26 de dez. de 2017

O IMEDIATISMO E A LUTA DA NOSSA CATEGORIA

Qual educador nunca ouviu de um aluno a seguinte pergunta: “pra quê eu vou usar este conteúdo na minha vida?”? Desconsiderando os problemas pedagógicos, curriculares e estruturais da escola atual, estamos diante de uma clara expressão de imediatismo. Tal aluno não compreende a necessidade do esforço intelectual se não vislumbra algum tipo de lucro em troca; isto é, de um retorno imediato. Ele não se vê como parte de um elo social, construindo conhecimento e cultura.
        O imediatismo não está presente apenas entre os alunos. Encontramos suas expressões em toda a sociedade, como reflexo direto ou indireto de um círculo vicioso presente na economia, no nosso modo de vida e na própria educação. De forma semelhante a uma erva daninha, o imediatismo se espalha para a consciência dos trabalhadores e das suas diversas categorias, tendo influência sobre os movimentos reivindicatórios.
        Podemos considerar o imediatismo como extensão da filosofia norte-americana conhecida como pragmatismo, que é disseminada incessantemente pelas relações econômicas, pela grande mídia, pelas escolas e universidades, terminando por se entranhar no senso comum. Os pragmáticos substituem a busca filosófica pela “verdade” (isto é, do reflexo objetivamente verdadeiro da realidade) pelo conceito de utilidade, de êxito, de vantagem. Deste ponto de vista, todos os conceitos, mesmo místicos e religiosos, são verdadeiros na medida em que são úteis. Os pragmatistas tomam como critério da “verdade” não a experiência ampla, social, do trabalho, mas unicamente as experiências individuais. Neste sentido, qualquer pensamento que seja útil individualmente pode ser reivindicado, tornando possível dar explicações diferentes, até mesmo contraditória, de um mesmo fenômeno. No essencial, o pragmatismo filosófico defende que “se funciona” é bom; ou seja, tudo aquilo que atinja seus fins individuais (como o lucro, por exemplo) cumpre a sua função, independentemente deste fim ser contraditório com o social.
        É evidente que o senso comum não percebe esta ligação do seu imediatismo com o pragmatismo filosófico, pois não busca a reflexão. Seja uma expressão consciente ou inconsciente das pessoas, o imediatismo é um fenômeno intrínseco às relações capitalistas de produção.

O imediatismo e o sindicato
        No campo sindical o imediatismo é como um câncer, que corrói qualquer movimento pelas beiradas. Sabemos que um dos motivos que impede a mobilização de base é o medo da represália (assédio moral, perseguições, remoções ou mesmo demissões) e as traições da burocracia sindical; mas há, além disso, uma hipocrisia subjacente em muitos colegas, que apesar de todos os esclarecimentos possíveis, optam por seguir um caminho de acomodação e passividade. Quem é imediatista não compreende o papel dos sindicatos e das greves; apenas exige “resultados” práticos. As pessoas seduzidas pelo imediatismo não acham importante participar dos sindicatos, os vendo hoje, conforme sua lente reducionista, simplesmente como antro de politicagem e partidos. Ignoram todas as lutas que foram e são travadas coletivamente, não vendo (hipocritamente) nenhum papel na sua omissão. Nem sequer levam em consideração que haja burocratização sindical, afastamento das bases e que, justamente isso, gere a politicagem burguesa. A disseminação do imediatismo na sociedade atual tem sido um impeditivo para uma luta consequente, além de alimentar a própria burocratização do movimento.
        A burocracia sindical reproduz nos sindicatos a relação paterna que pauta o sentimento infantil e na qual a nossa sociedade está fundamentada. É mais fácil e seguro seguir o pai, a mãe ou algum “protetor” que tudo fará por nós, do que buscarmos nossa autonomia, pensarmos por conta e risco e irmos para a vanguarda das lutas (desta mesma base psicológica advém a noção religiosa de messias). Somente em momentos de crise os trabalhadores rompem com esta conduta e dão um passo adiante, mas carregando consigo todo o peso e o atraso das lutas e dos debates não enfrentados e não superados. Quando conseguem romper esta passividade e se mobilizam, acabam por se chocar com a estrutura sindical burocrática e autoritária.
        Os dirigentes sindicais, por sua vez, reforçam este sentimento paternalista visando consolidar sua dominação. Tratam a base como crianças; bajulam os trabalhadores em momentos de calmaria e nunca falam o que realmente precisam ouvir. Em caso de ruptura da alienação sindical e política, os atacam furiosamente. Alimentam o sentimento imediatista quando negam derrotas nas lutas e nas greves; quando omitem verdades desagradáveis que os fariam perder votos e influência; quando defendem a forma vertical de sindicalismo, que dá poder apenas à cúpula em detrimento da base. Afirmam direta ou indiretamente: “não precisam se mobilizar e tomar a luta em suas mãos de forma autônoma e coletiva; basta votar em nós que faremos uma gestão responsável e resolveremos todos os seus problemas”. É como a propaganda comercial: “o voto em nós é satisfação garantida”. Amplos setores da base da categoria não veem nenhum problema nesta estrutura; ao contrário, aceitam-na acriticamente e acham tudo isso normal.
        Não é de se estranhar que a base do CPERS esteja bastante contaminada por este sentimento imediatista, temperado por uma forte compreensão de que a luta sindical é prioritariamente jurídica ou por queixas de que “o sindicato não faz nada por nós”. Dado a sua natureza democrático-burguesa, o sindicalismo cutista (e o reformista no geral) não pode agir de forma diferente, nem criar outro tipo de consciência.

O imediatismo e as greves
        Muitos alunos e outros tantos educadores não grevistas (e, às vezes, até mesmo grevistas) expressam novamente o sentimento imediatista quando afirmam diante o resultado de uma greve sem conquistas: “de quê adiantou fazer greve”? A burocracia sindical não apenas não pode responder esta pergunta, como se esforça por alimentá-la. Não quer encontrar explicações. Faz análises superficiais, quando não totalmente falsas. Inclusive não quer encontrar explicações sobre a não participação da grande massa da categoria em uma luta. É campeã de encontrar com lupa “micro vitórias” ou mesmo derrotas travestidas de “vitórias” para apresentar a sua base.
Desnudar as entranhas do imediatismo não significa negar que lutamos e fazemos greves porque queremos vencer, mas nem todas as greves poderão resultar em vitórias ou conquistas. Devemos ter sempre em mente que a luta é a longo prazo, que mesmo em uma derrota, por mais dolorosa que seja, devemos tirar lições, para que se tornem experiências e permitam que as futuras lutas e greves partam de um novo patamar. Devemos escolher os melhores momentos pra deflagrar greves (fato nunca levado em consideração pelas burocracias sindicais); no entanto, nem sempre poderemos escolher. Às vezes somos levados à greves de vanguarda e sem correlação de forças favorável. Ultimamente nossas greves têm sido, quase como regra, defensivas e de resistência. A conjuntura geral nos tem sido desfavorável.
O fato, contudo, é que não existe um talismã para vitória certa em uma greve. Somente o andamento da luta pode garantir frutos positivos, sobretudo se vencermos a burocracia e o seu sindicalismo reformista. Os nossos colegas (potenciais grevistas e lutadores do presente ou do futuro) precisam desenvolver esta consciência de longa duração, pois este é um dos principais antídotos contra o imediatismo. A formação teórica, política e sindical tem papel determinante; sobretudo a história do movimento operário, mas, principalmente, a sintetização das experiências das nossas lutas e greves. Não é casual que a burocracia sindical seja inimiga da formação teórica revolucionária, justamente porque precisa manter a consciência presa ao imediato. Armar teoricamente a categoria é tirar conclusões das experiências, é desnudar suas limitações e traições; portanto, é dar armas contra si própria.

O imediatismo na vanguarda de esquerda e a greve em curso
        A greve atual (que deve se tornar a greve de maior duração da história do CPERS) trouxe a tona o avesso da moeda. Os grevistas que estão lutando arduamente para que a greve siga, derrotando a burocracia sindical em duas assembleias gerais, tem pautado debates importantes, ainda que muitos também estejam centrados no imediatismo. Eles falam seguidamente: “o que ganhamos para sair da greve?”. Esta pergunta, repetida seguidamente, não leva em consideração que a greve deve ser medida como um processo, além de ignorar a conjuntura e muitos fatos objetivos.
        Se foi importante derrotar as intenções irresponsáveis da burocracia sindical de desmontar a greve com manobras e discursos terroristas de medo (demonstrando que é possível derrotá-la), esta vanguarda menospreza ou ignora que a categoria refluiu. Tal como a burocracia sindical, evita investigar as razões deste refluxo. Para nós, certamente pesam as traições do CPERS, os desmontes de greve, a falta de trabalho de base, de organização por local de trabalho. A burocracia sindical muito já destruiu e continuará destruindo as pontes com a base. O exemplo atual é o golpe na proposta de comando de greve aberto. Porém, há o sentimento imediatista, que, a despeito de ser alimentado pela própria burocracia sindical, também surge autenticamente da base, como reflexo de outras influências sociais e pessoais.
        A base que deflagrou a greve em setembro de 2017 explodiu indignada contra os ultrajes do governo Sartori (PMDB e aliados); sobretudo em razão dos míseros R$350 do seu parcelamento salarial de agosto. Deu uma demonstração de força que momentaneamente fez o governo recuar, junto com a própria burocracia sindical, que se assustou. Contudo, bastou apresentar uma proposta que não mudava em nada o essencial, somada a chantagens e ameaças de desconto e desemprego, para que a base refluísse, deixando a vanguarda novamente isolada. Ainda que tenha havido louváveis demonstrações de combatividade, o imediatismo terminou por se impor novamente, preparando as bases de uma possível derrota. Isto é, o governo não recuou do parcelamento, do escalonamento, da política de fim do 13º salário, de arrocho salarial e do ajuste fiscal.
O governo e a grande mídia conhecem muito bem este sentimento existente não apenas na nossa categoria, mas entre a maioria dos trabalhadores. Não hesitarão em utilizá-lo contra nós. Portanto, cabe a nós, como vanguarda consciente dos trabalhadores, estudá-lo, conhecê-lo e trabalhar para superá-lo, seja através da formação teórica, seja através da intervenção consciente na luta concreta.
O imediatismo tem parentesco direto com o espontaneismo, um vício muito pernicioso do movimento operário, que é alimentado por grande parte da “esquerda”. O espontaneismo já foi desmascarado por Lenin no livro “Que fazer?”, escrito há mais de 100 anos atrás, dentre outras obras. Cabe a nós retomar esta tradição teórica, pois uma de suas grandes conclusões expressas no referido livro é que “sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária”.

