Ao
contrário do que a direção do CPERS afirma em seu panfleto recente de que
realizou “inúmeras ações para
reconquistar a confiança da categoria no sindicato e proporcionar a auto-estima
dos trabalhadores em educação”, estamos vendo exatamente o oposto. Como é
possível reconquistar a confiança da categoria se a atual direção não defende
os trabalhadores contratados demitidos e rasga as resoluções aprovadas no
Congresso do sindicato de encaminhar o debate de desfiliação da CUT? O Conselho
Geral ampliado de 20 de fevereiro, no Plaza São Rafael, aprovou um calendário que
não contempla as necessidades e a organização da categoria frente à ofensiva
dos governos Dilma e Sartori na retirada de direitos.
Além disso, promoveu uma palestra de
apoio ao governo Dilma sobre os casos de corrupção da Petrobrás, sendo esses
casos utilizados pela oposição de direita para pressionar o governo para que
cumpra ele próprio o programa do imperialismo dos EUA, quando se sabe que todos
os partidos (incluído o PSDB) estão envolvidos desde sempre na corrupção em
geral e contra a Petrobrás em
particular. O governo FHC (PSDB) iniciou a privatização da
Petrobrás, fatiando a sua administração entre o governo e o capital privado.
Porém, os governos Lula e Dilma (PT) não mudaram em absolutamente nada a sua forma
de funcionamento, mantendo a política de capital misto (que a CUT chama
eufemisticamente de “partilha”) e entrando no esquema de corrupção junto às
empreiteiras e grandes empresários. Este “detalhe” a CUT não reconhece.
No que diz respeito
ao “plano de lutas”, podemos constatar que não há nenhuma intenção séria em sua
construção e nem a mínima sintonia com os interesses da base, sobretudo aquela
mais precarizada. Por exemplo: ignora completamente os contratados demitidos
(pior do que isso: trabalha por consolidar a sua situação de ausência de
direitos). Para estes trabalhadores não há nenhuma palavra de ordem. Por isso é
uma piada de mau gosto ouvir que a atual direção trabalha para “proporcionar a auto-estima dos
trabalhadores em educação”; ela faz justamente o contrário. A forma como é
feita a exigência da “continuidade das nomeações” faz o jogo da divisão da
categoria porque ignora a condição dos inúmeros contratados (que somam cerca de
40% do total). Joga um setor contra o outro e, desta forma, não é possível
existir movimento sindical classista. O restante do plano é composto por
declarações ao vento (quando são aparentemente progressivas) e por políticas de
sustentação do governo Dilma. Não se fala, por exemplo, em nenhuma luta contra
as MPs 664 e 665 que retiram direitos trabalhistas (seguro-desemprego, pensão
por morte, abono salarial e auxílio-doença). A CUT e o CPERS afirmam ser contra estas
medidas em seus últimos panfletos, mas na prática são coniventes.
A
luta contra os cortes e ataques do governo Sartori nem sequer foram
mencionados. No material já citado, podemos ler que “a nova direção foi eleita com a bandeira da união, do diálogo e da
negociação. Foi assim que buscou avanços junto ao governo Tarso. Com o novo
governador, José Ivo Sartori, mantém a mesma postura”. Interessa ao governo
Dilma e, por extensão, à CUT, a “estabilização” política e econômica do RS para
garantir o pagamento das dívidas aos banqueiros e agiotas nacionais e
internacionais. Ou seja, a direção do CPERS trabalha para manter a sintonia das
políticas estaduais e nacionais, uma vez que elas fazem parte dos mesmos
interesses políticos e econômicos. Basta ver a política de cortes do governo Dilma
a nível federal e a de Sartori no Estado, bem como o terrorismo psicológico
feito através da grande mídia que respalda os ataques de ambos governos. Os
ataques de Beto Richa (PSDB) no Paraná também correspondem a mesma política. O
governo Dilma não poderia tolerar outro levante do funcionalismo como ocorre no
Paraná. É por isso que aqui a CUT e o CPERS não debatem um plano de luta sério,
puxando para pra trás a consciência de classe e, principalmente, as
mobilizações.
No
“plano de lutas” aprovado está presente a continuidade de apoio ao Plano
Nacional de Educação (PNE) privatista do Banco Mundial e também do Plano
Estadual de Educação (PEE); a participação do CPERS nas paralisações pelegas da
CNTE-CUT, que apenas defendem incondicionalmente a política do governo Dilma,
bem como a ilusão da política de garantir os royalties do pré-sal para a
educação pública. Os royalties do pré-sal fazem parte da atual política
econômica da Petrobrás, baseada na “partilha”, que leva à corrupção que estamos
acompanhando atualmente. Além do mais, estes royalties representam menos de 5%
de tudo o que será arrecadado nestes campos petrolíferos pelas multinacionais.
Esta é a política do governo usada como chamariz para enganar os educadores e
os estudantes do país, ludibriando-os com os royalties em troca do apoio ao PNE
– que é um plano privatista do Banco Mundial e dos demais organismos
financeiros nacionais e internacionais – e, também, à atual política da
Petrobrás.
Frente
a este estado caótico em que se encontra a nossa categoria, cabe a pergunta: a
quem interessa a filiação na CUT que defende toda a política dos governos Dilma e Sartori? E mais ainda: as
resoluções aprovadas neste Conselho Geral fazem a luta da categoria avançar ou
retroceder? O fato é que a máquina de propaganda da CUT está a todo vapor e é
preciso que os trabalhadores em educação conscientes desfaçam todas estas falácias
políticas, uma a uma.
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