A política
neoliberal do governo Sartori, amplamente apoiada pela grande mídia (em
especial, pelo Grupo RBS), cujo resultado mais nefasto e sentido foi o de
parcelamento dos salários, serviu como combustível para uma mobilização
unitária do funcionalismo público, há muito apático. O governo, temeroso das
consequências inevitáveis da sua política de congelamento e parcelamento dos
salários dos servidores, colocou o seu aparato ideológico, a grande mídia, para
trabalhar preventivamente, visando a desmobilização de qualquer tipo de greve
ou movimento dos servidores públicos.
Contra a nossa
categoria, em especial, a chantagem já começou: as reportagens totalmente
tendenciosas apenas abordam "os prejuízos do movimento para os alunos e os
pais", relembrando e pontuando os "transtornos aos pais", mas
sem falar uma única palavra sobre o “transtorno” para os funcionários públicos
com o seu salário parcelado, além de todo o restante do pacote neoliberal em
tramitação na Assembleia Legislativa. Ou seja, claramente trabalha no sentido
de jogar a comunidade escolar contra o movimento dos trabalhadores. Muitas
pessoas não compreendem a sutileza desta manipulação, por isso é necessário
alertá-las. Outra questão não menos importante é a chantagem sobre a
recuperação das aulas (e até mesmo dos períodos reduzidos); fato não apenas não
combatido pela burocracia sindical dirigente, mas aprofundado por ela. O
vice-presidente do CPERS deu declarações na imprensa abrindo a possibilidade de
negociar a recuperação dos períodos reduzidos sem que o governo tenha mostrado
a menor disposição de recuar dos seus ataques. Um absurdo total!
Em primeiro lugar, achamos que não podemos
entrar no jogo cínico deste debate, pois para fazer uma guerra é preciso ter
disposição de combate e não de submissão. Todo aquele, como a direção do CPERS,
que coloca este debate como tema prioritário, está contribuindo para a
desmobilização da nossa categoria. Não somos irresponsáveis: defendemos o
direito à educação pública para os nossos alunos e nunca os deixaremos
desamparados nesta questão, porém, o debate deve ser feito entre professores, funcionários, alunos e a comunidade escolar, respeitando a realidade de cada escola, e não
simplesmente atendendo uma legislação formalista que, na maioria dos casos, é
cumprida somente a parte que interessa aos governos.
Qualquer negociação
deve estar vinculada a salários em dia de todos os trabalhadores, reposição
salarial e a retirada imediata dos planos de ajustes da Assembleia Legislativa.
Coisa que está bem longe de acontecer, pelo simples fato da burocracia sindical
estar servindo de freio à deflagração de uma greve de todos os servidores
públicos contra os ataques do governo Sartori. As escolas estão se organizando
espontaneamente e praticamente “sozinhas”, com a ajuda de poucos ativistas e
procurando apoio nas escolas vizinhas, enquanto que o aparato sindical segue
amarrado e paralisado pela burocracia, que nem sequer permitirá a entrada de
não sócios na assembleia geral que vai decidir sobre a greve da categoria.
Por isso, aconselhamos
que todas as aulas públicas, assembleias populares e debates que ocorram na
comunidade escolar devem abordar temas como as isenções fiscais às grandes
empresas, a dívida pública com os agiotas internacionais, o papel da mídia como
aparato ideológico do Estado, mostrando-a como cúmplice dos projetos
neoliberais do governo Sartori, muito interessada em manter o atual serviço de
pagamento dos juros das dívidas, uma vez que ela foi uma das principais
responsáveis pelo endividamento público, além de também ser beneficiada pelas
isenções de impostos dos sucessivos governos estaduais e federais. Sendo assim,
ela não apenas defenderá o atual sistema econômico, mas combaterá quem o
questiona e o combate. Da mesma forma, o debate com a comunidade sobre uma
possível recuperação deve se dar subordinado à necessidade de elevar o nível
político e da moral de combate da categoria.
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