- Contra o imediatismo! Por uma política de formação teórica, sindical e política para a nossa categoria e para todos os trabalhadores.
- Abaixo a burocracia sindical, fonte de alimentação do imediatismo e das traições da nossa luta.
- Por um sindicalismo classista, revolucionário e organizado pela base, que incentive a autonomia dos trabalhadores.

14 de dez. de 2017

PELA IMEDIATA REINTEGRAÇÃO DAS COMPANHEIRAS CRIS E KATIANA ÀS SUAS ESCOLAS

Após o final da greve vivemos uma ofensiva do governo, da SEDUC, da CRE e de direções autoritárias de escola contra os lutadores que resistiram bravamente no movimento grevista. As duas companheiras da Construção pela Base, Cris e Katiana, estão sofrendo uma clara perseguição política por terem exercido o seu direito constitucional de greve. As duas foram substituídas em suas escolas durante o período de greve, quando retornaram ao trabalho foram encaminhadas para remoção na 1 Coordenadoria de Educação. As duas colegas são nomeadas, demonstrando que o direito à efetividade só é reconhecido quando convém, sendo seletivamente ignorado, principalmente quando se trata de atacar aqueles que lutam ou questionam as práticas autoritárias dos órgãos do serviço público e do governo.
Exigimos a imediata reintegração das duas companheiras ao seu local de trabalho, pois além de serem plenamente reconhecidas por suas respectivas comunidades escolares, jamais cometerem irregularidades ou desleixo no seu trabalho, ao contrário de dezenas de direções de escola autoritárias, envolvidas em escândalos de corrupção e sustentadas benevolamente pelas CREs e SEDUC.
Pedimos o apoio de todas as correntes e ativistas do CPERS para esta luta. Um sindicato não pode tolerar a perseguição aos seus lutadores sob pena de degenerar numa omissão à defesa de toda a sua categoria.
- Pela imediata reintegração das companheiras Cris e Katiana ao seu local de trabalho!

POR UM ACORDO DE GREVE QUE DEFENDA OS LUTADORES

Terminada a nossa greve, o período de reação contra a mobilização se abre. Muitos colegas nomeados e contratados foram substituídos ou removidos de escola sem nenhuma justificativa plausível, apenas deixando claro que se trata de perseguição política aos grevistas. Sabemos que as CREs estão querendo punir aqueles que tiveram a ousadia de lutar. No dia 15 de dezembro a direção central do CPERS (PT, PCdoB, PDT, PP; CUT e CTB) irão se reunir com o governo para “negociação” e acordo final de greve. O CPERS tem um papel importante aí que não pode ser negligenciado.
Depois de desmoralizar e desmontar a luta, ao ponto de deixar o movimento grevista esvair-se por inanição, sabemos que esta “negociação” será muito difícil. Apesar disso, se levado a sério pela direção do CPERS, este acordo pode ter um desfecho positivo, a depender de sua capacidade de envolver a categoria, a assessoria jurídica, as comunidades escolares e a opinião pública nestas reivindicações.
A postura da direção central, por sua vez, tem demonstrado que não utilizará a sua assessoria jurídica para isso, tampouco pretende envolver a opinião pública nesta luta por um acordo de greve digno. Esperamos que esta postura equivocada tenha sido revista. Mas que tipo de acordo esta direção pretende levar a esta mesa de “negociação”? Não somos contra que se busque primeiramente uma tentativa de conciliação com o governo, sem necessidade de intermediação direta da justiça. Em contrapartida, deve acioná-la imediatamente caso o governo mantenha a perseguição e as remoções de escolas.
Frente a isso, achamos que existem dois pontos do acordo de greve que são os principais. Estes pontos são os seguintes:
- Realocação de todos os grevistas removidos de suas escolas para o seu antigo posto de trabalho, junto à sua comunidade escolar. Ou seja, a anulação de todas as substituições feitas pelas CREs durante a greve, bem como anular a dispensa de educadores contratados. Caso este ponto não seja cumprido, se tratará de uma clara violação do direito constitucional de greve.
- Autonomia para a recuperação dos dias parados, respeitando o direito de greve dos educadores e o direito às férias dos alunos. Os acordos de recuperação devem ser feito através da própria comunidade escolar, debatidos em reuniões de pais, que contemplem a realidade concreta da escola e não a punição de quem fez greve. Caso contrário, será uma imposição autoritária que também significará perseguição política e punição aos lutadores.
Uma vez que o governo não cumpra estes pontos básicos numa mesa de conciliação, deve ser denunciado imediatamente para órgãos oficiais, como OIT (Organização Internacional do Trabalho), Ministério Público, Assembleia Legislativa e Justiça do Trabalho, bem como para toda a população (inclusive com campanha de mídia, se necessário for). Além disso, a direção central deve acionar imediatamente a sua assessoria jurídica para forçar um acordo real através da justiça, convocando os educadores para que se mobilizem para fiscalizar as decisões judiciais. Caso a direção central do CPERS se negue a isso, estará cometendo uma nova omissão imperdoável contra a categoria que diz representar.

7 de dez. de 2017

A GREVE DO CPERS FOI VANGUARDA NA LUTA CONTRA O AJUSTE FISCAL, MAS ACABOU DERROTADA PELO GOVERNO SARTORI, PMDB, PT, PCdoB E A BUROCRACIA SINDICAL

A nossa greve se iniciou em setembro de 2017, após os humilhantes R$350 reais depositados no final do mês de agosto. Teve caráter massivo, alastrando-se por todo o RS, e levando ao movimento escolas que nunca tinham feito greve. Este primeiro impacto gerou medo no governo e na sua base de apoio, a Assembleia Legislativa e a grande mídia, que partiram para o contra ataque com distorções, calúnias, difamações, chantagens e a ameaça de desconto e demissões.  
Neste primeiro momento da greve o governo foi parcialmente derrotado com as liminares na justiça, além do abandono da política de junção das folhas de pagamento. A grande mobilização da base não se refletiu no comando de greve, que até a assembleia de 10 de novembro ficou fechado entre as correntes majoritárias do CPERS. Até este momento, as ações foram as mesmas de sempre: burocráticas, rotineiras, restritas ao sindicalismo tradicional de orientação cutista, entrecortadas por algumas ações “radicalizadas” que não foram preparadas na base e que duraram no máximo um dia. Frente a este corpo mole, o governo usou a estratégia de sempre: enrolou o movimento com mesas de negociações inúteis, reforçando seu discurso mentiroso de crise na mídia, matando a greve no cansaço e, contando para isso, com a conivência da burocracia sindical.
Foi neste contexto que o governo aceitou a proposta do comando estadual de greve (que ainda era fechado) de escalonamento dos salários, conforme atesta o editorial do secretário de educação publicado na Zero Hora (e não desmentido). O escalonamento e o medo de perder as férias começaram a tencionar os colegas imediatistas, tentados à voltar ao trabalho. No entanto, em razão da penúria de grande parte da categoria, a luta seguiu com grande adesão e conseguiu reverter estas ameaças. A burocracia sindical percebeu que teria problemas para desmontar o movimento. Sua primeira tentativa, sem sucesso, se deu na assembleia geral de 31 de outubro, esperando que surgissem propostas de fim de greve da própria base, fato que não ocorreu. Até este momento o CPERS não tinha desenvolvido uma campanha de mídia consistente, que respondesse sistematicamente os ataques da grande mídia e as mentiras do governo. Deixou o movimento ser alvejado por todos os lados para deixar gerar antipatia na opinião pública (que, como sabemos, é propensa à apoiar discursos reacionários, embora até este momento tivesse dado apoio à causa dos educadores por perceber o seu sofrimento).
A partir da assembleia geral de 10 de novembro a direção central (PT, PCdoB, PDT, PP; CUT e CTB) e a maioria do comando de greve passaram à ofensiva contra a greve. Partindo de uma análise correta de que o movimento tinha refluído (omitindo, é claro, o seu papel neste refluxo), apelaram ao discurso do medo, ao aparato para asfixiar o movimento e as iniciativas da base. Mesmo reduzindo-se à uma vanguarda, o movimento resistiu contra estas investidas, pois esta ainda era numerosa, indo muito além das correntes oficiais do CPERS e das greves anteriores. Uma das qualidades desta vanguarda era a sua insistência e a capacidade de infringir derrotas à inúmeras correntes majoritárias que dirigem núcleos do interior, como a Articulação Sindical (PT) e a Construção Socialista (PSOL), que já trabalhavam abertamente pelo fim da greve, inclusive com discursos reacionários que repudiamos. Devemos alertar a categoria para os perigos reais, mas jamais insuflar-lhe medo. Muitos destes argumentos foram utilizados posteriormente pela mídia e pelo governo, inclusive em uma ação judicial pedindo a ilegalidade da greve, que não foi deferida. A nota do CPERS “alertando” a categoria sobre a tentativa de tornar a greve ilegal respondeu o governo de forma patética, quase como uma nota oficial do próprio governo.
O discurso da direção central e da maioria do comando de greve, além de apelar ao terrorismo psicológico e judicial (autênticas traições de classe), usava uma argumentação cínica: “acabar com a greve para seguir na luta, fazer uma ‘greve geral’, derrotar o ajuste fiscal e concretizar a unidade com os servidores”. Além de ser um flagrante contrassenso político e teórico, pela experiência sabemos que se a greve for encerrada a direção central enterrará toda a luta e não promoverá mais movimento algum.

