissimular suas referências políticas mais profundas, afirmando
que a proposta “não irá conflitar com as políticas
atualmente existentes de educação sexual, do uso de preservativos ou de outros
métodos contraceptivos. Será complementar”[x].
Isto é uma tergiversação cínica, uma vez que, como evangélica, condena o uso de
preservativos e as fake news do seu
governo atacam impiedosamente qualquer tipo de educação sexual alternativa. No
documento da ministra, por exemplo, podemos ler que: “ensinar métodos contraceptivos para esse público normaliza o sexo
adolescente”[xi],o
que demonstra claramente que ela almeja impor esta política sobre todas as
outras. Basta lembrar que em 2010,
a união das bancadas católica e evangélica no Congresso
Nacional reagiu fortemente ao Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, uma
iniciativa que previa a distribuição de preservativos em escolas públicas,
resultando no seu cancelamento[xii].
Damares foi assessora parlamentar da bancada evangélica por 20 anos.
Os disparates do governo Bolsonaro – e os da
Damares em particular – não seriam possíveis se não houvesse profunda crise
econômica e graves problemas de saúde mental na massa evangélica, conforme
reconhece um pastor dissidente[xiii].
Esta saúde mental deficiente, propícia a acreditar em qualquer coisa que lhes
indica o líder, é justamente o resultado de uma “educação sexual” baseada na
repressão moral e na abstinência. A bem da verdade, esta massa religiosa não
sabe que está sendo educada sexualmente dentro destes moldes em seus cultos e
rituais, já que esta tem sido uma das principais finalidades sociais não
declaradas das religiões patriarcais organizadas – sobretudo as evangélicas.
A aproximação do neofascismo bolsonarista com as “maiorias” evangélicas, por
suposto, não pode ser vista como casualidade. Seus princípios essenciais
reforçam-se mutuamente: deus-religião, família-patriarcado e propriedade-nação.
Daí os lemas dos apoiadores da ditadura militar (1964-1985) de “deus, pátria e
família”; e do governo Bolsonaro de “Brasil acima de tudo, deus acima de
todos”. Todos lemas muito semelhantes ao misticismo político do nazismo alemão,
que dizia: “Alemanha acima de tudo”.
“Nessa
combinação de fatos econômicos e ideológicos – escreveu W. Reich
–, a família burguesa apresenta-se como o
primeiro e principal lugar de reprodução do sistema capitalista, ou ainda, do
sistema de economia privada, como fábrica da sua ideologia e da sua estrutura.
É por isso que a ‘defesa da família’ é o primeiro mandamento da política
cultural reacionária”[xiv].
É dentro da família burguesa reacionária que a repressão sexual encontrará a
sua mais fiel colaboradora. “A psicanálise
de pessoas de qualquer idade, país ou camada social – conclui W. Reich – dá o seguinte resultado: a conexão da
estrutura sócio-econômica e da estrutura sexual da sociedade, e a reprodução
ideológica da sociedade, produzem-se nos quatro ou cinco primeiros anos da vida
e no interior da família. A igreja limita-se, em seguida, a perpetuar essa
função. É desse modo que o estado de classe manifesta imenso interesse pela
família: esta tornou-se a sua fábrica de estrutura e de ideologia. (...) Nunca
se sublinhará bastante o fato de que o laço familiar com a sociedade de classe
tem grande intensidade e fortíssima carga afetiva”[xv].
II – Repressão sexual e
obediência política
A energia sexual é a força motriz da vida.
Segundo Freud, provém dela não apenas as pulsões de vida, de amor e de ódio,
mas a energia sublimada que se transforma em arte, ciência ou culto religioso.
A psicanálise e a economia sexual[xvi]
apontam a contradição entre as exigências de satisfação pulsional e as
imposições morais da sociedade. Segundo W. Reich, a fé e o medo de deus, de um
ponto de vista energético, são uma excitação sexual que mudou de finalidade e
conteúdo[xvii].
Na maior parte dos casos, surge uma contradição entre as necessidades
pulsionais e a ordem social da qual a família (e mais tarde a escola) é uma das
principais representantes. Esta contradição conduz a um conflito, a origem de
neuroses, psicoses, sadismos, etc. Como o indivíduo é o mais fraco dos
adversários dentro deste conflito, estas modificações realizam-se na sua estrutura
psíquica[xviii].
