Após uma grande campanha de difamação e distorção grosseira sobre a proposta aprovada em assembleia geral que abre o comando de greve estadual para a base da categoria, a direção central já trabalha a todo vapor para domesticá-la e torná-la estéril. Primeiro, tentou desmoralizá-la, lançando a pecha de que era "inviável". Uma vez que vários debates e sugestões começaram a surgir entre a vanguarda e na base da categoria, demonstrando a plena viabilidade de sua execução (ainda que com dificuldades, é claro, uma vez que as estruturas anti-democráticas e a rotina burocrática do sindicato servem de empecilhos), a direção central exagerava grotescamente a nossa proposta, tentando ridicularizar o encaminhamento. Depois, a burocracia sindical tentou distorcer a proposta, afirmando que toda a categoria poderia participar do comando, inclusive não grevistas.
Tentando ganhar tempo e, como sempre, despendendo enormes quantidades de energia para frear a luta, a direção central convocou o Conselho Geral do CPERS com a finalidade de "regulamentar" o comando de greve aberto, ignorando a resolução aprovada na assembleia e o próprio comando de greve já instituído. Trata-se, na verdade, de mais uma manobra visando dar um golpe. A proposta de abertura do comando de greve à base visa romper exatamente com este tipo de hegemonia das correntes sindicais sobre a greve. Quer dar voz e voto a todos os grevistas, possibilitando novas experiências à vanguarda que permanece em greve. O Conselho Geral, por sua vez, é controlado pelas mesmas correntes que já dirigiam o comando de greve anterior e, como é de seu costume, tal como o Congresso Nacional brasileiro, costuma legislar em causa própria, virando as costas à base da categoria. Pra piorar, a maioria das correntes que hegemonizam o Conselho Geral não votaram apenas pelo fim da greve, mas muitos de seus dirigentes sequer estão em greve. Que tipo de comando de greve poderão regulamentar?
Sendo assim, esta nova tentativa de democratizar o CPERS corre sério risco de não ser implementada, terminando por manter a hegemonia dos mesmos de sempre. Enquanto persistir esta estrutura vertical, autoritária, paternalista e burocrática, certamente teremos dificuldades em democratizar as instâncias sindicais, como o comando de greve. Este singelo passo, dado na última assembleia, representa uma fissura; um indicativo de que é possível e fundamental democratizar o CPERS pela base. A vanguarda independente precisa se conscientizar do seu papel e trabalhar para concretizar a proposta.
Por hora, a abertura do comando de greve está seriamente ameaçada em razão deste avanço da burocracia sindical. Cabe aos lutadores que ainda resistem remarem novamente contra a corrente, alertando toda a categoria e a sua vanguarda sobre o novo golpe que está em curso contra a abertura do comando de greve!
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