Os problemas do comando de greve estadual
            Durante a maior parte do tempo o comando de greve ficou restrito apenas às correntes majoritárias. Somente a partir da assembleia de 10 de novembro foi aberto para as correntes minoritárias (como a nossa). Mesmo “aberto”, a direção central seguiu impondo sua hegemonia pela força do aparato, procurando matar a greve por inanição. Foi exatamente o que aconteceu. Discursos de medo para a categoria e clima de ódio com pautas nada propositivas no comando estadual intensificaram o refluxo da greve. Tudo isso aumentou o isolamento da vanguarda.
            A nova prorrogação da greve na assembleia de 24 de novembro, apesar de ter aprovado a abertura do comando de greve para toda a base, intensificou o isolamento e a inanição do comando de greve. Depois de restringir a sua abertura apenas aos diretores de núcleo, dando um golpe na base, a direção central tolerou dirigentes fura-greve, envergonhando a luta e quebrando a disciplina sindical. A inoperância deste “novo” comando de greve estadual foi completa. Reuniu-se apenas duas vezes e não debateu nada além de datas para a assembleia geral e ataques pessoais. Não formulou uma única orientação para os núcleos; nem esgotou nenhuma possibilidade; colocou seletivamente em prática propostas aprovadas na última assembleia geral. Dava orientações e declarações a reveria do comando estadual de greve, apresentando um calendário para núcleos alinhados, boicotando atividades que julgava inconvenientes (principalmente em Porto Alegre), propondo reuniões de cúpula para os sindicatos de servidores e as centrais.
            A aprovação da abertura do comando de greve para a base, a despeito de problemas de formulações (amplamente exagerados ou deformados pela burocracia sindical), demonstrou claramente o total isolamento do comando estadual dos comandos de base. A grande lição deste movimento grevista é que não podemos tolerar uma única greve a mais com este tipo de comando, hegemonizado por correntes de forma vertical e sem eleição proporcional nos comandos abertos de base, nos núcleos. Em uma greve, as direções precisam se estender para um comando que seja a expressão mais próxima possível do movimento na base, eleito nos comandos abertos de núcleos, desenvolvendo um critério que reflita proporcionalmente o número de escolas de cada região. Para os ativistas honestos que procuram um caminho, fica a experiência para ser aperfeiçoada. Para aqueles que vão propor a continuidade da greve, abrir o comando estadual nesses moldes é um dever, caso contrário será apenas fanfarronada ou suicídio.

Se Lula e o PT “perdoaram os golpistas”, os trabalhadores não devem perdoá-los
            A mudança de linha política do PT e PCdoB a nível nacional se refletiu na greve. O sindicalismo da CUT e da CTB não vão além do legalismo democrático-burguês, portanto, andam conforme a chantagem das suas instituições e dos seus partidos. O trancaço da Assembleia Legislativa demonstrou claramente o papel de cúmplices de PT e PCdoB na aplicação do ajuste fiscal do governo Sartori (PMDB), que, no melhor estilo da direita, classificaram o trancaço de “inaceitável”. Nos sindicatos que dirigem ajudaram a frear os servidores contendo a luta e deixando-os isolados. A direção do CPERS e a CUT boicotaram sistematicamente a proposta de unificação de calendários de luta dos sindicatos dos servidores, bem como a realização de encontros de base.

Por que fomos derrotados?
            As nossas greves tem se caracterizado por serem de resistência. Não arrancam novas conquistas, mas lutamos para preservar as velhas. Isto é um reflexo da conjuntura, da inoperância das centrais sindicais e do desgaste de um tipo de sindicalismo. É necessário iniciarmos uma nova cultura sindical e, para isso, tirar as lições desta derrota é fundamental. Tivemos pontos positivos com este movimento, tais como o desmascaramento da “crise financeira” do governo Sartori (as irregularidades em suas contas, principalmente do FUNDEB), a não junção das folhas de pagamento, a participação de escolas e colegas que nunca tinham feito greve, a organização dos contratados, o início do debate sobre a abertura do comando e o desmascaramento de PT e PCdoB. Este movimento grevista demonstrou claramente que a burocracia sindical cria uma cortina de fumaça entre o interior e a capital, embaçando dados e dificultando informações. Vivemos um verdadeiro regime de censura na base. Para superar isso, é fundamental aprofundar a relação que se desenvolveu ao longo da greve entre lutadores independentes dos diferentes núcleos para construirmos um poder paralelo de informações, troca de dados e impressões, no sentido de minar as bases de poder da burocracia sindical. Neste sentido, as redes sociais cumprem papel importante.
            Por outro lado, setores da vanguarda que querem seguir em luta afirmam que “não podemos acabar com a greve, pois não arrancamos nada do governo”. Esta visão é equivocada, pois no atual contexto não se trata de “tirar algo do governo”, mas de resistir. Nesta resistência, contudo, fomos derrotados, em primeiro lugar, pela força organizada do governo Sartori (o PMDB e aliados, o aparato de estado, a grande mídia e a opinião pública alienada). Em segundo lugar, pela direção central e a maioria do comando de greve, que deixaram a greve ser atacada e morrer de inanição (ou seja, usaram o aparato para frear a luta, no velho estilo stalinista). Em terceiro lugar, pelo imediatismo pequeno-burguês da maior parte de nossa categoria, não combatido pelas direções do CPERS com formação teórica e organização por local de trabalho.
            O resultado foi o refluxo e o esgotamento. Apesar da derrota, as lições ficam. Que a vanguarda não se esqueça delas. Por sabermos que a continuidade da greve não terá base mobilizada e morrerá de asfixia imposta pela burocracia sindical através do aparato, compreendemos que devemos encerrar a greve.
            Contudo, não devemos nos abalar com a derrota. A luta é um processo! Precisamos fortalecer os fóruns alternativos de troca de informações, a organização dos educadores contratados, a disseminação teórica da experiência que vivemos com este movimento e preparar a luta contra a punição da recuperação dos dias letivos. Na busca deste “acordo” de recuperação devemos nos utilizar de todo o arsenal jurídico disponível. Caso a direção central e sua assessoria jurídica se neguem a encampar esta luta, se tratará de uma nova traição, largando a categoria à sua própria sorte. Nós, enquanto corrente, seguiremos firmes ajudando a organizar as forças independentes da categoria, convictos de que para termos greves e lutas vitoriosas no futuro, precisamos derrotar a burocracia sindical do CPERS.

3 de dez. de 2017

TEM CHEIRO DE GOLPE NO AR!

Após uma grande campanha de difamação e distorção grosseira sobre a proposta aprovada em assembleia geral que abre o comando de greve estadual para a base da categoria, a direção central já trabalha a todo vapor para domesticá-la e torná-la estéril. Primeiro, tentou desmoralizá-la, lançando a pecha de que era "inviável". Uma vez que vários debates e sugestões começaram a surgir entre a vanguarda e na base da categoria, demonstrando a plena viabilidade de sua execução (ainda que com dificuldades, é claro, uma vez que as estruturas anti-democráticas e a rotina burocrática do sindicato servem de empecilhos), a direção central exagerava grotescamente a nossa proposta, tentando ridicularizar o encaminhamento. Depois, a burocracia sindical tentou distorcer a proposta, afirmando que toda a categoria poderia participar do comando, inclusive não grevistas.
Tentando ganhar tempo e, como sempre, despendendo enormes quantidades de energia para frear a luta, a direção central convocou o Conselho Geral do CPERS com a finalidade de "regulamentar" o comando de greve aberto, ignorando a resolução aprovada na assembleia e o próprio comando de greve já instituído. Trata-se, na verdade, de mais uma manobra visando dar um golpe. A proposta de abertura do comando de greve à base visa romper exatamente com este tipo de hegemonia das correntes sindicais sobre a greve. Quer dar voz e voto a todos os grevistas, possibilitando novas experiências à vanguarda que permanece em greve. O Conselho Geral, por sua vez, é controlado pelas mesmas correntes que já dirigiam o comando de greve anterior e, como é de seu costume, tal como o Congresso Nacional brasileiro, costuma legislar em causa própria, virando as costas à base da categoria. Pra piorar, a maioria das correntes que hegemonizam o Conselho Geral não votaram apenas pelo fim da greve, mas muitos de seus dirigentes sequer estão em greve. Que tipo de comando de greve poderão regulamentar?
Sendo assim, esta nova tentativa de democratizar o CPERS corre sério risco de não ser implementada, terminando por manter a hegemonia dos mesmos de sempre. Enquanto persistir esta estrutura vertical, autoritária, paternalista e burocrática, certamente teremos dificuldades em democratizar as instâncias sindicais, como o comando de greve. Este singelo passo, dado na última assembleia, representa uma fissura; um indicativo de que é possível e fundamental democratizar o CPERS pela base. A vanguarda independente precisa se conscientizar do seu papel e trabalhar para concretizar a proposta.
Por hora, a abertura do comando de greve está seriamente ameaçada em razão deste avanço da burocracia sindical. Cabe aos lutadores que ainda resistem remarem novamente contra a corrente, alertando toda a categoria e a sua vanguarda sobre o novo golpe que está em curso contra a abertura do comando de greve!

