A direção do CPERS, formada por CUT pode
Mais (PT), Articulação de Esquerda (PT), PSTU, PSOL, PSB e CS, é responsável
pelo fortalecimento do governo dentro do sindicato. A partir de 2008 se
constituiu uma “unidade” entre parte das correntes governistas (CUT pode Mais e
Articulação de Esquerda) e a dita “oposição” daquele período (PSTU, CS e PSOL).
Estabeleceram um acordão espúrio, em que esta “oposição”, durante o período em
que se mantivesse a “unidade”, não poderia favorecer a desfiliação do CPERS da
CUT. Foi o preço da sua participação no aparato sindical. Essa foi uma política nacional de unidade permanente e
de fortalecimento do governismo no movimento sindical, percebido igualmente por
parte da CSP-Conlutas e da Intersindical, centrais sindicais que oportunamente
mantiveram seus militantes em silêncio, enquanto a "unidade" permanecia.
No final da gestão atual, a dirigente da
chapa 3 e da CS, Neida de Oliveira, deixou a direção sem nenhuma ruptura
política, conforme diz na sua carta de afastamento: “Mostramos que, com unidade e disposição, o CPERS retomou o caminho da
combatividade. Isto nos orgulhou e nos faz continuar apostando neste bloco
político que dirige o sindicato.” E diz também: “Enquanto isso, as camaradas (...), que pretendemos indicar ao Conselho Geral para o cargo até o momento
ocupado por mim, continuarão com a tarefa de nos representar nesta diretoria”.
Apesar disso, nas atuais eleições a CS se apresentou como “oposição” de
ocasião, com o objetivo demagógico de ganhar os votos descontentes com a atual
direção.
As organizações ditas de “esquerda” (PSTU,
PSOL, CS, PSB, PCB, CEDS) criaram as condições para a vitória da CUT e do
governo Tarso (Articulação Sindical-PT – chapa 2) uma vez que, de forma
oportunista, conciliaram com o governo e deixaram de combater a CUT em
distintas oportunidades. Dessa forma, entregaram o CPERS de bandeja para o
governismo explícito. A presidente Rejane de Oliveira, da corrente CUT Pode
Mais, nos seus seis anos de mandato, preservou também a CUT, de quem é
vice-presidente, e o governo Tarso, conciliando disfarçadamente com o mesmo, afastando
a base do sindicato, atrasando a sua consciência e deixando apenas no papel as
supostas bandeiras de luta contra o governo. Ela, como vice-presidente da CUT,
e a sua corrente, CUT Pode Mais – que a partir
de agora se declararão na falsa condição de opositores –, continuarão
como sempre defendendo disfarçadamente os governos do PT. Enquanto seu discurso
demagógico declara independência em relação aos partidos e governos, na prática
os defende. Enganam-se quem os leva a sério.
O
APARATO DA CUT E DO GOVERNO DEFINIU A VITÓRIA DA CHAPA 2
Nas atuais eleições do CPERS, as chapas 1, 2 e 3 contaram com o poder
político e econômico dos seus partidos, centrais e liberados sindicais. Foi uma
cópia em miniatura do que acontece nas eleições da democracia burguesa, onde o
poder econômico é decisivo. A chapa 2 colocou toda a máquina do PT e do governo
ao seu serviço, além dos seus CCs e funcionários, para garantir que o CPERS
continuasse vinculado à CUT e passasse a ser controlado diretamente pelo
governo. Suas figuras políticas votaram em massa nessas eleições (secretários
de governo, CCs, coordenadores, ex-senadora); ou seja, os inimigos na
trincheira, aqueles que, nós, da Chapa 4-Construção pela Base, sempre
denunciamos e pretendemos excluir do sindicato.
A
comissão eleitoral central foi totalmente controlada pelas correntes
majoritárias da burocracia sindical e não foi respaldada por uma assembleia
geral. Houve inúmeros casos de urnas com mais votos do que assinaturas e
cédulas sem rubricas. Algumas não foram devidamente lacradas. Nada justifica
que as eleições de um sindicato com tantos recursos materiais seja tão mal
organizada. A única explicação plausível é o interesse da burocracia sindical
em aproveitar-se destas “falhas”.
A chapa 2 (PT, PCdoB, PDT e PTB), que venceu
as eleições, representa o governismo declarado dentro do sindicato. São os
defensores de todas as políticas do governo Dilma, Tarso e do Banco Mundial
para a educação, tais como o Plano Nacional de Educação (PNE) – aprovado recentemente
no Congresso Nacional com o ativo apoio de CNTE-CUT e do CPERS –, que drena
recursos da educação pública e os transfere para o setor privado através de
projetos do MEC, como o PRONATEC, PROUNI, FIES, EAD, além das isenções fiscais
às instituições financeiras e ONGs, que interferem diretamente na gestão das
escolas públicas. No Estado, o governo aplica de cima para baixo o PNE através
das reformas educacionais, a exemplo da reforma do ensino médio “politécnico” e
do “Pacto” do Ensino Fundamental e Médio. Essas “reformas” têm o único objetivo
de reduzir custos e de alterar os índices educacionais à custa do rebaixamento
da qualidade de ensino. A CNTE-CUT defende a destruição do nosso Plano de
Carreira e a sua suposta luta pelo piso não passa de um jogo de cena para isso.