Sob a pressão do mundo exterior começam a desenvolver-se no seu aparelho
psíquico um órgão de inibição, o superego, responsável pelo (auto) controle,
capaz de introjetar um impiedoso complexo de culpa.
A ordem sexual patriarcal, na qual está baseada
a sociedade de classes, retira às mulheres, crianças e adolescentes a liberdade
sexual, transformando a sexualidade em mercadoria ou colocando os interesses
sexuais a serviço dos interesses econômicos, o que inevitavelmente leva à
degeneração destas relações. Assim, a sexualidade passa a estar desconfigurada
no sentido do diabólico, do demoníaco, sendo parte daquilo que é necessário
domesticar e dominar[xix].
“Deve-se observar – escreveu Gramsci
– como os industriais (especialmente
Ford) se interessaram pelas relações sexuais de seus empregados e, em geral,
pela organização de suas famílias; a aparência de um ‘puritanismo’ assumida por
este interesse (como no caso do proibicionismo) não deve levar a avaliações
erradas; a verdade é que não se pode desenvolver o novo tipo de homem exigido
pela racionalização da produção e do trabalho enquanto o instinto sexual não
for adequadamente regulamentado, não for também ele racionalizado (...) Foram os instintos sexuais que sofreram a
maior repressão por parte da sociedade em desenvolvimento”[xx].
O fascismo clássico, por sua vez, relega a
sensualidade sexual para a “raça estrangeira”, geralmente tida como inferior.
Foi o caso dos judeus na Alemanha[xxi].
É exatamente aí que se encontra a semelhança entre o nazi-fascismo clássico e o
neofascismo de Bolsonaro e Damares,
que fazem inúmeras apreciações negativas da sexualidade, “esquecendo-se” que os
problemas não devem ser buscados na sexualidade em si, mas, justamente, na
sexualidade do patriarcado que sustentam e professam.
Hitler “denunciava” no Mein Kampf “um envenenamento
não menos terrível do corpo do povo pela sífilis” como resultado da “judaização da nossa vida espiritual e a
introdução do mercantilismo nos nossos apetites sexuais”; e tal “mistura de raças” levaria ao “envenenamento do sangue e do corpo”[xxii].
A ideologia da “alma” e da sua “pureza” é a ideologia da assexualidade, da
“pureza sexual”; portanto, no fundo, um fenômeno de recalcamento sexual e do
medo da sexualidade viva, devidos à sociedade patriarcal baseada na economia
privada. Segundo demonstrou amplamente com inúmeros argumentos W. Reich, o
núcleo da teoria racista do fascismo é o medo e o temor da sexualidade sensual,
física[xxiii].
Hitler e o nazismo, almejando a repressão sexual do povo alemão para
controlá-lo, utilizaram-se de teorias de “raça pura” e de “decadência de um
povo por sua cruza com outro, inferior”; enquanto que o neofascismo de Bolsonaro e Damares atribuem a necessidade de
abstinência sexual aos problemas de gravidez na adolescência e à “imoralidade”
do povo pobre. Sabemos o quanto esta ideologia sexual – uma parente tupiniquim
da teoria de Malthus – é amplamente aceita nos estratos da classe média alta,
que recorrentemente afirmam que “os pobres ficam colocando mais pobres no
mundo”.
Segundo W. Reich, “a inibição da sexualidade natural cuja fase é constituída pelos graves
danos feitos à sexualidade genital da criança, torna-a ansiosa, tímida, receosa
diante da autoridade, obediente no sentido burguês (...). Resumindo, o seu objetivo é fabricar um cidadão
que se adapte à ordem assentada na propriedade privada, que a tolere, apesar da
miséria e das humilhações. Como etapa prévia nessa via, a criança passa pelo
estado autoritário em miniatura que é a família, a cuja estrutura a criança tem
que começar por adaptar-se se mais tarde quiser inserir-se no quadro geral da sociedade”[xxiv].