QUEM É REALMENTE IRRESPONSÁVEL?

Mal a proposta que abre o comando de greve estadual para a base foi aprovada em assembleia, membros da direção central do CPERS e apoiadores já saíram a apontá-la como irresponsável. E por que exatamente seria um ato irresponsável abrir o comando para uma base que, por distintas vezes, demonstrou seu desejo por mais democracia e transparência por parte da direção do CPERS, estendendo o poder de decisão para além das correntes?
Como classificar um passo tão importante para a categoria como uma irresponsabilidade? Onde está o problema em avançar da "representação" para a participação efetiva? Existem dois argumentos centrais por parte destes setores que estão repudiando a abertura do comando de greve para a base. Um afirma que não há operacionalidade para a proposta, sustentando que todos os sócios iriam querer participar; o segundo sustenta que setores da direita ou mesmo do governo iriam se infiltrar no comando, portanto, teríamos um problema de segurança. Respondemos, serenamente, que surgiram muitas sugestões (não apenas nossas) para colocar a proposta em prática. A mais conhecida, apresentada na assembleia geral, seria através da liberação de senhas, uma vez que a reunião se daria em um ambiente determinado com o seu limite físico. Até mesmo a operacionalidade para a participação do interior foi pensada (indicação dos comandos regionais e custos para os núcleos). Sobre a segurança e o combate às infiltrações também foram pensadas possíveis soluções, como a identificação dos presentes pelos próprios presentes, além do reconhecimento a partir da atuação no sindicato, no seu núcleo de origem e no seu comando de greve regional.
Alegam ainda, os inconformados com a proposta aprovada, que o "comando aberto" seria, numa interpretação mal-intencionada, aberto para qualquer um, inclusive para o MBL ou pessoas de fora da categoria. É um método muito comum na política reduzir a posição do adversário ao absurdo, levando-a a extremos. Qualquer pessoa capaz de raciocinar entendeu que se trata de abrir o comando para a base grevista da categoria, e não para qualquer pessoa. A uma direção séria, caberia pensar em caminhos para executar tal proposta, sintetizá-la, levá-la ao laboratório da práxis, corrigir seus erros e consolidar os acertos. Mas não! Temos visto ataques que beiram o desespero. Além disso, toda essa discussão e terrorismo em torno do novo formato do comando de greve serve apenas para revelar a inexperiência democrática do nosso sindicato.
Membros da direção central estão afirmando ainda que a abertura do comando para a base seria igualmente para grevistas e não grevistas. Ora, isso é uma manobra para descaracterizar a proposta! Comando de greve é só para quem está em greve! É sabido que muitos dirigentes de núcleos ligados à direção central ou às correntes que a orbitam não acatam as decisões da assembleia e muitos vergonhosamente não fazem greve, mas querer descaracterizar um comando de greve inflando-o com não-grevistas já demonstra as reais intenções da burocracia sindical. Não compactuamos com isso.
A proposta sobre a abertura do comando para a base (ainda que sempre possa ser aperfeiçoada) dividiu as correntes em dois campos: as que apostam na democratização do sindicato, trabalhando no sentido de superar a hierarquização, pensando em novas formas de organização e avançando na construção coletiva de decisões; e as que apostam no controle restrito, autoritário, stalinista, controlando a base como crianças que não podem pensar por conta própria. Ao invés de, honestamente, procurar formas de melhorar a proposta de democratização e abertura do comando, estas correntes gastam energia para reproduzir o velho discurso do terrorismo, distorcendo grosseiramente a intenção de democratizar o CPERS e as suas greves.
Para nós, irresponsável é fretar ônibus para ter maiorias artificiais visando desmontar as lutas; é não cumprir o que é decidido nas assembleias (fundo de greve, encontro de servidores, distribuição de 1 milhão de panfletos, dentre outras); é manter um sindicalismo de cúpula, atrelado ao estado; é desviar a atenção da Assembleia Legislativa quando os seus parlamentares (do PT e PCdoB) vão votar a favor do ajuste fiscal; é marcar assembleia geral para acabar com a greve em um dia nacional de luta; é falar contra a RBS, mas deixá-la gravar de dentro todas as assembleias gerais; é fazer discurso terrorista para amedrontar a categoria e repassar número de grevistas para a mídia burguesa; é manobrar para que não-grevistas entrem num comando de greve. A crise aberta com a proposta de abertura do comando de greve é o prenúncio do esgotamento de um tipo de sindicalismo e da necessidade de um novo.
Construção pela Base
MAR - Movimento Autonomia e Revolução


Proposta para operacionalizar o Comando Estadual de Greve Aberto do CPERS Sindicato

1. Quem participa?
- Os Comandos de greve aberto dos 42 núcleos devem estar conectados ao Comando Estadual, pois nestes comandos estão representados todos que tem disposição para a luta (ou seja, todas as forças, bem como as que já estão representadas no atual comando, os representantes de escolas, a base da categoria), com direito a voz e voto. A participação da base se dará via comando do núcleo ou via presencial na sede do Comando Estadual.
2. Como organizar as reuniões?
- Utilizar tecnologias que oportunizem participação em tempo real, semelhante conferência on-line, para todas as sedes dos núcleos (onde as reuniões não serão gravadas, apenas transmitidas).
3. Critérios de segurança:
- Não poderá ser usado celulares, tablets e outros equipamentos tecnológicos de acesso a internet, bem como gravações que possam dar acesso a reunião.
- Identificar o participante da reunião.
- Participa quem é da categoria.
4. Quantidade de falas?
- A ser definida pela mesa da reunião, fazendo uma média pelos presentes e respeitando, principalmente, as propostas divergentes.
5. Como se dará encaminhamento de propostas?
- Receber e ler todas as propostas, procurar a síntese e o consenso.
- Nas propostas com divergência abre-se uma defesa a favor e outra contra colocando em votação.
6. Onde será a sede de transmissão?
- A sede de transmissão será em Porto Alegre.
- Garantir que integrantes dos Comandos de Greve dos Núcleos possam participar pessoalmente das reuniões do Comando Estadual na sede de transmissão, com direito a voz e voto, bem como o núcleo deverá custear suas despesas.
- Na sede de transmissão será permitido a entrada de participantes da categoria através de senhas conforme a capacidade do local, bem como utilizando os critérios de segurança e garantindo a participação dos integrantes dos núcleos do interior e capital.

Construção pela Base
MAR - Movimento Autonomia e Revolução

26 de nov. de 2017

A GREVE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL É UMA CAUSA DO POVO!

CONTRA O AJUSTE FISCAL E AS PRIVATIZAÇÕES!
A greve das escolas públicas estaduais completam mais de 2 meses. Justamente neste momento vivemos no país e no RS inúmeros problemas sociais e graves escândalos de corrupção. Isso não é novidade! Segundo delação de empreiteiro, mais de 1 milhão de reais foram usados para comprar os votos do impeachment, cuja principal finalidade, como vemos, nada mais é do que aplicar a “Reforma” da Previdência e Trabalhista, para acabar com direitos como a CLT e a aposentadoria. No RS, seguindo o mesmo caminho, o governo Sartori (PMDB) quer fechar escolas, turmas, demitir servidores, inviabilizar os serviços públicos e privatizar empresas públicas (como Banrisul, CEEE, Sulgás e outras) através da chamada “Renegociação da dívida” com o governo Temer (também do PMDB). Marchezan Jr. (PSDB) também segue o mesmo projeto político, propondo a privatização do DMAE e da Carris, além de destruir os serviços públicos municipais.
Muitas pessoas dizem: “o povo aceita tudo isso e não faz nada”, porém, ignoram aqueles que estão fazendo. Os educadores do Estado do RS, em greve a mais de 2 meses, lutam contra tudo isso. Como resultado, sofrem com ameaças do governo, perseguições e as mentiras da grande mídia (RBS, ZH, Diário Gaúcho, Band, Record, SBT e outros). Por isso, viemos a público pedir o seu apoio.
Certamente uma greve rompe com a ordem e a “normalidade” do ano letivo. Se houvesse democracia em nossa sociedade ou se o governo Sartori (PMDB) realmente tivesse interesse em resolver os problemas da educação, tal como fala durante os períodos eleitorais, certamente nada disso seria necessário. No entanto, a greve começou porque havia educadores passando fome, com graves dificuldades financeiras. Se estendeu porque o governo não atendeu nenhuma reivindicação e tornou-se um movimento que atingiu em cheio o projeto do governo: o ajuste fiscal e a Renegociação da Dívida, que atingem toda sociedade. O CPERS se desdobrou para mostrar possíveis alternativas, como o cumprimento da Lei Kandir, o combate à sonegação fiscal e às isenções de impostos às grandes empresas. O governo Sartori, contudo, de forma radical e autoritária, ignorou tudo e quer impor a sua política única de destruição dos serviços públicos e de privatizações. A nossa greve serviu para demonstrar que existem irregularidades nas contas do governo Sartori (conforme o Ministério Público, em reportagem do Correio do Povo de 20/10/2017) e que há desvio de recursos como o FUNDEB, que poderiam ser utilizados para pagar os salários dos servidores da educação pública. Sobre isso a grande mídia pouco ou nada fala. Isso não é uma casualidade!
As empresas de comunicação nos atacam porque tem interesse na aplicação dos projetos do governo Sartori (PMDB), como a “Renegociação da Dívida” e o ajuste fiscal, que pretendem privatizar empresas estatais estratégicas, mentindo que isso irá solucionar o problema financeiro do Estado. Sartori, como líder do governo Brito, em 1996, negociou com o governo federal e privatizou estatais (como a CRT). Esta política preparou as bases para a “crise” financeira que o estado vive hoje. Não podemos repetir esta tragédia! É por tudo isso que jornalistas muito bem pagos por estas emissoras e as suas reportagens “imparciais” atacam furiosamente a nossa greve.
O nosso movimento só poderá ser vitorioso e derrotar o ajuste fiscal, a Renegociação da Dívida e a política de destruição da escola pública se tiver o apoio de toda a população. Devemos transformar a nossa greve em uma causa popular. Que tipo de país construiremos sem CLT, previdência e sem escola pública? Os demais trabalhadores e estudantes também devem entrar nessa luta, cobrar dos seus sindicatos e das entidades estudantis, se colocar em movimento. Achamos que a vida não deveria ser apenas trabalhar, ver TV e consumir. Ela deve ser muito mais do que um pobre salário para comprar outra TV, um celular ou um carro novo à prestações. A vida não deveria ser à prestações! É por pensarmos assim que continuaremos procurando formas de mobilização, de denúncia, de tencionar o governo e a opinião pública. Para nós, lutar é um processo. Não temos garantia de vitórias. A cada dia que não lutamos e nos omitimos, a batalha se torna mais sofrida e prejudicial. Muitos se omitiram em nome do “imediato”, do término do ano letivo, do “bom senso”. O resultado é que a educação pública vem sangrando há décadas. A nossa greve é a última advertência e o último pedido de socorro! Amanhã pode ser tarde demais...
- A greve da educação pública é uma causa popular! Some-se nessa luta e nos ajude a desmascarar a grande mídia, que apoia integralmente o ajuste fiscal em nome do grande capital!
- Contra a Renegociação da Dívida e o ajuste fiscal dos governos Temer, Sartori e Marchezan que só pode resultar na destruição dos serviços públicos!
- Contra as privatizações do Banrisul, DMAE, Carris, Sulgás, CEEE, Corsan, etc.
- Defesa da escola pública, gratuita e por mais investimentos, para que tenha qualidade e salários em dia!


