O governo Dilma, através do Ministério de Educação, em 22 de
novembro de 2013, instituiu o “Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio”. O governo
Tarso, através da SEDUC, está impondo o “Pacto” no Rio Grande do Sul, assim
como decretou e impôs a Reforma do Ensino Médio “Politécnico” no final de 2011,
sem debates nas escolas, apenas cumprindo as determinações decretadas de cima
para baixo, com o intuito de acabar com a resistência das escolas e consolidar o
seu projeto de Ensino Médio Politécnico. Esta foi a prática do governo do PT em seus quatro anos de
mandato, seguindo os passos de Yeda (PSDB).
Assim como a Reforma do Ensino Médio Politécnico,
o “Pacto” também faz parte da aplicação do Plano Nacional de Educação (PNE). Este plano dá continuidade às
reformas neoliberais na educação pública do país, tendo em vista que patrola a
gestão democrática, interfere diretamente na autonomia pedagógica das escolas, praticando
assédio moral, um ritmo de trabalho exaustivo, aumentando a carga de trabalho, comprometendo
a hora atividade e a saúde dos professores.
A perversidade do governo Tarso
não para aí. Além de não pagar o Piso Salarial, usa parte do nosso dinheiro
(R$200,00), isto é, o que deveríamos receber se o piso fosse pago, para
subsidiar o “Pacto” no Estado, enquanto que os supervisores ganham R$700, com a
clara intenção de dividir a classe e garantir a sua implementação, numa típica
lógica de empresa privada. A demagogia eleitoral dos governos Tarso e Dilma de
dar “dinheiro extra” nas vésperas da campanha eleitoral demonstra que sempre
tiveram verba para pagar o Piso, mas o utilizaram convenientemente para aprovar
seus projetos neoliberais e garantir o apoio para a reeleição.
Esta “formação continuada” para
os educadores é uma falácia, pois não existe possibilidade real de formação sem
a garantia de 1/3 de hora atividade, nem aumento salarial. A pressa do governo
Tarso em tocar o “horror” nos trabalhadores para cumprir o “Pacto” tem o
objetivo claro de atingir as metas do PNE estabelecidas pelo Banco Mundial, (Meta 16: Formar 50% dos professores da
educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área
de atuação), para assim contrair
mais empréstimos, aumentando nossa dependência desses organismos, que faturam
trilhões à custa da qualidade de vida dos trabalhadores.
A direção do CPERS na sua
“análise do Pacto” (Sineta – maio de
2014) omite que o mesmo tem vinculação direta com aplicação das metas do PNE, pois
isso só confirma que o discurso da direção contra o PNE não passa de um engodo. Não foi à toa que
convocou e patrocinou a participação do CPERS nas anti-greves nacionais da
CNTE-CUT que exigia a sua aprovação no Congresso Nacional, mesmo com uma resolução
aprovada em conferência e assembleia geral contrária a este plano.
Portanto, o “Pacto” é apenas uma
nova forma de tentar passar a política educacional oficial dos governos petistas
e do Banco Mundial, utilizando-se de pretextos como o estudo da história do
Ensino Médio no Brasil e da “formação continuada”. Dentro deste estudo
“direcionado” existe a propaganda velada do PNE que induz sutilmente à sua
aprovação (página 25 do livro “Etapa I – Caderno I”). O discurso do “Pacto”
mantém a linha do Ensino Médio Politécnico: “integrar
o conhecimento do ensino médio à prática” (página 24 - Idem). Mas qual
prática? Àquela mesma prática de submissão dos estudantes da escola pública ao
mercado capitalista como mão de obra barata, impregnando o ensino público do “pragmatismo”
de suprir a “carência de mão de obra qualificada” para o país, rebaixando
conteúdos e desviando verbas públicas para o ensino privado. Segundo dados da
SEDUC, o RS foi o Estado recordista de matrículas no PRONATEC do ano passado.
Como vimos, o “Pacto” está
intimamente ligado ao PNE e à imposição da Reforma do Politécnico. Lutar contra
o PNE é uma tarefa imprescindível para o CPERS nos próximos anos. As eleições
sindicais têm sido marcadas pela autopromoção inconsequente da burocracia
sindical (chapas 1, 2 e 3), secundarizando o debate político e programático. Nenhuma
chapa fala publicamente sobre este assunto determinante para o futuro da nossa
categoria e da educação pública no Estado e no país. Seria interessante saber
das outras chapas (1, 2 e 3) qual a sua posição acerca do “Pacto” e,
principalmente, sobre o PNE.
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