A DIREÇÃO DO CPERS E A SUA FALSA OPOSIÇÃO À CNTE-CUT
Na assembleia da greve de dezembro/11,
a Construção pela Base propôs, e foi aprovada, uma Conferência Estadual de
Educação. Tinha como objetivo contestar a Reforma do Ensino Médio do Governo
Tarso e do Banco Mundial e contrapô-la com a proposta de educação pública que
queremos. A direção do CPERS tem feito corpo mole em relação a esses ataques, deixando
a categoria à mercê dessa reforma, que tem sido enfiada goela abaixo na
categoria. Essa omissão é uma forma de conivência com o governo.
O documento da direção do CPERS para a
conferência tem um discurso que contradiz a sua prática. Como camaleão, critica
a sua própria condução do sindicato. Na Assembléia de 02 de março, nós, da
Construção pela Base, denunciávamos o caráter privatista e neoliberal do “novo”
PNE do Banco Mundial/Dilma/CNTE/CUT e o caráter governista da greve chamada
pela CNTE. Nessa falsa greve, a CNTE lançou um manifesto que exigia a
“aprovação do novo Plano Nacional da Educação”. Nessa ocasião, a direção do
CPERS calou-se quanto ao caráter do “novo” PNE e defendeu a participação nessa
anti-greve de 14, 15 e 16 de março. Dessa forma, a direção do CPERS manipula a
categoria. De um lado, é conivente com o peleguismo da CNTE, paralisa a vontade
da categoria de lutar contra os ataques à educação. De outro, manipula a base
ao fingir combatividade por participar de uma falsa luta. Todas as correntes do
sindicato, governistas e semi-governistas, estiveram unidas nessa farsa,
levando a categoria a participar de uma falsa luta. Agora a direção vem
manifestar-se tardiamente contra o PNE. O discurso combativo mascara a prática
pelega, que tem servido ao governo Tarso.
Nesse documento, a direção procura passar a
ideia de que a CNTE e a CUT estão em disputa, uma vez que o problema residiria
apenas na “principal corrente política” que é “majoritária na CUT e na CNTE”.
Ou seja, o problema não seria a burocratização irreversível da CUT e da CNTE,
mas a Articulação Sindical. Seria apenas essa corrente que teria passado a
“defender o PNE” e não a CNTE-CUT como um todo. Não há nada mais falso!
A Articulação Sindical e todas as correntes
do PT são agências do governo nos sindicatos. Mas as outras correntes, tais
como PSTU, CS, PSOL, PSB etc., também
são coniventes com o governismo. Por isso, as consideramos semi-governistas. A
suposta divisão entre Articulação Sindical e a direção do CPERS (PT- AE, DS-CUT
pode mais, PSTU, PSOL, CS e PSB) é apenas de fachada. Na prática, todos estão
de mãos dadas para defender os governos Dilma e Tarso, inimigos dos
trabalhadores, mas cada um do seu jeito: uns abertamente; outros
dissimuladamente.
É
impensável uma luta coerente contra o PNE sem romper com CUT e CNTE, que a
sabotam, esterilizam as bandeiras consequentes de luta, fazem corpo mole, não
mobilizam a base. Dessa forma dissimulada, defendem o governo. O PSOL
(Intersindical), PSTU e CS (CSP-Conlutas) são cúmplices da DS (CUT pode mais-PT
) nessa política de enganação.
Há tempos que a Construção pela base denuncia
o caráter governista da CNTE-CUT. Ao contrário disso, a direção do CPERS
participa de seus encontros e conferências e da suas “lutas” governistas. A sua
atual falsa oposição à CNTE serve para disfarçar seu governismo, imobilismo,
sua falta de ações práticas contra o governo Tarso, sua falta de política para
os trabalhadores contratados e funcionários. Serve também para fingir
combatividade diante da base da categoria, que está descontente com a condução
do sindicato. Os trabalhadores não se sentem representados por essa burocracia,
pois não veem nela coerência e real vontade de enfrentar o governo e os seus
ataques.
A desmobilização e desânimo atual da categoria
são de responsabilidade da direção do CPERS. Nas atuais eleições, a mesma
priorizou a participação no processo eleitoral burguês, outra forma de
desarmá-la no enfrentamento ao governo. E agora, de forma totalmente
irresponsável e contraditória, chama uma assembléia para discutir greve, quando
durante todo o ano nada foi feito para prepará-la: formação, esclarecimento,
organização de base, ampla campanha de denúncia do governo Tarso.