O INDEFENSÁVEL JORNALISMO DE DIEGO CASAGRANDE (BAND)

O jornalista da Band Diego Casagrande, que escreve para o jornal gratuito "Metro", tem atacado sistematicamente a greve dos educadores. Em uma de suas colunas afirmou que a nossa greve seria "indefensável". Na verdade, indefensável é este jornalismo mercenário, aplicado por pessoas como ele, Rosane de Oliveira (RBS) e Gustavo Vitorino (Rede Pampa), que a despeito do discurso de "imparcialidade", defendem integralmente o programa neoliberal de privatizações, arrocho salarial, fim dos serviços públicos, meritocracia, ataques às greves e demais "preciosidades democráticas" do gênero.
Enquanto estes senhores, a soldo da burguesia, tem todo o direito "democrático" de nos atacar quase que 24h, nos reservam tempo diminuto, geralmente destinado à pessoas que falam o que eles querem ouvir, deixando os trabalhadores comuns, da base da categoria, sem nenhum tipo de voz. Isto seria liberdade de imprensa? Não! Isto é apenas a liberdade de poucas empresas, que detém o monopólio da comunicação, de atacar oculta ou abertamente qualquer tipo de oposição aos seus projetos políticos e econômicos. Em contrapartida, para Diego Casagrande não é inaceitável o fechamento de turmas e escolas, o atraso de salários, o fim do 13º, a privatização de empresas estatais que dão lucro, a exploração e a miséria.

23 de nov. de 2017

O ÚLTIMO ESFORÇO DA GREVE DEVE SER CONTRA O AJUSTE FISCAL E AS PRIVATIZAÇÕES

Ainda há motivos para a greve!
Assembleia geral do CPERS de 24 de novembro de 2017


         A nossa greve chega próximo ao terceiro mês com grandes dificuldades: isolamento das demais categorias do funcionalismo público, campanha midiática para jogar opinião pública contra nós, refluxo da categoria e sabotagem da direção central do CPERS. Para se deflagrar uma greve é sempre necessário estudar o melhor momento (natureza dos ataques, mudança na conjuntura, correlação de forças, etc.). O nosso movimento grevista, contudo, já existe há mais de 2 meses e se tornou vanguarda da luta contra o ajuste fiscal. Apesar de suas limitações, não se constrói um movimento como este da noite para o dia. Para encerrá-lo também é necessário estudar o melhor momento. Não pode ser feito como quer a direção central do CPERS (PT, PCdoB e PDT; CUT e CTB) e a maioria do comando estadual de greve, fazendo discurso terrorista de medo na categoria, repassando dados de “esvaziamento” da greve para a mídia burguesa usar contra o movimento grevista.
            Na última assembleia geral afirmamos que “quando a continuidade da greve é aprovada, a direção central e a maioria do comando de greve deixam o movimento morrer de inanição, sem defesa e sem ataque”. Foi exatamente o que aconteceu. Os panfletos para agitação de rua chegaram com uma semana de atraso; nenhuma atividade para distribuí-los massivamente foi marcada ou orientada pelo comando estadual; e poucas das que foram marcadas pelos núcleos se concretizaram. A unidade com os demais servidores públicos foi sabotada; as centrais sindicais (com especial destaque para a CUT, que dirige a maioria dos sindicatos do serviço público) ficaram completamente inertes, propondo “greves gerais” fictícias e deixando a luta real se apagar aos poucos. As ocupações não foram pensadas pra se sustentar. O trancaço da ALERGS, que teve o importante papel de evitar que fosse protocolado e votado o PLC 249 do ajuste fiscal em regime de urgência, durou menos de um dia, sendo mais uma ação para “consumo das vanguardas” do que uma luta consequente, tendo em vista que nenhuma outra categoria além da educação participou da atividade. Muitos dirigentes de núcleo sabotaram a luta no interior e sequer seguiram em greve. A campanha de mídia deliberado em assembleia geral ficou muito aquém da necessidade exigida e os ataques dos jornalistas mercenários (como Rosane de Oliveira e Diego Casagrande) ficaram, em sua maioria, sem resposta. Sendo assim, o resultado não poderia ser outro: perdemos terreno na opinião pública, contribuindo para o enfraquecimento do movimento grevista.
            A principal lição da greve é que precisamos superar este sindicalismo cutista e esta direção central conciliadora, pois sem isso qualquer luta ou greve será inconsequente e limitada, passível de sabotagens e traições. Esta direção central do CPERS demonstrou na prática que desmonta a luta (trazendo aposentados para votar pelo fim da greve) e não é capaz de realizar um trabalho de base no sentido de superar o individualismo, o medo, o assédio moral e a alienação da categoria. De uma forma ou outra, esta e outras direções centrais acabaram por alimentar um sentimento imediatista e passivo na base, que se traduz agora neste refluxo.
            Por anos esta direção central e setores da “oposição” passaram derrotas por vitórias. Tratam a base como crianças que precisam ser ludibriadas. Lutar e fazer greve, tal como uma guerra, é um processo que não tem garantia de vitórias; embora saibamos que só pode vencer quem lutou. Embalados por este sentimento, setores da vanguarda, mesmo reconhecendo o refluxo, se perguntam: como voltar da greve sem nada? É preciso dizer aos colegas que, nesta perspectiva, seremos derrotados pelo governo Sartori (PMDB e aliados). Este se utilizou da mídia, do senso comum, da repressão, da chantagem do desconto e do desemprego, não atendendo a nossa pauta de reivindicações; e ainda que desgastado e parcialmente desmascarado, segue aplicando o seu projeto político de ajuste fiscal e destruição dos serviços públicos. Não há vergonha em lutar e ser derrotado. Há vergonha em ser derrotado sem luta ou passar derrotas por vitórias.
            É certo, também, que o nosso movimento grevista, após quase 80 dias de luta, teve grandes méritos, como chamar a atenção da sociedade ao projeto do governo Sartori, demonstrar que ele tem dinheiro, que tem contas irregulares e que desvia dinheiro do FUNDEB. Se a greve não tivesse enfrentado o governo na sua política de arrocho e parcelamento, certamente nada disso teria aparecido. Da mesma forma, a extensão da greve para além do dia 10 de novembro possibilitou o trancaço na ALERGS, deixando claro o papel cúmplice do ajuste fiscal de PT e PCdoB, supostos partidos de “oposição” ao governo Sartori. Esta mudança de tática política destes partidos, que visa “perdoar os golpistas”, tem suas respectivas representações na direção central do CPERS. Caso estes e outros partidos votem a favor do regime de urgência do ajuste fiscal ou em qualquer proposta que ajude o governo a aprová-lo, o CPERS deve realizar uma campanha de massas para denunciá-los, bem como denunciar o papel inaceitável do deputado Edegar Pretto (PT), cúmplice e facilitador do protocolo do projeto de ajuste fiscal na ALERGS.
            Para seguirmos em greve e tentarmos esgotar as últimas possibilidades, precisamos direcionar toda a nossa artilharia contra o ajuste fiscal e as privatizações. Somos contra seguir em greve sem estratégia, muito menos ter como prioridade principal a simples busca por mesa de negociação. Esta somente pode surgir como consequência da pressão real de todo o movimento. É preciso um último esforço, se estendendo com muitas dificuldades, até o dia 1º de dezembro, quando novamente o governo atrasará os salários com o seu escalonamento. Muitos núcleos do interior, contrariando a orientação de suas direções, votaram pela continuidade. É preciso valorizar este esforço e tentar transformar a disposição de luta desta vanguarda para atacar o coração do projeto político do governo Sartori, que é o ajuste fiscal, a Renegociação da Dívida e o desmantelamento do IPE. Somente neste sentido a continuidade da greve se justifica, sendo complementada pelas seguintes políticas:
            I) Busca de unidade com os demais servidores, propondo um encontro de base e um calendário de luta unificado. Pelo seu peso, a CUT tem um papel importante. Caso não faça nada novamente, precisa ser denunciada na sua inércia cúmplice do governo Sartori.
            II) Campanha de massas, com inserções na grande mídia, redes sociais, agitações de rua, panfletagens e cerco à ALERGS, alertando a população sobre o que está em curso com o projeto do governo.
            III) Promover aulas públicas nas comunidades escolares (principalmente naquelas que voltaram a dar aula) sobre os ataques à classe trabalhadora e o ajuste fiscal. Também é fundamental organizar plenárias interescolas e intercategorias, inclusive no interior, em núcleos estratégicos, realizando assembleias de mobilização para mexer com o eleitorado do PMDB e aliados. Ou seja, precisamos colocar em prática efetivamente o que foi votado nas assembleias gerais.

