18 de jun. de 2017

BREVE RETROSPECTIVA DAS ÚLTIMAS DIREÇÕES DO CPERS

O debate eleitoral do CPERS está com o nível baixo, reproduzindo muitas das práticas da democracia burguesa, as quais deveríamos extirpar do nosso meio. Isso se dá desta forma porque as correntes da burocracia sindical não podem jogar luz nos verdadeiros problemas que afligem a categoria e o funcionamento do nosso sindicato. Chapa 1 e chapa 2 se vendem como aqueles que “derrotaram” governos ou “avançaram” na organização da categoria. Isso só “cola” porque há um vício eleitoral forte, onde impera o “amiguismo”, o voto a cabresto, a desinformação e, em alguns casos, a fraude.
        Se olharmos criticamente para as gestões das chapas 1, 2 e 5, veremos que toda esta verborragia eleitoral é uma fraude.

Gestões da chapa 1 e 5 (2008-2014):
        Estas gestões foram marcadas pela manutenção dos compromissos financeiros das direções anteriores. Nada de substancial foi modificado no funcionamento do CPERS. O afastamento da base se aprofundou e se consolidou. A política de contratação emergencial seguiu frouxa, levando a descaracterização dos planos de carreira e minando as bases da unidade sindical da categoria. As assembleias gerais, embora um pouco mais abertas, sofriam dos mesmos problemas de privilegiar as correntes sindicais. Muitas propostas vindas da base também não foram cumpridas. Os problemas de prestação de contas existiram em ambas gestões, com debate restrito à assembleias fantasmas do conselho fiscal (prática seguida pela atual gestão do PT-PCdoB). Fizeram chamadas extras, penalizando a categoria, e ainda por cima se opuseram a deixar de pagar a CUT (na época que o CPERS ainda era filiado a esta central) durante o período de greve.
        Do ponto de vista político, a gestão da chapa 1 não “derrotou” o governo Yeda, muito menos o seu projeto político, tal como se propaga nas redes sociais e nos seus materiais. Yeda foi derrotada pelo desgaste de suas medidas de governo e por parte das denúncias de todos os movimentos sociais. O “Fora Yeda” defendido pela maioria esmagadora das correntes do CPERS significou o “viva Tarso”. O governo Tarso continuou o projeto de Yeda, de uma forma mais demagógica e jogando algumas migalhas aos trabalhadores. Aplicou todas as suas principais medidas. As greves dirigidas pela direção da chapa 1 não impediram a aplicação da Reforma do Ensino Médio, nem conseguiram arrancar o piso do governo. Sofreram dos mesmos problemas que as greves dirigidas pela chapa 2: ausência de preparação, confusão de bandeiras, falta de reivindicações para os setores precarizados, baixíssima adesão. Por tudo isso não conseguiram derrotar o governo Tarso e também não derrotaram o projeto do governo Yeda.
Antes de 2008, existiram chapas que unificaram
os principais nomes envolvidos nas chapas 1, 2 e 5.
        Antes de 2008, existiram chapas que unificaram os principais nomes envolvidos nas chapas 1, 2 e 5. Até o momento ninguém se autocriticou por estas gestões compartilhadas, o que nos leva a concluir que seguem reivindicando-as. As atuais divergências eleitorais são meramente simbólicas.

Gestões da chapa 2 (todas antes de 2008 e, depois, de 2014 até 2017):
        As gestões da chapa 2 seguiram a linha oficial do sindicalismo cutista. Na sua campanha eleitoral podemos observar os mesmos métodos de marketing eleitoral, feitos pra ocultar os fatos concretos e ganhar votos despolitizados. Falam que organizaram as finanças do sindicato (com a sua auditoria política) e que organizaram a maior mobilização que o CPERS já teve nos últimos anos. Isso é um deboche!
        Na verdade a auditoria não resolveu nenhum problema de transparência, que não apenas segue, como tende a se aprofundar. Nenhuma das chapas fala, por exemplo, em abrir o conselho fiscal, com assembleias convocadas amplamente. Também não falam em levar a prestação de contas para as assembleias gerais, onde realmente deveriam ser aprovadas.
        A “maior mobilização” e “greve” dos últimos anos se deve à política do governo Sartori, que parcelou os salários e atacou duramente a categoria. Nada tem a ver com a política de mobilização da chapa 2. A luta se desenrolou semi-espontaneamente, nas escolas, levada a cabo, sobretudo, pelas correntes independentes e minoritárias, diretamente no chão da escola. No balanço da greve de 2015, escrevemos: “A burocracia unida dos sindicatos de servidores deixou a luta transcorrer até certo ponto para, logo a seguir, ter melhores condições de sabotar e frear a organização e a luta de base. Ou seja, a grande mobilização dos servidores públicos foi uma resposta aos ataques do governo Sartori (PMDB, PP, PPS, PSDB, PSB, PSD, PRB, PV) e não mérito da política sindical do CPERS. Muito antes pelo contrário: o CPERS e a CUT se colocaram a frente do movimento para melhor domesticá-lo e freá-lo”. Esta análise segue atual e esclarece os reais motivos da “grande mobilização” daquele período. O resultado de tudo isso é que a greve terminou sabotada pela assembleia geral de 11 de setembro de 2015, da qual não podemos esquecer por um segundo sequer.
        Da mesma forma, a direção central (chapa 2) tenta afirmar que é a “luta do CPERS” nas terças-feiras que impede a continuidade da votação do pacote do governo Sartori na Assembleia Legislativa. O governo perdeu base de apoio pelo desgaste causado pela sua política recessiva de austeridade. Quem olha o nível da mobilização das terças-feiras só pode sentir piedade. Se o governo se pautasse pela “mobilização do CPERS” certamente já teria aprovado todo o pacote de uma só vez.
A propaganda eleitoral da chapa 2, portanto, não passa de uma tática de marketing eleitoral, tal como fazem PT, PMDB, PSDB e tantos outros partidos patronais durante as eleições burguesas.
***
        Sendo assim, não poderemos avançar na luta sindical com o debate eleitoral que vem sendo feito pelas chapas 1 e 2, e consentido pela chapa 5. Nós, da chapa 4, nos pautamos pelo debate de programa, de método e de teoria, procurando manter o alto nível político e respondendo as outras chapas na medida em que vemos distorções grosseiras e a degeneração das discussões.
        Nosso papel nestas eleições é apresentar para categoria outro caminho, embasado em outro programa, desfazendo as confusões e ilusões.

Sugestão de leitura:
- Balanço da “greve parcelada” do CPERS (29 de outubro de 2015):

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