Note-se que W. Reich, apesar de ser um
profundo crítico da psicanálise, se baseia em Freud, que diz o seguinte para
liquidar as falácias da “nossa” ministra-evangélica: “A relação entre a quantidade de sublimação possível e a quantidade de
atividade sexual necessária varia muito, naturalmente, de indivíduo para
indivíduo, e mesmo de profissão para profissão. (...) Em geral não me ficou a impressão de que a abstinência sexual contribua
para produzir homens de ação enérgicos e autoconfiantes, nem pensadores
originais ou libertadores e reformistas audazes. Com frequência bem maior
produz homens fracos, mas bem-comportados, que mais tarde se perdem na multidão
que tende a seguir, de má vontade, os caminhos apontados por indivíduos fortes”[xxv].
Em sintonia com tais conclusões, W. Reich
afirma: “A repressão da satisfação das
necessidades puramente materiais produz resultados diferentes da repressão das
necessidades sexuais. A primeira leva à revolta, mas a segunda, por submeter as
exigências sexuais ao recalcamento, retirando-as da consciência e enraizando-as
internamente sob forma de proibição moral, proíbe a realização da revolta cuja
fonte se encontra em ambas formas de repressão. E mesmo a inibição da revolta é
também inconsciente”[xxvi].
É por isso que a repressão sexual está ao serviço da dominação de classe. Esta
reproduziu-se ideológica e estruturalmente nos dominados, e sob esta forma
constitui o mais forte poder, ainda desconhecido, porém, mais eficaz que
qualquer espécie de repressão policial[xxvii].
A política fascista, segundo W. Reich, deve propagar a “miséria sexual e
emocional das massas”, pois controlá-las significa controlar seus impulsos
sexuais e afetivos. Quanto mais empobrecidos e reprimidos, mais fáceis de
arrebanhar[xxviii].
III – O recalcamento se transforma
em sadismo: a base da manipulação fascista!
Com efeito, se pelo processo do
recalcamento a sexualidade for excluída das vias naturais de satisfação, toma
os caminhos diversos da satisfação
substitutiva. Assim, por exemplo, a agressividade natural amplifica-se para
transformar-se em sadismo brutal que constitui uma parte essencial da base
psicológica de massa do fascismo e mesmo da guerra, que repousa num mecanismo
libidinal. A repressão sexual modifica estruturalmente o ser-humano oprimido
economicamente, de tal modo que ele age, sente e pensa contra o seu próprio
interesse material[xxix].
Mais do que isso, passa a defender os interesses econômicos da classe
dominante, seguindo, conforme descreveu Freud, os caminhos apontados por indivíduos fortes.
A sedução do neofascismo bolsonarista reside, precisamente, na manipulação do
sadismo das massas, originado e fortalecido pela repressão sexual. Esta é a
verdadeira finalidade da política pública proposta pela “nossa”
ministra-evangélica. A força de Bolsonaro está, tal como no nazi-fascismo
clássico, na legalização das descargas dos impulsos sádicos. O que encontra uma
satisfação substitutiva da repressão sexual natural. É por isso que o
pensamento bolsonarista é completamente perturbado por emoções irracionais e
encontra seu mais fiel apoio nas massas religiosas. As suas conclusões não
resultam de pensamentos refletidos honestamente, mas são apenas uma confirmação
dos seus desejos e suas emoções mal compreendidas (em grande parte gerados pela
energia recalcada que produz um ódio sádico inconsciente).
A dominação neofascista, seja de Trump nos EUA ou de Bolsonaro e Damares no
Brasil, precisa estimular, portanto, o aumento da abstinência e da repressão
sexual, o que gerará maior quantidade de prazer compensatório calcado no ódio
sádico, passível de ser explorado pela manipulação política das redes sociais,
das fake news, dos haters, dos discursos políticos, das
empresas de “engenharia comportamental”, etc.[xxx]
Quando Hitler dizia que os nazistas deviam se dirigir às massas com sentimentos e profissões de fé era, principalmente, ao ódio sádico mal contido
das massas que ele estava se referindo.
Estes métodos de “debate” servem
perfeitamente para manipular emoções infantis de “pessoas comuns” e ocultar os
níveis de privilégios e exploração do capitalismo imperialista, que se encontra
em avançado estado de degeneração. Como as contradições econômicas e sociais
são muito grandes para não serem percebidas, esta direita se especializou em
métodos refinados de distorção da realidade, que misturam “auto-verdade”,
pós-modernismo, egotismo e manipulação do sadismo, o que resulta em práticas
fascistas.