ü    Combate ao ajuste fiscal do governo Sartori: acompanhar as votações na ALERGS.
ü    Convocar as centrais sindicais, sociedade civil organizada e demais categorias de servidores públicos estaduais, de trabalhadores e estudantes para lutar contra o ajuste fiscal.
ü    Fortalecer a campanha em defesa do IPE.
ü    Se a greve prosseguir: abrir o comando de greve estadual para base. Abaixo o burocratismo! Que a base tenha direito a voz e voto no seu próprio sindicato!
ü    Pela autonomia das comunidades escolares definirem seus calendários de recuperação parcial sem interferência e assédio moral das CREs, da SEDUC e da mídia.

12 de nov. de 2017

A GREVE CONTINUA! E AGORA?

Mesmo com campanha da grande mídia e do governo, em assembleia geral de vanguarda, os educadores, por ampla maioria, derrotaram a intenção da burocracia sindical de encerrar a greve. Algumas perspectivas se abrem e é necessário trabalhar, num esforço gigantesco, para esgotar todas as possibilidades. Sabemos, por dura experiência, que quando a continuidade da greve é aprovada, a direção central e a maioria do comando de greve deixam o movimento morrer de inanição, sem defesa e sem ataque. É por isso que propusemos que o comando de greve se estendesse para além das correntes políticas, com direito a voz e voto, mas fomos derrotados pela burocracia sindical com o apoio de setores “independentes”. A base votou contra si própria. Assim, novamente a direção central e as correntes políticas majoritárias terão o controle sobre o comando de greve.

Todos os educadores conscientes, que estão na vanguarda da greve, precisam se atentar para isso. Não derrotaremos um duro ajuste fiscal com táticas reformistas, rotineiras, que apenas aprofundam as ilusões e geram novas; ou com a análise permanente do “refluxo da greve” (por mais importante que seja acompanhar isso) sem propor nada para intervir sobre isso.

A assembleia geral ainda aprovou um plano de lutas muito importante, que se colocado em prática realmente, pode ajudar a esgotar todas as possibilidades. 

Somado a isso, propomos algumas políticas:

- Reuniões periódicas do comando estadual de greve, de, no máximo, dois em dois dias.
- Ampla convocação, para que todos que puderem e quiserem tenham o direito de observar as reuniões.
- Realização do encontro de base dos servidores públicos e demais trabalhadores para tirar um calendário de luta unificado, estejam estas categorias em greve ou não. Aproveitar a possibilidade de unidade com o SIMPA.
- Realização das plenárias para organizar a luta e debater auditoria do FUNDEB. Estas plenárias também podem ser convocadas amplamente, para que outros servidores de outras categorias possam se somar a ela.
- Grande campanha popular de agitação de denúncia do ajuste fiscal, dando ênfase às irregularidades nas contas do governo Sartori! Locais: esquina democrática, terminais de ônibus de Porto Alegre e do interior, entroncamento de avenidas com proximidade à várias escolas. Nestas agitações deve se denunciar o ajuste fiscal, a renegociação da dívida e responder os ataques da grande mídia. Isto pode ser feito mesmo com poucos grevistas, desde que tenham carro de som (caixa de som ou megafone), mas é claro que o ideal é que seja feito com muitas pessoas. O que queremos dizer é que o número, neste caso, não pode ser usado como desculpa para não se fazer nada. A mídia e o governo precisam ser respondidos nas ruas, sem demora. A única forma de atingirmos um governo que está pouco se lixando para a educação pública é fazendo com que toda a população compreenda o que significa o ajuste fiscal e a renegociação da dívida.
- Comissão de comunicação permanente, para acompanhar os ataques da grande mídia e respondê-los prontamente nas redes sociais, nas mídias alternativas e, se der, na grande mídia.
- Prestação de contas permanente da situação financeira do CPERS para o comando estadual de greve.

Sabemos que a correlação de forças é desfavorável e há um refluxo, porém, é possível esgotar estas possibilidades, mesmo com baixos recursos financeiros. O que não será possível tolerar é que o comando estadual deixe a greve morrer por inanição. Neste caso, se tratará, novamente, de não colocar em prática uma decisão soberana da assembleia geral e, portanto, uma traição.

10 de nov. de 2017

A GREVE NECESSITA CONTINUAR, MAS OS DESAFIOS SÃO ENORMES

Assembleia Geral do CPERS de 10 de novembro de 2017
        

Após 2 meses de greve chegamos a um impasse. O governo não cede porque nos falta peso e força, além de estar pouco se lixando para a educação pública. A nossa principal arma reside na capacidade ideológica da profissão, além de podermos ganhar a comunidade escolar e a opinião pública para o nosso lado. Conseguimos manter isso por quase 2 meses, mas o governo tenta destruir estes elos atacando através da grande mídia.
         Parafraseando Gramsci, é preciso atrair violentamente a atenção para atual situação da greve se quisermos transformá-la. Partir do pessimismo da inteligência e fundi-lo com o otimismo da vontade. Muitos colegas estão voltando ao trabalho. Isto é um fato! Várias são as razões: assédio moral, pressão, medo, alienção; falta de trabalho de base do CPERS, suas traições e omissões. Tudo isso cobra um preço. A cada dia que não lutamos, a batalha se torna mais sofrida e prejudicial.
         A direção central (PT, PCdoB e PDT; CUT e CTB) e a maioria do comando estadual de greve (CS, Intersindical, CEDS, MES-PSOL) sustentam que a categoria está refluindo, mas omitem o seu papel neste refluxo: inanição, falta de orientação e resposta imediata aos ataques da grande mídia e do governo. Além disso, sabotaram a unificação real do CPERS com outras categorias, ignorando deliberadamente as resoluções aprovadas em assembleia geral por duas vezes que indicavam a unificação com os demais servidores, bem como um encontro de base para tirarmos um calendário comum para enfrentar o ajuste fiscal. O que fizeram a CUT e as demais centrais sindicais nesse sentido? Nada! Muito pior: esvaziaram a luta e abandonaram o trabalho de base.
         Sabemos, pela experiência de 2016 e a deste ano também, que quando a continuidade da greve é aprovada, a direção central e a maioria do comando de greve deixam o movimento morrer de inanição, sem defesa e sem ataque. Ora, isto é uma nova traição! Só que uma traição invisível. A direção central e a maioria das forças do comando estadual de greve não apenas querem acabar com a greve, como alijá-la de um calendário de mobilização futuro, da continuidade da luta, mesmo que recuando. Ou seja, querem desmontá-la e enterrá-la, tal como em 2015, 2016 e tantos outros anos. Recentemente Lula afirmou que “perdoa os golpistas” e que “não anulará as reformas de Temer se for eleito em 2018”. Esta mudança de tática petista se reflete nos acordos nacionais feitos novamente entre PT e PMDB, se confirmando na tática da direção central de apenas fazer greve para desgaste eleitoral e respeitando a legalidade burguesa.
         Não derrotaremos um duro ajuste fiscal com táticas reformistas, rotineiras, que apenas aprofundam as ilusões e geram novas. Contudo, existe um grande setor da vanguarda do CPERS que defende a continuidade da greve sem apontar um caminho. Manter a greve exigirá um esforço militante gigantesco. Não adianta apenas nos pautarmos pela nossa raiva e vontade pessoal, por mais importante que sejam. Esta vanguarda precisa responder os seguintes problemas: como lidar com o imobilismo e inanição por parte da direção central e do comando estadual de greve? Que calendário de lutas propor e como efetivá-lo? Que ações devemos executar para evitar o isolamento da vanguarda em relação a base que retorna e está acuada?
         A greve só pode seguir com a condição de buscar envolver outras categorias, se não na greve, pelo menos num calendário de lutas unificado contra o ajuste fiscal. Qualquer outra proposta de continuidade da greve que não se pautar por isso é uma fanfarronada e um aventureirismo. A questão da recuperação das aulas não é menos importante, mesmo que a greve siga. A grande mídia tem batido impiedosamente nisso, tentando jogar a opinião pública contra nós. A direção central e o comando de greve não respondem estes ataques nem na grande mídia, nem nas redes sociais. Deixam a greve ser atacada para que morra asfixiada. Não denunciou nas mídias as irregularidades das contas do governo Sartori (PMDB) e os desvios do FUNDEB, bem como os ataques do secretário investigado por corrupção, Fábio Branco.
         Só nos restou jogar com o tempo: avançar em greve por novembro e dezembro pra enfrentar até as últimas consequências o congelamento, parcelamento e atraso de salário e o ajuste fiscal, sem deixar condições para a “recuperação legal”. Devemos com todas as forças procurar as demais categorias, vencer o corporativismo, voltar para as escolas onde for possível, fazer atos de rua com denúncias claras, aulas públicas e agitar em grandes concentrações populares as mentiras e as irregularidades das contas do governo Sartori, bem como seus projetos de ajuste fiscal em comum com Marchezan (PSDB) e Temer (PMDB).

