O governo Tarso, afinado com o Banco Mundial,
não dá trégua ao desmonte da educação pública no Estado. Não bastando todos os
ataques já decretados – pacotes, reforma do ensino médio, a falta crônica de
professores e funcionários, congelamento de verbas, calote do Piso, fundos
previdenciários, achatamento salarial – a Secretaria de Educação (SEC), através
de suas coordenadorias, está intervindo na gestão das escolas, aplicando a
famigerada “enturmação”, à moda do governo Yeda. Essas medidas demonstram a
real intenção da reforma do ensino médio. A tão alardeada preocupação com a
melhoria da educação é uma farsa. A verdade é o seu sucateamento em curso.
A “enturmação” autoritária praticada pelo
governo Tarso não difere em nada da feita por Yeda. A junção e superlotação de
turmas, fechamento de turnos de trabalho, liberação e redução de horas e
salários dos professores contratados, é a aplicação das medidas neoliberais de enxugamento
de recursos humanos, com intenção clara de exoneração dos servidores públicos.
Outra consequência é que os educadores terão que, em muitos casos, deslocar-se
para mais de duas escolas com menores salários. O assédio moral e a ameaça de
exoneração também são uma prática corriqueira nas escolas e uma forma de
intimidação.
Esse desrespeito com a comunidade escolar
compromete cada vez mais a qualidade da educação. Ao submeter os estudantes à
turmas superlotadas e à mudanças de turno ao final do ano letivo, a
“enturmação” compromete o seu aprendizado. Isso prejudica também a vida dos
pais dos alunos, que terão que desdobrar-se para dar conta da nova situação.
A
campanha promovida por Zero Hora responsabiliza os educadores pelas mazelas da
educação, eximindo de responsabilidade o governo, o verdadeiro responsável.
Dessa forma, a RBS manipula a opinião pública, ajuda a preparar a aplicação dos
planos neoliberais do Banco Mundial e a disseminar a violência nas escolas,
encobrindo a irresponsabilidade do governo.
Enquanto o governo aplica a “enturmação” e a
Zero Hora nos ataca diariamente, a direção do CPERS/CNTE/CUT dá provas de
peleguismo ao convocar um ato fechado no auditório da AMRIGS, no dia 1º de
outubro, para denunciar os governadores que entraram com projeto de lei para
mudar o indexador da lei do piso. Finge combatividade com a defesa
intransigente do piso, pedindo apoio de parlamentares e ministros. Na verdade,
essa luta pelo piso serve apenas de cortina de fumaça para mascarar a omissão
diante dos ataques concretos sofridos pela categoria.
Ao contrário dessa falsa luta, o CPERS
deveria mobilizar todos os recursos financeiros, toda a estrutura do sindicato
para a luta da categoria contra esses ataques reais. Isso exigiria uma campanha
de esclarecimento e uma denúncia permanente do governo e seus ataques, bem como
da mídia burguesa: uma ampla agitação de rua – atos, passeatas, envolvendo
educadores, estudantes e comunidade escolar. Ao contrário disso, a cúpula do
CPERS arma o palanque eleitoral para os partidos que no dia-a-dia traem os
trabalhadores em educação, quando deveria alertar contra as ilusões nas
eleições burguesas e não reforçá-las, como está fazendo. Esse eleitoralismo
oportunista, ao lado da falsa luta pelo piso, também serve para deixar passar
as investidas do governo contra a categoria. Os educadores conscientes não
podem mais tolerar esta falsa política.
Boletim
da Construção pela Base – Oposição à direção do CPERS – 1º/10/2012
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