25 de jan. de 2012

SOBRE A EXPULSÃO DOS MEMBROS DO GOVERNO DO SINDICATO: A POSIÇÃO DA CONSTRUÇÃO PELA BASE E A DO CEDS

SOBRE A EXPULSÃO DOS MEMBROS DO GOVERNO DO SINDICATO
A posição da Construção pela Base e a do CEDS

         Na assembléia de encerramento da greve do magistério, a nossa oposição, Construção pela Base, defendeu a expulsão dos quadros do CPERS dos ex-dirigentes da categoria, hoje membros do governo, principalmente do atual secretário da educação, José Clóvis Azevedo. Na sua “Avaliação da greve de 2011”, o Clóvis Oliveira, em nome do CEDS (Centro de Estudos e Debates Socialistas), sua corrente política, condenou a nossa proposta como “uma solução fácil, radical e ao mesmo tempo burocrática”. Explica assim a sua posição: “O estatuto do CPERS já estabelece que associados que possuam cargos de confiança em governos, não podem ser votados para cargos nas instâncias do CPERS, exatamente para que não possam influenciar tão diretamente as decisões a serem tomadas, e com isto, abrir espaço para o atrelamento do sindicato a estes governos. Se quisermos um sindicato democrático, é até aí que podemos ir”. “Além desta restrição, o que vem é a retirada do direito de votar nas Assembleias e nas eleições, que nada mais é do que um expurgo antidemocrático, despolitizado e retaliatório, com o qual não concordo em hipótese alguma”.
        Como vimos, a posição do CEDS é a defesa incondicional da atuação dos membros do governo nos sindicatos de trabalhadores. O máximo que admite – “é até aí que podemos ir” – é o que já consta dos estatutos: que aqueles que possuem cargos de confiança no governo não podem ser votados para cargos do CPERS, “para que não possam influenciar tão diretamente as decisões a serem tomadas”. Assim, deixa claro o seu oportunismo ao admitir a influência do governo e dos patrões nos sindicatos, sob condição de que não seja “tão diretamente”. Isso significa dizer que essa influência, desde que disfarçada, não tem problema. Lamentamos que posições como essa encontre respaldo em nosso sindicato. Devemos rechaçar qualquer intervenção governamental e patronal em nossas fileiras, expulsando dos sindicatos, os representantes dos mesmos, em primeiro lugar, os membros do governo entre nós.
        Em certa medida, a influência da burguesia e dos seus prepostos nos sindicatos é inevitável. O problema é que o CEDS não quer combatê-la. Diz que esse combate é apenas político, não admite a sua expulsão do sindicato, que qualifica de “expurgo antidemocrático”. Essa é a concepção liberal burguesa. Não considera a luta de classes. Os sindicatos seriam espaços democráticos de convivência entre os representantes de todas as classes. A luta nos sindicatos deve ser civilizada, apenas política. Nada de expulsões.
        Discordamos radicalmente dessa posição. Nós lutamos para que os sindicatos sejam exclusivamente dos trabalhadores. Não devem admitir nos seus quadros os representantes dos patrões, mesmo que também sejam formalmente trabalhadores. Enquanto não tivermos condições políticas, somos obrigados a conviver com os burocratas, mas o nosso objetivo é criar condições para expulsá-los no futuro. Para tanto, é necessário ganhar o apoio da categoria. Não basta o desmascaramento político, é preciso também expulsá-los.
        No caso do CPERS, não estamos propondo a expulsão dos governistas em geral, que são muitos, mas apenas dos membros do governo, principalmente, o atual secretário da educação, José Clóvis Azevedo: aquele que está atacando os educadores a serviço do capital financeiro, impondo por decreto o desmonte da educação pública através da reforma neoliberal na educação. Para Clóvis Oliveira, expulsar esse traidor seria uma “retaliação”. Para nós, retaliação é o que o secretário de educação está fazendo com os educadores: punições para grevistas e lutadores, transferências políticas, intimidações, não pagamento dos dias parados, imposição da reforma do ensino médio “goela abaixo” na categoria, alteração do Plano de Carreira através da avaliação que responsabiliza os educadores pela evasão e repetência escolar, abrindo espaço para a demissão dos servidores públicos. Clóvis Oliveira se horroriza com a possibilidade de retirada do direito desses sujeitos de “votar nas assembléias e nas eleições”. Entretanto, nunca se importou que a grande massa de não sindicalizados também não possam votar nessas mesmas assembleias que decidem a sua sorte, coisa que reforçaria a nossa luta. Clóvis se mostra amigo dos representantes patronais e carrasco da categoria.
        Quando Clóvis Oliveira fala que a luta contra esses representantes do governo deve ser política, devemos relativizar. Para nós é uma luta política entre inimigos irreconciliáveis. Para Clóvis, uma luta entre companheiros – entre “os companheiros que estão agora no governo”. Entende que o governo Tarso é melhor que o governo Yeda, mesmo que esteja implantando as reformas neoliberais melhor do que esta. Pelo mesmo motivo, coloca-se contra desmascarar o governo Tarso, na lógica cristã de oferecer a outra face.
        É preciso que o movimento sindical combativo assuma essa tarefa de expulsar dos sindicatos pelo menos os membros de governos desmascarados pelas greves, enquanto não tiver força para expulsar os burocratas de conjunto. Essa é uma necessidade histórica. O contrário disso implica em abrir mão da luta de classes, ou seja, apostar na conciliação de classes como saída para a melhoria do nível de vida dos trabalhadores. Significa dizer que com uma reforma aqui e outra acolá podemos humanizar o capitalismo e conviver pacificamente com os representantes da burguesia. Essa é a política do oportunismo. A nossa é a da luta de classes. Os sindicatos não podem ser politicamente neutros. Ou estão sob influência do Estado através da burocracia sindical ou sob influência dos representantes legítimos dos trabalhadores. Não existe conciliação possível.
        A Construção pela Base e o CEDS representam tendências opostas no CPERS. Nós representamos o sindicalismo revolucionário e o CEDS a conciliação de classes.

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