O
texto abaixo foi enviado ao jornal Zero Hora (ZH) entre os dias 25 e 26 de janeiro
no intuito de polemizar com o artigo publicado pelo secretário de educação
Ronald Krummenauer no dia 23 de janeiro. Neste artigo, o secretário defende o
fechamento de diversas escolas públicas, sustentando que se trata de uma “reorganização
da rede escolar para otimizar investimentos”, dando a entender que é uma medida
justa e necessária. Porém, nas suas argumentações o secretário de educação não apresenta (nem
a ZH o exigiu) um estudo do impacto do fechamento de tais escolas,
muito menos a viabilidade da absorção das novas matrículas na rede pública
municipal, já bastante saturada. Tudo isso deixa claro que a preocupação não é
pedagógica ou de “otimização de investimentos”, mas econômica, no único sentido
de contenção de gastos, enturmando alunos nas redes municipais e estaduais e
deixando a comunidade escolar que dependia daquelas escolas a ver navios.
Com
as piores desculpas (afirmando que “aquele espaço não era para polêmicas”), até
o presente momento ZH não publicou o texto que segue, demonstrando mais uma vez
que vivemos uma espécie de “censura democrática” da grande mídia. Para confirmar
todas as incoerências e contradições dos argumentos do governo Sartori e do seu
“empresário-secretário”, publicamos o artigo nas redes sociais para instigar entre
nós a reflexão e o debate que a burguesia e a grande mídia querem censurar.
***
Com o pretexto da “reorganização da
rede escolar”, o empresário Ronald Krummenauer, que também ocupa o cargo de
Secretário de Educação, pretende justificar o fechamento de escolas públicas.
Seguindo diretrizes econômicas e não pedagógicas, o secretário publicou um
editorial em ZH, no dia 23/01/2018, querendo nos fazer crer que está sendo
“responsável” ao “gerir melhor o investimento na educação pública” e que o
governo Sartori age de “forma transparente”.
Ora, nem o governo age de forma
transparente (segundo o MPC-RS e as dúvidas sobre a utilização do FUNDEB), nem
fechar escola significa necessariamente gerir melhor os investimentos. Tampouco
o governo está querendo debater “questões pedagógicas relevantes”. Trata-se,
antes de tudo, de decisões que seguem diretrizes econômicas do sistema
financeiro internacional e do governo federal, em detrimento de preocupações
pedagógicas. É precisamente por isso que um empresário sem a menor experiência
em uma sala de aula de escola pública foi colocado no cargo.
Turmas menores poderiam propiciar
condições de melhor aprendizado aos alunos, uma vez que empoleirá-los visa,
novamente, atender questões econômicas e não pedagógicas. Uma relação mais
próxima entre aluno e professor poderia facilitar o processo
ensino-aprendizagem, possibilitando um acompanhamento não apenas emocional e
cognitivo, mas também uma maior aproximação com as famílias. Os educadores da
escola pública, acostumados a atender centenas de alunos, sendo obrigados a
priorizar mais a quantidade do que a qualidade, nunca tiveram tal oportunidade.
Sem falar no fato de que fechar escolas tira os estudantes dos seus bairros,
obrigando-os a procurar escolas mais distantes de sua casa, da família e dos
amigos.
O que deve nortear o fechamento de
escolas, portanto, não é a queda das matrículas (estas caem hoje, podendo
aumentar amanhã), mas sim a substituição de escolas velhas e precárias por
outras com melhores condições estruturais e financeiras. Realizar uma auditoria
da dívida pública estadual ajudaria muito mais na solução da “crise” do que
tapar o sol com a peneira fechando escolas.
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