O
prefeito de Macapá (AP), Clécio Luis, do PSOL, acionou a justiça do seu estado
contra a mobilização de professores e funcionários públicos em greve desde a
segunda semana de abril. Tal como os governos do PT e dos diversos partidos
burgueses, o PSOL utilizou o mesmo recurso jurídico que os banqueiros,
empresários e governantes costumam utilizar contra os grevistas e os seus
legítimos métodos de luta.
Para
nós, da Construção pela Base, é inadmissível que um partido que se intitule
“socialista” e de “esquerda” intimide os grevistas de Macapá com medidas de
criminalização da luta e do legítimo direito de greve. Pior do que isso! Clécio
vale-se das mesmas desculpas da “falta de recursos” usada pelos governos Dilma
(PT) e Sartori (PMDB) para não pagar o piso aos trabalhadores em educação e não
reajustar o salário dos demais funcionários públicos. Não restam dúvidas de que
se este partido chegasse ao poder em qualquer outro governo procederia da mesma
forma, reclamando das “mãos amarradas pelos poucos recursos” e despejaria
novamente o ônus desta falta de recursos nos ombros dos trabalhadores, tal como
faz em Macapá.
A direção nacional
do PSOL não expulsou o prefeito de suas fileiras e nem sequer o repreendeu.
Justificou-se afirmando que “o Brasil
atravessa um momento de imposição de ajuste fiscal por Dilma e Levy, que coloca
a crise na conta da classe trabalhadora, e isso gera mais dificuldades às
gestões dos municípios”. Pelo visto, no que depender do PSOL esta conta
será efetivamente passada para as costas dos trabalhadores. Fala na necessidade
da manutenção do diálogo com os professores grevistas, mas alertamos que este
truque será usado apenas como forma de acalmar os ânimos dos trabalhadores, tal
como procederam os governos de frente popular ao longo da História. Ainda na
mesma nota, a direção do PSOL cinicamente conclama “a mobilização da população de Macapá contra os efeitos do ajuste
fiscal e contra as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal”, ao mesmo
tempo em que ameaça os que se mobilizam com a criminalização e a repressão,
seja ela física ou jurídica.
As
correntes da “esquerda do PSOL” – muitas das quais existem no CPERS – não
exigiram medidas mais drásticas, como a expulsão de Clécio do PSOL, ou elas
próprias saírem de um partido que dá provas de sua tendência burguesa. Apenas
quiseram votar uma reles moção de apoio aos professores grevista e “exigir” que
a prefeitura não rompesse os canais de diálogo com os grevistas (“canais” estes
que a própria declaração da direção nacional do partido assumiu).
Não
é a primeira vez que o PSOL dá mostras inaceitáveis de práticas patronais: o
PSOL do RS recebeu dinheiro para a sua campanha eleitoral da Gerdau, Zaffari e
Taurus; Edmilson Rodrigues (candidato a prefeito pelo PSOL em Belém) recebeu o
apoio de Lula e Dilma (PT), além de se reunir com dirigentes do PMDB e ganhar o
“caloroso” apoio do PDT de Giovani Queiroz (famoso latifundiário paraense). O
próprio Clécio Luis buscou o apoio de José Sarney logo após a sua eleição em
2012. Com este histórico o resultado não poderia ser diferente: se apoiando na
justiça burguesa contra a mobilização dos trabalhadores, o PSOL dá mostras
inegáveis de que segue exatamente os mesmos passos do PT, uma vez que trilha o
catastrófico caminho do eleitoralismo burguês e da estratégia reformista. O
desfecho desta ação autoritária contra os trabalhadores de Macapá é o reflexo
inevitável de quem afirma ser possível governar para os trabalhadores por
dentro das instituições burguesas. É preciso que nenhum trabalhador consciente esqueça
destes fatos e sob nenhum ponto de vista os relativize buscando justificativas
e desculpas!
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