Nossos direitos foram atacados com a conivência da direção do CPERS. A direção
eleita continuará sendo conivente.
A
NOSSA CAMPANHA E A MANIPULAÇÃO DA MÍDIA BURGUESA
A chapa 4 (Construção pela Base e
independentes de esquerda) sofreu a censura burocrática dos núcleos do CPERS,
não permitindo o compartilhamento dos nossos materiais nos seus perfis do
facebook. O jornal oficial do sindicato,
Sineta, que deveria divulgar as 4 chapas, foi confeccionado somente no final
das eleições e chegou atrasado em diversas escolas, enquanto que em outras nem
sequer chegou.
Sofremos o bloqueio
por parte da grande mídia também. A Zero Hora divulgou a existência de apenas 3
chapas antes da homologação das mesmas. Fomos ignorados na solicitação de
retificação da reportagem. No dia 6 de junho, nas vésperas das eleições (sendo
que a sua publicação só ocorreu no dia das eleições: 10 de junho), ZH fez uma
matéria com as quatro chapas, porém, mais uma vez, personalizando as campanhas
em torno das “presidentes”, manipulando as informações e não divulgando trechos
essenciais das nossas respostas. Distorceu ou omitiu muitas questões programáticas
que defendemos para confundir e “queimar” a Chapa 4.
Os
dois principais jornais do Estado, ZH e Correio do Povo, tentam “dourar a
pílula” e ajudar a consolidar as ilusões da vitória da chapa 2. O Correio do
Povo de 14 de junho afirma que o “CPERS
renova e elege nova direção sindical – vence a chapa de oposição a Rejane de
Oliveira”. A Articulação Sindical (PT) não representa nenhuma renovação. Já
foi direção deste sindicato por mais de uma gestão e é tão responsável pelo
afastamento da base e pela burocratização sindical quanto a chapa 1. A sua oposição também era
de ocasião, apenas visando o aparato sindical. Em todas as políticas oficiais
do CPERS as chapas 1, 2 e 3 estiveram de mãos dadas (vide a antigreves da
CNTE-CUT pela aprovação do PNE). Em 2008, antes da primeira eleição das
correntes da chapa 1, Rejane (DS-CUT Pode Mais) e Helenir (Articulação
Sindical) estavam juntas na direção estadual. A ZH (também de 14/06/2014), por
sua vez, optou por um discurso mais brando e subliminar: “Nova dirigente do CPERS tem discurso moderado”. A expressão “moderado” é um eufemismo para esconder
o seu governismo, a sua adaptação ao PT, ao governo e ao Estado. Em entrevista,
Helenir defende as mesmas demagogias de Rejane, tipicamente petista: “Nós vamos fazer a luta sindical
independentemente do governo e de partidos políticos”. Basta olhar as
bandeiras da Articulação Sindical e a sua atuação dentro do CPERS para que todo
este discurso caia por terra. ZH ainda insinua que a eleição da chapa 2
demonstraria um desgaste do “radicalismo” e uma “opção pela ordem”. Omitem o
peso do aparato governista, das centrais sindicais, dos CCs, da SEDUC.
Entendemos que o mesmo
papel cumprido pela imprensa burguesa na desinformação dos professores foi
cumprido pelos partidos políticos e correntes sindicais quando se abstiveram
de, publicamente, manifestarem-se contra a mentira de que haviam apenas 3
chapas disputando as eleições para direção central do CPERS. Como ocorreu a
campanha das chapas 1, 2 e 3 nas escolas, quando seus colegas lhes indagavam
sobre a existência da chapa 4? O não posicionamento dos integrantes das
chapas 1, 2 e 3 sobre isso será lembrada como mais uma afirmação da semelhança
das táticas utilizadas por eles nas eleições burguesas, com as eleições
sindicais, cujo ápice é a disputa de votos e não o avanço da consciência
política da categoria. Contudo, apenas podemos concluir que a negação
(existente por parte de alguns integrantes de outras chapas até a véspera da
eleição) da existência da chapa 4-Construção pela Base, tenha se dado por
conseguirmos sustentar um programa político capaz de disputar a consciência dos
nossos colegas para muito além de seu "voto amigo".
Apesar das nossas poucas forças
(fizemos campanha sem liberados sindicais) e da censura que sofremos,
apresentamos um programa revolucionário e disputamos em desigualdade de
condições com a burocracia sindical. Utilizamos as redes sociais, os e-mails, a
colaboração voluntária dos colegas, que levaram nossos materiais para suas
escolas e debateram com outros educadores. Cumprimos o nosso papel nestas
eleições, que é de lutar contra o governismo e a burocracia sindical dentro do
CPERS, por um sindicalismo classista e revolucionário, em que se fortaleçam as
instâncias de base do nosso sindicato. Este trabalho é permanente, para além
das eleições sindicais. Fazemos um chamado a todos os ativistas independentes
para que venham fortalecer esta luta contra a burocracia sindical e as suas
correntes.
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Nenhuma ilusão na nova direção do CPERS! A luta independente de oposição
precisa continuar a se intensificar!
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Lutar pela desfiliação do CPERS da CUT-CNTE!
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