IV – A hipocrisia dos neofascistas: para os trabalhadores
pobreza, recalcamento, miséria social e sexual; para os ricos exploração,
fartura e orgias!
Vimos que o verdadeiro interesse do governo
Bolsonaro e de Damares não é com a gravidez precoce ou DST, mas com a repressão
sexual das massas. Para as religiões patriarcais organizadas o prazer é pecado.
Portanto, o sexo não pode buscar a satisfação sexual. Ele só pode ser realizado
quando se tem a intenção de reprodução. A ministra-evangélica também não está
interessada em combater os casos de abusos de jovens e crianças, que é o
resultado inevitável da pobreza, da miséria, de concepções patriarcais,
machistas e do aumento da disposição à satisfação sádica. Isso continuará
ocorrendo livremente, bem como a prostituição. Assim, a “política pública” de
Damares serve apenas para deseducar sexualmente os trabalhadores e os seus
filhos, transformando-os em seres dóceis e obedientes politicamente, mas
dispostos a serem sádicos contra si mesmos e os seus.
Enquanto Bolsonaro e Damares exigem uma moral
casta, de abstinência e privação sexual para os pobres, consentem com as orgias
da classe dominante, bem como dos seus abusos sexuais cometidos em muitas
esferas sociais – inclusive contra os pobres –, que nada mais são do que
reproduções da sua exploração no campo econômico (lembrem-se dos escândalos das
orgias da elite paulistana ligada a João Dória; uma reprodução quase exata da
pervertida elite romana; ou, ainda, da declaração de Bolsonaro afirmando que
usava o dinheiro do auxílio moradia “pra comer gente”). Além disso, fazem
vistas grossas para os casos de abusos cometidos dentro das igrejas e no seio
das famílias mais religiosas. Não há preocupação com a coerência de sua própria
pregação: o moralismo sádico se basta a si mesmo!
V – Como deve ser a vida
sexual da juventude trabalhadora?
Frente ao desmascaramento das reais
intenções do governo Bolsonaro e da sua ministra-evangélica chegamos
inevitavelmente a este questionamento, que certamente é respondido de forma
dicotômica pelos bolsonaristas: ser contra a política de abstinência sexual é
ser a favor de um caos sexual e do desregramento completo. A tudo isso, devemos
responder da seguinte forma: a sexualidade é parte indissociável da natureza
humana e, enquanto tal, um pilar da sua saúde corporal e mental. Existem
práticas medicinais do oriente totalmente baseadas na sexualidade com bons
resultados de cura. É, antes de tudo, um assunto íntimo de qualquer indivíduo,
assim como deveria ser a religião.
Porém, a educação sexual precisa fazer parte
do currículo da escola pública que, em primeiro lugar, necessita ser pautada
pela laicidade; em segundo, pela cientificidade. Quem deve elaborá-la são
médicos, assistentes sociais, professores, psicólogos e psicanalistas, em
sintonia com as necessidades de cada comunidade escolar; e não ser dominada por
pastores ou religiosos. Os moralismos das religiões devem ser evitados porque
servem apenas para o controle político que, em sua maioria, estão
umbilicalmente ligados às ideologias de direita. A educação sexual não pode ser
tratada como tabu, mas como ciência, permeada pela sabedoria e o amor.
Muito se tem falado sobre a escola não
corresponder aos interesses dos jovens de hoje. Quem fala isso tem toda a
razão, embora continue propondo políticas educacionais fora dos seus
interesses. A escola omite um dos principais assuntos da vida humana: o sexo! Isso
não significa propor um debate meramente mecânico-biológico, de orientações
utilitaristas sobre gravidez na adolescência, como evitar DST, etc. Tudo isso é
importante, mas não chega nem perto do problema. Também não se trata de propor
um debate “pornográfico”, desprovido de reflexões críticas e amoral. Há que se
estabelecer uma nova forma de moral. Não a ultrapassada e decadente das
religiões patriarcais, mas uma moral natural, que respeite a vida viva e as suas verdadeiras emoções. Além disso, a
educação sexual precisa abordar temas como: as consequências do sexo; a
importância do prazer feminino; questões de identidade de gênero e diversidade
sexual; a possibilidade masculina de recusa ao sexo se não se sentir preparado
(o homem também chora e brocha); as responsabilidades paternas; o papel da mãe
e do pai no desenvolvimento de um bebê; diferenciação entre abuso e
consentimento; enfim, dar uma noção completa e ampla de que uma busca leviana
por sexo pode resultar em consequências nefastas para si e para uma futura criança, bem
como da importância do sexo para uma vida saudável e feliz.