A DIREÇÃO DO CPERS E A ELEIÇÃO DO GOVERNO TARSO
Nesse documento da direção do CPERS
lemos: “Essa luta política contra os representantes diretos do capital gerou,
entre os educadores e o proletariado, uma grande expectativa de mudança a
partir da eleição do governo Tarso Genro”. É preciso dizer que as correntes da direção
do CPERS tiveram profunda responsabilidade na criação dessa “grande
expectativa”, não só porque não combateram estas ilusões, mas as alimentaram
através do “movimento Fora Yeda”. Toda a política deste movimento levava água
ao moinho do PT e de Tarso. Ao invés de denunciar a prática política do PT,
baseando-se na experiência dos 8 anos de governo Lula, a direção do CPERS
centrou toda a sua crítica no governo do PSDB de Yeda, como se houvessem
diferenças essenciais entre ambos.
Mais além, a direção do CPERS ainda nos diz:
“Antes de assumir, Tarso firmou inúmeros compromissos com a classe
trabalhadora”. Justamente nesse momento era imprescindível dizer: “olhem para o
governo Lula, é o mesmo que Tarso fará no Rio Grande do Sul”. Mas, ao contrário
disso, o que vimos foi uma grande festa para Tarso no congresso estadual do
CPERS e em um debate público dos candidatos realizado pelo nosso sindicato, que
serviu apenas para reforçar toda a demagogia política do PT. Pela conjuntura da
época, o “fora Yeda” só podia significar o “viva Tarso” – e todas as correntes
políticas do CPERS sabiam disso, mas preferiram avalizar as promessas
demagógicas de Tarso. “Em poucos meses – continua a burocracia do CPERS – essa
experiência levou a uma enorme decepção”. O CPERS nada fez para desmascarar a
política salarial de Tarso: não apresentou contraproposta ao reajuste miserável
do governo em 2011; não denunciou os seus acordos e reformas; fez corpo mole
para a mobilizar a categoria e para a denúncia pública dos ataques do governo.
Ainda comemora a “derrota do projeto de Yeda”, que está sendo implementado por
Tarso.
“O novo governo assumiu – conclui o parágrafo
–, mantendo os mesmos acordos e contratos feitos pelo governo anterior com o
Banco Mundial”. E isso, na época, a direção do CPERS negava-se a denunciar
publicamente. Lutou contra a tentativa de elucidar a ligação do governo Tarso
com o Banco Mundial nos materiais do comando de greve. Além disso, quando saiu
na primeira página de Zero Hora que o governo Tarso manteria as políticas
públicas de Yeda, o CPERS manteve-se num silêncio cemiterial que atestava a sua
cumplicidade (silêncio este repetido em inúmeras outras oportunidades).
Nos trechos conclusivos do seu
documento, lemos o seguinte: “Dela [a burguesia] só podemos esperar mais
atrocidades! Dos governos que não rompem com a burguesia é preciso dizer o
mesmo”. E, novamente, é preciso dizer o mesmo dos militantes e correntes
políticas que não rompem com os partidos que servem à burguesia – como é o caso
dos que não rompem com o PT. O que temos visto no CPERS nestes dois anos de
governo Tarso é militante do PT discursando contra o PT, mas na prática
defendendo o programa desse partido. Pode haver maior cinismo?
A burocracia sindical do CPERS tem dispensado
os melhores serviços para ludibriar a nossa categoria e frear sua luta. Este
também é o papel da CNTE-CUT. Os educadores precisam estar alerta contra o
método do camaleão, que é típico das burocracias sindicais. Por tudo isso, é
preciso urgentemente retomar a bandeira de “expulsão dos governistas de dentro
do CPERS”; tarefa essa que só poderá ser realizada por uma nova direção
sindical, revolucionária e classista.
- CONTRA
O PNE NEOLIBERAL DO BANCO MUNDIAL/ DILMA/CNTE/CUT!
-
NÃO A REFORMA DO ENSINO MÉDIO!
-
MAIS VERBAS PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA!
-
CONTRA OS CORTES DE VERBAS DE DILMA!
-
POR UM NOVO SINDICALISMO CLASSISTA E INDEPENDENTE DOS GOVERNOS!
-
PELA EXPULSÃO DOS GOVERNISTAS DO SINDICATO!
-
EM DEFESA DOS PLANOS DE CARREIRA!
-
CONTRA O CALOTE DO PISO!
- DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA DE QUALIDADE!
- PELA UNIDADE DOS TRABALHADORES E ESTUDANTES EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E DE QUALIDADE!