O
Conselho Geral Ampliado do dia 02/09, ocorrido na Igreja da Pompeia, mostrou
claramente a posição burocrática da direção do CPERS de frear a luta e
desmontar a greve através da sua truculência com as forças minoritárias e a
base da categoria. Assim como na Assembleia Geral, seguranças foram escalados
para oprimir e intimidar. No vale tudo da direção, impediram a categoria de
entrar, descumprindo o artigo 5º do
estatuto, que diz: São direitos dos associados: f) propor à Diretoria e ao Conselho Geral
ou às Assembleias Gerais todas as medidas que julgarem necessárias ao
engrandecimento da Entidade; i) participar, sem direito a voz e voto, das
reuniões dos Conselhos dos Núcleos, do Conselho Geral e do Congresso Estadual,
de acordo com o Regimento. Mesmo não sendo previsto no estatuto “conselho
geral ampliado”, o que é uma falha, no momento em que ocorrer, todos os
participantes deveriam ter direito a fala (convidados ou não), já que os
conselhos gerais são teoricamente “abertos à participação da categoria”. Após
muita pressão da base, e também para evitar o seu desgaste, a direção liberou
as portas depois que colegas de Porto Alegre foram agredidos e impedidos de
entrar. Muitos outros colegas acabaram desistindo e retornando para suas casas
indignados com a ação da direção.
Essa truculência e autoritarismo não é
por acaso. Ela tem um objetivo claro por parte da direção burocrática do CPERS:
continuar blindando o governo Sartori (PMDB), seu aliado em nível federal. No
vale tudo da direção para oprimir e fazer valer suas ideias em nome da “governabilidade” do PT/PMDB, ela direciona o movimento para a
derrota. Seus discursos e intervenções visavam desencorajar os diretores de
núcleos e os presentes que queriam continuar a greve até a data de uma nova
assembleia. Para isso, a direção usou o velho papo furado de romper a unidade
com o Movimento Unificado dos servidores públicos. Neste movimento, a direção
do CPERS age como retaguarda, puxando a luta pra trás ao invés de ser a
vanguarda do movimento unificado, impulsionando os outros sindicatos para uma
luta consequente contra o governo Sartori, com uma GREVE UNIFICADA POR TEMPO
IDETERMINADO e radicalizando nos métodos (piquetes, ocupação dos espaços
públicos...); ao invés disso, a direção central faz de conta que luta,
sustentando uma “greve parcelada” proposta pela CUT; também não mobilizou os
servidores para impedir a votação do PL 103/2015 que libera as Parcerias
Público Privadas (PPP) no estado. Age dessa forma porque o governo Sartori é a
continuidade do governo Tarso (PT), assim como esse foi do governo Yeda (PSDB):
todos os governos dando conta do projeto neoliberal em curso no país e no
Estado. Além disso, a direção central vai para mídia burguesa combater os
piqueteiros do CAFF. Lamentável! A quem serve a direção do CPERS?
É por
isso que todos aqueles que falam em “unidade na greve” sem levar em conta o
papel nefasto da direção central do CPERS, ajudam direta ou indiretamente a
sabotar a luta, enfraquecendo-a na prática. Não é possível dar um “cheque em
branco” para esta direção, uma vez que cumpre este papel nefasto. Prova disso
foi a “patrola” que esmagou a base neste conselho geral. Enquanto a luta for
conduzida desta forma autoritária e vacilante, criticar é um dever dos
trabalhadores conscientes. É desta crítica que a burocracia cutista quer fugir
desesperadamente. Nossa corrente não apenas teve o direito de voz negado
autoritariamente, como a presidente do sindicato incitou os conselheiros da CUT
e da CTB contra a nossa corrente a partir de uma mentira (que não foi
desfeita). A presidente do CPERS mentiu ao afirmar que a Construção pela Base
organizou um ato “contra o CPERS” na manhã daquele mesmo dia. Na verdade, este
ato foi aprovado na zonal sul de Porto Alegre (colégio Roque Gonzáles) por
outros colegas. Reivindicamos o ato e alguns militantes de nossa oposição
participaram dele, mas não fomos nós os seus proponentes e organizadores. O intuito
evidente da burocracia cutista foi tentar jogar a base dos presentes contra a
nossa oposição, visando preparar terreno para a nossa expulsão burocrática da
entidade. Todos os companheiros combativos do CPERS sabem do papel que
procuramos cumprir, bem como da nossa prática e moral de luta.
A adesão à greve
demonstra a disposição da categoria para seguir na luta, mas a burocracia quer
desmontá-la
Os relatos dos núcleos demonstraram uma
adesão significativa dos educadores, com percentual que variava entre 80%, 90%
e 95% de participação nas mobilizações da categoria, o que deixa claro a sua
disposição de luta. É evidente que temos que analisar diariamente este ânimo,
para escolhermos as melhores táticas de combate, mas não dá para se admitir que
a direção do CPERS coloque medo na categoria e que trabalhe incessantemente
para desmontar a greve. Todas as tentativas da direção burocrática do CPERS
foram no sentido de que retornássemos de cabeça baixa no dia 04/09 após ampla
ofensiva do governo, com salários parcelados e congelados, nossos direitos
negados, nenhuma retirada dos projetos da assembleia, repasses das escolas
cortados, etc. Apesar de todo cerceamento da democracia sindical, a pressão da
base presente no Conselho Geral Ampliado fez valer sua vontade: a greve
continuará até a próxima assembleia, que ficou marcada para o dia 11/09, onde
definiremos se continuaremos a greve por tempo indeterminado ou não. Este é
motivo pelo qual a direção do CPERS queria negar a entrada da categoria para
acompanhar o Conselho Geral ampliado e está criando as condições para instaurar
uma verdadeira ditadura dentro do sindicato contra as minorias e a base
independente.
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