Algo em nós se opõe à possibilidade de um
debate público sobre esse tópico. Este “algo” é, segundo Reich, uma peste emocional social, que luta
constantemente para preservar a si mesma e a suas instituições. O resultado é o
crescimento do sadismo fascista e da neurose de massas, que tomam formas em
nefastas couraças anti-naturais que cristalizam a frustração sexual
(profundamente necessária para as bases da sociedade de classes e para os
regimes fascistas). Traçou-se, então, uma distinção errônea entre vida pública
e vida privada, e esta última é impedida de chegar até à tribuna dos debates
públicos e, sobretudo, à escola, totalmente fechada a este tema. Atualmente,
segundo nossos padrões hipócritas de sociedade, a vida pública é assexuada na
superfície e pornográfica ou pervertida nas profundezas. Se essa dicotomia não
existisse, a vida pública coincidiria com a vida privada e espelharia, de modo
correto, a vida cotidiana em amplas formas sociais.
A educação sexual pautada nesta perspectiva
serviria para abrir as válvulas que bloqueiam o fluxo de energia biológica no
animal humano, para que as outras coisas importantes, como o pensamento
límpido, a decência natural e o trabalho agradável possam funcionar e para que
a sexualidade pornográfica deixe de
ocupar todo o pensamento das pessoas como ocorre hoje[xxxi]
(o que é a inevitável consequência da política de repressão sexual).
VI – Família e liberdades
individuais
Quando criticamos a família,
classificando-a como o centro da política cultural reacionária do fascismo
clássico e do neofascismo, não se
trata de ser contra a família em si,
mas contra a forma patriarcal-burguesa de família, que é a única reconhecida
pelo Estado, pelas religiões organizadas e pela sociedade capitalista, já que
ela é um pilar fundamental da dominação de classe. Propomos o reconhecimento e
o respeito a todas as formas possíveis de família: desde a biológica até aquela
onde um ser-humano se sinta bem e acolhido, respeitando a sua adoção ou
escolha. Da mesma forma, propomos o combate a toda a família opressora e
reprodutora da sociedade de classe, com o seu consentimento aos abusos, suas
regras arcaicas e tabus.
Acontece que todas as formas de família
que destoem da patriarcal-burguesa são combatidas ferozmente pelo neofascismo e pelos setores mais
atrasados e decrépitos da burguesia. Acusam-nas equivocadamente de ser uma
incitação à promiscuidade, pedofilia, zoofilia e outras barbaridades. O governo
Bolsonaro se vende como partidário das “liberdades individuais”, no entanto, o
liberalismo burguês clássico dos séculos XVII e XVIII reconhecia, pelo menos em
palavras, a importância da não intervenção nas liberdades individuais
(religiosa, sexual, artística, política e intelectual). Os liberais da direita neofascista brasileira atacam todas as
liberdades individuais: interferem na religião e na opção sexual das pessoas,
professando valores retrógrados e de violência. Ou seja, demonstram como o
liberalismo se traduz na prática, e não em palavras: uma reprodução do
absolutismo monárquico medieval.
Algumas noções desenvolvidas a partir do
liberalismo econômico se convertem, inevitavelmente, em diversas formas de
narcisismos, hedonismos e egotismos. O mercado joga o tempo todo com as emoções
infantis e egocêntricas do individuo médio comum, fazendo confundir o seu
infantilismo egotista, expresso por suas noções religiosas e místicas pessoais,
com questões políticas e econômicas. O que está escondido no fundo disso tudo é
o medo da classe média perder seus pequenos privilégios e diluír-se no meio do
povo trabalhador, bem como desejos sexuais reprimidos pelo moralismo exacerbado,
que se transforma em ódio sádico e acomodação. Os liberais da direita e a
grande mídia burguesa sabem muito bem se utilizar destes medos e taras,
manipulando-os como ninguém[xxxii].