PROPOSTAS PARA A ASSEMBLEIA GERAL E O COMANDO DE GREVE ESTADUAL:

- Seguir em greve e avaliar o movimento mais adiante. Recuar agora será desastroso!
- Rechaçar totalmente a “proposta” do governo Sartori, chamando a atenção da opinião pública que o governo deixou claro que pretende fechar turmas e escolas (mentindo que isso é em nome do “interesse público”).
- Pela unidade com os demais servidores: ENCONTRO DE BASE E CALENDÁRIO UNIFICADO JÁ! (sugestão de data: final de novembro ou início de dezembro; construir este encontro por região e local de trabalho).
- Contra as privatizações (DMAE, Carris, Corsan, CEEE, Banrisul, Sulgás) e a Renegociação da Dívida!
- Grande campanha popular de agitação de denúncia do ajuste fiscal, dando ênfase às irregularidades nas contas do governo Sartori!
- Por uma auditoria independente do FUNDEB e pela abertura das contas do Estado!
- Voltar à atenção para as comunidades: responder na mídia e nas redes sociais as distorções da RBS, Band, etc.
- Pela autonomia da recuperação das aulas: aprovar calendário nos conselhos escolares e reuniões de pais preservando férias de alunos e professores, bem como a sanidade mental. Greve não é férias, como maldosamente a mídia e o governo disseminam!
- Nenhum(a) contratado(a) a menos!
- Pela imediata destituição dos dirigentes que não cumprem as decisões das instâncias sindicais!
- Pela abertura do comando de greve estadual para além das correntes!

6 de nov. de 2017

NOS 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA DEVEMOS RESGATAR O SEU LEGADO TEÓRICO

O ano do centenário da Revolução Russa (1917-2017) está passando praticamente em branco por parte da esquerda em geral e do CPERS em particular. Se os trabalhadores não debatem as conclusões e o legado teórico da 1ª revolução proletária vitoriosa da história, a mídia burguesa o faz. Rede Globo (em especial o programa Fantástico do dia 29 de outubro de 2017) e BBC de Londres exibiram reportagens totalmente parciais sobre este evento histórico, disseminando inúmeros preconceitos.
            A Revolução Russa de 1917 foi um acontecimento de valor histórico-universal, tal como foi a Revolução Francesa de 1789. As reportagens da Rede Globo e da BBC não reconhecem este valor histórico-universal. Tentam, como sempre, associar “socialismo” ou “comunismo” à ditadura; ou reforçam sutilmente aquele senso comum de que o socialismo “não dá certo”, como se uma nova sociedade pudesse surgir sem contradições, avanços e retrocessos, tal como um parto doloroso. Todas as suas conclusões querem levar a crer que qualquer experiência comunista irá resultar inexoravelmente nos mesmos erros. Enquanto empresas que vivem do grande capital, Rede Globo e BBC são viscerais inimigos do “socialismo” e do “comunismo”.
            Pode parecer estranho uma corrente sindical fazer um debate político e teórico como este. Porém, os trabalhadores conscientes, sejam de que categoria for, devem aprender com a experiência da história do movimento operário mundial para melhor orientar a sua própria luta.

Os eventos históricos da Revolução Russa devem ser olhados pela lente dos trabalhadores
            Quando se trata do debate de qualquer tema ligado à Revolução Russa, a grande mídia e a intelectualidade burguesia sempre apresentam o mesmo repertório: “foi apenas terror vermelho”, “o comunismo é ditadura”, “Lenin (e não apenas Stalin) concentrou poderes em suas mãos desde sempre”, “o comunismo não permite liberdades individuais”, dentre outras pérolas.
            Desde o século 19 o socialismo recebeu os mais virulentos ataques das classes dominantes. Esta autêntica campanha de difamação aumentou monstruosamente após a vitória da Revolução Russa, valendo-se, inclusive, de ataques morais e religiosos. Nada de positivo poderia ser atribuído à URSS; apenas desqualificações de baixo nível argumentativo e repleto de preconceitos sustentados pela ignorância. Quem não se lembra da bizarrice que dizia: “comunista come criancinha”?
            Se colocarmos os óculos com a lente dos trabalhadores, por outro lado, veremos que a Revolução Russa de 1917 fez triunfar as instituições políticas mais progressivas que a história já conheceu: os sovietes (palavra russa para “conselhos populares”); muito mais democráticas que qualquer parlamento já conhecido. Segundo o famoso jornalista norte-americano John Reed, estes sovietes funcionavam com base na democracia direta, revogando o mandato dos eleitos uma vez que estes não atendessem a vontade dos seus eleitores. Surgiram durante a Revolução de 1905 e se proliferaram pelo país na Revolução de Fevereiro de 1917; mas foi somente em Outubro de 1917, quando o Partido Bolchevique liderado por Lenin e Trotsky tomou o poder, é que se tornaram instituições políticas reconhecidas e passaram a gerir o país. Foram um aperfeiçoamento e um aprofundamento das instituições da Comuna de Paris (1871), que terminou brutalmente esmagada pela burguesia francesa. Com a ascensão de Stalin ao poder por volta de 1925, no entanto, os sovietes começaram a ser secundarizados, abafados e, por fim, indicados de cima para baixo.
            A tentativa de desmoralização de Lenin pela mídia burguesa é permanente. Todo o seu exército de escritores e jornalistas tenta fazer uma associação direta entre Lenin e Stalin, como se o último fosse a continuação direta do pensamento leninista. Nada mais incorreto! Lenin foi um grande teórico e militante incorruptível. Certamente cometeu erros, fruto de uma realidade concreta e da sua natureza humana, mas tudo o que escreveu ou sua postura política encontram-se a milhas de distância do pensamento e da prática de Stalin. Este era provinciano, dogmático e, consequentemente, autoritário. Há elementos de sua personalidade que remetem à psicopatia. O profundo internacionalismo de Lenin está em frontal contradição com a teoria stalinista de “socialismo em um só país”. O autoritarismo atribuído a Lenin é uma distorção grosseira. Por certo, como principal liderança de uma revolução, Lenin recorreu à medidas militares extremas. Autorizou ou consentiu com o fuzilamento do czar e da sua família, além de prisioneiros militares. Resgatar a família do czar era o objetivo dos 14 exércitos imperialistas que invadiram a Rússia, desencadeando a guerra civil entre 1919 e 1921. Tentando derrubar o poder bolchevique para restaurar a monarquia, estes 14 exércitos (o chamado “exército branco”) enforcaram e assassinaram (tal como fizeram por séculos os czares) centenas de milhares de civis. Isto é totalmente diferente do que fez Stalin, que montou um aparato de espionagem civil e terrorismo estatal, falsificou a história, matou oposição política dentro do próprio movimento operário russo e internacional.
Lenin dirigiu o jovem estado soviético respaldado pelo congresso dos sovietes de toda a Rússia, amparado pelo comissariado do povo e durante a furiosa guerra civil de 3 anos, lançando todas as suas esperanças na revolução proletária europeia. Apesar de estar gravemente doente, morreu, sob circunstâncias suspeitas, em 1924. O conhecido testamento de Lenin afirma: “O camarada Stalin, convertido em secretário geral, concentrou em suas mãos um poder ilimitado, e não estou seguro de que saiba utilizá-lo sempre com prudência suficiente”. Rompeu definitivamente com Stalin em razão de um conflito pouco esclarecido entre ele e Krupskaia (esposa de Lenin).
            O culto à personalidade foi uma invenção stalinista, de um personagem secundário durante os eventos revolucionários de 1917 que precisou cultuar Lenin como um deus para poder consolidar o seu próprio poder. Lenin nunca compactuou com tal prática. No poema escrito em 1924 como tributo a sua morte, o poeta russo Maiakóvski afirma: “Será possível que de Lenin também se fale como um ‘chefe pela graça de Deus’?”; e mais adiante: “Receio que as procissões, os mausoléus, a admiração, seus estatutos e regras, possam afogar numa doce unção a simplicidade de Lenin”. Como se pode ver, nada mais longe da verdade do que insinuou a reportagem tendenciosa do Fantástico, da Rede Globo. É bastante compreensível o ódio incontido da mídia burguesa a Lenin. Este foi o militante que soube harmonizar as reivindicações dos trabalhadores com a luta pelo socialismo e teve papel decisivo na Revolução de 1917.

Lenin discursando para operários e soldados

            A revolução vitoriosa combateu a continuidade da Rússia na 1ª Guerra Mundial, denunciando-a como uma “guerra imperialista”. Os bolcheviques no poder publicaram todos os tratados secretos do Império Russo com os países da Entente, acelerando o final da Guerra. A Revolução Russa ainda instituiu o voto feminino, a possibilidade de mulheres poderem ocupar cargos de Estado, o direito ao divórcio, ao aborto, garantindo igualdade jurídica e política às mulheres em relação aos homens. Muitos outros países ocidentais tiverem que ceder nestes direitos também.
            O ponto mais importante da Revolução, contudo, foi a democratização da economia: a reforma agrária, a estatização de bancos, fábricas, estradas de ferro, etc., que passariam a ser geridos pelos sovietes. Mesmo que a Rússia tenha sofrido para desenvolver sua economia como fruto da atroz guerra civil que se seguiu contra o poder bolchevique, a URSS foi um país pioneiro na descoberta espacial, enviando a primeira sonda e o primeiro cosmonauta ao espaço: Yuri Gagarin. Na questão científica – física, química, biologia, pedagogia – a URSS contribuiu e aprofundou muitos aspectos, além de ter se industrializado (fato impossível para os países da periferia do capitalismo) e alfabetizado o povo. A maioria destes avanços da época de Lenin foi destruída com a ascensão de Stalin ao poder. Não se trata de uma mera troca de nomes, mas do início da contra-revolução e de uma mudança estrutural, que representaram fatos históricos nada desprezíveis, mas que geralmente são ignorados ou distorcidos pela grande mídia burguesa.

