7 de ago. de 2015

GOVERNO, GRANDE MÍDIA E BUROCRACIA SINDICAL UNIDOS PARA DESMOBILIZAR A CATEGORIA

A política neoliberal do governo Sartori, amplamente apoiada pela grande mídia (em especial, pelo Grupo RBS), cujo resultado mais nefasto e sentido foi o de parcelamento dos salários, serviu como combustível para uma mobilização unitária do funcionalismo público, há muito apático. O governo, temeroso das consequências inevitáveis da sua política de congelamento e parcelamento dos salários dos servidores, colocou o seu aparato ideológico, a grande mídia, para trabalhar preventivamente, visando a desmobilização de qualquer tipo de greve ou movimento dos servidores públicos.
Contra a nossa categoria, em especial, a chantagem já começou: as reportagens totalmente tendenciosas apenas abordam "os prejuízos do movimento para os alunos e os pais", relembrando e pontuando os "transtornos aos pais", mas sem falar uma única palavra sobre o “transtorno” para os funcionários públicos com o seu salário parcelado, além de todo o restante do pacote neoliberal em tramitação na Assembleia Legislativa. Ou seja, claramente trabalha no sentido de jogar a comunidade escolar contra o movimento dos trabalhadores. Muitas pessoas não compreendem a sutileza desta manipulação, por isso é necessário alertá-las. Outra questão não menos importante é a chantagem sobre a recuperação das aulas (e até mesmo dos períodos reduzidos); fato não apenas não combatido pela burocracia sindical dirigente, mas aprofundado por ela. O vice-presidente do CPERS deu declarações na imprensa abrindo a possibilidade de negociar a recuperação dos períodos reduzidos sem que o governo tenha mostrado a menor disposição de recuar dos seus ataques. Um absurdo total!
 Em primeiro lugar, achamos que não podemos entrar no jogo cínico deste debate, pois para fazer uma guerra é preciso ter disposição de combate e não de submissão. Todo aquele, como a direção do CPERS, que coloca este debate como tema prioritário, está contribuindo para a desmobilização da nossa categoria. Não somos irresponsáveis: defendemos o direito à educação pública para os nossos alunos e nunca os deixaremos desamparados nesta questão, porém, o debate deve ser feito entre professores, funcionários, alunos e a comunidade escolar, respeitando a realidade de cada escola, e não simplesmente atendendo uma legislação formalista que, na maioria dos casos, é cumprida somente a parte que interessa aos governos.
Qualquer negociação deve estar vinculada a salários em dia de todos os trabalhadores, reposição salarial e a retirada imediata dos planos de ajustes da Assembleia Legislativa. Coisa que está bem longe de acontecer, pelo simples fato da burocracia sindical estar servindo de freio à deflagração de uma greve de todos os servidores públicos contra os ataques do governo Sartori. As escolas estão se organizando espontaneamente e praticamente “sozinhas”, com a ajuda de poucos ativistas e procurando apoio nas escolas vizinhas, enquanto que o aparato sindical segue amarrado e paralisado pela burocracia, que nem sequer permitirá a entrada de não sócios na assembleia geral que vai decidir sobre a greve da categoria.

Por isso, aconselhamos que todas as aulas públicas, assembleias populares e debates que ocorram na comunidade escolar devem abordar temas como as isenções fiscais às grandes empresas, a dívida pública com os agiotas internacionais, o papel da mídia como aparato ideológico do Estado, mostrando-a como cúmplice dos projetos neoliberais do governo Sartori, muito interessada em manter o atual serviço de pagamento dos juros das dívidas, uma vez que ela foi uma das principais responsáveis pelo endividamento público, além de também ser beneficiada pelas isenções de impostos dos sucessivos governos estaduais e federais. Sendo assim, ela não apenas defenderá o atual sistema econômico, mas combaterá quem o questiona e o combate. Da mesma forma, o debate com a comunidade sobre uma possível recuperação deve se dar subordinado à necessidade de elevar o nível político e da moral de combate da categoria.

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