VII – A “esquerda” frente ao
neofascismo
Completamente desnorteada, a “esquerda”
oficial (PT, PCdoB/movimento 65, PCB, PSTU, PSOL, PCO, etc.) e os seus
sindicatos tendem a reproduzir as políticas públicas moralistas e repressivas
do neofascismo ou, então, como um
velho ramerrão, ignoram todo o debate sexual e cultural, taxando-o de “desvios
pequeno-burgueses” ou “anti-marxistas”. Em qualquer um dos casos, comete um
crime e deixa uma avenida para a direita, que não abre mão de propor pautas e
se interessar por esse tipo de discussão. Muitos “marxistas” supostamente
ortodoxos pensam que a simples mudança das bases econômicas através de uma
revolução solucionaria automaticamente todos esses problemas por si mesmos.
O PT, por sua vez, propõe uma
“aproximação com as comunidades evangélicas”, se apercebendo que neste terreno
foi ultrapassado pela direita. Talvez isso ocorra pelo fato de que 29% dos
eleitores petistas também aprovam a ministra Damares[xxxiii].
No entanto, qual seria o método dessa aproximação e com qual finalidade? Sobre
isso não há nenhuma palavra. Lula busca um diálogo desesperado e oportunista
com os evangélicos, afirmando que “sempre
teve jeitão de pastor” e que “o lugar
natural dessas igrejas seria militando no PT”[xxxiv].
Isso indica uma aproximação eleitoreira e institucional-burguesa que servirá
para reforçar a própria doutrina evangélica, o que sabota qualquer
possibilidade real de vitória sobre o neofascismo
e de um necessário reestabelecimento da saúde mental pública, pois, conforme
alerta Reich, as igrejas são as organizadoras da política sexual do capital. O
aprofundamento da exploração sobre os trabalhadores costuma ser acompanhada
sempre de um reforço da pressão moral. Dado que, em caso de crise, a
intoxicação religiosa é a medida essencial em psicologia de massas para
preparar o terreno para a adoção da ideologia fascista, não podemos evitar a
busca pela elucidação dos efeitos psicológicos da religião[xxxv].
A dominação petista e cutista sobre os sindicatos, pautados por uma política de
rebanho e de ódio contra quem lhes questiona a hegemonia, reproduz o espírito
do neofascismo (justiça seja feita:
este tipo de “dominação sindical” se estende a outras correntes da “esquerda”
além do petismo).
Uma das principais tarefas da esquerda é
estudar e compreender os problemas da psicologia de massas que levam-nas a agir
e a pensar contra si próprias, sendo um reflexo direto da repressão sexual.
Temos que ser capazes de explicar porque a mística venceu a ciência; ou, dito
de outra forma, porque o irracional venceu o racional. Por isso, o núcleo
central da política cultural
revolucionária deve se tornar a questão sexual. Neste ponto não há política
por parte da “esquerda”; aqui apenas a direita apresenta as suas armas que são
reproduzidas consciente ou inconscientemente pela “esquerda”. Assim, os
“disparates” da Damares são mais eficientes do que todas as grandes políticas e
diálogos da “esquerda”.
Sabemos, também, que as igrejas não pagam
impostos no Brasil. Este privilégio é garantido pela Constituição brasileira de
1988, se convertendo numa das bases materiais que confere grande poder de
expansão para as igrejas evangélicas. É necessário começar uma grande campanha
política que taxe o funcionamento das igrejas, tal como qualquer outro
estabelecimento ou serviço (se a educação paga, por que as igrejas não pagam?).
Muito provavelmente o PT e outros partidos institucionais não se colocarão tal
tarefa, dado o seu grau de adaptação ao sistema. Porém, se trata de uma tarefa
fundamental na luta contra o obscurantismo religioso que serve de base à
dominação de classe do grande capital; e, enquanto tal, deve ser enfrentada.
VIII – O que fazer?
