A
greve foi muito difícil. A maioria da nossa categoria não atendeu o chamado
para a greve pela falta de confiança na direção. Os fatores determinantes
foram: as práticas viciadas (uso do sindicato como trampolim político visando
cargos governamentais), ausência de trabalho de base, de formação política dos
educadores, falta de esclarecimento das principais polêmicas educacionais,
ausência de organização nas escolas, falta de discussão da proposta de greve, a
frustração com as greves anteriores desmontadas pela burocracia sindical, o
desconto dos salários nas últimas greves e paralisações e o assédio moral
praticado pelas direções governistas.
A
Assembleia Geral foi polêmica. Apesar de a maioria da categoria já estar
trabalhando, alguns núcleos do CPERS estavam dispostos a continuar a greve a
qualquer custo, desconsiderando a desmobilização da categoria. A greve foi
suspensa com a perspectiva de continuarmos as mobilizações, porém, não foi
organizado e nem votado nenhum calendário de mobilização para o próximo
período, transferindo essa tarefa para o viciado Conselho Geral. Consideramos
uma séria omissão essa ausência de um calendário de lutas.
Na
assembleia propusemos que, além do FORA JOSÉ CLÓVIS DA EDUCAÇÃO, deveríamos
decidir também pelo FORA JOSÉ CLÓVIS DO CPERS, entendendo que é uma contradição
defender que o mesmo saia da Secretaria de Educação, mas permaneça filiado ao
CPERS. Argumentamos que o Secretário José Clóvis escolheu o seu lado, o de
governar junto com Tarso e o Banco Mundial e ser inaceitável permitir a
permanência no CPERS dos inimigos de classe, agentes do governo, principalmente
do Secretário da Educação. Isso afasta a base do nosso sindicato que vê
diversos sindicalistas saírem da direção do CPERS para ocupar cargos no
governo. A expulsão do Secretário também seria uma satisfação simbólica à nossa
categoria que sai derrotada da greve. Seria uma demonstração da nossa indignação
com os ataques do governo.
Infelizmente,
mais uma vez, a direção do CPERS blindou o governo dentro do sindicato, com o
falso argumento de que qualquer filiado a partidos pode ser sócio do CPERS. O
problema não é ser filiado a partido, mesmo do PT, mas ser membro do governo,
que nos ataca. A proposta é de expulsão do patrão, Secretário José Clóvis,
representante do governo Tarso e principal figura política que está aplicando
os planos do Banco Mundial, previstos no Plano Nacional de Educação: a reforma
do Ensino Médio Politécnico, a redução da pouca autonomia pedagógica das
escolas, a meritocracia, o desmonte dos planos de carreira, a privatização do
ensino público e a precarização do trabalho através dos contratos emergenciais.
A
direção pratica conscientemente a conciliação de classe. Blinda o governo no
CPERS com medo que a categoria avance na sua consciência de classe e não
permita mais que os governistas participem livremente do CPERS para sabotar as
lutas. Essa expulsão do Secretário seria uma prova de que a nossa defesa da
independência do sindicato do governo é séria e não apenas palavras ao vento.
O
próximo momento para a categoria é de acumulação de forças, de organização por
escola, de resistência à destruição da educação pública pelos governos
Tarso/Dilma, a serviço do Banco Mundial. É necessário construir novos métodos
de luta: criar comissões de mobilização por escola e região para realizar
debates, seminários, assembleias, organizar os grêmios estudantis e a
comunidade escolar. Todos juntos devemos realizar atos de ruas, ocupação de
praças, trancaços, dando visibilidade à nossa luta e criando uma nova direção
para o sindicato. Só assim poderemos ter sucesso na defesa da educação pública.
Não basta nos mobilizarmos, precisamos construir um sindicalismo
revolucionário, que rompa com as práticas da burocracia sindical. Uma categoria
atuante, organizada por escola, debatendo e pensando a organização e novos
métodos de lutas seria o fim das burocracias sindicais, que reinam melhor com
uma base apática e descrente de seu potencial de luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário