10 de nov. de 2017

A GREVE NECESSITA CONTINUAR, MAS OS DESAFIOS SÃO ENORMES

Assembleia Geral do CPERS de 10 de novembro de 2017
        

Após 2 meses de greve chegamos a um impasse. O governo não cede porque nos falta peso e força, além de estar pouco se lixando para a educação pública. A nossa principal arma reside na capacidade ideológica da profissão, além de podermos ganhar a comunidade escolar e a opinião pública para o nosso lado. Conseguimos manter isso por quase 2 meses, mas o governo tenta destruir estes elos atacando através da grande mídia.
         Parafraseando Gramsci, é preciso atrair violentamente a atenção para atual situação da greve se quisermos transformá-la. Partir do pessimismo da inteligência e fundi-lo com o otimismo da vontade. Muitos colegas estão voltando ao trabalho. Isto é um fato! Várias são as razões: assédio moral, pressão, medo, alienção; falta de trabalho de base do CPERS, suas traições e omissões. Tudo isso cobra um preço. A cada dia que não lutamos, a batalha se torna mais sofrida e prejudicial.
         A direção central (PT, PCdoB e PDT; CUT e CTB) e a maioria do comando estadual de greve (CS, Intersindical, CEDS, MES-PSOL) sustentam que a categoria está refluindo, mas omitem o seu papel neste refluxo: inanição, falta de orientação e resposta imediata aos ataques da grande mídia e do governo. Além disso, sabotaram a unificação real do CPERS com outras categorias, ignorando deliberadamente as resoluções aprovadas em assembleia geral por duas vezes que indicavam a unificação com os demais servidores, bem como um encontro de base para tirarmos um calendário comum para enfrentar o ajuste fiscal. O que fizeram a CUT e as demais centrais sindicais nesse sentido? Nada! Muito pior: esvaziaram a luta e abandonaram o trabalho de base.
         Sabemos, pela experiência de 2016 e a deste ano também, que quando a continuidade da greve é aprovada, a direção central e a maioria do comando de greve deixam o movimento morrer de inanição, sem defesa e sem ataque. Ora, isto é uma nova traição! Só que uma traição invisível. A direção central e a maioria das forças do comando estadual de greve não apenas querem acabar com a greve, como alijá-la de um calendário de mobilização futuro, da continuidade da luta, mesmo que recuando. Ou seja, querem desmontá-la e enterrá-la, tal como em 2015, 2016 e tantos outros anos. Recentemente Lula afirmou que “perdoa os golpistas” e que “não anulará as reformas de Temer se for eleito em 2018”. Esta mudança de tática petista se reflete nos acordos nacionais feitos novamente entre PT e PMDB, se confirmando na tática da direção central de apenas fazer greve para desgaste eleitoral e respeitando a legalidade burguesa.
         Não derrotaremos um duro ajuste fiscal com táticas reformistas, rotineiras, que apenas aprofundam as ilusões e geram novas. Contudo, existe um grande setor da vanguarda do CPERS que defende a continuidade da greve sem apontar um caminho. Manter a greve exigirá um esforço militante gigantesco. Não adianta apenas nos pautarmos pela nossa raiva e vontade pessoal, por mais importante que sejam. Esta vanguarda precisa responder os seguintes problemas: como lidar com o imobilismo e inanição por parte da direção central e do comando estadual de greve? Que calendário de lutas propor e como efetivá-lo? Que ações devemos executar para evitar o isolamento da vanguarda em relação a base que retorna e está acuada?
         A greve só pode seguir com a condição de buscar envolver outras categorias, se não na greve, pelo menos num calendário de lutas unificado contra o ajuste fiscal. Qualquer outra proposta de continuidade da greve que não se pautar por isso é uma fanfarronada e um aventureirismo. A questão da recuperação das aulas não é menos importante, mesmo que a greve siga. A grande mídia tem batido impiedosamente nisso, tentando jogar a opinião pública contra nós. A direção central e o comando de greve não respondem estes ataques nem na grande mídia, nem nas redes sociais. Deixam a greve ser atacada para que morra asfixiada. Não denunciou nas mídias as irregularidades das contas do governo Sartori (PMDB) e os desvios do FUNDEB, bem como os ataques do secretário investigado por corrupção, Fábio Branco.
         Só nos restou jogar com o tempo: avançar em greve por novembro e dezembro pra enfrentar até as últimas consequências o congelamento, parcelamento e atraso de salário e o ajuste fiscal, sem deixar condições para a “recuperação legal”. Devemos com todas as forças procurar as demais categorias, vencer o corporativismo, voltar para as escolas onde for possível, fazer atos de rua com denúncias claras, aulas públicas e agitar em grandes concentrações populares as mentiras e as irregularidades das contas do governo Sartori, bem como seus projetos de ajuste fiscal em comum com Marchezan (PSDB) e Temer (PMDB).

PROPOSTAS PARA A ASSEMBLEIA GERAL E O COMANDO DE GREVE ESTADUAL:

- Seguir em greve e avaliar o movimento mais adiante. Recuar agora será desastroso!
- Rechaçar totalmente a “proposta” do governo Sartori, chamando a atenção da opinião pública que o governo deixou claro que pretende fechar turmas e escolas (mentindo que isso é em nome do “interesse público”).
- Pela unidade com os demais servidores: ENCONTRO DE BASE E CALENDÁRIO UNIFICADO JÁ! (sugestão de data: final de novembro ou início de dezembro; construir este encontro por região e local de trabalho).
- Contra as privatizações (DMAE, Carris, Corsan, CEEE, Banrisul, Sulgás) e a Renegociação da Dívida!
- Grande campanha popular de agitação de denúncia do ajuste fiscal, dando ênfase às irregularidades nas contas do governo Sartori!
- Por uma auditoria independente do FUNDEB e pela abertura das contas do Estado!
- Voltar à atenção para as comunidades: responder na mídia e nas redes sociais as distorções da RBS, Band, etc.
- Pela autonomia da recuperação das aulas: aprovar calendário nos conselhos escolares e reuniões de pais preservando férias de alunos e professores, bem como a sanidade mental. Greve não é férias, como maldosamente a mídia e o governo disseminam!
- Nenhum(a) contratado(a) a menos!
- Pela imediata destituição dos dirigentes que não cumprem as decisões das instâncias sindicais!
- Pela abertura do comando de greve estadual para além das correntes!

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