Segundo W. Reich, a sexualidade natural é
inimiga mortal da religião. A consciência sexual plena significa o fim da
religião (pelo menos das religiões patriarcais organizadas). Trocando em
miúdos, a vida viva se sobrepõe a
vida mecânica, reprodutora e passiva. É precisamente aí que a esquerda deve
investir pesado. Isso significa ouvir as pessoas realmente; saber interpretar e
dialogar com os seus sentimentos, sem capitular a eles. Porém, há aqui uma
advertência importante: como a esquerda precisa desenvolver o novo, lidar com
forças puras, ela está em desvantagem em relação a direita, que se utiliza das
taras, dos medos e do sadismo da massa. Lutar contra isso não é apenas difícil,
mas desesperador. A frustração não é uma boa conselheira nestes embates, pois
estamos falando de um longo e paciencioso trabalho de Sísifo.
Os seres humanos não são apenas seres
racionais, tal como nos afirmaram ao longo dos séculos os filósofos, mas são,
também, seres irracionais. Sabemos hoje que na nossa mente, bem como em toda a
realidade, existem elementos e fenômenos conflitantes que tem efeitos
devastadores e paralisadores. A humanidade adora o prazer, mas também cultua
(geralmente) de forma inconsciente a dor. Exalta o amor, mas também o ódio.
Busca a liberdade, mas se torna refém da culpa e da opressão. “É necessário fixar – aponta W. Reich – que não atingiremos os nossos fins com
discussões sobre a existência ou a inexistência de deus, mas somente pelo
levantamento dos recalcamentos sexuais e o afrouxar dos laços infantis em
relação aos pais”[xxxvi].
Devemos agir como terapeutas que não querem destruir a religião daquele que se
está a analisar, mas tratá-la como qualquer outro dado psíquico que funciona
como apoio ao recalcamento sexual que consome boa parte de sua energia vital,
combatendo a submissão inconsciente e respeitosa às autoridades (paternas,
maternas, religiosas, estatais, dos líderes políticos ou sindicais...) em nome
da coletividade e da responsabilidade social.
Se nos perguntamos por que é que a
revolta de um trabalhador é reprimida e controlada pela direita neofascista, podemos constatar que se
trata, sobretudo, da atuação inconsciente da reprodução da repressão familiar.
É impossível levá-lo à consciência de classe incitando-o simplesmente à greve,
como o fazem muitos militantes mecanicistas, aptos a reproduzir e a não pensar
por si mesmos frente à vida viva,
ignorando seu estado de espírito e, muitas vezes, o difamando. Para o
trabalhador adulto, é a reprodução familiar patriarcal-burguesa que o entrava.
Nele, a moral sexual burguesa “coexiste” com rudimentos da consciência de
classe; e ele não percebe nisso nenhuma contradição[xxxvii]
(isso ocorre, inclusive, com a maioria dos militantes organizados). Há que se
desenvolver um método de agitação e propaganda que desnude as contradições
sádicas das massas e, despertando-as de seu transe, cobre-as de suas
responsabilidades sociais. Em nenhum dos casos as organizações de esquerda e os
sindicatos podem tratá-las como crianças mimadas, mas devem conscientizá-las e
responsabilizá-las. Não é necessário dizer que tudo isto está em frontal
contradição com a política eleitoral da maioria dessas organizações.
Atualmente os revolucionários não tem
tarefa mais importante do que encontrar os pontos fracos do neofascismo, compreendê-los e
desenvolver meios de desmascará-los o mais amplamente possível. Acordar os
trabalhadores da hipnose neofascista
requererá grande habilidade na demonstração de como o governo Bolsonaro
utiliza-se do sadismo presente nas massas, gerando uma confusão irracional
caótica, para entregar os recursos naturais e as riquezas do país com a
finalidade de manter a boa vida da elite, dos bancos e dos políticos. Nesse
sentido, a diplomacia secreta deve ser abolida. Tudo quanto seja possível
necessita submergir da escuridão do inconsciente para a luz da consciência e da
análise crítica.
A vida privada dos trabalhadores – sua
sexualidade, seus anseios, a criação dos filhos, a sua educação – deve figurar
no primeiro plano da propaganda revolucionária e dos debates da esquerda e não
ficar como último item como tem sido até agora (quando eles existem!). É
fundamental renovar os métodos, pensar experiências em relação à política
sexual – especialmente entre a juventude proletária – e politizar a vida
privada e as questões cotidianas para se contrapor às práticas das igrejas
evangélicas e da direita neofascista.
Há muito por se estudar e compreender.
