O
debate eleitoral do CPERS está com o nível baixo, reproduzindo muitas das
práticas da democracia burguesa, as quais deveríamos extirpar do nosso meio.
Isso se dá desta forma porque as correntes da burocracia sindical não podem
jogar luz nos verdadeiros problemas que afligem a categoria e o funcionamento
do nosso sindicato. Chapa 1 e chapa 2 se vendem como aqueles que “derrotaram”
governos ou “avançaram” na organização da categoria. Isso só “cola” porque há
um vício eleitoral forte, onde impera o “amiguismo”, o voto a cabresto, a
desinformação e, em alguns casos, a fraude.
Se olharmos criticamente para as gestões
das chapas 1, 2 e 5, veremos que toda esta verborragia eleitoral é uma fraude.
Gestões da chapa 1 e 5
(2008-2014):
Estas gestões foram marcadas pela
manutenção dos compromissos financeiros das direções anteriores. Nada de
substancial foi modificado no funcionamento do CPERS. O afastamento da base se
aprofundou e se consolidou. A política de contratação emergencial seguiu
frouxa, levando a descaracterização dos planos de carreira e minando as bases
da unidade sindical da categoria. As assembleias gerais, embora um pouco mais
abertas, sofriam dos mesmos problemas de privilegiar as correntes sindicais.
Muitas propostas vindas da base também não foram cumpridas. Os problemas de
prestação de contas existiram em ambas gestões, com debate restrito à
assembleias fantasmas do conselho fiscal (prática seguida pela atual gestão do
PT-PCdoB). Fizeram chamadas extras, penalizando a categoria, e ainda por cima
se opuseram a deixar de pagar a CUT (na época que o CPERS ainda era filiado a
esta central) durante o período de greve.
Do ponto de vista político, a gestão da
chapa 1 não “derrotou” o governo Yeda, muito menos o seu projeto político, tal
como se propaga nas redes sociais e nos seus materiais. Yeda foi derrotada pelo
desgaste de suas medidas de governo e por parte das denúncias de todos os
movimentos sociais. O “Fora Yeda” defendido pela maioria esmagadora das correntes
do CPERS significou o “viva Tarso”. O governo Tarso continuou o projeto de
Yeda, de uma forma mais demagógica e jogando algumas migalhas aos
trabalhadores. Aplicou todas as suas principais medidas. As greves dirigidas
pela direção da chapa 1 não impediram a aplicação da Reforma do Ensino Médio,
nem conseguiram arrancar o piso do governo. Sofreram dos mesmos problemas que as
greves dirigidas pela chapa 2: ausência de preparação, confusão de bandeiras,
falta de reivindicações para os setores precarizados, baixíssima adesão. Por
tudo isso não conseguiram derrotar o governo Tarso e também não derrotaram o projeto do governo
Yeda.
Antes de 2008, existiram chapas que unificaram os principais nomes envolvidos nas chapas 1, 2 e 5. |
Gestões da chapa 2 (todas
antes de 2008 e, depois, de 2014 até 2017):
As gestões da chapa 2 seguiram a linha
oficial do sindicalismo cutista. Na sua campanha eleitoral podemos observar os
mesmos métodos de marketing eleitoral, feitos pra ocultar os fatos concretos e
ganhar votos despolitizados. Falam que organizaram as finanças do sindicato
(com a sua auditoria política) e que organizaram a maior mobilização que o
CPERS já teve nos últimos anos. Isso é um deboche!
Na verdade a auditoria não resolveu
nenhum problema de transparência, que não apenas segue, como tende a se
aprofundar. Nenhuma das chapas fala, por exemplo, em abrir o conselho fiscal,
com assembleias convocadas amplamente. Também não falam em levar a prestação de
contas para as assembleias gerais, onde realmente deveriam ser aprovadas.
A “maior mobilização” e “greve” dos
últimos anos se deve à política do governo Sartori, que parcelou os salários e
atacou duramente a categoria. Nada tem a ver com a política de mobilização da
chapa 2. A luta se desenrolou semi-espontaneamente, nas escolas, levada a cabo,
sobretudo, pelas correntes independentes e minoritárias, diretamente no chão da
escola. No balanço da greve de 2015, escrevemos: “A burocracia unida dos sindicatos de servidores deixou a luta
transcorrer até certo ponto para, logo a seguir, ter melhores condições de
sabotar e frear a organização e a luta de base. Ou seja, a grande mobilização
dos servidores públicos foi uma resposta aos ataques do governo Sartori (PMDB,
PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV) e não mérito da política sindical do CPERS.
Muito antes pelo contrário: o CPERS e a CUT se colocaram a frente do movimento
para melhor domesticá-lo e freá-lo”. Esta análise segue atual e esclarece
os reais motivos da “grande mobilização” daquele período. O resultado de tudo
isso é que a greve terminou sabotada pela assembleia geral de 11 de setembro de
2015, da qual não podemos esquecer por um segundo sequer.
Da mesma forma, a direção central (chapa
2) tenta afirmar que é a “luta do CPERS” nas terças-feiras que impede a continuidade
da votação do pacote do governo Sartori na Assembleia Legislativa. O governo
perdeu base de apoio pelo desgaste causado pela sua política recessiva de
austeridade. Quem olha o nível da mobilização das terças-feiras só pode sentir
piedade. Se o governo se pautasse pela “mobilização do CPERS” certamente já
teria aprovado todo o pacote de uma só vez.
A propaganda eleitoral da chapa 2,
portanto, não passa de uma tática de marketing eleitoral, tal como fazem PT,
PMDB, PSDB e tantos outros partidos patronais durante as eleições burguesas.
***
Sendo assim, não poderemos avançar na
luta sindical com o debate eleitoral que vem sendo feito pelas chapas 1 e 2, e
consentido pela chapa 5. Nós, da chapa 4, nos pautamos pelo debate de programa,
de método e de teoria, procurando manter o alto nível político e respondendo as
outras chapas na medida em que vemos distorções grosseiras e a degeneração das
discussões.
Nosso papel nestas eleições é apresentar
para categoria outro caminho, embasado em outro programa, desfazendo as confusões
e ilusões.
Sugestão de leitura:
- Balanço da “greve
parcelada” do CPERS (29 de outubro de 2015):
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