Há um crescimento da direita conservadora e do fascismo no mundo. Isto se dá como o reflexo do acirramento da crise capitalista internacional e do patrocínio ideológico, político e militar da grande mídia e de diversos partidos e governos em diferentes países. No Brasil não é diferente. Temos visto o aumento da influência de personalidades e deputados como Jair Bolsonaro (PSC), Eduardo Bolsonaro (PSC), Marcos Feliciano (PSC), Alexandre Frota, da bancada evangélica como um todo e, no Rio Grande do Sul, de políticos como Marcel Van Hattem (PP).
Sem ter sido formalmente eleito, Van
Hattem assumiu sua cadeira como deputado estadual na ALERGS em razão da
nomeação de Pedro Westphalen (PP) para a secretaria dos transportes do Estado.
Com uma formação intelectual neoliberal, defesa ideológica escancarada do
capitalismo e proximidade com o pensamento político da revista Veja, Van Hattem
cumpre o papel de propagandista e agitador do fascismo no Rio Grande do Sul.
Beirando uma espécie de paranoia
anticomunista (uma espécie de McCartismo brasileiro), Van Hattem vê comunismo
no PT, nas redações de jornais da grande mídia, na suposta “manipulação de
estudantes” para ocupar as escolas públicas. Em editorial publicado na ZH
(31/05/2016), Van Hattem afirma que os estudantes não ocuparam as escolas por
iniciativa própria, mas orientado “por sindicatos e partidos de esquerda”, além
de classificá-los como “invasores”. Como é impossível negar o caos gerado pela
política que defende (neoliberalismo e o capitalismo) para a sociedade e os
serviços públicos, faz demagogia ao reconhecer formalmente a situação dos
professores e do sucateamento das escolas públicas. Logo a seguir, procura
criminalizar sutil e ideologicamente o movimento autônomo dos trabalhadores e
dos estudantes.
O deputado do PP se postula como teórico
desta direita, visando intensificar o ódio da classe média contra o socialismo,
a esquerda ou mesmo qualquer movimento que questione a ordem vigente. Como a
crise econômica obrigou a burguesia a acabar com a tolerância a governos
populistas, a sua campanha ideológica visa radicalizar o ódio na pequena
burguesia contra os trabalhadores e em defesa do capitalismo, tirando do
caminho qualquer obstáculo, real ou imaginário, inclusive ajudando a dar base
para golpes de estado visando a intensificação da retirada de direito dos
trabalhadores. Van Hattem esteve ao lado de Michel Temer na posse do governo
golpista. Defende a PL 44 e toda a política de privatização; ou seja, todo o
programa que aumenta o caos dos serviços públicos e da educação pública. Este
caos é o verdadeiro motivo das ocupações de escola, seja em São Paulo , Rio de
Janeiro ou no Rio Grande do Sul.
O ódio – amplamente disseminado pela
grande mídia – com que Van Hattem e o PP tentam jogar a população contra as
ocupações e o movimento dos trabalhadores, cega qualquer tipo de discussão
racional. O golpe do impeachment, diferentemente do golpe militar de 64 está se
consumando em partes: o governo sustenta as políticas de austeridade, os
ideólogos e teóricos da direita disseminam via grande mídia seu pensamento
reacionário e de ódio, auxiliando o que o governo Temer não pode dizer
abertamente, preparando as bases na opinião pública para aprofundar as consequências
nefastas da política golpista. Não foi casual que Alexandre Frota – um
estuprador confesso – tenha ido ao MEC entregar um documento apresentando um
“novo” programa para a educação, cujo conteúdo é idêntico ao programa
educacional da ditadura militar e ao sustentado por Van Hatten a partir do PL
que defende, conhecido como “Escola sem Partido”. O partido de Van Hattem, o
PP, surgiu a partir da ARENA (o partido dos militares durante a ditadura
militar) e é a sigla de deputados como Paulo Maluf, conhecido pela corrupção
(“rouba, mas faz”) e por sustentar a cultura do estupro (aos assaltantes e
estupradores recomendava: “estupra, mas não mata”).
Personalidades como Van Hattem, Jair
Bolsonaro, Alexandre Frota e outros visam apenas soltar a tampa da panela de
pressão das contradições da sociedade capitalista, justificar a repressão, a
ascensão do fascismo e de políticas que criminalizam os trabalhadores. A sua
real intenção com este editorial é angariar o apoio de agressores contra as
ocupações e a greve dos educadores. Tal como Frota, Van Hattem é defensor de
uma escola tradicional, voltada a formar mão de obra barata para o mercado e
sem o menor resquício de democracia (o PL “Escola sem partido” deveria se
chamar “escola sem democracia”). A
destruição dos serviços públicos não poderá ser efetivada apenas por medidas
parlamentares, mas precisará recorrer à utilização do fascismo, ao qual o PP
ajuda a pavimentar o caminho.
Os trabalhadores conscientes devem estar
atentos ao papel cumprido pela direita radical e a “caixa de Pandora” que
pretendem abrir. ZH, escondendo-se atrás da falsidade sobre “liberdade de
imprensa”, apenas ajuda a disseminar as posições reacionárias que mantém o
capitalismo em
decadência. A divulgação de vários editoriais de Van Hattem
transforma o jornal da RBS em cúmplice da ascensão do fascismo no país. Não
esqueçamos que antes de assumir o poder, Hitler e os nazistas desenvolveram um
longo trabalho parlamentar e de discussão ideológica com a sociedade visando
dominar e confundir a opinião pública alemã. O pseudo-reformismo do PT e de
alianças também preparou o caminho para o surgimento de aberrações como Van
Hattem. Cabe aos trabalhadores conscientes tirar as conclusões e preparar a
frente única de resistência à sua ascensão.
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