1 de out. de 2012

A “ENTURMAÇÃO” DE TARSO: EDUCAÇÃO PÚBLICA NA MIRA DOS ATAQUES

O governo Tarso, afinado com o Banco Mundial, não dá trégua ao desmonte da educação pública no Estado. Não bastando todos os ataques já decretados – pacotes, reforma do ensino médio, a falta crônica de professores e funcionários, congelamento de verbas, calote do Piso, fundos previdenciários, achatamento salarial – a Secretaria de Educação (SEC), através de suas coordenadorias, está intervindo na gestão das escolas, aplicando a famigerada “enturmação”, à moda do governo Yeda. Essas medidas demonstram a real intenção da reforma do ensino médio. A tão alardeada preocupação com a melhoria da educação é uma farsa. A verdade é o seu sucateamento em curso.
A “enturmação” autoritária praticada pelo governo Tarso não difere em nada da feita por Yeda. A junção e superlotação de turmas, fechamento de turnos de trabalho, liberação e redução de horas e salários dos professores contratados, é a aplicação das medidas neoliberais de enxugamento de recursos humanos, com intenção clara de exoneração dos servidores públicos. Outra consequência é que os educadores terão que, em muitos casos, deslocar-se para mais de duas escolas com menores salários. O assédio moral e a ameaça de exoneração também são uma prática corriqueira nas escolas e uma forma de intimidação.
Esse desrespeito com a comunidade escolar compromete cada vez mais a qualidade da educação. Ao submeter os estudantes à turmas superlotadas e à mudanças de turno ao final do ano letivo, a “enturmação” compromete o seu aprendizado. Isso prejudica também a vida dos pais dos alunos, que terão que desdobrar-se para dar conta da nova situação.
 A campanha promovida por Zero Hora responsabiliza os educadores pelas mazelas da educação, eximindo de responsabilidade o governo, o verdadeiro responsável. Dessa forma, a RBS manipula a opinião pública, ajuda a preparar a aplicação dos planos neoliberais do Banco Mundial e a disseminar a violência nas escolas, encobrindo a irresponsabilidade do governo.
Enquanto o governo aplica a “enturmação” e a Zero Hora nos ataca diariamente, a direção do CPERS/CNTE/CUT dá provas de peleguismo ao convocar um ato fechado no auditório da AMRIGS, no dia 1º de outubro, para denunciar os governadores que entraram com projeto de lei para mudar o indexador da lei do piso. Finge combatividade com a defesa intransigente do piso, pedindo apoio de parlamentares e ministros. Na verdade, essa luta pelo piso serve apenas de cortina de fumaça para mascarar a omissão diante dos ataques concretos sofridos pela categoria.
Ao contrário dessa falsa luta, o CPERS deveria mobilizar todos os recursos financeiros, toda a estrutura do sindicato para a luta da categoria contra esses ataques reais. Isso exigiria uma campanha de esclarecimento e uma denúncia permanente do governo e seus ataques, bem como da mídia burguesa: uma ampla agitação de rua – atos, passeatas, envolvendo educadores, estudantes e comunidade escolar. Ao contrário disso, a cúpula do CPERS arma o palanque eleitoral para os partidos que no dia-a-dia traem os trabalhadores em educação, quando deveria alertar contra as ilusões nas eleições burguesas e não reforçá-las, como está fazendo. Esse eleitoralismo oportunista, ao lado da falsa luta pelo piso, também serve para deixar passar as investidas do governo contra a categoria. Os educadores conscientes não podem mais tolerar esta falsa política.

Boletim da Construção pela Base – Oposição à direção do CPERS – 1º/10/2012
      

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