Outro tanto é necessário ser feito para superarmos as práticas nefastas desta
direita. No entanto, alguns pontos já podem ser modificados desde já: é muito
importante redemocratizar os espaços da “esquerda”, como os sindicatos,
movimentos sociais e os partidos “operários”. Como um terapeuta, temos que
analisar criteriosamente não apenas as ações da direita neofascista, as suas bases teóricas e sociais, mas, também,
analisar a nós mesmos, a “esquerda” e os movimentos dos trabalhadores. Ver,
honestamente, o quanto cumprimos ou deixamos de cumprir.
Nesta luta, a mente consciente parece ser
insuficiente para nos ajudar. Seja o que for o inconsciente, sabemos que é um
fenômeno natural que produz símbolos provadamente relevantes. Ele não pode ser
ignorado, pois é natural, ilimitado e poderoso como as estrelas. A direita neofascista e os seus ideólogos não
abrem mão de explorar a psicologia de massas. Nós devemos nos especializar em
libertar a psicologia das massas da escravidão mental inconsciente.
Provavelmente só esta nova abordagem poderá nos dar possibilidade de iniciar
uma nova prática capaz de vencer o neofascismo
e de extirpá-lo pela raiz.
NOTAS
[ii] Sturmabteilung abreviado para SA (em alemão,
“Destacamento Tempestade”) usualmente traduzida como “Tropas de Assalto” ou
“Seções de Assalto”, foi a milícia paramilitar durante o período em que o nazismo exercia o poder na Alemanha.
[iv] O Globo, de 31 de janeiro de 2020, página 11.
[v] Ver: https://oglobo.globo.com/sociedade/em-documento-ministerio-de-damares-defende-que-inicio-precoce-da-vida-sexual-leva-delinquencia-24212011 e ainda: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2020/01/abstinencia-sexual-entenda-a-estrategia-da-ministra-damares-para-combater-a-gravidez-na-adolescencia-ck5swry7j0b9o01mv88pk2b2e.html
[viii] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 79).
[ix] Ver: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2020/01/politica-de-abstinencia-sexual-de-damares-alves-foi-aplicada-nos-eua-e-em-uganda-ck61ctge60cuz01mv6zdechw5.html Tal cobertura jornalística serve muito bem para
dialogar com o complexo de vira-lata dos brasileiros visando ganhar confiança e
“seriedade”.
[x] Idem.
[xiii] Ver a entrevista do pastor Caio Fábio em: https://www.youtube.com/watch?v=cbhUEhvm7W0&t=1615s
[xiv]REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 59).
[xv] Idem (página 31 e 57).
[xvi] Teoria de Wilhelm Reich, de suposta superação da
psicanálise.
[xvii] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 134).
[xviii] REICH, Wilhelm. Materialismo dialético e psicanálise.
Biblioteca de ciências humanas, Editorial presença, Lisboa, 1975 (página 91).
[xix] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (páginas 84 e 85).
[xx] GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere – vol. 4; temas
de cultura, ação católica, americanismo e fordismo. Civilização brasileira, Rio
de Janeiro, 2007 (páginas 249 e 252).
[xxi] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 85).
[xxii] Idem (página 78).
[xxiii] Idem. (página 80).
[xxiv] Idem (página 32)
[xxv] FREUD, Sigmund. Die
Kulturelle Sexualmoral und die Moderne Nervositat (Moral sexual civilizada
e doença nervosa moderna), Ges. Schr., vol. V, página 159, extraído de REICH,
Wilhelm. Análise do Caráter. Martin Fontes, São Paulo, 1995 (página 180).
[xxvi] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 33).
[xxvii] REICH, Wilhelm. Materialismo dialético e psicanálise.
Biblioteca de ciências humanas, Editorial presença, Lisboa, 1975 (páginas 119 e
120).
[xxix] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (página 34).
[xxx] Ver: http://conscienciaproletaria.blogspot.com/2019/01/quem-esta-por-tras-de-olavo-de-carvalho.html e assistir o documentário da Netflix “Privacidade hackeada”.
[xxxv] REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
Publicações escorpião, Porto, 1974 (páginas 109 e 110).
[xxxvi] Idem (página 160).
[xxxvii] REICH. Wilhelm. O que é consciência de classe? Textos
exemplares, Porto, 1976.
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