A Revolução Russa acertou e errou, como tudo que vive e é estimulado pelo meio, terminando por se degenerar: tiremos as lições para não cometer os mesmos erros!
            Longe de nós querermos esconder ou relativizar o horror do regime stalinista. Mas estes “horrores” e a degeneração da Revolução Russa não foi um reflexo inevitável do “comunismo”, como quer nos fazer crer a mídia burguesa. A sua degeneração foi um processo objetivo, que expressou as condições históricas daquele momento: derrota da revolução europeia (em especial da alemã) que selou o isolamento da URSS, a ascensão do nazi-fascismo, a morte dos operários com consciência de classe durante a guerra civil e o surgimento de uma nova camada de “administradores” sem nenhuma consciência de classe, o atraso cultural, econômico e social da Rússia, que era um país agrário, etc. Soma-se a isso o medo da autonomia por parte de muitos indivíduos, fato que não foi trabalhado culturalmente. Tudo isso levou ao surgimento da burocracia stalinista, que realizou seus expurgos, as falsificações e os vergonhosos Processos de Moscou visando eliminar a velha vanguarda que tinha feito a revolução junto com Lenin.
Não é verdade, como acreditam muitos militantes, que “Stalin só poderia ter agido dessa forma para salvar a revolução”. Não se trata de requentar velhas polêmicas nos 100 anos da Revolução; se trata, antes de tudo, de entendermos o eixo por onde a burguesia bate e desmoraliza o socialismo: o stalinismo traiu os princípios da Revolução Russa, sabotou processos revolucionários pelo mundo, assassinou militantes bolcheviques, destruiu as liberdades civis, falsificou, torturou e matou, enlameando o nome do “socialismo” aos olhos dos trabalhadores do mundo. Carregamos esta cruz ainda hoje! E é exatamente por aí que a burguesia ataca: associando “comunismo” ao que é, na realidade, um regime stalinista. Todo este processo está muito bem retratado na obra de Leon Trotsky “A Revolução Traída – o que é e para onde vai a URSS?”, escrita em 1937 e ainda hoje não superada. Todo aquele que quer ter uma verdadeira opinião sobre socialismo precisa ler esta obra.
Trotsky, Lenin e Kamenev discutem durante a guerra civil (1919-1921)

Fazer este amálgama entre “comunismo” e ditadura (ou dito corretamente, entre “comunismo” e regime stalinista), usando o espantalho das perseguições, torturas e falta de liberdade civil, é o álibi da burguesia e da sua mídia para esconder os horrores do capitalismo. Enquanto não conseguirmos colocar a perspectiva do comunismo na ordem do dia – aprendendo com os erros do passado –, continuaremos amargando o aumento da barbárie, que cresce dia a dia, a olhos vistos, como resultado inevitável da sobrevida do capitalismo.

A Revolução Russa expressou uma prática e um programa que a “esquerda” ignora
            A vitória da revolução em um país atrasado e periférico gerou inúmeros problemas práticos e deixou lições programáticas importantes. Lenin é enfático no seu livro “Esquerdismo”, onde afirma que somente foi possível o triunfo da revolução porque houve uma vitória ideológica sobre o oportunismo e o social-chauvinismo, expresso, sobretudo, pelos mencheviques (adversários históricos dos bolcheviques no mesmo partido, o POSDR). O menchevismo sustentou que na Rússia, por se tratar de um país atrasado e periférico, só poderia haver uma “revolução democrática” (ou burguesa); isto é, uma revolução em que as tarefas de desenvolvimento do capitalismo e da burguesia (fim da monarquia, proclamação da República, reforma agrária, etc.) seriam cumpridas em uma aliança política com a burguesia e os seus partidos. A burguesia russa fez o oposto, se aliou ao czar contra os trabalhadores e enriqueceu como nunca com a 1ª Guerra Mundial.
            Os bolcheviques, por sua vez, a partir da experiência da Revolução de Fevereiro de 1917, chegaram às mesmas conclusões que Trotsky na sua teoria da Revolução Permanente, elaborada em 1905: as tarefas retardatárias que a revolução burguesa não realizou, somente seriam realizadas pelos trabalhadores no poder. Quem fez a reforma agrária e acabou com a monarquia na Rússia foram os trabalhadores no poder. A partir da experiência da Revolução Russa de 1917, qualquer tentativa de aliança estratégica com a burguesia – tal como o PT e outros tentam nos fazer crer que é necessária –, é uma traição. A Revolução Russa de Outubro de 1917 significou a comprovação prática da teoria da Revolução Permanente defendida por Trotsky em oposição à teoria da burocracia stalinista, que se tornou o dogma oficial de todos os partidos comunistas do mundo.

Tomada do Palácio de Inverno pelos operários e soldados russos

O “comunismo” será duramente atacado durante a Copa de 2018 na Rússia no mesmo espírito de associação com o regime stalinista.
            Poucas organizações de “esquerda” se preocuparam em debater a Revolução Russa no seu centenário ou responder as graves distorções feitas pela mídia burguesa. Uma boa iniciativa foi a coluna da Esquerda Online, que procurou responder todas as distorções do Fantástico. Ali estão muitos elementos importantes para se conhecer a Revolução Russa sem as lentes da burguesia, embora o título do seu artigo afirme equivocadamente que o repórter do Fantástico tenha dito “bobagens sem sentido”. Nenhuma frase dita naquela matéria foi “sem sentido”.
            Mais do que 2017, que quase ignorou o centenário da Revolução Russa, o tema voltará a ser abordado certamente com a Copa do Mundo de Futebol, que será na Rússia em 2018. Provavelmente a grande mídia se preparará para fazer uma nova campanha, reafirmando seus tantras: “socialismo é ditadura”, “não dá certo”, “o regime matou e torturou”, etc. Por medo e preconceito, muitos reproduzirão tais distorções. A isto, devemos responder:
            O “socialismo” ou “comunismo” não é um produto que se pega na prateleira de um supermercado, testa sua “eficiência” e se não sai como o esperado, se liga ao PROCON para reclamar, dizendo que “não funcionou” conforme o manual de instruções. Não! O socialismo é um sistema econômico alternativo ao capitalismo. Ele não cai do céu, pronto e acabado, mas precisa ser construído a partir de uma revolução que supere a sociedade capitalista. Isto é, trocando em miúdos, significa dizer que ele nascerá do próprio capitalismo, com todas as suas contradições, ideologias, hábitos, mentalidades, cultura, etc.
Para que tudo isso seja realmente superado é necessário medir os acontecimentos não como um consumidor que liga ao PROCON para saber porquê a sua mercadoria “não funciona”, mas como a evolução de um processo histórico. É preciso olhar a “experiência socialista” pela ótica do proletariado e não da burguesia. O capitalismo necessitou de anos para superar o feudalismo. O povo francês passou fome logo após a Revolução Francesa de 1789; depois do cansaço da explosão popular, ajudou indiretamente a levar ao poder Napoleão. Foi um processo social longo, contraditório e traumático, que deixou inevitáveis cicatrizes, mas criou as bases do desenvolvimento social futuro, ainda que não tenha resolvido (e nem poderiam) os problemas essenciais da fome e da miséria, que seguem pendentes.
Os grandes capitalistas sabotaram as experiências socialistas para “que não dessem certo” por diversos meios, tal como a nobreza feudal sabotou as possibilidades do “capitalismo dar certo”, até que foi definitivamente derrotada nas revoluções francesas de 1789, 1830 e 1848. A burocracia stalinista sabotou o “comunismo” por dentro, surgindo como reflexo de uma conjunção de fatores; e o imperialismo o sabotou por fora, através do boicote do mercado mundial, dentre outros meios. Uma das principais diferenças com a revolução proletária é que a burguesia sempre esteve orbitando as esferas dominantes da sociedade, juntos ao poder político; já o proletariado é uma classe acostumada e ensinada a servir e a se submeter, sem nenhuma experiência de comando e autonomia. Por isso, é preciso insuflar-lhe coragem através da organização, da conscientização e da busca pela autonomia, e não fazê-lo dócil e submisso, tal como o faz a burocracia sindical e as correntes políticas oportunistas.
Bem longe do reducionismo preconceituoso e de má fé da grande mídia burguesa, os trabalhadores conscientes precisam tomar o que é seu (a história da Revolução Russa) para, de uma vez por todas, compreender e superar os seus erros. O espantalho do medo do “comunismo”, confundido com o que é, na realidade, o regime stalinista, é o grilhão com que a burguesia e a sua mídia mantém os trabalhadores presos à escravidão assalariada e ao inferno da sociedade capitalista.
A crise do capitalismo, expressa pelo ajuste fiscal de diversos governos, demonstra que este sistema não representa futuro para a humanidade. O “Estado (capitalista) de bem-estar social” na Europa e em outros países surgiu durante o século 20 como uma resposta à existência da URSS, para evitar que seus próprios trabalhadores se sublevassem. A restauração do capitalismo na ex-URSS através da Perestroika (1989-1991) e a subsequente aplicação da política econômica capitalista, conhecida como neoliberalismo, apenas aumentou a miséria da maioria da população em detrimento do enriquecimento descomunal de uma pequena minoria. Agora nem sequer um “Estado de bem-estar social” é necessário para conter os trabalhadores. Este é o sistema injusto e desumano que precisamos superar se, de fato, queremos falar em um futuro para a humanidade. A Revolução Russa, com todos os seus erros e acertos, representou um grande passo nesse sentido.

- Viva a memória da Revolução Russa! Viva a luta dos trabalhadores de todo o mundo!
- Que os núcleos do CPERS, os demais sindicatos e movimentos sociais debatam o centenário da Revolução Russa pela ótica dos trabalhadores.