DIREÇÃO DO CPERS É CONIVENTE COM
OS DECRETOS DO GOVERNO TARSO
OS DECRETOS DO GOVERNO TARSO
No último Conselho Geral do CPERS, realizado no dia 14 de outubro, a direção derrotou todas as propostas de luta real contra os ataques neoliberais do governo Tarso. Já dissemos que a eleição da atual diretoria significou a conivência com a aplicação do “Pacotarso”; o desenrolar da gestão está sendo marcada pela retirada gradativa dos nossos direitos. Afirmamos isso porque o que vimos no último Conselho Geral foi uma luta desesperada da burocracia cutista e de seus satélites contra as propostas da nossa oposição. Da mesma forma, em nível nacional, a tarefa da CUT e Cia foi desmontar as greves em curso, tanto dos educadores estaduais quanto dos Correios e bancários.
No Conselho Geral propusemos a mudança dos eixos para denunciar os decretos do governo Tarso, sem esquecer o Piso. Os ataques do governo Tarso significam o desmonte dos serviços públicos de acordo com as exigências do Banco Mundial e a preparação do terreno para as exonerações. Trata-se de um ataque brutal, fruto da crise capitalista mundial. A direção do CPERS se opôs para manter todas as atenções da categoria presas ao Piso – o que, seguramente, se transformará numa forma de distração, enquanto o governo retira os nossos direitos. Cinicamente a direção do CPERS reconhece a precarização que representam os decretos, quando diz que “O aumento de dias letivos e carga horária aprofundam a sobrecarga de trabalho, já sentida pelos educadores, que se vêem obrigados a cumprir 40 ou 60 horas semanais, em turnos e estabelecimentos diversificados, tornando a jornada extenuante e agravando, inclusive, os problemas de saúde física e mental” (Sobre a proposta de reestruturação do Ensino Médio). Ou seja, o governo vai aumentar a “sobrecarga de trabalho” sem aumento salarial – dando o maior calote, pois se nega a pagar o piso – e o CPERS é incapaz de priorizar a denúncia desta manobra do governo.
Propusemos também a ocupação da Praça da Matriz como forma de denúncia destes ataques e como método de construção da greve. Poderíamos ter aproveitado o movimento de ocupação desencadeado pelo movimento 15-O para preparar a nossa ocupação em defesa da educação pública. Porém, outra vez a burocracia sindical foi radicalmente contra, dando as piores justificativas e deixando passar mais esta oportunidade.
As correntes do Conselho Geral que dão sustentação política à direção do CPERS – incluso a nova direção do 39º núcleo (PCB, CEDS e Enlace-PSOL) – rejeitaram nossas propostas. Sendo assim, a única conclusão que podemos tirar é que não querem organizar uma luta consequente para não desgastar o governo do PT. Portanto, a responsabilizamos como co-responsável pela retirada dos nossos direitos através dos decretos neoliberais, pelo aumento da sobrecarga de trabalho, pela aplicação da meritocracia que preparará as futuras exonerações. Nem sequer a antecipação da assembleia para outubro foi aprovada pelo Conselho Geral, isto é, a direção do CPERS (PT - DS, PSTU, CS e PSOL- MES-Enlace e PSB) está mesmo decidida a dar todo o tempo do mundo ao governo Tarso. Após o término de todas as principais greves do país o CPERS pretende convocar uma assembleia pra decretar burocraticamente uma greve em nada mais, nada menos, do que 18 de novembro.
SOBRE O MÉTODO DE CONSTRUÇÃO DA GREVE
Nossas propostas ao Conselho Geral visavam a organização e a preparação de uma greve vitoriosa, procurando construí-la coerentemente. Por isso, propusemos bandeiras que levantassem as demandas dos setores mais oprimidos pelo desmonte dos serviços públicos, como a nomeação dos contratados após 3 anos de estágio probatório. Mas outra vez a direção do CPERS foi contra, querendo manter intacto o seu sindicalismo burocrático e de cúpula. Os argumentos incoerentes de dirigentes do CPERS de que a “ocupação da praça só podia ocorrer se houvesse greve” é a demonstração mais cabal de seu raciocínio petrificado e burocrático. A nossa proposta de ocupação prepararia as condições para a greve, seria uma via de duas mãos da praça com as escolas, vendo as condições, a adesão, o ânimo, etc. Poderia ser um instrumento para insuflar o espírito de combatividade da categoria, uma vez que também contasse com os eixos políticos corretos – isto é, a luta contra os decretos – e fosse um instrumento para ouvi-la.
A greve que a direção central pretende construir será uma greve decretada “de cima pra baixo”, surda às reivindicações e aflições da base, preocupada unicamente em preservar suas posições burocráticas. Uma greve mal construída desgastará a ideia de greve e dificultará movimentos grevistas futuros. É esta a preocupação da nossa oposição em construir um sistema de reivindicações que conscientize a categoria dos ataques do governo Tarso e a serviço de quem eles estão, que aponte métodos e propostas coerentes de construção da luta. Lenin, teórico e dirigente da revolução russa, nos diz que “as greves só são vitoriosas quando os operários possuem bastante consciência, quando sabem escolher o momento para desencadeá-las, quando sabem apresentar reivindicações” (Sobre as greves in Sobre os sindicatos).
É preciso que todos os educadores conscientes reflitam sobre essas palavras de Lenin e sobre o papel que a direção do CPERS está cumprindo ao rechaçar todas as propostas de nossa oposição.
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